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terça-feira, 12 de abril de 2011

09 de abril de 2011 - FOLHA DE SÃO PAULO


MUNDO
Alta tecnologia representa 2% das vendas para a China
Estudo revela que commodities são 87% da pauta nos últimos dez anos
A três dias da visita de Dilma, Ipea mostra a deterioração do perfil de exportações do Brasil com o gigante asiático

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Cada vez mais dependente da China, o Brasil vem perdendo espaço na exportação de produtos de maior valor agregado, revela estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado a três dias da visita da presidente Dilma Rousseff ao principal parceiro comercial do país.
O estudo mostra que 87% do que foi exportado à China nos últimos dez anos se refere a commodities, contra 58% do total para o restante do mundo.
Na outra ponta, somente 2% do total exportado à China se refere a produtos de alta tecnologia, enquanto que para o restante do mundo esse índice chegou a 8%. Já os produtos de média intensidade tecnológica respondem por 7% na pauta chinesa e 25% nas vendas para o restante do mundo.
As importações brasileiras vindas da China têm o perfil oposto, com elevada participação de alta tecnologia nos últimos dez anos.
Nesse período, a participação da China no comércio exterior brasileiro avançou rapidamente, passando de 3,3%, do total, em 2001, para 15,2%, em 2010, o segundo ano em que o gigante asiático figurou como maior parceiro comercial.

INVESTIMENTOS
O Ipea vê ainda que os recentes investimentos chineses em petróleo, minério de ferro e soja servem para a China "conseguir acesso a extração e produção de recursos naturais e energia (petróleo, cobre e ferro), para suprir sua demanda interna e alimentar o ritmo de expansão de seu crescimento".
De acordo com Eduardo Pinto, coautor do estudo, esses investimentos podem ser benéficos se gerarem investimentos em infraestrutura e transferência de tecnologia.
Mas, para isso, é preciso impedir que as empresas chinesas exportem apenas matéria-prima a partir do Brasil.
"Apenas negociações pontuais não bastam, é preciso avançar com urgência nas definições de estratégias, pois a mão que afaga (empréstimos, investimento, superavit comercial) pode ser aquela que direciona os vínculos externos da economia brasileira para uma dinâmica empobrecedora", conclui o estudo.


Exceção brasileira, Embraco cresce no país

DE PEQUIM

Enquanto empresas brasileiras como Embraer e Gerdau têm problemas para se fixar na China, a fábrica de compressores catarinense Embraco vem aumentando a produção e a presença no país desde que se instalou em Pequim, há 16 anos.
O grande salto ocorreu em 2006, com a inauguração de nova fábrica, aumentando a capacidade de produção de 2 milhões por ano para 9 milhões de compressores para refrigeração por ano. O número de funcionários subiu de 990, em 1995, para 2.500.
A Embraco tem sido um raro caso de empresa brasileira bem-sucedida na China.
Localizada perto do aeroporto de Pequim, a Embraco Snowflake é uma joint venture entre a empresa brasileira e a Prefeitura de Pequim, que tem 30% de participação.
Cerca de 85% da produção fica na China. A Embraco fornece para as principais fabricantes chinesas de refrigeradores, entre as quais Haier e Midea. O restante vai para Japão, Paquistão, Índia, Austrália e Tailândia.
A produção da unidade chinesa vem aumentando em média 25% por ano desde 2007, segundo dados da empresa. É a segunda das cinco fábricas da Embraco em capacidade de produção, atrás apenas de Joinville (SC).
Segundo um levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado ontem, a maioria das nove empresas que vêm buscando entrar no país enfrentam problemas.
Duas delas sofrem restrições do governo. A Embraer ameaça fechar a sua fábrica no nordeste do país por não conseguir autorização para produzir novos modelos.
A Marcopolo abandonou projeto para produzir ônibus, também por falta de aval -atualmente, fabrica apenas componentes.
O Ipea mostra que o investimento brasileiro na China vem caindo desde 2006.
No ano passado, o maior parceiro comercial do Brasil foi apenas o 30º país receptor de investimento, com US$ 9 milhões (0,03% do total).
(FABIANO MAISONNAVE)


ONDA DE REVOLTAS
EUA e Otan veem impasse em ações militares na Líbia
Para comandante americano, é muito difícil que rebeldes consigam sair do leste e avançar rumo à capital, Trípoli
Aliança ocidental diz que solução política é necessária; insurgentes pintam tanques de rosa para evitar ‘fogo amigo’

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Comandantes dos EUA e da Otan (aliança militar ocidental) afirmaram que, três semanas após o início dos ataques aéreos autorizados pela ONU, o conflito na Líbia entre os rebeldes e as forças do ditador Muammar Gaddafi chegou a um impasse.
Para analistas, as esperanças iniciais de que a intervenção militar pesasse em favor dos insurgentes líbios se desvaneceram, e líderes ocidentais passaram a dar mais ênfase à necessidade de saída política para o confronto.
O general Carter Ham, comandante das tropas americanas na África, disse ontem considerar muito difícil que os rebeldes -que ainda dominam regiões como Benghazi, segunda maior cidade líbia, no leste do país- consigam avançar para o oeste em direção à capital, Trípoli.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, adotou linha similar à de Ham e afirmou, em entrevista à rede de TV Al Jazeera, quenão existe solução para o caso líbio que seja apenas militar. "Precisamos de uma solução política", declarou.
Uma porta-voz da aliança, Oana Lungescu, voltou a enfatizar as dificuldades impostas pelas táticas de Gaddafi: "Eles têm usado escudos humanos e colocado tanques perto de escolas e mesquitas. É muito difícil atacar qualquer veículo militar sem causar mortes de civis".
O objetivo explícito da resolução do Conselho de Segurança da ONU que aprovou a zonade exclusão aérea sobre a Líbia, em 17 de março, era proteger a vida dos civis em meio ao conflito.
Sob fortes críticas dos insurgentes desde que assumiu o comando da operação militar, na semana passada, a aliança pediu desculpas pelo "fogo amigo" que, de acordo com os rebeldes, matou anteontem pelo menos cinco pessoas em Brega.
No entanto, o vice-comandante das operações da Otan, o almirante britânico Russell Harding, afirmou que a aliança não havia sido avisada de que a insurgência também utilizava tanques.

VEÍCULOS PINTADOS
Em Ajdabiyah, onde prosseguiram ontem os combates entre insurgentes e forças da ditadura, rebeldes pintaram de cor-de-rosa o topo de seus veículos para tentar evitar que eles sejam bombardeados por engano pela Otan.
Os confrontos também continuaram em Misrata, única cidade do oeste líbio onde os rebelados ainda mantêm posições. Ontem, os oposicionistas disseram ter conseguido repelir um ataque das forças do governo.


PODER
EUA criticam direitos humanos no Brasil
Relatório anual americano aponta violência policial e ineficiência da Justiça no país

DE WASHINGTON

Enquanto notaram como avanço a eleição de uma mulher para a Presidência do Brasil, os EUA voltaram a criticar o país ontem em seu relatório anual sobre direitos humanos por casos de violência policial, pela situação carcerária crítica e pela ineficiência da Justiça.
O texto, relativo a 2010, fez uma lista extensa de problemas similares aos mencionados em 2009, indicando que houve pouco avanço.
Entre eles estão: execuções, uso de força excessiva, tortura de presos, condições duras nas prisões, ineficiência em processar casos de corrupção, violência e discriminação contra mulheres e censura prévia à imprensa.
"Notamos uma situação mista. Há um governo central e uma presidente comprometidos com o tema [dos direitos humanos], mas abusos no nível local", disse Michael Posner, subsecretário para direitos humanos.
O texto diz, porém, que a ONU notou melhorias na investigação de milícias.
Em nota, o governo brasileiro disse que não responderia a um relatório "elaborado unilateralmente, com base em legislações e critérios domésticos". E fez críticas claras: "Tais países [os EUA] se atribuem posição de avaliadores da situação dos direitos humanos no mundo (...), [mas] não incluem a situação em seus próprios territórios".
As críticas à unilateralidade do relatório são feitas todos os anos e minimizam a credibilidade da avaliação pelo mundo.
Ao apresentar o relatório ontem, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, não mencionou o Brasil, mas fez críticas localizadas a um vizinho sul-americano, a Venezuela. "O governo usou os tribunais para intimidar e perseguir ativistas", disse.
Por outro lado, elogiou a Colômbia por esforços para acabar com a violência e maior engajamento com grupos de direitos humanos.
Ela notou três tendências gerais preocupantes em 2010: aumento de ataques a ativistas, piora da censura à internet e repressão a minorias vulneráveis.
"Sociedades florescem quando abordam problemas de direitos humanos em vez de reprimi-los", disse.
(ANDREA MURTA)


MÍDIA
Evento debate restrição à liberdade de imprensa em regimes militares

DE SAN DIEGO - A transformação de democracias civis em regimes militares foi o principal tema discutido ontem no encontro realizado pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) na Califórnia. O evento termina hoje.
As democracias na América Latina estão "evaporando na frente de nossos olhos", disse Robert Rivard, presidente da comissão de liberdade de imprensa da SIP, citando Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua e Argentina.
O presidente da SIP, Gonzalo Marroquin, listou uma série de problemas enfrentados por jornalistas nos países citados, como reformas na Constituição que restringem a liberdade de expressão.


MERCADO
AVIAÇÃO
TAM investiu R$ 300 mi em voos do Rio

O objetivo é aumentar as opções de voos internacionais. Os recursos foram usados na compra de dois Airbus-A330. Até o fim do ano, a TAM quer aumentar sua frota de 152 para 156 aviões. A partir de maio, o voo para Frankfurt será diário, e as saídas semanais para Nova York passarão de 4 para 6.

 FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO

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