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quinta-feira, 9 de junho de 2011

09 de junho 2011 - ESTADO DE MINAS


INFRAESTRUTURA
Sobrecarga gera colapso no aeroporto

Paulo Henrique Lobato

A precária infraestrutura do Aeroporto Internacional Tancredo Neves voltou a causar imensa dor de cabeça a usuários na noite de anteontem, quando 11 voos com destino previsto para três terminais de São Paulo foram desviados para Confins, devido a problemas meteorológicos, que obrigaram o fechamento dos terminais de Congonhas (São Paulo), Guarulhos (Cumbica) e Viracopos (Campinhas). Apesar de o problema ter sido causado por má condição climática em aeroportos de outro estado, o terminal mineiro seria reprovado caso a sobrecarga recebida na noite de terça-feira fosse um “teste” para a Copa do Mundo de 2014 .
A noite de terça-feira foi marcada por “congestionamento” de aeronaves no pátio. Muitos aviões precisaram sobrevoar o terminal por quase uma hora à espera de autorização para aterrizar. Foi o caso de um voo que havia partido do Aeroporto JK, em Brasília, às 20h45. Relatos de usuários informam que o avião chegou a Confins no horário previsto (às 21h40), mas não pôde pousar naquele instante. Pior: o piloto precisou arremeter a aeronave, aumentando o estresse dos passageiros.
“Ao se aproximar da pista, o comandante foi obrigado a arremeter por determinação da torre de controle de tráfego. Aguardamos 40 minutos no ar, próximo a Confins, devido ao congestionamento. Até aí tudo bem: acontece em qualquer lugar do mundo. Contudo, ao aterrizar, contei 16 aviões parados pátio e 13 na fila para desembarque. Isto é, 25 aeronaves em procedimento de embarque e desembarque. Este cenário foi o suficiente para fazer o aeroporto de uma das maiores cidades do Brasil entrar em colapso”, relata o engenheiro José Aparecido da Silva.
Ele acrescenta que o avião em que estava aguardou por mais de uma hora para iniciar o procedimento de desembarque. “Se Confins é realmente um aeroporto internacional e uma alternativa para os demais terminais brasileiros, 20 ou 30 aeronaves não são motivo para colapso das operações de embarque e desembarque”, acrescenta. A Infraero informou que “foi uma situação atípica, que envolvia questões meteorológicas às quais qualquer aeroporto, em qualquer lugar do mundo, está sujeito”.


Obra em Confins vai ser teste de paciência
Diretor da empresa que deve executar expansão admite possibilidade de problemas com o terminal em operação

Daniel Camargos

Os passageiros que usam o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, terão que ter muita paciência durante as obras de ampliação e reforma do terminal 1 de passageiros. Quem admite a possibilidade de problemas é o diretor de engenharia e infraestrutura da Construtora Marquise, Renan Carvalho. A construtora é responsável por 90% da participação do consórcio apontado como vencedor para realizar as obras. “Mais do que engenharia vamos precisar de muita logística, além de uma relação muito boa com a Infraero”, prevê Carvalho.
As obras estão marcadas para começar em 21 de outubro e, de acordo com Carvalho, caso o consórcio seja homologado como vencedor, o prazo será cumprido. “Se não houver nenhum embaraço jurídico, será possível começar nesta data”, acredita o executivo. Sobre a possibilidade de não ser o vencedor, Carvalho entende ser apenas uma chance remota. O consórcio fez a proposta de R$ 222,59 milhões, o menor entre as oito concorrentes. O valor é 6,4% inferior à estimativa da Infraero, de R$ 237,8 milhões.
O grupo já executou obras em outros três aeroportos: Natal (RN), João Pessoa (PB) e Maceió (AL). “Confins é uma situação que chama a atenção, pois é o de maior porte e de maior densidade”, afirma Carvalho. O nó da questão é que enquanto o terminal 1 será reformado – com previsão de conclusão para 30 de dezembro de 2013 –, o módulo operacional provisório, já chamado de puxadinho, com capacidade para 4,8 milhões de passageiros/ano, ainda não tem projeto, nem foi licitado. Mesmo assim, a Infraero prevê a conclusão em novembro do ano que vem. Com isso, os passageiros terão que enfrentar as obras do terminal 1 durante mais de um ano, sem um substituto. Ressalta-se que o terminal, com capacidade para 5 milhões de passageiros/ano já está saturado e que, somente em 2010, passaram por lá 7,2 milhões de usuários. O puxadinho será construído entre o terminal de cargas e o hangar de operações da Gol.
Tanto a Marquise quanto a Normatel são empresas cearenses. A maior parte do investimento caberá à construtora, enquanto a Normatel ficará por conta das instalações eletromecânicas, especialidade da empresa. A Marquise, segundo Carvalho, tem faturamento médio de R$ 600 milhões ao ano. A principal obra executada pela empresa é o porto de Pecém, no Ceará, um contrato de R$ 380 milhões.

CONTROVÉRSIA
A capacidade do terminal 1, aliás, é motivo de polêmica. Depois de muitos anos considerando a capacidade de 5 milhões de passageiros/ano, a Infraero afirma agora que a capacidade pode variar entre 6,78 milhões e 10,4 milhões de passageiros/ano. A mudança se deve a uma série de fatores, que consideram o fluxo nos horários de pico em diversos momentos do dia. Para o subsecretário de Investimentos Estratégicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Luiz Anthonio Athayde, a capacidade do aeroporto sempre foi de 5 milhões de passageiros/ano. “O que mais o governo teme é que o puxadinho fique definitivo. É o contrário de todo o planejamento que temos para o aeroporto.
Na análise do professor da Fundação Dom Cabral, com pós-doutorado em transportes aeroportuários no Canadá, Hugo Ferreira Braga Tadeu, se a aviação brasileira crescer 12% ao ano, seria necessário que Confins duplicassee sua capacidade. Para Tadeu, o puxadinho é uma medida provisória, mas não resolve os problemas estruturais de Confins.


NOTA

Depois de um dia de transtornos, com centenas de voos cancelados por causa do avanço da nuvem de cinzas expelida pelo vulcão chileno Puyehue, a situação em vários aeroportos e cidades do Cone Sul volta à normalidade. Nas regiões turísticas da Argentina próximas a Bariloche (foto), a queda e as chuvas do pó expelido do vulcão se reduziram, permitindo a circulação de carros e pessoas. No Brasil, companhias aéreas como a TAM e a Gol informaram que retomaram as viagens para Argentina, Paraguai, Chile e Uruguai.

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