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segunda-feira, 18 de abril de 2011

18 de abril de 2011 - ESTADO DE SÃO PAULO


DESTAQUE DE CAPA
Japão prevê crise nuclear até janeiro
Empresa que administra usina de Fukushima quer estabilizar vazamento de radiação em 2 etapas; para moradores, prazo é muito longo

A Tokyo Eletric Power (Tepco), empresa que administra a usina de Fukushima, prevê até nove meses para controlar a crise nuclear provocada pelo acidente no complexo. A companhia pretende reduzir o vazamento de radiação e estabilizar os seis reatores afetados pelo terremoto seguido de tsunami de 11 de março, que deixou 28 mil mortos e desaparecidos. A notícia frustrou as mais de 80 mil pessoas que moram em um raio de 20 km e tiveram de deixar suas casas. Os reparos serão feitos em duas fases. A primeira, de três meses consiste no resfriamento dos reatores e das piscinas onde é armazenado o combustível. Na segunda etapa de até seis meses, técnicos controlarão a liberação de material radioativo e desligarão os reatores.


Japão admite que controle de crise nuclear deve levar até nove meses
Empresa que administra a usina de Fukushima pretende estabilizar vazamento de radiação em duas etapas: os reatores serão resfriados para que depois o complexo seja descontaminado e fechado; para moradores da região, prazo é muito longo

AP, AFP e Reuters

A Tokyo Eletric Power (Tepco), empresa que administra a usina atômica de Fukushima, no Japão, divulgou ontem um plano para conter em até nove meses a crise causada pelo acidente nuclear que atingiu o complexo. A companhia pretende reduzir o vazamento de radiação e estabilizar os reatores afetados pelo terremoto seguido de tsunami de 11 de março, que deixou 28 mil mortos e desaparecidos.
A notícia frustrou as mais de 80 mil pessoas que moram em um raio de 20km da usina e foram forçadas a deixar suas casas, pois a Tepco não estabeleceu um prazo para que elas possam voltar a seus lares.
Os reparos serão feitos em duas fases. A primeira, que deve levar três meses, consiste no resfriamento dos reatores e das piscinas onde são armazenadas as barras de combustível usado, além da redução dos níveis de vazamento radioativo. Em seguida, a Tepco tentará reduzir a contaminação do solo, da água e da atmosfera.
Na segunda etapa do plano, de até seis meses de duração, os técnicos controlarão a liberação de material radioativo e atingirão o "desligamento frio" dos seis reatores da usina - um estado no qual a água que resfria as barras de combustível fica abaixo de 100º C. Depois de estabilizá-los, a Tepco pretende selar suas estruturas de contenção e transferir o combustível nuclear para um local de armazenamento seguro. "Nos desculpamos sinceramente pelos problemas causados", disse o presidente da Tepco, Tsunehisa Katsumata. "Faremos o máximo para impedir que a crise se agrave."

Monitoramento. O governo japonês prometeu examinar de perto o trabalho da Tepco. Segundo o assessor para a crise nuclear do premiê Naoto Kan, Goshi Hosono, as metas da empresa são realistas. "Não há atalho para resolver a questão. Apesar das dificuldades, temos de solucioná-las passo a passo", disse.
Para o vice-diretor da Agência de Segurança Industrial e Nuclear do Japão, Hidehiko Nishiyama, a usina continua instável, mas há espaço para otimismo. "Dadas as condições que enfrentamos agora, é o melhor que se pode fazer", afirmou.

Críticas. Os japoneses obrigados a deixar suas casas acham que é tempo demais para esperar. Para Kenji Matsueda, de 49 anos, que vive em um centro de desalojados, o ano está perdido. "Não tenho a menor ideia do que fazer. Nove meses é um tempo muito longo, e pode demorar mais ainda. Não sei se eles realmente sabem quanto tempo vai levar", reclamou. Outro desalojado, Yukio Otsuka, dono de uma escola privada que vivia a apenas 5 km da usina é bastante cético sobre o plano da Tepco. "Não acredito em uma palavra que eles dizem. Não confio neles."
O plano também foi visto com ressalvas por ativistas antinucleares. Segundo Philip White, do Centro de Informação Nuclear dos Cidadãos, uma ONG formada em 1975 por cientistas e ativistas que se opõem à energia atômica, a controladora da usina levou muito tempo para agir. "A Tepco demorou demais em fornecer indicações de como colocaria a situação em Fukushima sob controle", disse. Na semana passada, o governo elevou o nível de gravidade inicial do acidente de Fukushima para 7 - o mesmo de Chernobyl, em 1986, tido como o pior da história.

NOTAS & INFORMAÇÕES
Ameaça de vexame

Não chegam a surpreendentes as conclusões do estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostram que, mesmo com investimentos da ordem de R$ 5,6 bilhões, programados pela Infraero, 9 dos 13 aeroportos de cidades brasileiras que vão receber jogos da Copa do Mundo de 2014 não terão concluídas as obras necessárias de expansão. Só três - o do Galeão, no Rio, e os de Salvador e Recife - estão hoje em condições consideradas adequadas. Outros três estão em situação preocupante (Curitiba, Belém e Santos-Dumont, no Rio). Há vários meses, a Fifa, a CBF, empresários, analistas e a mídia manifestam-se alarmados com a lentidão com que vêm sendo tocados os projetos de adaptação dos aeroportos para o megaevento esportivo. O que está ocorrendo põe a nu as deficiências da gestão pública no Brasil, e expõe o País ao risco de monumental vexame, por não ter completado a infraestrutura indispensável para realizar uma Copa do Mundo. A incompetência é inacreditável: até agora o governo não conseguiu aplicar as verbas orçamentárias já autorizadas há nove anos para a modernização dos aeroportos!
A propósito, a maior crítica do Ipea é dirigida justamente à execução orçamentária. Segundo o órgão, subordinado ao Ministério do Planejamento, somente 44% das dotações destinadas aos aeroportos, entre 2003 a 2010, foram de fato investidas.
Não se pode dizer que o governo da presidente Dilma Rousseff esteja alheio ao problema. Foi criada recentemente a Secretaria de Aviação Civil, com status de Ministério, que incluirá em sua estrutura a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Infraero, não só com o objetivo de agilizar os preparativos para a realização da Copa, como para atender à demanda crescente por transporte aéreo de passageiros, que aumenta à razão de 10% ao ano. As autoridades também têm se declarado favoráveis à concessão de aeroportos à iniciativa privada, para atrair investimentos. Todas essas são medidas na direção correta, mas podem ter sido tomadas tarde demais, além de estarem sendo implementadas com exasperante lentidão.
O processo de concessão de serviços públicos é naturalmente demorado. O Ipea calculou, por exemplo, que apenas a licença de instalação, uma das três exigidas pelo Ibama para que uma obra possa ser iniciada, demora 38 meses, em média, para ser concedida.
Dos 13 aeroportos que estão com obras atrasadas - há casos em que nem mesmo foram iniciadas - São Paulo apresenta a situação mais crítica. Os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e de Viracopos, em Campinas, estão há muito tempo saturados. O terminal aeroportuário mais bem equipado da região metropolitana é o de Cumbica, que também não está em condições de atender satisfatoriamente à afluência de passageiros. Estima-se que Cumbica comporte 20,5 milhões de passageiros por ano, mas, já em 2010, transitaram por aquele aeroporto 26 milhões de viajantes. Se a demanda crescer como se projeta, Cumbica terá um fluxo de 39 milhões de passageiros/ano em 2014, praticamente o dobro de sua capacidade atual.
Além do trânsito pesado de embarque e desembarque de passageiros nesses aeroportos, que não são servidos por metrô ou linhas de trem - diferentemente do que ocorre nos grandes aeroportos mundo afora -, falta espaço disponível para estacionamento, os guichês para check-in são relativamente poucos e os saguões e salas de espera estão quase sempre congestionados.
A Infraero, que diz desconhecer as bases técnicas utilizadas no estudo do Ipea, estuda ações para "quebrar o galho". Uma das soluções propostas é a construção de módulos provisórios nos aeroportos das cidades-sede de jogos da Copa, ou seja, "puxadinhos" improvisados que certamente não darão aos visitantes estrangeiros uma boa impressão do País. Mas pior será para os brasileiros que, ao que parece, podem não receber o "legado" da Copa e da Olimpíada, traduzido em melhorias de infraestrutura. A expectativa é de que, com a criação, finalmente, da Autoridade Pública Olímpica (APO), entregue ao ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, seja evitado o maior dos vexames.


Espaço Aberto

Polícia - boas e más notícias

*Carlos Alberto Di Franco - O Estado de S.Paulo

O problema da segurança pública no Brasil é gravíssimo. E não será resolvido com ações isoladas, mesmo quando expressivas e importantes. É preciso lancetar o tumor, raspá-lo, limpá-lo. É necessário chegar às raízes da doença. Só assim os homens de bem que compõem as fileiras das polícias não serão confundidos com marginais e psicopatas. Só assim o poder do narcotráfico não será substituído pela prepotência criminosa das milícias. O assustador crescimento da criminalidade é a ponta do iceberg de uma distorção mais profunda: a corrupção generalizada, a frequente falta de critérios de seleção para o ingresso nos quadros, os baixos salários e a desmotivação dos bons policiais.
Os policiais do Estado de São Paulo, por exemplo, têm ocupado as nossas manchetes. Com boas e más notícias. A melhor delas, de longe, é o duro combate à corrupção travado pelo secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, com respaldo do governador Geraldo Alckmin. Responsável por afastar 200 policiais do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e pela investigação sobre fraudes no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), que envolveram 162 delegados, Ferreira Pinto sofreu uma incrível retaliação da banda podre da polícia.
Imagens de um encontro do secretário com um repórter do jornal Folha de S.Paulo num shopping paulista foram parar em blogs de policiais. Segundo Marcelo Godoy, repórter do Estado, num desses sites, ligado a um delegado de polícia, o ex-delegado Paulo Sérgio Oppido Fleury - demitido por Ferreira Pinto em 2010 sob a acusação de desviar mercadorias - ameaçava divulgar o vídeo antes de ele se tornar público. O objetivo da espionagem era jogar o governador Geraldo Alckmin contra o secretário, acusando Ferreira Pinto de ser o responsável pela divulgação de informações contra o sociólogo Túlio Kahn, ex-coordenador de estatísticas da Secretaria da Segurança. Sites ligados a policiais civis afirmavam que Ferreira Pinto queria atingir seu colega de secretariado Saulo de Castro Abreu Filho, titular de Transportes, a quem Kahn seria ligado. Castro foi titular da Segurança entre 2002 e 2006. Em sua gestão, três dos suspeitos de envolvimento na espionagem contra o atual secretário faziam parte da cúpula da Polícia Civil.
O secretário Ferreira Pinto não nega que se tenha encontrado com o jornalista da Folha. Mas disse ao repórter Marcelo Godoy que o objeto da conversa fora o recente caso de uma escrivã despida numa revista por policiais. O abuso provocou a queda da cúpula da Corregedoria da Polícia Civil.
O escândalo de espionagem contra o secretário de Segurança Pública derrubou um dos mais importantes delegados da cúpula da Polícia Civil: Marco Antonio Desgualdo. Ex-delegado-geral, ele comandava desde 2009 o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. Foi flagrado entre os homens que foram ao shopping obter, por meio de suposta fraude, a fita do encontro que Ferreira Pinto teve com o jornalista. Além de Desgualdo, outros dois delegados de classe especial são suspeitos no episódio do shopping: o ex-diretor do Detran Ivaney Cayres de Souza e o ex-diretor do Denarc Everardo Tanganelli. Impressionante!
A criminosa rede de intrigas, no entanto, foi desfeita, graças ao firme apoio que o secretário recebeu do governador. Alckmin é o grande avalista da operação de limpeza da Polícia Civil de São Paulo. E o Estado, felizmente, conta com um secretário de Segurança íntegro e obstinado no combate à corrupção. É, sem dúvida, uma boa notícia.
Mas se o combate à corrupção é essencial, a motivação dos bons policiais não pode ser descurada. A polícia de São Paulo não está bem remunerada. É um fato. O rigor com gastos públicos, saudável e necessário, não pode deixar de lado algo fundamental: é preciso dar salário digno aos profissionais que desempenham tarefas delicadas e estratégicas. Uma simples batida de olhos na tabela de vencimentos da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp) causa incontornável constrangimento. No ranking dos salários das polícias brasileiras, São Paulo está atrás de Sergipe, Alagoas, Tocantins, Piauí, Maranhão...
O salário de um delegado da polícia paulista com mais de dez anos de trabalho, duas promoções e dois quinquênios é de R$ 6,5 mil (valor bruto). Com os descontos cai para menos de R$ 5 mil. O salário de um investigador de polícia gira em torno de R$ 2,5 mil. Com os descontos registrados no holerite termina recebendo R$ 2 mil. Assim não dá.
Acrescente-se a defasagem existente entre o salário dos policiais e o de outras carreiras. Um agente da Polícia Federal, em meados da carreira, cargo que equivale ao de um investigador de polícia, ganha bem mais que um delegado de polícia de São Paulo.
O combate à banda podre da polícia merece o apoio de todos. Mas a valorização dos bons policiais, com salários justos, reconhecimento e adequada jornada de trabalho, é um imperativo. Impõe-se, por exemplo, uma correta distribuição de policiais na burocracia do dia a dia. Não está certo que alguns delegados façam até 18 plantões num só mês, enquanto outros fazem muito pouco. Não parece razoável que uma delegada cuidasse da biblioteca da Delegacia-Geral, enquanto em alguns distritos, e não são poucos, seus colegas estão submetidos a escalas desumanas de trabalho. Tais distorções, contudo, estão sendo superadas. É importante, pois conspiram contra a qualidade do trabalho policial.
Reconheço o esforço do governo para combater o crime e controlar a violência. Mas é preciso mostrar também os desvios. Afinal, um governo que quer acertar só se pode beneficiar das críticas fundamentadas.

*DOUTOR EM COMUNICAÇÃO, É PROFESSOR DE ÉTICA E DIRETOR DO MASTER EM JORNALISMO - E-MAIL: DIFRANCO@IICS.ORG.BR


DEFESA
Governo vai revitalizar 11 caças por R$ 276 mi
Gasto total chegará a R$ 375 milhões; plano está ligado à reorganização da Força

Roberto Godoy

O Comando da Aeronáutica está investindo R$ 276 milhões na revitalização de 11 caças F-5E comprados da Jordânia por um valor estimado entre R$ 59,4 milhões e R$ 99 milhões. No total, o gasto máximo bate em R$ 375 milhões, cobrindo também a construção de um simulador digital de voo.
A decisão da reforma está diretamente ligada ao plano de reorganização da Força. O primeiro e mais amplo movimento foi a mudança do Esquadrão Pacau para Manaus. Seis F-5M foram transferidos da base Aérea de Natal na primeira quinzena de dezembro de 2010. A Aeronáutica prevê o reposicionamento de outras unidades no Centro-Oeste e no Nordeste até 2014.
O jato, em versão avançada, denominada F-5M Tigre pela Força Aérea Brasileira, é a principal aeronave de combate da aviação militar. A decisão pela revitalização dos jatos nada tem a ver com a escolha F-X2, para compra de caças de múltiplo emprego e tecnologia avançada.
O avião aperfeiçoado está em certa medida afinado com a quarta geração de aeronaves da mesma classe - entretanto, distante dos três finalistas na seleção internacional. A lista inclui o francês Rafale, o sueco Gripen NG e o americano F-18 Super Hornet.

Usados. Os 11 aviões foram adquiridos em 2007 e deveriam servir, a princípio, como reserva de partes e de peças de reposição.
No lote jordaniano, há três unidades de dois lugares, para o treinamento e cumprimento de missões especiais de ataque - esses, sim, receberiam a nova formatação tecnológica. O procedimento será todo feito pela Embraer Defesa e Segurança, na fábrica de Gavião Peixoto, distante 300 quilômetros de São Paulo.
O executivo Orlando Ferreira Neto, vice-presidente da companhia, diz que os caças serão entregues entre 2013 e 2015. Os 46 caças F-5 da FAB estão sendo convertidos na configuração M (modernizado) pela Embraer desde 2000. O valor dessa encomenda é estimado em US$ 420 milhões. A parceira da empresa nacional é a israelense Elbit.
O F-5M superou expectativas e vai voar até 2030, cinco anos além da meta inicial. O benefício para a Embraer foi desenvolver "a capacitação no aperfeiçoamento eletrônico das aeronaves e a integração de sistemas", sustenta Ferreira Neto.
O F-5M é uma evolução do tipo original do qual, desde 1964, foram fabricadas 3.806 unidades. Recebeu um novo painel com telas digitais coloridas de cristal líquido, comando unificado, computadores de última geração, capacidade para uso de capacete com visualização de sistemas e de lançamento de bombas guiadas por laser, de mísseis de alcance além do horizonte, armas antirradar e recursos para elevar o índice de acerto no emprego de bombas "burras".
O principal diferencial incorporado, entretanto, é o novo radar Grifo, fabricado pela Mectron, de São José dos Campos. É multimodo, tem alcance de 80 quilômetros. Pode detectar até quatro diferentes alvos ao mesmo tempo, priorizando cada um deles pelo grau de ameaça. O caça perdeu um de seus dois canhões de 20 mm originais, abrindo espaço para o radar e para o novo painel digital. As outras medidas continuam iguais. O Tigre é esguio e mede 14,5 metros. Tem dois motores. Asas curtas, de 4 metros. Velocidade máxima de 1.900 km/hora - a operacional não passa de 1.770 km/h. O alcance fica em 2,5 mil km, mas o caça pode ser reabastecido no ar. O armamento, além do canhão, é composto por dois mísseis ar-ar. Leva 3,2 toneladas de cargas de ataque. Entre as quais bombas guiadas - por laser, satélite/GPS ou por plataforma inercial com radio de ação na faixa de 20 km.

Longa história. A primeira compra da FAB abrangia 42 F-5E Tiger II, linha da americana Northrop Corporation. Foi em 1973 e os primeiros caças chegaram em 1974. Na época, o preço era bom: US$ 115 milhões incluindo a documentação técnica e os suprimentos. Um ano antes o Brasil havia comprado os Mirage IIIE, da França. A preferência era pelo F-4 Phantom, mas o governo dos Estados Unidos não havia autorizado a exportação.

Frota futura

57aviões é o tamanho da frota de caças F-5M Tigre que a FAB terá em 2015.
6 supersônicos Tigre foram transferidos para Manaus, pelo Comando da Aeronáutica, em dezembro de 2010.

SEM TERRA
MST invade mais 8 fazendas no interior de SP

Sandro Villar

Mais oito fazendas nas regiões oeste e central do Estado de São Paulo foram invadidas no fim de semana por militantes do Movimento dos Sem Terra (MST), elevando para 44 o total de áreas ocupadas este mês.
Mais de seis mil pessoas estão acampadas nas propriedades invadidas, localizadas em Teodoro Sampaio, Lucélia, Araçatuba, Agudos, Itapetininga, Brejo Alegre e Euclides da Cunha. "Nossa meta é ultrapassar 50 fazendas", disse o líder dissidente do MST, José Rainha Júnior.
A União Democrática Ruralista (UDR) vai entrar esta semana com representação cível e criminal contra os invasores. "Amanhã ou terça-feira vamos procurar o Ministério Público Estadual com o pedido de representação", afirmou o presidente da UDR, Luiz Antônio Nabhan Garcia.
A entidade também quer identificar os veículos usados pelos sem-terra nas invasões. "Queremos saber quem são os donos e solicitar a apreensão desses veículos que estão sendo usados para fins ilícitos", disse Nabhan Garcia.


ECONOMIA
O mundo e o desafio chinês

*Carol Monteiro de Carvalho - O Estado de S.Paulo

Nos últimos 25 anos, a China vem apresentando os mais altos níveis de crescimento, ocupando o posto de segunda maior economia do planeta. Para se ter uma ideia, em 2010, quando a maior parte dos países ainda estava se recuperando da crise de 2008, o seu crescimento foi de 10,3%. Esse índice bateu de longe o atual número um da escala da economia global, os Estados Unidos, que cresceu apenas 2% (o Brasil, por sua vez, atingiu 7%). As previsões apontam ainda que, dentro de 10 anos, a China dominará um quarto das negociações de exportação de todo o mundo.
São diversas as razões que estão contribuindo para esse desenvolvimento grandioso e acelerado de um país que, somente em 1997, abandonou de vez o socialismo de mercado. Dentre elas, poderíamos citar: a manutenção da desvalorização do Yuan, a moeda local; o custo reduzido das empresas chinesas com mão de obra; e os incentivos e investimentos do governo na produção local. Criticadas mundo afora, todas essas características levaram diversos países, inclusive o Brasil, a aplicarem medidas de defesa comercial contra os produtos chineses. É interessante pontuar que nos últimos cinco anos foram impostas à China 30 medidas antidumping. Na maior parte dos casos, a Organização Mundial do Comércio (OMC) sempre se pronunciou em favor dos países que se diziam prejudicados pelos preços de dumping praticados pelos produtores chineses.
No entanto, agora, em 11 de março de 2011, o Órgão de Apelação da Organização Mundial do Comércio, numa resolução surpreendente, julgou em favor da China e contra os Estados Unidos um processo envolvendo pneus para veículos off-road, sacolas de tecido e dois tipos de tubo de aço. A resolução em prejuízo dos EUA pauta-se, principalmente, no argumento chinês segundo o qual o governo americano não poderia lançar mão, a um só tempo, de dois mecanismos protecionistas, mesmo sob a alegação de que os produtos da China seriam fabricados por empresas estatais - com subsídios governamentais, portanto.
A aplicação de direito antidumping e medidas compensatórias simultaneamente configura um "duplo remédio" (em inglês, "double remedies") e contraria as obrigações dos EUA perante à OMC. Após um longo período de incertezas e indefinições, a alegação chinesa foi, então, finalmente acatada.
Ou seja, mesmo que a princípio a República Popular da China não tenha sido uma das partes contratantes originais do Acordo de Marrakech (15 de abril de 1994), o país, desde que se tornou membro efetivo da OMC em 2001, vem gradativamente seguindo a cartilha da Organização. Além dessa conquista, que deixou o representante de Comércio dos EUA, Ron Kirk, "profundamente perturbado", segundo suas próprias palavras, um estudo de setembro de 2010 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior aponta que das 37 investigações antidumping abertas no Brasil no ano em questão, a China, que sempre concentrou grande parte destes processos, foi alvo de apenas quatro - assim como os EUA.

Mudança. Ao que tudo indica, a China está, definitivamente, assumindo o lugar de principal emergente do mundo. Esta sua nova postura denota um claro desejo de se estabelecer nos mercados conquistados e contar com a segurança proporcionada pela OMC no comércio internacional. E as suas iniciativas rumo ao desenvolvimento não param.
Há cerca de um mês foi divulgado na imprensa chinesa um plano quinquenal, cujo intuito é, de acordo com o Primeiro Ministro Wen Jiabao, "transformar em cinco anos o modelo de desenvolvimento econômico e obter avanços científicos e tecnológicos também com educação da mão de obra para conseguir qualidade e eficácia na economia."
Não à toa, Dilma Rousseff, assim que eleita, declarou que uma viagem aos EUA só aconteceria se acompanhada de outra para a China. Menos de quatro meses após a posse, a presidente iniciou, em 11 de abril, uma série de compromissos em Pequim e outras cidades chinesas. Já no segundo dia de visita, Dilma Rousseff e o presidente chinês Hu Jintao assinaram acordos de cooperação nas áreas de política, defesa, ciência e tecnologia, recursos hídricos, educação, agricultura, energia e aeronáutica, entre outras.
Dilma Rousseff foi à China com a convicção da atual pujança econômica do Brasil e com o intuito de dar um salto de qualidade no modelo de cooperação que existe. E o gigante asiático, sempre visando melhores oportunidades e estando também ciente da nossa importância no cenário mundial, parece estar aberto a relações pautadas no equilíbrio. Sinal dos tempos!

*Sócia do Bichara, Barata, Costa & Rocha Advogados. Especialista em Comércio Internacional



EDITORIAL ECONÔMICO
A herança maldita de Dilma

*Carlos Alberto Sardenberg - O Estado de S.Paulo

Considerem os problemas com os quais o governo Dilma lida neste momento: inflação e juros altos; aeroportos e infraestrutura da Copa, tudo atrasado; entrada excessiva de dólares e real muito valorizado; comércio desequilibrado com a China.
São heranças do governo Lula. Claro que toda administração deixa coisas inacabadas para seu sucessor, mas trata-se aqui de algo mais. Em seu mandato, Lula não avançou um passo sequer no aperfeiçoamento do modelo econômico. E não foi capaz de ou não teve interesse em alterar as regras institucionais e o modelo de gestão que emperram as obras públicas no País. Curioso: Lula não aceitou as propostas econômicas mais à esquerda, mas também não embarcou totalmente na ortodoxia. Foi tocando uma coisa mista, deixando correr.
Poderia ter avançado - este é o ponto. Nos momentos de crescimento e com sua popularidade, o ex-presidente poderia ter ido à luta. Daria problema, é claro. Precisaria enfrentar interesses, mas deixaria um legado precioso. Preferiu, porém, apenas surfar na onda fácil.
Tome-se o modelo econômico. Lula tocou com o que recebeu de FHC, regime de metas, superávit primário, câmbio flutuante. O sistema funcionou para domar a inflação e trazer os juros reais para algo entre 5% e 6% ao ano. Considerando que vieram de níveis absurdos (20%), o resultado é mais do que positivo.
Mas já passou da hora de avançar e houve condições para isso. Poderia ter sido iniciado um processo de redução de meta de inflação, que Lula recebeu com 4,5% ao ano e entregou assim mesmo. Nos países emergentes, essa meta está em torno de 3% e o Brasil precisa caminhar para lá. Só assim se poderia fazer uma reforma para eliminar o que resta de indexação na economia brasileira, aquele processo de correção automática de preços que joga para o futuro a inflação do passado.
Aliás, a presidente Dilma queixou-se dessa indexação algumas vezes. Mas o que fez? Endossou a regra definida na gestão Lula que indexa o salário mínimo, um fator dominante na economia, à inflação e ao crescimento passados. Essa indexação do mínimo, de sua vez, indexa outros salários e preços, tornando rígida a inflação.
Também há uma queixa generalizada com a dobradinha juros altos e dólar barato. Aqui houve uma mudança. No governo Lula, o Banco Central (BC) iniciou o processo de compra de dólares - no que seguiu os passos dos principais países emergentes.
Mas não foi uma providência que, digamos, antecipa mudanças estruturais. Foi inevitável. Havia sobra de dólares na praça, de modo que ou o BC os compraria ou a cotação da moeda americana cairia abaixo de R$ 1. E houve sobra de dólares por causa da explosão do comércio mundial e, em especial, da China, que se tornou nossa principal freguesa.
De novo, isso não resultou de uma ação deliberada da diplomacia brasileira. Simplesmente a China precisou de minério de ferro, soja e petróleo e foi atrás disso em diversos países. E o Brasil tinha em abundância.
Em resumo, acompanhamos a linha dos emergentes. Mas esses emergentes já ostentam metas de inflação e taxas de juros menores do que as nossas. Assim como investem mais. À exceção da China, todos têm moedas valorizadas, mas o real brasileiro é mais valorizado por causa dos juros altos.
Nada foi feito para atacar esse problema. Na turma de Lula, o pessoal mais à esquerda sempre pediu controle de capitais e uma espécie de comando para o BC baixar os juros na vontade. Lula não quis correr esse risco.
Mas também não fez nada na direção dos caminhos ortodoxos. Por exemplo: deixar o dólar flutuar para baixo, o que derrubaria a inflação e permitiria uma redução forte na taxa básica de juros.
No caso das contas públicas, Lula também não definiu lado. Muitos companheiros pediam para ele jogar fora essa coisa neoliberal de superávit primário e acelerar sempre o gasto público. Lula não se arriscou, de novo. Manteve a Lei de Responsabilidade Fiscal (que define o sistema de superávit), mas aceitou uma série de quebra-galhos e manobras contábeis para aumentar o gasto e apresentar um superávit falso, de valor menor que o anunciado.
Tudo considerado, o governo Lula não tomou qualquer providência substancial no caminho que é agora a prioridade máxima: como reduzir de modo consistente a taxa de juros. Reduzir a meta de inflação e desindexar são complementos.
E no que se refere ao bloqueio a investimentos? O ex-presidente chegou a identificar problemas. Reclamou dos bagres que atrasaram as usinas do Rio Madeira, do chimpanzé que bloqueou estradas. Mas não tomou nenhuma medida para aperfeiçoar o sistema de concessão de licenças ambientais. Ficou no quebra-galho, no caso a caso. Forçou, por exemplo, as licenças das Usinas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, inclusive demitindo funcionários, mas o sistema que trava o processo está aí, parando milhares de obras pelo País afora.
E, mesmo naqueles casos em que o governo "arrancou" as licenças, pode escrever: ainda vai dar rolo na Justiça.
O ex-presidente reclamou do Tribunal de Contas. E aí? Procurou acertar um ou outro caso, mas sem mudar o modo de licitação, realização e fiscalização das obras públicas, que está notoriamente atrasado.
Ministros e outros funcionários disseram a Lula que, sem concessões privadas, as obras dos aeroportos não andariam. O ex-presidente não quis se arriscar com essa "privatização", optou por mudanças administrativas na Infraero, que simplesmente não aconteceram. Dilma está começando do zero.
Pode-se dizer que ela tem parte da culpa, porque estava na gestão anterior, em posição de mando. É verdade. Mas quem mandava era Lula, dele dependia a tomada de qualquer medida substancial. E ele não tomou. Foi na onda. Agora, está tudo aí, mais complicado.

*JORNALISTA - E-MAIL: SARDENBERG@CBN.COM.BR




AVIAÇÃO
A Gol depois de Pinpoo
No mês passado, o Brasil parou para acompanhar o caso do cão Pinpoo, que sumiu depois de ter sido despachado em um voo da Gol de Porto Alegre para Vitória.
A comoção mobilizou os principais jornais e sites do País durante quinze dias: teve desabafo desesperançado da dona, confusão com um falso Pinpoo (que ganhou fama e acabou sendo adotado) e reencontro emocionado.
Passado o desgaste, a Gol decidiu sofisticar sua política de transporte de animais. Na semana passada, uma veterinária da ONG WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal, em inglês) treinou os franqueados da Gollog, marca de transporte de cargas da companhia aérea.
E em maio, o blog da empresa colocará no ar uma campanha de adoção dos cachorros encontrados nos arredores da pista do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Vão constar, no site, a fotos dos animais e uma breve descrição. A Gol se encarregará do transporte do cão até a casa do interessado (em vários estados do País).
Mesmo com todo o rebuliço causado pelo caso Pinpoo, o transporte de animais pela Gol apresentou aumento de 5% no último mês.



POMERODE
Adolescente cai e morre em voo de parapente

Um adolescente de 14 anos morreu após saltar de parapente às 16 horas de anteontem em Pomerode, região de Blumenau, Santa Catarina. Segundo os bombeiros, Vitor Iang Trindade participava de um voo duplo próximo ao Morro Azul, quando caiu da cadeirinha, em uma altura de 100 a 150 metros. O jovem caiu em uma mata de difícil acesso e seu corpo só foi resgatado por volta das 7h30 de ontem. O corpo da vítima foi levado ao Instituto Médico Legal (IML). O piloto do parapente não se feriu.


INTERNACIONAL/LÍBIA
EUA e aliados buscam país que aceite receber Kadafi
Achar um Estado que não seja obrigado a entregar indiciados ao tribunal de Haia pode incentivar o ditador a deixar a Líbia

NYT e AP - O Estado de S.Paulo

Os EUA e aliados já começaram a procurar um país, principalmente na África, que esteja disposto a receber o coronel Muamar Kadafi se ele for deposto na Líbia, apesar de relatórios de inteligência indicarem que não há entre os líderes rebeldes um sucessor para o ditador líbio.
A intensa busca por um país que aceite Kadafi tem sido conduzida secretamente pelos EUA. O esforço é complicado por causa do possível indiciamento de Kadafi pelo Tribunal Criminal Internacional, em Haia, pelo atentado contra o voo da Pan Am sobre a cidade escocesa de Lockerbie, em 1988, e atrocidades na Líbia. Segundo funcionários americanos, encontrar um país que não seja signatário do acordo que exige que os governos entreguem qualquer indiciado pelo tribunal pode ser um incentivo para Kadafi abandonar o poder. Mas o líder líbio tem se mostrado desafiador e ontem suas tropas bombardearam o leste de Ajdabiya, forçando os moradores e os rebeldes a ir para o norte da cidade. Os rebeldes responderam ao ataque e nenhuma força do governo tentou invadir Ajdabiya, estratégica entrada para o leste do país, controlado pela oposição.


ARGENTINA
Oposição argentina teme crescimento peronista
Pesquisas indicam que colocação de Cristina Kirchner na disputa melhora e fazem com que candidatos desistam de eleição presidencial

Ariel Palacios - O Estado de S.Paulo

"Temos de nos unir, caso contrário (a presidente) Cristina (Kirchner) vencerá com 40% dos votos." O alerta foi dado na semana passada pelo ex-presidente argentino Eduardo Duhalde (2002-2003), um dos líderes do peronismo dissidente.
Duhalde integra o grupo de inúmeros pré-candidatos presidenciais da oposição a Cristina e deixou claro que as divisões que os afetam estão favorecendo o governo. As pesquisas, que mostram um crescimento das intenções de voto para a atual presidente - que ainda não formalizou sua candidatura - são acompanhadas por um clima de "já ganhou" estimulado pelos aliados e ministros do governo Cristina.
Em resposta, diversos líderes da oposição começaram a desistir de suas candidaturas nas últimas semanas. É o caso do vice-presidente Julio Cobos, que rompeu com o governo Kirchner em 2008, e transformou-se em presidenciável. Há poucos dias, ele abandonou sua candidatura, após verificar que suas chances eram baixas.
O mesmo caminho pode ser seguido pela principal figura da esquerda argentina, o cineasta e deputado federal Fernando Solanas, do Projeto Sul. Ele já anunciou que poderá deixar a corrida presidencial e destinar seus esforços à eleição para prefeito de Buenos Aires, em julho, três meses antes das eleições presidenciais.
Maurício Macri, principal representante da centro-direita e prefeito da capital, ainda não sabe se disputa a reeleição ou tenta a eleição presidencial em outubro. Seus conselheiros tentam convencê-lo a desistir da Casa Rosada.
Para complicar, os diversos candidatos sustentam que não aceitarão alianças com seus rivais. Ricardo Alfonsín e o socialista Hermes Binner afirmaram que não farão nenhum acordo com Macri. Paralelamente, Solanas afirma que não se aliaria com Alfonsín. Elisa Carrió, da Coalizão Cívica, rechaça Duhalde e o prefeito de Buenos Aires.
O clima de otimismo do governo aparece acompanhado por uma grande distribuição de verbas para as províncias do interior argentino, governadas por caudilhos que possuem alta dependência dos fundos federais para manter o funcionalismo público. Em Formosa, por exemplo, governada pelo aliado Gildo Insfrán, 40% da população depende da administração da província. "Esse é um governo com uma ética orçamentária", ironizou ao Estado o escritor e ex-embaixador Jorge Asís, autor do livro O Kirchnerismo Póstumo.
Desde o começo do ano, o governo obteve vários triunfos no interior da Argentina, onde a estrutura clientelista é forte. Seus aliados venceram eleições para governador em Catamarca e Salta. Em Chubut, houve um empate virtual, já que a oposição ganhou por apenas 200 votos. Mas, nessa província, seriam convocadas novas eleições por causa de denúncias de fraude. Até setembro, quando concluem as eleições fora de sincronia com as presidenciais, 40% dos argentinos já terão ido às urnas, o que servirá como um termômetro que medirá de forma prévia as posições do eleitorado.
 FONTE: ESTADO DE SÃO PAULO

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