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terça-feira, 12 de abril de 2011

10 de abril de 2011 - CORREIO BRAZILIENSE


POLÍTICA
Popularidade em alta, turbulências à vista
A presidente superou os primeiros 100 dias em lua de mel com pesquisas e oposição adormecida, mas a perspectiva de restrições econômicas e a exigência de definir macropolíticas se avizinham como "nuvens carregadas"

Tiago Pariz
Ivan Iunes
Denise Rothenburg

Com 1.361 dias à frente, o governo da presidente Dilma Rousseff enxerga no horizonte um cenário de turbulência econômica, impulsionado pela verve gastadora de seu mentor político Luiz Inácio Lula da Silva. A herança é responsável por dar um quase nó na política social voltada para a erradicação da miséria. Ao completar 100 dias, marca simbólica que assessores e ministros rejeitam, o governo ainda se debate para encontrar a afinação ideal entre a popularidade nas alturas e a necessidade de se tocar nas feridas até aqui colocadas: inflação em disparada, queda vertiginosa do dólar e reformas que fazem arrepiar quase todos os 594 parlamentares do Congresso Nacional.
No campo político, a eterna disputa travada por PMDB e PT dá sinais de que seguirá latente, embora o Legislativo confirme a aparente submissão ao Planalto. Nesse período, o governo tirou o pé de propostas ambiciosas e urgentes, como as mudanças nos sistemas tributário e político. O excesso de zelo, elogiado pela oposição, deixou os adversários em igual estado de espera, para não serem acusados de precipitar uma disputa política que Dilma ainda não se mostrou disposta a comprar.
Os palacianos adotaram a aprovação pessoal da presidente como marca para comemorar. “Nestes 100 dias, o governo demonstrou estar obtendo sucesso com a população que pode ser verificado nas pesquisas, que apontam aprovação recorde. Isso significa que o governo está no rumo e que a presidente conduz corretamente a gestão”, analisa o vice-presidente Michel Temer.
A alta popularidade foi conquistada graças a um rescaldo da herança de Lula e na esteira de vitórias importantes no Congresso, como a política de correção do salário mínimo para os próximos quatro anos. Até o fim de 2014, ela tem 12 áreas como desafios: melhorar o desenvolvimento econômico; erradicar a pobreza; criar um sistema confiável de Defesa Civil; aprovar o Código Florestal; realizar, sem incertezas, a Copa do Mundo; incrementar Educação, Saúde e Segurança; energia; Previdência; reforma tributária e lidar com uma nova agenda internacional.
Para alcançar esses pontos, o governo quer se livrar o quanto antes do legado de gastança pública. No Planalto, esse primeiro período ainda é considerado de transição. Para completar, existem nós atados durante a eleição de 2010 — a acomodação de aliados em cargos de segundo escalão é a principal pendência (leia mais na página 4). E há ainda um estoque de medidas provisórias e leis do governo anterior não aprovadas. Enquanto não liquidar esse passivo, Dilma avalia não haver saído da transição.
A presidente orientou o governo a não tratar os 100 dias como marca. Ela pretende fazer o primeiro balanço apenas em agosto, quando conclui a primeira avaliação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ela já recomendou a vários ministérios que concluam levantamentos de execução do PAC no fim de junho e remetam tudo ao Planalto. Feito isso, ela fará a análise dos resultados de cada um em julho, para anunciar os resultados em agosto.
“A presidente vai bem, mas o governo, não. O Brasil de Dilma de 2011 é outro. Não é o de Lula de 2010. Precisamos de ações que o governo não sinaliza, não há reformas à vista”, afirma o cientista político Carlos Mello, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). Para Leonardo Barreto, cientista político da Universidade de Brasília, Dilma precisa definir qual é sua macroagenda antes do fim do primeiro semestre. “Ano que vem é eleição. Se deixar para frente, ela vai ser criticada. O momento é agora, que conciliaria uma popularidade alta, uma oposição enfraquecida e disponibilidade para o novo. O bonde passa até julho”, afirmou.

Termômetro
O principal feito do governo foi o anúncio de cortar o Orçamento em R$ 50 bilhões, o maior da história, para conter a escalada dos preços que tem origem na alta internacional de alimentos. No acumulado de 12 meses, a inflação está perto de 6,5%, o teto da meta. “É preocupante o governo usar remédios que não estão dando certo contra a volta da inflação. Ele está tratando da febre quebrando o termômetro”, afirmou o presidente do DEM, senador José Agripino (RN).
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), minimizou as turbulências e disse que Dilma tem como orientação transformar o Brasil em uma das cinco maiores economias do mundo. “O investimento voltou a crescer com força no início de 2011 e os números indicam que a expansão da capacidade produtiva segue firme. A presidente deu início ao seu governo apresentando disposição no front fiscal, um dos pilares da política de combate à inflação. O superavit primário acumulado no primeiro bimestre foi de R$ 25,6 bilhões”, afirmou o petista.
A presidente da República pautou suas decisões na área econômica. Com isso, ganharam força o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o aconselhamento de Antonio Palocci, o todo-poderoso chefe da Casa Civil.

Pés no chão
A todos os ministros com quem tem conversado diretamente, Dilma é incisiva, repetindo uma frase que já havia dito ao longo da campanha: “Não prometam o que não puderem cumprir. Só se comprometam com o que puderem liberar”.




Prestígio dos escudeiros da presidente Dilma Rousseff

Leandro Kleber
Tiago Pariz

A agenda presidencial oficial dos primeiros 100 dias de governo de Dilma Rousseff revela quem são os ministros mais próximos da petista, os mais distantes e quem está bem na foto quando o assunto é orçamento. Guido Mantega (Fazenda), no cargo desde a gestão de Lula e um dos protagonistas do corte de R$ 50 bilhões, foi o mais recebido por Dilma no Palácio do Planalto: 12 vezes no total. Antônio Patriota (Relações Exteriores), Antônio Palocci (Casa Civil) e Helena Chagas (Comunicação Social) aparecem em seguida como os mais próximos da presidente.
Apesar de não terem grandes orçamentos em suas pastas, são eles quem mais auxiliam politicamente a presidente no dia a dia.  A análise também mostra os titulares de pastas que ainda não tiveram agenda pessoal com Dilma. Fazem parte do grupo os peemedebistas Moreira Franco (Assuntos Estratégicos) e Wagner Rossi (Agricultura). Completando o Top 5 da agenda presidencial, Alexandre Padilha (Saúde), que não era a primeira opção para ser responsável pela área mais crítica e pior avaliada desde a era Lula, teve reuniões reservadas por seis vezes com a presidente no Planalto. Porém, ainda parece estar longe de solucionar os problemas crônicos do setor, mesmo tendo em suas mãos o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios (quando se exclui Fazenda e Previdência Social).
Os ministérios do Esporte e do Turismo, pastas consideradas estratégicas por causa da realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, aparecem com as piores execuções orçamentárias. Da verba prevista para os dois órgãos, menos de 4% foram efetivamente desembolsados no primeiro trimestre. Orlando Silva (Esporte) ainda foi recebido por quatro vezes. Desgastado pelo episódio do motel pago com dinheiro da Câmara enquanto ainda era deputado, Pedro Novais (Turismo) não teve agenda com a presidente. Embora o levantamento tenha sido feito com base na agenda oficial, vários ministros tiveram encontros não registrados com Dilma, em especial aqueles do núcleo palaciano.
 

BRASÍLIA – DF

Funciona
Desde julho do ano passado, os juizados especiais implantados nos principais aeroportos do país Juscelino Kubitschek, em Brasília; Tom Jobim (Galeão) e Santos Dumont, no Rio de Janeiro; e Congonhas e Guarulhos, em São Paulo — foram responsáveis por 3 mil sentenças de conciliação entre passageiros e empresas aéreas. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), extravio de bagagem, atrasos e cancelamentos de voos e overbooking foram as causas de 10 mil reclamações.



TIROS EM REALENGO
Em pauta, o porte de armas
Com a chacina no Rio, especialistas voltam a defender o início do debate sobre o desarmamento da população civil.

Débora Álvares
Edson Luiz

A trágica morte de 12 crianças no massacre ocorrido na última quinta-feira na Escola Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, reabriu a discussão sobre o porte de armas por civis. As duas campanhas de desarmamento realizadas nos últimos anos recolheram cerca de 550 mil revólveres, pistolas e espingardas em todo o país e, embora eficientes, não chegaram a abalar de forma significativa a quantidade desses materiais. Dados da Polícia Federal apontam a existência de 15,9 milhões de armas no Brasil — apenas 8,3 milhões delas são legais. A maior parte (87%) está nas mãos da população civil.
Esses dados, aliados ao fato de o Brasil ser campeão mundial em números absolutos por morte com arma de fogo, com uma média de 34,3 mil homicídios por ano, preocupam os especialistas em segurança. O ex-subsecretário nacional de Segurança Pública Guaracy Mingardi, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, defende o início imediato da conscientização da população para a entrega de armas à polícia. “É bem provável que, neste momento, possa haver um apelo mais emotivo e ter um efeito mais positivo.”
Mingardi explica que a finalidade maior das campanhas de desarmamento não é recolher todas as armas existentes, mas restringir o acesso a elas. “Sabe-se que não vai ser retirada a arma de um criminoso profissional. O controle sobre os armamentos foi perdido. Por isso, a necessidade da campanha, para fazer com que a arma irregular que esteja na mão de um não criminoso não retorne para o crime.”

Campanha
A ideia de antecipar a terceira campanha de desarmamento no Brasil foi colocada em pauta pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no dia da barbárie. Mas para o professor Renato Antônio Alves, do Núcleo de Estudos da Violência (NUV) da Universidade de São Paulo (USP), é preciso pensar no combate em todas as frentes. “É necessária uma campanha de desarmamento forte, mas também um reforço no controle de fronteiras, na emissão de portes de armas e na fiscalização”, ressalta.
O pesquisador critica o controle das armas no Brasil realizado em duas frentes: o Exército toma conta dos equipamentos militares legais, enquanto a Polícia Federal cuida das armas registradas de civis. “O acesso está facilitado demais. Significa que o controle não é efetivo”, avalia. Uma pesquisa da ONG Viva Rio, realizada a partir da análise de mais de 300 mil armas apreendidas e rastreadas em todo o país nos últimos 20 anos, comprova a alegação do professor. Apesar de se vincular o crime à arma ilegal, cerca de 30% dos revólveres e pistolas apreendidos em situação ilegal foram legalmente comprados.
Em 23 de outubro de 2005, um referendo foi realizado para saber se a população concordava com a proibição da comercialização de armas. O resultado final foi de 59,1 milhões de votos (63,94%) rejeitando a proposta e 33,3 milhões (36,06%) a favor do desarmamento total.

PARA LULA, CRIME FOI “UMA BARBARIDADE”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva qualificou como barbaridade o massacre ocorrido em Realengo. Para Lula, o responsável pela morte de 12 crianças, Wellington Menezes de Oliveira, seria “psicopata”, porque o crime foi ato premeditado. “Isso é uma coisa impensável. Não posso imaginar que um ser humano tenha coragem de sair de casa e praticar uma barbaridade dessas”, comentou Lula, após participar da missa de sétimo dia pela morte do ex-vice-presidente José Alencar, na Catedral da Sé, centro de São Paulo.


CONCURSOS

AERONÁUTICA
Inscrições abertas para o concurso da Escola de Especialistas de Aeronáutica (Eear). Vagas (675) para nível médio e curso técnico. Inscrições até 14 de abril. Prova: 5 de junho. Organização: Eear. Mais informações: www.escoladeespecialistas.com.




Publicação: 09/04/2011 14:41 Atualização: 09/04/2011 14:43

Aeronáutica encontra destroços do helicóptero que caiu na Serra do Mar

O piloto e o passageiro do helicóptero prefixo PT-YMJ modelo BH-06, de propriedade particular, que tinha desaparecido ontem (8) enquanto sobrevoava a Serra do Mar, morreram na queda da aeronave, no município de Rio Grande da Serra. Os destroços foram localizados, no início da tarde de hoje (9), pelas equipes de resgate da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Polícia Militar (PM), segundo nota do Ministério da Aeronáutica.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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