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sexta-feira, 10 de junho de 2011

10 de junho 2011 - BRASIL ECÔNOMICO


Com privatização,tarifa aérea pode subir até 50%
Concessões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília ao setor privado deverão conciliar retorno financeiro com provável alta da taxa de pouso e decolagem dos terminais

Maeli Prado

Apontada como a salvação para  o combalido sistema aeroportuário  brasileiro, a privatização  dos terminais, apesar de ser considerada  necessária por governo,  companhias aéreas e especialistas  no setor, precisará resolver  um problema antes de se  firmar como boa solução: equilibrar  retorno financeiro—exigido  pelas empresas privadas que  administram aeroportos — e a  possível alta nas tarifas de pouso  e decolagem cobradas das  empresas de aviação. 
Tradicionalmente, de acordo  com dados da Associação Internacional  de Transporte Aéreo  (Iata), essas taxas sobem em outros  países após transferência  da administração de terminais à  iniciativa privada — aumentos  que podem chegar a até 50%. 
O temor das companhias aéreas  é do que vem sendo chamado  de “atualização tarifária”.  Um executivo que preferiu não  se identificar, afirma que a Infraero,  que administra os principais  aeroportos no Brasil, não  reajusta tarifas em níveis considerados  justos há cinco anos. 
Pelo desenho que está sendo  considerado atualmente, que  prevê a princípio a privatização  dos aeroportos de Guarulhos e  Viracopos, em São Paulo, e de  Brasília, no Distrito Federal, a  estatal ficará com 49% de participação  nas Sociedades de Propósito  Específico (SPEs) que serão  montadas para gerir os terminais.  Esse percentual foi considerado  alto pelos interessados  em participar dos leilões, que  acontecerão ainda este ano. 
Esse cenário, no qual as empresas  terão menos autonomia,  pode fazer com que as exigências  de retorno financeiro sejam  maiores e em forma de alta de  taxas aeroportuárias como contrapartida  para se que as concessões  dos aeroportos seja interessante  economicamente. 
Em países que passaram por privatizações, as companhias  aéreas gastam mais proporcionalmente  ao seu custo geral do  que as brasileiras. Na Inglaterra, por exemplo, a British Airways  pagou £ 464 milhões em taxas  aeroportuárias e em rotas em  2010. O valor representa 7,3%  do total dos custos da empresa  britânica. Percentual maior do  que no Brasil, onde as tarifas de  decolagem, pouso e navegação  da TAM, por exemplo, corresponderam  a 6,1% dos custos da  empresa no ano passado. 

Regulação 
Em março deste ano, em visita  ao Brasil, o presidente da Iata, o  italiano Gioavanni Bisignani, defendeu  a privatização, mas alertou  que sobre a necessidade de  o setor ter um órgão regulador  forte para evitar excessos. Ele  lembrou que na Inglaterra, por  exemplo, as taxas subiram em  média 20% depois dos aeroportos  serem concedidos ao setor  privado. “Situações semelhantes  à da Inglaterra se repetiram  em países como Itália, Espanha,  Austrália e México. Só conheço  dois países onde esse processo  foi bem conduzido: na Índia e  na Argentina, onde foi criado  umórgão regulador forte e independente”,  afirmou na ocasião.  Em geral, as empresas, apesar  de apoiarem o processo (considerado  a única forma de os terminais  ficarem prontos para a  Copa do Mundo de 2014 e a  Olimpíada de 2016), receiam  ter que pagar no futuro parte da  conta. Algumas já falam que os  passageiros podem ser prejudicados  se tiverem que repassar  os aumentos.  "O nível de tarifas aeroportuárias  cobradas no Brasil já está alinhado  com a média internacional.  Não são tarifas caras, escandalosas,  mas também não são  baixas”, afirma o consultor especializado  em aviação André Castellini,  da Bain & Company, que  presta consultoria para a TAM.  “Não há espaço para reajustes.  Conhecendo as prioridades do  governo, a expansão do transporte  aéreo é visto como umobjetivo  social, de integração”.  De acordo com Castellini, o  setor espera que o retorno financeiro  das novas concessionárias  venha da exploração de serviços  que vêm ganhando espaço  em aeroportos, como lojas e restaurantes.  “Ninguém trabalha  com um cenário de elevação  das chamadas tarifas reguladas,  que são as de pouso, decolagem  e embarque. Até a definição do  edital, vai haver margem para  essas discussões”, conclui. 






Brasil deve aprender com erros da América Latina,dizem especialistas     
Modelos utilizados na Colômbia, Uruguai e Costa Rica não deram certo e prejudicaram usuários 

As experiências internacionais  com privatização de aeroportos  mostram que o tema é  complexo e precisa ser estudado  com cuidado antes de ser  definitivamente implementado  no Brasil. 
Segundo especialistas, apesar  de as concessões em geral  representarem maior eficiência,  melhora da gestão e possibilidade  de expansão do tráfego  aéreo local, há casos classificados  como desastrosos, em especial  na América Latina. 
O que não fazer 
Um exemplo é o da Colômbia, que entregou a mãos privadas  a construção do segundo terminal  do seu aeroporto internacional  El Dorado, em Bogotá.  Nos primeiros anos após a  decisão, o tráfego de aviões subiu  cerca de 10% no aeroporto,  mas as tarifas de pousos e  decolagens em voos domésticos  dispararam mais de 50%. 
Isso ocorreu porque, a princípio,  a fórmula usada para determinar  os aumentos das taxas  foi um índice que levava  em consideração variáveis como  inflação do consumidor e  a cotação do dólar. Os reajustes  eram feitos duas vezes ao  ano. A composição do índice  foi mudada, mas mesmo assim  as tarifas passaram a ser,  em média, 14% maior nos  voos domésticos. 
Uma crítica feita por especialistas  é ao fato de o governo  ter decidido o processo a  portas fechadas, sem consultas  à sociedade. Os termos e  condições foram preparados  por um banco de investimentos  e entregues privadamente  às empresas candidatas às concessões.  O mesmo ocorreu  nos aeroportos das cidades de  Cartagena e de Barranquilla,  todos na Colômbia. 
Outro caso citado como prejudicial  às empresas e consumidores  é o do aeroporto de  San José, na Costa Rica, onde  a concessionária se comprometeu  a investir US$ 170 milhões  para melhorar o terminal  de cargas e o terminal principal  de passageiros. Não houve  aumento de tarifas de pouso  e decolagem, mas uma nova  tarifa foi instituída. 
No aeroporto de Punta del  Leste, no Uruguai — privatizado  em 1996 — as tarifas cobradas  dos usuários subiram 40%,  de acordo com informações da  Associação Internacional de  Transporte Aéreo (Iata). ■M.P. 


Tam e Gol cancelam vôos e contabilizam prejuízos com vulcão chileno
Nuvem de poeira do Puyehue fecha aeroportos no Uruguai, Chile, Argentina e Porto Alegre

Depois de décadas de inatividade,  o vulcão chileno Puyehue  causou problemas às companhias  aéreas ontem e forçou o  cancelamento de dezenas de  voos, atrapalhando o tráfego aéreo  na América do Sul. 
Entre as companhias prejudicadas  estão as brasileiras Tam e  Gol. Ambas cancelaram os embarques  para destinos como Argentina,  Chile e Uruguai. 
Como as condições meteorológicas  e a atividade do vulcão  estão mudando constantemente,  a Tam afirmou que continua  analisando as informações disponíveis  sobre a densidade e o  deslocamento da nuvem de cinzas  e continuará avaliando a situação  para retomar as operações  normais omais rapidamente  possível. 
A Gol decidiu também suspender  temporariamente as operações  nos aeroportos de Porto  Alegre e Caxias do Sul, no Rio  Grande do Sul, como medida de  segurança. A companhia afirmou  que está contatando clientes  com passagens marcadas para  providenciar reacomodações  sem cobrança de taxas, ou promover  o reembolso no valor integral  dos bilhetes. 
Vizinhos
  A nuvem de fumaça também  afeta os países vizinhos. Todos  os voos internacionais e domésticos  dos aeroportos de Buenos  Aires operados pela United Continental  Holdings Inc., AMR  Corp's, American Airlines e Aerolineas  Argentinas foram foram  cancelados ontem. 
A chilena Lan, possível parceira  na composição de uma fusão  com a brasileira Tam, informou  que alguns voos para as cidades  de Buenos Aires e Córdoba,  na Argentina - inclusive o  que parte de São Paulo para Buenos  Aires - e Montevidéu, no  Uruguai foram cancelados por  tempo indeterminado. 
As empresas prejudicadas  pela intempérie ainda não divulgaram  os prejuízos causados  em decorrência dos cancelamentos  ocorridos. 
A erupção do Puyehue começou  no sábado e levou à evacuação  de cerca de 4 mil pessoas no  Chile.Na Argentina, as principais  zonas turísticas, como Bariloche,  foram cobertas com uma espessa  camada de cinzas. ■M.L. 

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