SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
População começa a estocar alimentos
O movimento nos supermercados da capital foi intenso ontem
YANA LIMA
A exemplo do que ocorreu ontem nos postos de combustível, alguns moradores começaram a procurar os supermercados para estocar alimentos. Os empresários do ramo garantem que tanto os problemas na estrada quanto a queda na produção devido às cheias influenciarão em falta de produtos, caso alguma atitude imediata não seja tomada. Alguns alimentos já estão mais caros, preocupando ainda mais o consumidor. O governo afirmou que balsas e aeronaves garantirão o abastecimento.
Os gêneros mais afetados são os hortigranjeiros, dos quais a maioria já está em falta, principalmente as verduras. Os que ainda estão disponíveis apresentam preço bem acima do praticado. O tomate - que antes custava R$ 4 e estava sendo comercializado ontem a R$ 7 -, além de alguns tubérculos, já estava em falta na tarde de ontem em pelo menos quatro supermercados. Algumas barracas da Feira do Produtor também já não dispunham desses produtos.
De acordo com o presidente da Associação de Supermercados de Roraima, José Saraiva Júnior, desde a semana passada a importação de produtos está afetada. Além da impossibilidade de importar insumos vindos de Manaus (AM), todas as outras importações oriundas de outros estados têm que, necessariamente, passar pela BR-174. Segundo ele, se a situação não for resolvida, em cerca cinco dias haverá desabastecimento, inclusive de produtos de primeira necessidade.
Saraiva Júnior explicou ainda que pequenos produtores, em especial do sul do Estado, estariam tentando improvisar uma forma de escoar suas mercadorias até Boa Vista por meio de uma pequena balsa, em Caracaraí. O proprietário da mercadoria ainda precisaria contratar trabalhadores para abastecer a balsa e retirar os produtos, além de colocar o óleo diesel, o que encarece a logística e aumenta o custo da venda, tornando-a quase inviável.
O vice-governador, Chico Rodrigues, informou que ainda hoje será feita uma reunião com os atacadistas do ramo alimentício para confirmar que não haverá problemas no abastecimento. Isto porque, segundo ele, o transporte será feito por meio de balsas disponibilizadas pelo governo, até Caracaraí ou até mesmo à capital. “Em uma necessidade extrema temos o Exército e Aeronáutica que já ofereceram suas aeronaves para ajudar no que for necessário”, concluiu.
DOAÇÃO
O governo aguarda aeronaves que possam transportar 13 mil cestas básicas, doadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para atender a mais de 5 mil famílias afetadas pelas chuvas. Os gêneros estão armazenados em Manaus (AM).
Segundo a Conab, caso o atendimento seja insuficiente, já há aval do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para suprir a demanda com a distribuição de cestas extras de sua propriedade que se encontram armazenadas em unidades da empresa.
Ministro da Integração vem a Roraima inspecionar situação
O governador Anchieta Júnior, ao centro, durante reunião com o ministro Fernando Bezerra e assessores do governo federal
ÉLISSAN PAULA RODRIGUES
O ministro da Integração, Fernando Bezerra, chega na manhã desta quinta-feira, 9, a Roraima. Ele vem, acompanhado do chefe da Defesa Civil Nacional, Humberto Leão, conferir in loco a situação do Estado, que está em situação de emergência por conta do inverno já considerado o mais rigoroso dos últimos 35 anos.
Na manhã de ontem, o ministro esteve reunido com o governador Anchieta Júnior (PSDB) e parte da bancada de Roraima quando comunicou sua decisão. Conforme Fernando Bezerra, o ministério já trabalha em um estudo para levantar a amplitude da situação.
De acordo com ele, o Governo de Roraima ainda está calculando o tamanho das necessidades, tanto financeiras quanto de apoio logístico para assistência à população. “Muitas cidades se encontram isoladas, e é preciso pensar no abastecimento em termos de alimentação, combustível, portanto uma série de ações serão desencadeadas, com o apoio das Forças Armadas”, informou ele e frisou que ainda na quinta-feira, deve se reunir com a equipe técnica do Governo do Estado para tomar medidas adicionais, caso necessário.
A presidente da Emhur, Maria Helena Veronese, e a senadora Ângela Portela também estiveram ontem no ministério
“Vamos liberar recursos para ampliar a capacidade de respostas do Governo do Estado. O valor dos recursos está ainda para ser definido pelo Estado, que deverá entregar a solicitação do início da tarde [de ontem]”, salientou.
Fernando Bezerra disse que vai atuar junto à presidente Dilma Rousseff (PT) e o ministério do Planejamento para liberar o valor pedido por Roraima até a próxima sexta-feira, 10. Também frisou que vai mobilizar todas as equipes de apoio das Forças Armadas, sobretudo do Exército Brasileiro, para deslocar técnicos e oficiais de outros estados para ajudar a Defesa Civil de Roraima.
Humberto Leão disse que a Defesa Civil Nacional vai criar um canal permanente com o Governo do Estado. “Primeiro precisamos dimensionar qual o aporte de recursos e de apoio ao Estado, precisamos ter números. Sabemos que o mesmo está passando por um momento em que há uma elevação exacerbada do nível das águas, mas é preciso traduzir isso em números, saber quantas pessoas foram atingidas e o que podemos dar de suporte técnico”, informou.
Anchieta Júnior salientou durante a reunião que praticamente todos os municípios estão isolados e afirmou que as ações nos próximos dias serão paliativas, apenas para minimizar os impactos causados pelo fenômeno natural. Ainda assim, ressaltou que as ações serão continuadas e que passadas as chuvas, os trabalhos do Governo serão voltados à recuperação dos prejuízos causados pelas enchentes. “A situação mais preocupante não é o desalojamento das pessoas, mas seu isolamento”, frisou.
De acordo com ele, o inverno deve afetar de forma direta e indireta cerca de 40% da população. “Só teremos condições plenas de trabalho quando chegar o verão”, concluiu.
AGENDA
Anchieta esteve ainda com o ministro das Cidades, Mário Negromonte, tratando da questão das enchentes. No início da noite, o governador teve audiência com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Brito. No encontro, Anchieta e o presidente do Instituto de Terras de Roraima (Iteraima), trataram com o desembargador Jirair Meguerian, e o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), sobre a situação dos desintrusados da terra indígena Raposa Serra do Sol. Conforme Anchieta, ficou acordado que o Governo de Roraima vai trabalhar na elaboração de um relatório sobre a questão e que servirá para a solicitação de recursos para viabilizar a área escolhida para reassentar as famílias.
MUNICÍPIO
Fernando Bezerra já garantiu apoio do Ministério ao Município em razão da situação de calamidade pública. A confirmação foi feita pela presidente da Empresa Municipal de Habitação e Urbanismo (Emhur), Maria Helena Veronese.
De acordo com ela, o Ministério vai formalizar convênios com o Governo do Estado e com a Prefeitura de Boa Vista no sentido de atender à população. Pelo acerto firmado ontem, em Brasília, o Estado receberá recursos para ações operacionais de socorro às famílias desabrigadas e desalojadas, enquanto que o Município terá apoio para obras de infraestrutura de drenagem e de asfaltamento.
“A parte do Estado será para compra de colchões e outros materiais para os abrigos, além de recursos para custear possíveis alugueis sociais de famílias desabrigadas. Já o Município terá recursos para recuperar os danos causados pelas chuvas em nossas ruas e avenidas. Os projetos estão sendo elaborados e serão encaminhados com pedido de urgência ao Ministério da Integração”, frisou.
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