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quinta-feira, 2 de junho de 2011

02 de junho 2011 - ZERO HORA


CONTRA A PAREDE
Sob pressão, ministro “falta” a almoço com PMDB

Sob pressão e hostilizado até mesmo por setores do PT, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, faltou ao almoço com senadores do PMDB.
A expectativa da bancada era de que o ministro fosse figura de destaque na reunião. Todos acreditavam que a presidente Dilma Rousseff o prestigiaria, colocando o ministro a seu lado, tanto à mesa como na sala, durante a conversa com os parlamentares.
A ausência do ministro foi considerada fato político relevante do almoço presidencial. Primeiro, porque a justificativa apresentada pela própria Dilma para explicar a ausência – Palocci tinha uma reunião com os ministros Nelson Jobim (Defesa) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para discutir um projeto sobre política de fronteiras – não foi considerada das mais convincentes ou urgente. O vice-presidente Michel Temer havia garantido à presidente e ao próprio Palocci que não ocorreria manifestação alguma de cobrança ao ministro por parte dos convidados peemedebistas.
A crise e os problemas na articulação política do governo ficaram fora do cardápio do Alvorada. Dilma apenas mencionou de forma genérica que quer ampliar a interlocução com a base aliada e os senadores em especial, e provocou alguns risos discretos quando revelou o desejo de fazer uma interlocução direta com as bancadas em reuniões, “duas vezes por ano”.
Quando os senadores se queixaram das medidas provisórias, ela se propôs a ajudar a resolver o problema da falta de tempo do Senado para examinar as MPs, chamando o presidente da Câmara, Marco Maia (PT), para uma reunião com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Os peemedebistas devolveram a gentileza com um recuo político na decisão de criar uma comissão de admissibilidade para barrar as MPs que não atenderem aos pré-requisitos de urgência e relevância. Embora a bancada do PMDB tenha fechado apoio ao relatório do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que propõe a comissão, o partido deve mudar de ideia.


AMPLIAÇÃO DO AEROPORTO
Portão simboliza lentidão de obra
Moradores instalaram barreira metálica em rua a fim de evitar furtos em casas desocupadas para aumento da pista do Salgado Filho

A lentidão das obras da pista do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, ganhou um símbolo. No local onde deveria estar sendo ampliada a pista – conforme projeto inicial apresentado em 2006 –, moradores de uma área contígua ao terminal instalaram um portão que se estende de um lado ao outro da Rua Polar. Querem afastar os ladrões, que se aproveitam da demora na remoção do restante das famílias do Jardim Floresta para saquear casas que já foram desocupadas ou aquelas que ainda têm moradores à espera de indenizações.
Com cerca de 15 metros de extensão e mais de dois metros de altura, o portão foi colocado há cerca de dois meses, no trecho entre a Avenida Sertório e a pista do aeroporto Salgado Filho.
A barreira metálica parcialmente pintada de branco bloqueia transversalmente toda a rua – passando sobre as duas calçadas e a via. No centro do obstáculo, a passagem de carros e pedestres se dá por um portão com três metros de largura.
A área será desapropriada para alargamento da pista – um projeto apresentado em 2006 previa, mas enquanto não são pagas todas as indenizações acertadas com o Estado, os moradores continuam por ali. O problema é que a saída de alguns habitantes que já foram indenizados atraiu ladrões, que estão de olho nas casas abandonadas. E não são poucas: a previsão é de que 84 residências do bairro Jardim Floresta sejam removidas em decorrência das obras.

Moradores negociam indenização maior
As residências são de padrão bom e, por isso, as indenizações governamentais variam de R$ 250 mil a R$ 400 mil por casa. O comerciante Ivonei João de Souza, que tem 50 anos e mora desde que nasceu na Rua Polar, numa casa de dois andares, já foi indenizado. Mesmo prestes a abandonar a antiga residência, de muda para o Parque Santa Fé, apoia o gradeamento da via:
– Só podia apoiar...Trago dinheiro do comércio para casa, mas não para de aparecer ladrão nas vizinhanças. Se não fosse a grade, acho que esses criminosos levavam até a gente junto.
Só moradores têm chave

Com 57 anos e morador do Jardim Floresta há 25 anos, o mecânico Vanderlei Caruso é um dos idealizadores do bloqueio da Rua Polar, na zona norte de Porto Alegre.
Com uma vizinha advogada, mobilizou moradores, que cederam grades antigas para forjar um portão de ferro. Um rapaz foi contratado para soldar o obstáculo, que agora se estende de lado a lado na Rua Polar. Cada morador tem uma cópia da chave do portão, que é fechado à noite. Quando alguma visita chega, deve telefonar antes, para que um vigia (contratado para esse fim) abra o obstáculo.
– Os ladrões chegam de carroça, na madrugada. Entram nas casas abandonadas e levam grades, janelas, esquadrias. O pior nem é isso, é que aproveitam para entrar também nas residências dos que ainda estão aqui. Levam roupas, medidores de consumo de água, qualquer coisa – relata o mecânico Vanderlei Caruso.
ZEROHORA.COM
Em vídeo, morador mostra portão utilizado para manter segurança da vizinhança. Em www.zerohora.com

CONTRAPONTO
O que diz tenente-coronel Robilar Pacheco, comandante do 11º BPM, tenente-coronel Robilar Pacheco
Responsável pelo patrulhamento da área do Jardim Floresta, Pacheco confirma que existem alguns registros de arrombamentos na região próxima à Rua Polar. Ele diz que não sabia da existência do portão bloqueando a rua e vai procurar os moradores para verificar o que motivou essa providência.
– Vamos agir com paciência e ouvir, antes de tomar qualquer decisão – pondera.

A NOVELA DO ILS 2
- Inicialmente, a obra de ampliação da pista foi tratada como requisito para a instalação do equipamento para permitir operações em condições meteorológicas adversas.
- Agora, o equipamento será instalado mesmo sem a pista ampliada. Quando a ampliação da pista for concluída, o equipamento será realocado.


Antineblina funcionará em 2013, promete Infraero

Uma nova data para diminuir a apreensão dos passageiros do aeroporto Salgado Filho, na Capital, em dias de neblina foi informada pela Infraero. O superintendente da estatal no Rio Grande do Sul, Carlos Alberto da Silva Souza, anunciou para daqui a 60 dias o início das obras para a instalação do ILS 2.
O equipamento permite operações de pouso e decolagem em condições adversas de neblina – o que evitaria grande parte do fechamento do terminal registrado no inverno.
– A licitação está em análise técnica. Pela nossa experiência, acreditamos que em 60 dias o contrato esteja assinado, e as obras, se iniciando. No final de 2012, o equipamento estará instalado. A partir de 2013, já poderemos operar o ILS 2 – prevê Souza.
Depois de anos de adiamento, a obra deve começar a sair do papel porque a instalação do equipamento não estará mais vinculada à ampliação da pista do Salgado Filho, como previsto inicialmente. O projeto de fazer as duas etapas em conjunto havia sido adotada porque, quando a pista for prolongada, será preciso desmontar todo o sistema do ILS 2 – como antenas – e instalá-lo novamente.
Agora, o aparelho será colocado no local do que opera hoje, o ILS 1. Os operários trabalharão entre 1h e 6h. A obra é estimada em R$ 11 milhões e inclui a mudança das luzes de aproximação, realocação de antenas e implantação de equipamentos do novo sistema e retirada de aparato relacionado ao antigo.
Tradicionalmente o mês mais complicado do terminal, devido à alta incidência de nevoeiros, maio registrou fechamento do aeroporto por 18 horas e sete minutos, 2,44% do total de operações. Em abril, o aeroporto chegou a registrar três dias de fechamento.
O cronograma para a ampliação da pista do Salgado Filho em 920 metros não sofreu alterações. As obras podem começar em meados de julho ou agosto. O superintendente do aeroporto, Jorge Herdina, calcula que a pista ampliada esteja concluída no início de 2014.




EDITORIAL
Eficiência nos aeroportos

Ao anunciar o lançamento dos editais de privatização de três aeroportos – o de Guarulhos e o de Viracopos, ambos em São Paulo, e o de Brasília –, a presidente Dilma Rousseff faz uma tentativa importante de enfrentar um dos gargalos mais sérios do setor de transporte no país. A intenção do Planalto é buscar na iniciativa privada os recursos que não tem em caixa, acelerar as obras e aumentar a competição do sistema. Ao mesmo tempo, com a decisão, o poder público desafia a Infraero a competir com o setor privado, numa área que, em boa parte por razões ideológicas, era a única no âmbito da infraestrutura ainda sob o comando exclusivo do Estado. O desafio a partir de agora é fazer com que todas essas transformações possam proporcionar ganhos aos usuários finais, mantendo as tarifas em valores acessíveis.
A opção por privatizar integralmente – incluindo tanto operações aeroportuárias quanto a exploração de áreas comerciais – e a permissão para que tanto empresas nacionais quanto estrangeiras possam disputar as concessões tendem a acenar com mais recursos para o setor. A principal dúvida é se haverá tempo suficiente para que um país de dimensões continentais, sem alternativas como a de trens rápidos, por exemplo, possa evitar um colapso no setor antes da Copa de 2014. O edital do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, por exemplo, levou mais de dois anos para ficar pronto. Depois de publicado, despertou pouco interesse das empresas privadas, devido à baixa previsão de retorno financeiro.
Pelo menos dois terços dos complexos aeroportuários administrados pela Infraero são deficitários, enfrentando no cotidiano sérios problemas de administração. Sob o ponto de vista dos usuários, as consequências se manifestam sob a forma de filas nos balcões de embarque e desembarque, atrasos e mesmo cancelamentos de voos, provocando estresse, insegurança, gastos inesperados e perda de compromissos importantes. Como o modelo de concessões começará pelos aeroportos superavitários, a dúvida que se mantém é como serão enfrentados os problemas nos casos dos historicamente deficitários, com chances reduzidas de despertarem interesse no setor privado.
O modelo anunciado agora, com concessões a serem feitas por meio de Sociedades de Propósito Específico (SPEs), encarregadas da ampliação e da construção de aeroportos, não significa, assim, a garantia de que todos os problemas crônicos nesta área serão resolvidos. Mas parece não haver dúvida de que a Infraero precisa de um choque de competitividade e de que esta é a melhor alternativa diante da incapacidade do setor público de modernizar uma área essencial para o desenvolvimento do país. Mais do que isso, o desafio do processo de privatização do setor aéreo é garantir serviços de mais qualidade a preços compatíveis com o poder aquisitivo dos usuários.


NOTAS

União para patrulhar fronteiras do país
Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Defesa, Nelson Jobim, assinaram um acordo para ações de combate ao crime nas áreas de fronteira. As operações terão a participação das Forças Armadas, das polícias Federal e Rodoviária Federal, além da Força Nacional de Segurança Pública.

Pilotos passarão por antidoping
A Agência Nacional de aviação Civil publicou ontem a aprovação de um regulamento que trata dos programas de prevenção a drogas. A resolução prevê a implantação, dentro de um ano, de programas de educação e, no prazo de dois anos, de exames toxicológicos e programas de recuperação.


DO LEITOR

Aeroporto sem teto
Mais importante e urgente que espaço físico na estação de passageiros, e que deveria ser o foco da luta pelas obras de ampliação do Salgado Filho, é a extensão da pista conjuntamente com um equipamento ILS categoria III. É imperativo que o aeroporto tenha condições de operar com qualquer condição de tempo. De que adianta uma pista ampliada se os grandes aviões só conseguirão pousar com céu de brigadeiro? Pista alongada sem ILS categoria III é como uma Ferrari com pneus carecas. Desde o governo Olívio Dutra que a Infraero promete colocar um ILS categoria II (insuficiente) e volta com esta mesma promessa de 12 anos atrás, achando que somos desmemoriados. Nossas autoridades precisam ser duras com essa estatal, que só nos prejudica, achando que nos faz um grande favor.
Pedro Luís Pereira Couto - Engenheiro – Porto Alegre

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