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quarta-feira, 8 de junho de 2011

08 de junho 2011 - ESTADO DE MINAS


TRÁFEGO DE VEÍCULOS
Carretas bloqueadas
Veículos de carga com mais de 30 toneladas são impedidos de fazer desvio por Santa Luzia para não deteriorar vias. Exército promete ponte no dia 20

Ernesto Braga e Pedro Rocha Franco

Sinal vermelho para o tráfego de veículos de carga com mais de 30 toneladas em Santa Luzia, na Grande BH. Entrou em vigor às 6h de ontem o Decreto 2.584, do prefeito Gilberto Dorneles (PMDB), que proíbe o trânsito de carretas para evitar a deterioração das vias da cidade, sobrecarregadas desde 20 de abril com a interdição da ponte no Rio das Velhas, na BR-381. Estão impedidos de passar em Santa Luzia todos os veículos articulados, exceto as carretas que vão carregar ou descarregar mercadorias no município. Para isso, precisam ter um selo de autorização.
Barreiras foram montadas ontem nos três acessos: nos portais Santa Rita, na MG-020; São Benedito na MG-433; e Avenida Beira Rio, na AMG-145, que leva à BR-381. Os carreteiros também são abordados no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-381, em Sabará. A fiscalização é feita pela PRF, Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e Guarda Municipal. "As carretas articuladas estão proibidas mesmo vazias, pois só cada veículo pesa 30 toneladas. A restrição é divulgada desde sexta-feira com a distribuição de 50 mil folhetos", disse o secretário de Segurança, Trânsito e Transporte de Santa Luzia, coronel Ronildo José dos Santos.
Na manhã de ontem, alguns motoristas tiveram de retornar, como Alexandre Nazareno Barros, de 39 anos, que transportava 25,5 toneladas de escória, fora o peso da carreta. Ele foi abordado pela Guarda Municipal no portal Santa Rita e orientado a voltar para BH. "Não sabia da restrição. Vou perder um dia de serviço", lamentou. Segundo o tenente Geraldo Donizete, da PMRv, até as 9h, 20 motoristas foram impedidos de seguir viagem.

ROTAS
O oficial dá orientações sobre as rotas alternativas para as carretas. Quem vem do Espírito Santo pela BR-381 deve entrar no trevo de Rio Casca, seguir para Ponte Nova, Mariana, Ouro Preto e sair na BR-040. Os veículos de carga vindos do Vale do Aço devem entrar no trevo de Barão de Cocais, seguir para Santa Bárbara, Mariana e Ouro Preto. Já quem vem do Triângulo, São Paulo, Rio e Brasília deve seguir direto para Ouro Preto e pegar as mesmas rotas. O tenente Donizete ressalta que quem tentar passar pelo bloqueio está sujeito a prisão e retenção do veículo e documentos. Ontem, a PMRv flagrou pelo menos dois carreteiros tentando passar pelo portal Santa Rita usando cópia do selo de autorização.
O Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros e Afins prometeu ontem entrar na Justiça para tentar anular o decreto. "Todas as restrições de tráfego feitas no país são baseadas em leis. O impedimento para os carreteiros causa prejuízos inclusive a outras cidades. A previsão é de que a ponte provisória fique pronta no dia 20 e o prefeito poderia ter tido tolerância", afirmou o presidente do sindicato, José Natan Emídio Neto.

RIO DAS VELHAS
Segundo o tenente Marcelo Vitorino, do Exército, a previsão é de que a passagem no Rio das Velhas seja liberada no dia 20. "A primeira parte da ponte fica pronta até domingo. Depois chegará outra equipe, de Santa Catarina, para a segunda etapa", disse.
O sofrimento dos usuários da BR-381 deve se prolongar até novembro. A empreiteira contratada pelo Dnit garante que o fluxo de veículos voltará a ser feito pela rodovia ainda neste ano. Pelo leiaute, a ponte definitiva terá três faixas de tráfego, com 16,3 metros de largura e extensão de 210 metros. A intervenção fazia parte da obra de duplicação da BR-381. Mas outra ponte deve ser construída para que possa ser atendido o fluxo nos dois sentidos.


AEROPORTOS
Expansão de Confins pronta para decolar
Consórcio Marquise/Normatel vence disputa com proposta de R$ 222,59 mi. Obra começa em outubro e vai até o fim de 2013. Puxadinho completará aumento da capacidade de passageiros

Daniel Camargos e Geórgea Choucair

O consórcio Marquise/Normatel venceu a concorrência para executar as obras de reforma e modernização do terminal 1 do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, com a proposta de executar o projeto por R$ 222,59 milhões – o menor valor entre as oito propostas de grupos que participaram da concorrência. A confirmação do vencedor ainda depende de homologação e publicação no Diário Oficial da União (DOU). O valor é 6,4% inferior à estimativa de R$ 237,8 milhões feita pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Mas se o custo será menor, a capacidade do terminal 1 após a expansão também vai ficar abaixo do projetado (de 5 milhões de passageiros para 8,5 milhões de pessoas por ano). Agora, a Infraero prevê aumento de 1,6 milhão de pessoas. Com a obra, prevista para começar em 21 de outubro e terminar em em 31 de dezembro de 2013 – depois da Copa das Confederações –, o terminal 1 poderá transportar 6,6 milhões de pessoas.
Paralelamente, a Infraero vai construir um Módulo Operacional Provisório (MOP), já chamado de “puxadinho”, com capacidade para 4,8 milhões de passageiros por ano e previsão de ser concluído antes da reforma do terminal 1, em novembro do ano que vem. O puxadinho, que já é praxe em outros 12 terminais no país, incluindo Brasília, Guarulhos (SP) e Viracopos (SP), é uma solução temporária para a demora das obras para a Copa do Mundo em 2014. Com ele, Confins terá, em dezembro de 2013, capacidade para 10,4 milhões de passageiros por ano. Especialistas e fontes do governo mineiro desaprovam a ideia, pois ela não oferece o mesmo conforto e segurança de um terminal definitivo.
Além do puxadinho, a Infraero também fez uma revisão da capacidade de Confins. O órgão do governo federal sustenta agora que a capacidade atual do terminal 1 está entre 6,78 milhões e 10,18 milhões de passageiros por ano. Estudos de órgãos como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) sempre afirmaram que a capacidade de Confins é de 5 milhões de passageiros por ano, sendo que no ano passado passaram pelo terminal 7,2 milhões. O puxadinho será construído entre o hangar de cargas e o terminal de manutenção da Gol. Para chegar até o avião, os passageiros terão que usar ônibus.
O diretor de marketing e vendas da Trip Linhas Aéreas, Evaristo Mascarenhas de Paula, afirma que a necessidade de ampliação do terminal de passageiros em Confins é urgente, pois o aeroporto já está chegando a alguns dos seus limites. A própria Trip teve que fazer um puxadinho na lateral do aeroporto para fazer o check-in de passageiros. Ele ressalta, no entanto, que há outros gargalos. “Precisamos de mais espaço para as aeronaves. Muitas vezes não podemos levar novos voos para o aeroporto porque não há espaço”, diz.
O consórcio RCI, formado pela Construtora RV, IC Suplly Engenharia e Convap Engenharia, conseguiu participar na última hora da abertura dos envelopes da licitação, por meio de mandado de segurança na Justiça. A Infraero havia considerado o grupo inabilitado para as obras. Segundo a estatal, o consórcio não tinha comprovado que duas empresas do grupo (RV e IC Suplly) possuem capital social individual proporcional à participação no grupo. O RCI apresentou o segundo preço mais barato: R$ 225,38 milhões. “Lamentamos ter ficado em segundo lugar, pois conseguimos participar da abertura dos envelopes na última hora”, diz Márcio Manata, diretor da Convap.
Terminal 2 O governo do estado, Antonio Anastasia, recebeu da Infraero a autorização para a publicação do edital do projeto executivo do terminal 2 do aeroporto, que deve ocorrer neste mês. O governo já lançou também o edital do projeto de impacto ambiental do novo prédio. “Como o terminal provisório vai ficar próximo ao de carga, o projeto do terminal 2 não deve ser influenciado”, afirma Luiz Antonio Athayde, subsecretário de Investimentos Estratégicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Pelo projeto, o terminal 2 será construído ao lado do estacionamento novo.
O maior receio do governo é que o terminal provisório se transforme em definitivo. “O terminal provisório não oferece os mesmos padrões de conforto do definitivo. E iria contra todo o planejamento de sítio aeroportuário que fizemos para Minas. No Master Plan que traçamos no aeroporto, não tinha a previsão de um terminal provisório”, ressalta Athayde.

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