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Aeroportos sob ameaça de greve
Trabalhadores aeroportuários planejam cruzar os braços em julho em protesto contra o projeto de privatização anunciado pelo governo. Em assembleias nesta semana, funcionários dos terminais de Brasília, Guarulhos e Campinas aprovaram o indicativo de greve. Na próxima semana, estão realizadas assembleias nos aeroportos de Confins, em Minas, e Galeão, no Rio de Janeiro. O alvo das críticas é a participação da Infraero no processo. Pela proposta do governo, a estatal seria acionista minoritária, limitada a 49% do controle dos aeroportos.
TRÁFEGO AÉREO
Nuvem de caos
Cinzas do vulcão chileno provocam cancelamento de voos no Sul do país e complicam viagens às vésperas do Dia dos Namorados. Com a fuligem deslocada para o mar, aeroportos voltaram a operar no fim da tarde
Renata Tranches
Os transtornos causados desde o início da semana pela erupção do vulcão chileno Puyehue se transformaram em um verdadeiro caos aéreo, na manhã de ontem, no Sul e Sudeste do Brasil. Na noite de quinta para sexta-feira, as cinzas chegaram a encobrir 70% do Rio Grande do Sul, parte de Santa Catarina e do Paraná. Inevitavelmente, voos internacionais e domésticos nos aeroportos nesses estados foram cancelados. Em um efeito dominó, as suspensões se estenderam aos voos partindo de São Paulo e do Rio de Janeiro, todos com destino ao Cone Sul, e a outros aeroportos, inclusive o de Brasília. Já na noite de ontem, a situação começava a se normalizar e a nuvem alcançava o Atlântico, mas sua passagem pelo país deixou muita confusão na vida de milhares de brasileiros.
Desde que o Puyehue entrou em atividade, duas nuvens de cinzas e fuligem se espalharam pelo Cone Sul e conturbaram o tráfego aéreo no Chile, na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e no Brasil. Na noite de quinta-feira e na manhã de ontem, cerca de 300 voos foram cancelados nos dois aeroportos de Buenos Aires — Ezeiza (internacional) e Aeroparque (doméstico e regional) — e no terminal internacional de Montevidéu. No fim do dia, a situação começou a se normalizar na Argentina. Por volta das 18h, as companhias Aerolíneas Argentinas, Austral e LAN anunciaram a reprogramação das chegadas e partidas, mas a previsão era de que a situação se normalizasse completamente apenas na segunda-feira. Nas cidades turísticas da Patagônia, no sul do país, a situação continuava difícil especialmente em Bariloche e Villa La Angostura — esta última localizada a 40km do vulcão.
O Uruguai continuava sem previsão de voltar à normalidade. A nuvem ainda era muito espessa sobre o país e os aeroportos aguardavam o aval da Direção Nacional de Meteorologia para a liberação dos voos, que não havia tinha sido anunciado até o fechamento desta edição.
Em cascata
No Brasil, a situação foi mais complicada de manhã, em consequência do cancelamento de voos na noite anterior e das condições climáticas no país. Até as 10h, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informava em seu site que 58 voos internacionais programados até aquele momento tinham sido cancelados, o que corresponde a 37,9% das viagens previstas. A busca dos passageiros por informações foi tão grande que sobrecarregou e tirou do ar o site da Infraero quase o dia todo. A situação dos voos no Sul e no Sudeste foi agravada com os atrasos e cancelamentos provocados pelas chuvas que atingiram todo o centro-sul do Brasil.
No início da tarde, um boletim da Força Aérea Brasileira (FAB) informou que a nuvem de cinza vulcânica tinha começado a se dissipar na Região Sul, principalmente nas regiões de Curitiba (PR) e Florianópolis (SC), e se concentrava apenas no Rio Grande do Sul. Segundo a FAB, a situação era monitorada a partir da análise de imagens de satélite e de modelos matemáticos elaborados pelo Volcanic Ash Advisory Centres, da Argentina, instituto responsável pelo monitoramento da situação no Cone Sul. Segundo o instituto, a nuvem de fuligem deveria se mover totalmente para sobre o mar ainda na noite de ontem.
Por volta das 16h, a Infraero informou que os aeroportos da Região Sul estavam funcionando normalmente. As companhias aéreas Azul, Web, TAM e Gol anunciaram que estavam retomando seus voos em Porto Alegre a partir das 18h. O Rio Grande do Sul não registrava precipitação de cinzas vulcânicas desde 1993, quando o Lascar, no norte do Chile, entrou em erupção. Segundo professor Roberto Cunha, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explicou ao Correio, porém, que pela primeira vez cinzas vulcânicas entram no país e provocam transtornos da magnitude vista nos últimos dias. O professor esclareceu que não era esperado que as cinzas chegassem até Santa Catarina e o Paraná. “Houve uma mudança fora do comum na corrente de jato (ventos)”, disse. Cunha garante que os transtornos devem ficar apenas na aviação, já que a densidade das cinzas é muito baixa e não deve afetar a saúde dos gaúchos.
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