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quinta-feira, 7 de abril de 2011

06 de abril de 2011 - CORREIO BRAZILIENSE


DESTAQUE DE CAPA - CAIXA DE PANDORA
Prova de fogo para o Ministério Público

Brasília será palco hoje de um julgamento inédito. Pela primeira vez, o Conselho Nacional do Ministério Público se reúne para decidir o destino de um ex-procurador-geral de Justiça. No banco dos réus, além de Leonardo Bandarra - o homem que até pouco tempo atrás ocupava o mais alto cargo da hierarquia do MP no Distrito Federal -, estará a promotora Deborah Guerner. Ambos são acusados de envolvimento no maior escândalo de corrupção da história de Brasília e podem ser punidos com a pena máxima prevista nos estatutos do CNMP: o pedido de abertura de processo na Justiça para que sejam expulsos do serviço público. Até lá, eles ficariam sem receber salário.


EXECUTIVO
Para não perder de goleada
Dilma agendou encontro com governadores das 12 sedes da Copa de 2014. Ideia é resolver entraves em estádios, aeroportos e no transporte

» Ivan Iunes

O governo federal decidiu encabeçar uma força-tarefa para tentar corrigir os rumos da preparação da Copa do Mundo de 2014. Uma semana depois de o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ter dito que o atraso do Brasil nos preparativos dos jogos era preocupante, o ministro do Esporte, Orlando Silva, anunciou ontem que a presidente Dilma Rousseff agendou encontro com todos os governadores e prefeitos que receberão partidas do mundial. A intenção do Planalto é resolver os atuais gargalos da organização, como a construção do Itaquerão, em São Paulo, e a reforma da cobertura do Maracanã, no Rio de Janeiro, além de outras questões consideradas crônicas pela Fifa em mobilidade urbana e aeroportos.
A presidente recebeu um relatório detalhado das cidades e estados envolvidos com o Mundial e pretende anunciar medidas práticas nos próximos dias. As ações serão divulgadas depois de a presidente voltar da viagem oficial à China, com embarque previsto para o dia 11.
“Faremos um balanço, sobretudo dos temas estádios, mobilidade urbana e aeroportos. A presidente já falou em entrevista sobre ajustar o funcionamento da Infraero. Teremos um ministério específico para a área (aviação civil), então todas essas medidas devem ser comunicadas em conjunto pela presidente”, antecipou Orlando Silva, durante audiência na Câmara.
Com relação ao financiamento do Itaquerão, o ministro disse que o governo federal não entrará como avalista da obra, caso a empresa responsável, o governo e a prefeitura de São Paulo não consigam viabilizar as garantias exigidas para a construção da arena.
O impasse ainda coloca uma incógnita sobre a hipótese de a maior cidade do país sediar a abertura do Mundial. De acordo com Silva, outras capitais, como Brasília, Belo Horizonte e Salvador também disputam a preferência. O martelo será batido pela Fifa. “Não há interesse do governo federal em ser avalista de estádio. Isso é assunto das prefeituras e estados. Confio na palavra de Kassab (prefeito de São Paulo) e de Alckmin (governador de São Paulo) e eles garantiram que São Paulo terá estádio com capacidade para 65 mil pessoas, apto a disputar a abertura da Copa”, declarou.

Ralo
Dos 12 estádios orçados para o Mundial de 2012, os dez mais caros são exatamente aqueles tocados com recursos públicos, ainda que indiretamente, via financiamento. Os dois mais baratos são de propriedade privada dos clubes Internacional-RS (Beira-Rio) e Atlético-PR (Arena da Baixada). Mesmo com os altos custos envolvidos na preparação do mundial e as denúncias do deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) com relação à constituição societária do comitê organizador dos jogos, que conta com a Confederação Brasileira de Futebol em seus quadros, o ministro não discutiu a abertura de uma CPI para investigar a entidade, nem o seu presidente, Ricardo Teixeira. “CPI é assunto interno do Congresso”, encerrou Silva.

As arenas
-Estádio / Custo estimado / Capacidade
-Maracanã / R$ 1 bilhão / 76 mil
-Mineirão /  R$ 743 milhões / 70 mil
-Mané Garrincha / R$ 671 milhões / 71 mil
-Itaquerão / R$ 600 milhões / 65 mil
-Arena das Dunas (RN) / R$ 593 milhões / 47 mil
-Arena Nova Fonte (BA) / R$ 590 milhões / 65 mil
-Arena Pernambuco (PE) / R$ 532 milhões / 46 mil
-Castelão (CE) / R$ 518 milhões / 67 mil
-Arena Amazônia (AM) / R$ 450 milhões / 42,2 mil
-Arena do Pantanal (MS) / R$ 342 milhões / 43,6 mil
-Beira-Rio (RS) / R$ 270 milhões / 60 mil
-Arena da Baixada (PR) / R$ 130 milhões / 42 mil


POLITICA
Discurso conciliador

Diante de uma plateia de 70 oficiais-generais das três Forças Armadas, a presidente Dilma Rousseff fez ontem um discurso de conciliação com os militares, em que exaltou o que considera uma evolução democrática.
“Um país que conta, como o Brasil, com Forças Armadas caracterizadas por um estrito apego a suas obrigações constitucionais é um país que corrigiu seus próprios caminhos e alcançou um elevado nível de maturidade institucional”, afirmou a presidente, torturada nos porões da ditadura. Ela recebeu a insígnia de Grã-Mestra da Ordem do Mérito da Defesa. Foi a primeira vez que uma mulher recebeu a ordem, concedida a militares, civis nacionais e a militares e civis estrangeiros que tenham prestado relevantes serviços às Forças Armadas.


Bittencourt assume a Aviação

» Leandro Kleber

Indicado para a Secretaria de Aviação Civil (SAC), o engenheiro Wagner Bittencourt Oliveira, diretor do BNDES nas áreas de infraestrutura, insumos básicos e estruturação de projeto desde 2006, terá a difícil missão de supervisionar a administração e criar políticas para o setor. Sob o comando da nova secretaria, vinculada à Presidência, estará a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), órgãos antes ligados ao Ministério da Defesa. A repartição ficará responsável pela contratação do setor privado por meio de concessões para a exploração desse mercado.
Oliveira não era cotado para o órgão recém-criado por meio de medida provisória, com status de ministério. Rossano Maranhão, do Banco Safra, era o sonho dourado da presidente Dilma, que queria colocar à frente dessa empreitada um executivo reconhecido, assim como fez na Autoridade Pública Olímpica (APO), com Henrique Meirelles. Corria por fora o ex-ministro das Cidades Márcio Fortes, que acabou descartado depois que o seu partido, o PP, continuou comandando a pasta com Mário Negromonte.
No currículo de Oliveira constam ocupações como secretário do Ministério da Integração Nacional, titular da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e presidente da Companhia Ferroviária do Nordeste. Na Secretaria de Aviação Civil, ele será auxiliado por um grupo formado por 127 cargos em comissão, com impacto orçamentário de R$ 8,2 milhões neste ano.

Ampliações
O grande desafio será comandar os investimentos nos aeroportos. A Infraero, que administra 67 unidades em todo o país, deixou de investir R$ 3,8 bilhões nos últimos sete anos na melhoria do setor, uma das piores marcas entre as estatais. Para 2011, pouco mais de R$ 2,2 bilhões estão previstos para reformas, ampliações e construções. No primeiro bimestre, porém, apenas R$ 54 milhões foram desembolsados pela Infraero. Para o presidente da empresa, Gustavo Vale, a lei de licitações é uma das causas dos atrasos nas obras.
O próprio governo reconhece que Oliveira terá um abacaxi nas mãos. Na exposição de motivos da MP que criou a secretaria, ministros da área de infraestrutura afirmam que o conjunto de medidas é urgente “em razão do exíguo prazo para que a reorganização do setor de aviação civil apresente melhorias e resultados esperados pela sociedade”. No mínimo, os aeroportos brasileiros terão de atender a demanda em consequência da realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Restos a pagar não serão cancelados
O governo desistiu de cancelar obras que se arrastam há quatro anos no Orçamento e ainda não foram concluídas. A presidente Dilma Rousseff deve assinar decreto prolongando até o fim do ano a possibilidade de injetar dinheiro nesses projetos, revertendo medida assinada pelo ex-presidente Lula. De acordo com a decisão anterior, a partir de 30 de abril estariam cancelados os chamados restos a pagar desde 2007. A recomendação dos técnicos, agora, é permitir que as obras contratadas em 2009 e as ações já iniciadas de 2007 e 2008 sejam prorrogadas.


VOO 447
Trabalho francês não agrada
Familiares das vítimas do acidente com o Airbus A330 defendem que o governo brasileiro entre na investigação do caso. Mas, segundo lei internacional, a apuração tem que ser feita pelo país de origem da aeronave envolvida

Débora Álvares

A descoberta de mais destroços do Airbus A330 e a possibilidade de que entre eles haja corpos em condições de identificação, como anunciado pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) — órgão da França que lidera as apurações —, reacendeu não só a dor de quem perdeu um ente querido na tragédia, mas a discussão sobre o curso das investigações. A Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 defende que o governo brasileiro participe de forma mais ativa do caso, sob a alegação de que os franceses não têm sido transparentes.
O diretor executivo da associação de parentes, Maarten Van Sluys, mostra desconfiança em relação à condução das investigações das causas do acidente pelo governo francês. “Entendemos que, se ficar a cargo da França, significa dizer que eles estão investigando a si próprios, já que participam como acionistas tanto na Airbus (fabricante) quanto na Air France (empresa aérea). Dessa forma, não consideramos a apuração isenta.” Como destaca o irmão de uma das vítimas do desastre, a intenção da associação é pressionar para que o governo brasileiro participe das averiguações. “A França não deve investigar sozinha. Não é aceitável. Se fossem só peças encontradas, a conotação seria outra. Agora que há corpos, com certeza passa a ter outra relevância para os familiares.”
Apesar da reivindicação, o Ministério da Defesa explica que não há possibilidade de o Brasil entrar no caso. Isso ocorre por conta da legislação internacional, segundo a qual a responsabilidade de investigar desastres aéreos é do país de origem da empresa aérea envolvia. Neste caso, o país responsável pelas investigações é a França. A Defesa destaca que, caso seja solicitado, o Brasil pode eventualmente auxiliar, mas não tem autonomia para comandar a apuração.

Pedido a Dilma
A luta para a instauração, no Brasil, de um inquérito que apure o que provocou o acidente foi iniciada ainda em 2009, meses após o acidente. O processo está nas mãos do Procurador-Geral do Estado de Pernambuco, Thiago Arraes de Alencar Norões. Além dessa tentativa de forçar uma participação brasileira no caso, a associação pediu um encontro com a presidente Dilma Rousseff. “Queremos mostrar-lhe a necessidade de que se defendam interesses dos cidadãos brasileiros”, destacou o presidente da associação, Nelson Faria Marinho.
De acordo com a assessoria do Palácio do Planalto, o pedido de reunião foi analisado pela Secretaria-Geral da Presidência. Na próxima sexta-feira, o secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, vai receber a comissão de familiares. Em seguida, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, também deve recebê-los, segundo informou Sluys.
A fim de convencer da necessidade de entrada do Brasil no caso, os presentes entregarão um relatório que aborda diversos defeitos no Airbus A330. O documento de 700 páginas foi conseguido na França, entregue à Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 pelo Sindicato dos Aeroviários da França. “Lá, constam diversos relatos de pilotos da companhia aérea que demonstram que a Air France foi negligente”, acrescentou Marinho.
Colaborou Edson Luiz


BRASIL
Etapa com melhor resultado

Após dois anos de operações de busca pelos corpos das vítimas e pelos destroços do Airbus A330, a ação em andamento é a mais bem-sucedida, com a descoberta de partes grandes da aeronave.
Submarino usado na busca pelas vítimas e pelas caixas-pretas do avião
Foram achados, a mais de quatro mil metros de profundidade do Oceano Atlântico, o trem de pouso, um pedaço da asa e da turbina do avião, entre outras fuselagens. Até então, a única grande peça encontrada tinha sido o leme do Airbus.
A expectativa é de que as buscas resultem na localização das caixas-pretas — o Flight Data Recorder (FDR), que registra os parâmetros de voo, e o Cockpit Voice Recorder (CVR), que grava as conversas e os sons na cabine de pilotagem. Antes de domingo, a quarta fase era considerada a última iniciativa para a localização desses equipamentos.
O Airbus que desapareceu sobre o Atlântico em maio de 2009 é um dos aviões de mais elevada capacidade para transportar passageiros fabricados pelo consórcio europeu Airbus. Ele pode carregar até 293 pessoas na sua configuração para duas classes. A aeronave tem 59 metros de comprimento e 60,3 metros de envergadura e consegue voar a uma velocidade de 880km/h. No acidente, estavam a bordo 228 pessoas, sendo 72 franceses, 59 brasileiros, 26 alemães e pessoas de outras 30 nacionalidades.
Segundo a Airbus, a última manutenção da aeronave ocorreu em 16 de abril de 2009. O avião acumulava 18.870 horas de voo. Um dos dois copilotos tinha um total de 3 mil horas de voo, enquanto o outro havia voado 6,6 mil horas.(DA).


ENTENDA O CASO

Só a ajuda inicial
A impossibilidade de participação do Brasil nas investigações sobre o acidente com o Airbus A330 não impediu o país de colaborar nas buscas pelas vítimas, no primeiro momento do acidente aéreo. Acordos internacionais são, mais uma vez, a explicação para isso. Em casos de acidentes em alto-mar, fica estabelecido que o país mais próximo ao local ajude nos primeiros socorros. As apurações sobre as causas do ocorrido, no entanto, são de responsabilidade do país de origem da empresa aérea envolvida.
Segundo o jornal francês Le Figaro, a missão em que mais corpos foram localizados, feita logo após o acidente, foi financiada pela Air France e custou 9 milhões de euros. Cerca de 28 milhões já foram gastos até agora nas operações. A quinta fase, a do resgate dos corpos e dos materiais encontrados no domingo passado, será financiada pelo Estado francês e deverá custar entre 5 e 6 milhões de euros.

Em etapas
Em julho de 2009, dois meses após o acidente, o Instituto Francês de Pesquisa e Exploração Marítima (Ifremer) utilizou um minissubmarino Nautile e o robô Victor nas buscas, mas nada foi encontrado e a missão, encerrada em agosto. Um ano depois do desastre, as autoridades francesas e a agência de investigação vasculharam cerca de 200 quilômetros quadrados, mas também não tiveram êxito. Iniciada em 25 de março deste ano, a quarta fase utilizou três robôs submarinos Remus, que encontraram corpos de vítimas e destroços da aeronave. (DA).



Negado pedido de controladores
O Supremo Tribunal Federal (STF) negou um pedido de habeas corpus feito pela Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta) para que os controladores de voos envolvidos no acidente da Gol, em 2006, não fossem processados ao mesmo tempo na Justiça Federal e na Justiça Militar. Os controladores Jomarcelo Fernandes dos Santos e Lucivando Tibúrcio de Alencar, que são sargentos da Força Aérea Brasileira, são acusados de ser responsáveis por falhas na comunicação e no repasse de instruções que resultaram no choque entre o avião da Gol e um jato Legacy, provocando a morte de 154 pessoas. O STF rejeitou a alegação de que as duas ações tiveram origem no mesmo fato e, por isso, deveriam ser julgadas em um único processo.
FUNCIONALISMO
Ex-militares querem reintegração à FAB
Concursados da Aeronáutica vão pedir ao Ministério Público a anulação dos desligamentos

Cristiane Bonfanti

Aos 20 anos, Maurício Crispiano passou no concurso público da Aeronáutica para realizar o Curso de Especialização de Soldados. O ingresso na Força Aérea Brasileira (FAB), em 1997, representava a concretização de um sonho acalentado desde a infância: seguir a carreira militar. Confiante no edital, Crispiano, agora com 33 anos, esperava ter acesso a todas as graduações, até suboficial. Mas o projeto foi interrompido e se transformou em uma fonte de angústias quando ele foi desligado da corporação, seis anos depois. Hoje, ao lado de membros da Associação Nacional de Ex-Soldados Especializados da Aeronáutica (Anese), ele vai se reunir com integrantes do Ministério Público Militar em busca de uma solução para 15.490 militares que, contratados por seleções feitas entre 1994 e 2001, foram demitidos. Muitos querem ser reintegrados.
A Aeronáutica justifica que os desligamentos estão embasados nos Decretos nº 880 e nº 3.690, segundo os quais o soldado-de-primeira-classe pode obter prorrogação do tempo de serviço até o limite máximo de seis anos. Os ex-militares argumentam, porém, que essas normas só poderiam ser utilizadas para os que haviam se alistado no Serviço Militar Inicial (SMI), mas não para os que fizeram concurso. “Eles nos enquadraram na categoria de não concursados para nos tirar da corporação”, reclamou Crispiano. Muitos ficaram sem condições de se reinserir no mercado de trabalho. Com formação específica para atuar na Aeronáutica, a maioria foi desligada com idade próxima aos 30 anos e sem experiência em empresas privadas.
Os ex-militares garantem que, dos cadastros da Previdência Social e do Ministério do Trabalho, não consta o desligamento de muitos deles. Com isso, não podem ser contratados pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), abrir empresa e nem mesmo ser admitidos por meio de outros concursos públicos. Crispiano, demitido aos 26 anos, sofreu um acidente de carro dois meses depois e ficou desassistido. “Procurei a Previdência Social e fui acusado de fraude, pois lá consta, até hoje, que sou militar. Depois, passei três anos desempregado, vivendo de bicos em áreas como instalação elétrica e produção de festas”, relatou.
Com relação aos dados do Cadastro Geral de Empregados e Empregados (Caged), a Aeronáutica afirmou que “as declarações retificadoras das Relações Anuais de Informações Sociais (RAIS) estão sendo transmitidas ao Ministério do Trabalho e Emprego, informando as datas de desligamento dos interessados, não ocasionando qualquer prejuízo financeiro a qualquer ex-militar da FAB”. A corporação disse que, em caso de problemas com a documentação, os ex-militares devem entrar em contato com a Subdiretoria de Pagamento de Pessoal.
Aprovado no concurso de 1998, Anderson de Souza, 33 anos, também apresentou documentos que mostram que ele está ativo no cadastro do Ministério do Trabalho. Demitido em 2004, ele demorou três anos para voltar a trabalhar. “Eu sabia manusear armas. E, do lado de fora, isso de nada vale. Na nossa associação, há 1,5 mil pessoas que querem voltar”, disse.
O paranaense Juliano Piccoli, 32 anos, veio da Inglaterra para acompanhar as reuniões com o governo e buscar a reintegração. Aprovado no processo seletivo de 1997, aos 19 anos, ele acabou optando por sair do país para trabalhar. “Para me sustentar fora, fiz serviços de limpeza. Mas, por conta da crise financeira, vivo há três anos só de trabalhos temporários e quero voltar à Aeronáutica”, disse. Segundo ele, do cadastro da Previdência Social, só consta que ele foi admitido aos 15 anos de idade.
O soldado especializado Alessandro Pinto, 34 anos, teve uma sorte diferente. Ele ingressou em 1996, chegou a ser demitido seis anos depois, mas entrou com um mandado de segurança e conseguiu permanecer na Força. “O edital deixou bem claro que poderíamos seguir toda a carreira. Por isso, entrei na Justiça. Os outros também não poderiam ter sido desligados”, afirmou.

CORREIOS PRORROGAM PRAZO DE INSCRIÇÃO
Os Correios prorrogaram até as 23h59 de amanhã o período de inscrições dos seus dois concursos, que oferecem, ao todo, 9.190 vagas. A medida se deve ao grande número de acessos registrados na página do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), que ficou fora do ar em vários momentos ontem, quando o prazo acabava. O primeiro edital preencherá 8.346 oportunidades e cadastro de reserva para o cargo de agente de correios (nível médio), nas áreas de atendente comercial, carteiro e operador de triagem e transbordo — quem separa as correspondências. No segundo certame, há 844 vagas e formação de cadastro para níveis médio e superior. Os salários variam de R$ 807,29 a R$ 3.211,58. A inscrição custa entre R$ 32 e R$ 63 e pode ser feita na página www.cespe.unb.br. (CB).

ARI CUNHA
VISTO, LIDO E OUVIDO

Com Circe Cunha

Aeroportos
» Nomeado pela presidente Dilma Rousseff para o cargo de secretário de Aviação Civil, o engenheiro Wagner Bittencourt de Oliveira. Ele sai do BNDES com a responsabilidade de abrir as portas da 8ª economia para o mundo.


PERIGO NUCLEAR
Mar tem radiação 5 milhões de vezes acima do normal
Contaminação leva o governo japonês a fiscalizar a qualidade dos peixes. Vazamento no reator 2 é controlado

Tatiana Sabadini

Durante uma contaminação por radiação, o grande desafio é prever seus efeitos. Por isso, com um nível de iodo 5 milhões de vezes acima do normal e um índice de césio 1,1 milhão mais alto que o aceitável na água do mar, o Japão tenta a qualquer custo lutar contra o problema, mesmo que seja no escuro. As autoridades japonesas tentam acalmar a população afirmando que o risco não é imediato, mas admitem que as consequências podem chegar à fauna e à flora marítima a longo prazo, sem esclarecer quanto tempo isso realmente significa. Para tentar proteger a população, o governo também anunciou, em medida inédita, nova fiscalização para peixes e frutos do mar, grande fonte de alimentação do povo japonês. O medo é que a radioatividade atrapalhe a atividade pesqueira, piorando a já delicada situação econômica do país.
A boa notícia ficou por conta da interrupção do vazamento de água contaminada no reator 2 da usina de Fukushima Daiichi. Porém, foi em áreas próximas ao reator que os níveis de césio-137 e de iodo-131 apresentaram índices milhões de vezes acima do normal. “É uma contaminação significativa e a população precisa ficar atenta. O governo deve monitorar a água para não ter um efeito a longo prazo e aumentar o risco de doenças. É preciso identificar tudo o que está contaminado até onde for possível, para saber o que pode e o que não pode ser comercializado ou ingerido”, explica Kellen Adriana Cursi Daros, física do departamento de diagnóstico por imagem e pesquisadora de proteção de radiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os técnicos japoneses acreditam que a radiação pode se dispersar no oceano, mas não descartam a possibilidade de uma contaminação residual. “Na água do mar, todo esse material está sendo diluído. O iodo pode se desintegrar pela metade em oito dias. Mas é preciso tomar certas precauções, por causa da fauna e da flora marítima. E quanto maior a quantidade de radiação, mais grave se torna a situação. Deve levar algum tempo para saber quais serão os efeitos disso”, afirma a especialista.
A grande preocupação, por enquanto, é com o césio, que pode permanecer na água por até 30 anos. De acordo com Kellen, nenhum tipo de radiação é seguro, o que determina sua gravidade é a quantidade e o tempo que a pessoa fica exposta ao material radioativo (leia Para saber mais). “Não será possível medir os efeitos dessa contaminação no Japão agora, só a longo prazo. A melhor orientação é mesmo evitar a exposição e a ingestão de alimentos.”
O governo japonês ficou em alerta depois que peixes capturados nas província de Ibakari, na região atingida pela ameaça nuclear, estavam com 526 bequerels de césio por quilo, excedendo o limite legal de 500 bequerels. Por isso, primeira vez, foi estabelecido um padrão legal de radiação para frutos do mar e peixes no país. Apesar de Fukushima não ser uma grande área pesqueira, outras regiões permanecem em alerta, especialmente depois que foi anunciado que mais 11 mil toneladas de água radioativa começaram a ser despejadas no Oceano Pacífico, para ajudar nos trabalhos de reparação da usina. A União Europeia e países como os Estados Unidos e o Brasil criaram barreiras para a importações de alimentos japoneses.


HAITI
Eleito promete Início de uma “nova era”

O vencedor das eleições no Haiti, Michel Martelly, prometeu iniciar uma “nova era” e assegurou que será “o presidente de todos os haitianos”. Em uma coletiva de imprensa em Porto Príncipe, sua primeira aparição pública desde o anúncio da vitória, ele prometeu que “as coisas vão mudar” para a população que tenta se recuperar do terremoto de janeiro de 2010 e do cólera. “Comprometo-me a fazer desta a mais bela página de minha vida. Que aqueles que sofrem no corpo e na alma recuperem o ânimo”, disse. Martelly foi eleito com 67,57% dos votos, contra 31,74% da ex-primeira-dama Mirlande Manigat.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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