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quinta-feira, 9 de junho de 2011

09 de junho 2011 - FOLHA DE SÃO PAULO


DESTAQUE DE CAPA
Dilma demitiu Palocci na hora certa, diz Lula

O ex-presidente Lula disse ontem que Dilma Rousseff "tem autoridade" e agiu "no momento certo" ao demitir Antonio Palocci da Casa Civil. Ele, que evitou falar do caso em público, atuou nos bastidores e negociou a demissão com a presidente. A declaração de Lula contradiz a versão oficial de que Palocci decidiu abrir mão do cargo para proteger Dilma.


AEROPORTOS
Voo desviado de Congonhas não poderá ir para Cumbica
Restrição vale no pico e se deve à falta de vagas para aviões estacionarem
Quando Congonhas fechar, passageiros podem ter que ir para Viracopos (Campinas), Minas ou Rio de Janeiro

RICARDO GALLO - DE SÃO PAULO

Por falta de vagas no pátio para os aviões estacionarem, a Infraero (estatal responsável pelos aeroportos) proibiu o desvio de voos para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, nos horários de maior pico. A regra está em vigor desde 5 de maio e vai ao menos até 2 de agosto. Após esse período, ela deve ser renovada, segundo a Aeronáutica. Antes, quando os aeroportos de Congonhas ou de Viracopos, em Campinas, fechavam por razões climáticas, os voos iam para Cumbica.
Agora, os desvios só serão autorizados se estiverem fora do pico, que vai das 7h30 às 11h30 e das 18h30 às 22h30. Para os passageiros, a mudança significa no mínimo esperas ou atrasos, não raro superiores a três horas. Foi o que aconteceu na quinta-feira da semana passada, por exemplo, quando oito voos de Congonhas pousaram em Viracopos por conta da falta de visibilidade.
Os voos de Congonhas são enviados preferencialmente para Viracopos, quase três vezes mais distante que Cumbica; um fica a 38 km, o outro, a 101 km do aeroporto. Só de trânsito, sem contar tempo de desembarque e espera, o trajeto leva em torno de uma hora e meia. A companhia, nesses casos, é obrigada a providenciar transporte para levar os passageiros até São Paulo.
Os voos podem ir parar também em Confins (MG) ou no Galeão (RJ). Mas, nesses aeroportos, ninguém desembarca; as aeronaves ficam paradas até Congonhas ou Viracopos reabrir. Para o passageiro, mais espera. Um avião muda a rota quando há problema meteorológico na região do aeroporto para o qual irá. Em área urbana, Congonhas, por exemplo, fecha não só por falta de visibilidade mas também por chuva forte, desde que um Airbus atravessou a pista ao pousar e explodiu. O acidente, em 2007, matou 199 pessoas.

NÃO HÁ VAGAS
Nos horários em que a Infraero proibiu o desvio para Cumbica, todas as vagas de estacionamento de aviões estão ocupadas. A prioridade é não atrasar a operação existente. Receber novos voos sobrecarregaria a estrutura já saturada.
O aeroporto, o maior do país, tem 61 posições de pátio. O problema irá se estender ao menos até 2013, quando a Infraero prevê inaugurar mais 42 vagas para aviões. A Infraero limitou-se a dizer que a norma era "autoexplicativa". Procurada por mais dois dias, a empresa não se pronunciou.


Analista critica falta de vaga em Cumbica
Capacidade de aeroporto internacional de Guarulhos está esgotada para o estacionamento de mais aeronaves
Aumento de voos no terminal foi de 11% de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2010

DE SÃO PAULO

A decisão da Infraero em proibir o desvio de aeronaves se deve ao esgotamento de Cumbica, que opera acima da capacidade em um momento em que o tráfego aéreo não para de crescer. O aumento de voos no aeroporto foi de 11% de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2010. O número de passageiros subiu na mesma proporção; o terminal de passageiros de Cumbica opera 30% acima da capacidade.
"Cada vez mais a deficiência de estrutura prejudica o transporte aéreo", diz Ronaldo Jenkins, diretor do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas). O ideal, ele diz, era que os voos desviassem para Cumbica. A falta de vagas para aviões estacionarem no pátio é um problema crônico dos aeroportos brasileiros que atravanca o crescimento do setor, diz Elton Fernandes, pesquisador do Núcleo de Estudos em Tecnologia, Gestão e Logística da Coppe, programa de pós-graduação em engenharia da UFRJ.
"Guarulhos, se olhar só a pista, abrigaria muito mais movimentos do que têm hoje. Essa limitação é por falta de pátio", afirma. Ele ressalta que há urgência também na ampliação do terminal de passageiros, integrante do pacote da Copa-2014. Em Congonhas, por exemplo, as pistas têm capacidade para 48 movimentos por hora. Pátio e terminal de passageiros, no entanto, são insuficientes. O governo limitou o tráfego, por medida de segurança, a 34 operações/hora.

PISTA
No início de agosto, começa a reforma da pista maior de Cumbica. A pista, com 3.700 metros, será interditada em 30% até dezembro, período em que irá operar com 2.500 m -a outra pista tem 3.000 m e será reformada depois. A Infraero havia acertado com as companhias aéreas que não reduziria o tráfego no aeroporto durante a obra da pista maior.
Ficou combinado que os aviões de grande porte, como o Boeing-777, usados em viagens intercontinentais, decolariam com menos peso, o que impactaria a carga e o número de passageiros. Duas simulações de como será a obra estão marcadas para julho.
(RICARDO GALLO)


ATRASO
Empresário fica 3h dentro de aeronave parada no aeroporto

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA - O empresário Edgard Corona, 54, descreve como "quase cárcere privado" o período de três horas em que ficou preso em um avião da TAM que ia de Guarulhos a Recife, ontem. Segundo a companhia aérea, o voo 3502, com 216 passageiros, teve a decolagem atrasada das 13h15 para as 16h16, e só chegou em Recife às 19h.
A causa, afirma a empresa, foi uma "readequação na malha" e falta de funcionários, provocadas pelos transtornos nos aeroportos após as chuvas de anteontem. Para quem embarcou, no entanto, foi outra a explicação dada pelos tripulantes do voo 3502 para o confinamento dentro da aeronave.
"O piloto mentiu dizendo que havia um problema na pista e 11 voos na nossa frente. Faltava é tripulação. Havia passageiro nervoso querendo sair e o comandante dizia que não podia abrir a porta", conta Corona, que perdeu uma reunião".
(LUCIANO BOTTINI FILHO)


VULCÃO CHILENO
Volta de cinzas à Argentina traz nova ameaça aos voos
Meteorologia prevê que nuvem vinda de vulcão retorne a Buenos Aires hoje
Com muitos atrasos, tráfego aéreo nos países afetados pelas cinzas foi gradativamente retomado ontem

LUCAS FERRAZ - DE BUENOS AIRES

Após um dia de calmaria, o serviço de meteorologia da Argentina prevê para hoje a volta das cinzas do vulcão chileno Puyehue ao céu de Buenos Aires. Se confirmado o prognóstico, o espaço aéreo da cidade deverá ser fechado, como ocorreu anteontem, causando o cancelamento de voos entre Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Chile. As empresas brasileiras esperavam mais detalhes para saber como proceder.
Em caso de novo problema, passageiros das áreas afetadas serão contatados para não ir ao aeroporto, segundo o sindicato do setor. O alerta foi difundido pelo SMN (Serviço Meteorológico Nacional). O órgão diz que a nuvem de cinza vulcânica deve chegar nesta manhã a Buenos Aires e permanecer até a noite de amanhã.
Nos países afetados, o tráfego aéreo foi retomado gradativamente ontem, com atrasos nos aeroportos. Em Buenos Aires, passageiros que não puderam embarcar na véspera eram prioridade, segundo as empresas aéreas. O movimento era normal em Ezeiza (maior do país, na região metropolitana) e no Aeroparque.
Em Cumbica, maior aeroporto brasileiro, o dia foi repleto de atrasos, que foram diminuindo aos poucos. Até as 22h, 34% dos voos internacionais partiram depois do horário programado. Entre os voos nacionais, esse índice era de 53%. A Gol e a Aerolíneas Argentinas chegaram a cancelar voos; a TAM colocou aeronaves extras.
Colaborou RICARDO GALLO, de São Paulo.


COPA-2014
Monotrilho da Copa esbarra em exigências
Conselho municipal de meio ambiente faz lista com 55 fatores condicionantes para que a obra seja liberada
Linha liga Congonhas ao Jabaquara e Morumbi; secretário estadual dos Transportes teme que ocorram atrasos na obra

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

O conselho municipal de meio ambiente impôs ontem 55 exigências para liberar a implantação pelo Metrô da linha 17-ouro, que irá ligar o aeroporto de Congonhas ao Jabaquara e ao Morumbi. A lista, que deve ser cumprida em um ano, complica a intenção do Metrô de entregar até a Copa-2014 o trecho que liga o aeroporto à linha da CPTM na região da marginal Pinheiros, que tem grande concentração de hotéis. A conclusão do trecho deve levar 34 meses. Na segunda-feira, o secretário Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) disse temer pelo prazo por conta de liminar judicial que impede a assinatura do contrato para a obra.
A liminar foi obtida pela Saviah (Sociedade dos Amigos da Vila Inah), da região do Morumbi, onde há grande resistência ao modelo escolhido, um monotrilho -trem que trafega sobre trilhos elevados a 15 metros de altura. Moradores da região foram à reunião do Cades (conselho municipal) que votaria a licença ambiental prévia, aprovada por 25 votos a 4, com as 55 condicionantes. Se o governo não cumpri-las, não poderá obter as licenças de instalação e de operação.
Entre outras coisas, o Cades quer saber o traçado definitivo e o detalhamento das desapropriações. A previsão é desapropriar uma área de 132 mil m2, equivalente a 18 campos de futebol -20% dos imóveis são de alto padrão. Entre eles está parte do Cemitério Morumby. Também foram exigidos estudos como o de adensamento populacional, mudança do perfil imobiliário, níveis de ruídos e vibrações e interferências no trânsito.
Outros questionamentos foram em relação à segurança e à confiabilidade do monotrilho e se o seu perfil -de média capacidade- é suficiente para a demanda. A linha terá 18 estações ao longo de 17,9 km, com 252 mil passageiros/dia. Ela fará conexões com o metrô (linhas 1-azul, 5-lilás e 4-amarela) e CPTM (linha 9-esmeralda).

"CHEQUE EM BRANCO"
Cerca de cem pessoas foram à reunião. Moradores do Morumbi protestavam com faixas e cartazes, enquanto os da favela de Paraisópolis, na mesma região, se manifestavam pela aprovação.
"Defendemos uma região inteira", disse Cristina Antunes, da Ciranda, que reúne 16 associações de moradores da região de Santo Amaro. Ela criticou a concessão da licença antes de cumpridas as exigências, as respostas "evasivas" do Metrô e o projeto, que classificou de "meia-boca".
Segundo Regina Luisa de Barros, da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e relatora do parecer, "conceder licença prévia não significa que as outras serão dadas".
Em nota, o Metrô disse apenas que "não recebeu oficialmente as condicionantes", mas que irá cumpri-las.





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