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terça-feira, 5 de abril de 2011

05 de abril de 2011 - JORNAL O DIA


SEGURANÇA
Facilidade para desviar armas
Delegado Cláudio Vieira, admitiu nesta segunda-feira que armas apreendidas com criminosos podem ser facilmente desviadas

Alessandro Ferreira

Em depoimento à CPI das Armas da Assembleia Legislativa (Alerj), o diretor da Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos (Dfae),
"Entre a apreensão e o acautelamento da arma na Dfae se passam, em média, de dois a três meses. Nesse período, a arma passa antes pelo Instituto de Criminalística (Carlos Éboli), onde é periciada. Não tenho como negar que durante esse tempo a arma pode, sim, ser desviada e usada em outra ação criminosa", afirmou Vieira, acrescentando: "Não fiscalizamos o trâmite da arma, apenas fazemos o acautelamento".
Segundo o delegado, o ritmo de destruição de armas acauteladas - atualmente, há cerca de 150 mil no depósito da Dfae, além de 4,5 toneladas de munição - é lento devido à burocracia, já que o procedimento depende do Exército. Em 2010, apenas 2.800 armas foram encaminhadas para destruição.
"Há uma resolução do Tribunal de Justiça que determina que armas não vinculadas a homicídios sejam destruídas cinco anos após a apreensão. Calculo que 70% do armamento que temos no depósito esteja nessa situação e já poderia ter sido destruído", explicou o titular da Dfae.
Vieira também surpreendeu ao afirmar que a maior parte da munição apreendida com criminosos é de fabricação nacional. Para os parlamentares, a declaração ajuda a reduzir o peso dado ao contrabando internacional de armas na criminalidade.
"A discussão sobre o patrulhamento de fronteiras deve ser feita, mas não pode servir de cortina de fumaça para o fato de que a munição que alimenta o crime é brasileira", disse o presidente da CPI, deputado Marcelo Freixo (Psol), que pretende convocar para depor o presidente da única fabricante nacional de munição, a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC).
Freixo considerou corajoso o depoimento de Cláudio Vieira, que admitiu as falhas na fiscalização. Os integrantes da comissão decidiram interceder junto ao Exército para acelerar a destruição do armamento apreendido.
"Essa é uma colaboração que a CPI pode dar de imediato. Temos 150 mil armas num lugar absurdo, inadequado, sem a vigilância necessária, e já tivemos casos de desvio. Se 70% desse material pudesse ser destruído, facilitaria o controle e ganharíamos todos", disse Freixo.
FONTE: JORNAL O DIA

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