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sexta-feira, 10 de junho de 2011

10 de junho 2011 - ESTADO DE MINAS


INFRAESTRUTURA
Confins sob risco de sobrecarga de voos
Proibição de desvio de aviões para o aeroporto de Guarulhos nos horários de pico pode gerar congestionamento em Minas

Paulo Henrique Lobato

Nova norma da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroviária (Infraero), com validade até 2 de agosto mas que deve ser prorrogada, pode aumentar o transtorno de passageiros que desembarcam no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A regra proíbe, nos horários de pico (7h30 às 11h30 e 18h30 às 22h30), que voos sejam desviados para Cumbica, em Guarulhos (SP), devido ao déficit de vagas para aviões no pátio daquele terminal. Com isso, aumentam as chances de Confins receber voos “extras”, congestionando o pátio.
Na prática, quando problemas meteorológicos fecharem os aeroportos de Congonhas (São Paulo) e Viracopos (Campinas), os aviões não poderão seguir para Cumbica, como sempre ocorreu, devido à proximidade – 38 quilômetros de Congonhas e 101 de Viracopos. A saída será aterrizar em Confins, Galeão ou Santos Dumont. Na terça-feira passada, quando Cumbica, Congonhas e Viracopos foram fechados por problemas climáticos, 11 aeronaves foram desviadas para Confins. Houve “congestionamento” no pátio e aeronaves precisaram ficar sobrevoando a região à espera de vaga em solo.
Passageiros aguardaram até 2 horas para desembarcar. Confins tem nove pontes para embarque e desembarque e mais seis vagas para desembarque por meio da chamada posição remota, na qual ônibus vão às aeronaves, no pátio, para buscar os viajantes. Os passageiros dos aviões desviados de São Paulo, em princípio, não desembarcarão em Confins: aguardarão dentro das aeronaves até Viracopos e Congonhas reabrirem. Mas os aviões poderão interferir na operação de Confins, pois vão ocupar vagas no pátio.

DOR DE CABEÇA
O professor da Fundação Dom Cabral e pós-doutorado em transportes aeroportuários no Canadá Hugo Ferreira Braga Tadeu alerta que a restrição a Cumbica e a crescente demanda em Confins criarão mais dor de cabeça nos usuários. “Outras terças-feiras virão. Confins poderá ser afetado. O setor nacional cresceu 12% em 2010 e, em 2011, 24%”. O consultor em aviação Renato Cláudio Costa Pereira, ex-diretor do extinto Departamento de Aviação Civil (DAC), também avalia que Confins poderá sentir os efeitos da nova norma.
“Falta espaço. Há grande quantidade de aviões usando remota. Não se pode planejar aeroporto para uma média diária (de passageiros), porque ele tem de atender as horas de pico. Estão falando em privatizar o aeroporto. Na verdade, querem privatizar o terminal de passageiros. Vão construir um terminal provisório. E daí, se o pátio está lotado? É preciso fazer o planejamento na frente da demanda”, disse Pereira.
O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) informou que a restrição a Cumbica causará transtornos em outros aeroportos e prejudicará as conexões. Já a Infraero, por e-mail, explicou que as obras no aeroporto preveem “ampliação da pista, de 3 mil metros para 3,6 mil metros, e de (aumento do) pátio de manobras, de 86 mil metros para 340 mil metros”. As melhorias devem ocorrer até dezembro de 2013. A estatal acrescentou ainda que “a aviação brasileira tem crescido em função da vitalidade da economia do Brasil e, em especial, da mineira. Qualquer aeroporto em qualquer lugar do mundo está sujeito a intempéries e condições especiais, que de alguma forma podem suspender suas operações de pousos e decolagens”.

CINZAS NO AR
As cinzas do vulcão chileno Puyehue voltaram a causar transtorno ontem em aeroportos. Todos os voos internacionais e domésticos dos aeroportos de Buenos Aires foram cancelados ontem, segundo informou em nota a empresa Aeroporto 2000, que administra dois terminais. Cerca de 300 voos foram cancelados. As empresas aéreas suspenderam suas operações por tempo indeterminado e confirmaram os cancelamentos.




Infraero espera recurso

A Infraero divulgou ontem o resultado da licitação para reforma do terminal 1 de Confins, previsto para começar em 21 de outubro de 2011 e ser concluído em 30 de dezembro de 2013. O consórcio Marquise/Normatel apresentou o menor preço (R$ 222,5 milhões) entre os oito concorrentes – o valor é 6,4% inferior à estimativa da estatal, de R$ 237,8 milhões. Mas a homologação do vencedor só ocorrerá depois de esgotados os prazos para recursos. O presidente da comissão de licitação da estatal, José Antônio Pessoa Neto, acredita que haverá interposição de recurso, mas avalia que, apesar disso, o cronograma da obra não será afetado.
“Se houver recurso, poderá ser apresentado em até cinco dias úteis, com início do prazo contando a partir de sexta-feira (hoje). Nesse caso, haverá prazo para a contrarrazão, que também é de cinco dias úteis. É normal que ocorram recursos em processos vultosos como este. Tanto pela quantia quanto pela imagem da empresa, pois é uma obra (à qual os empresários desejam ter o nome vinculado)”, disse o presidente da comissão, justificando que não deve ocorrer atraso para o início da obra, pois, “quando o cronograma é elaborado, todas as possibilidades são previstas”.
Além do Marquise/Normatel, outros três concorrentes foram classificados: consórcio SHFC Confins (R$ 234,6 milhões), EIT Construções S/A (R$ 237,12 milhões) e consórcio Sanches Tripoloni/Fidens/Benito Roggio e Hijos (R$ 237,14 milhões). Foram desclassificados os consórcios: RCI (R$ 225,3 milhões), Santa Bárbara/MPE/VIA (R$ 289,9 milhões), Barbosa Melo/Tecnosolo/EPC (R$ 304,9 milhões) e Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A (R$ 355,2 milhões).
Os envelopes da licitação para ampliação do terminal 1 deveriam ter sido abertos em fevereiro, mas o edital foi questionado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que discordou dos custos. Resultado: o valor foi reduzido em R$ 47 milhões. O consórcio que ofereceu o menor valor já executou obras nos aeroportos de Natal (RN), João Pessoa (PB) e Maceió (AL).



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