AEROPORTOS
Pampulha vai ter obras de R$ 30 mi
Recursos serão aplicados em reforma para melhorar operação do aeroporto. Projeto mantém a capacidade de passageiros
Geórgea Choucair
O aeroporto da Pampulha vai iniciar neste ano um processo de reformas que vão demandar R$ 30 milhões. As obras, previstas para começar no segundo semestre, devem ficar prontas até o final de 2012. Entre as mudanças estão a substituição da esteira de bagagem, reforma do pavimento do pátio norte, que tem área de 56 mil metros quadrados e a implantação de nova torre de controle, para ampliar a visibilidade da pista.
No ano passado, o aeroporto da Pampulha transportou 757,68 mil passageiros, contra 598,36 mil em 2009. Em 2010 foram realizados 66.650 pousos e decolagens no aeroporto. “Não estamos fazendo a reforma para ampliar a capacidade do terminal de passageiros. Nosso objetivo é melhorar as condições do aeroporto, que não tem obras importantes há muito tempo”, afirma Mario Jorge Fernandes de Oliveira, superintendente regional na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
A pista de pouso e decolagem da Pampulha, que mede 2,54 mil metros, também deve ser reduzida em 100 metros. A medida deve ser a solução mais viável para que o aeroporto possa operar as aeronaves por aproximação e por instrumentos – quando a visibilidade está ruim – tecnologia que permite ao avião pousar sem as condições ideais de visualização da pista.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) fez recentemente alerta à Prefeitura de Belo Horizonte, ao governo de Minas e à Infraero sobre os riscos de o aeroporto deixar de operar com voos de aviação regular. No documento, o Decea informou que até 15 de março de 2012 o aeroporto da Pampulha terá de retirar cerca de 43 obstáculos da vizinhança que impedem que seja feita a operação das aeronaves por aproximação e por instrumentos.
SEM OBSTÁCULOS
As novas regras da Organização de aviação Civil Internacional (Oaci) determinam que todos os aeroportos que operarem por regras de voo por instrumentos devem estar livres de obstáculos que interferem na fase de voo da aeronave. “Em função do grande número de obstáculos, o Decea está refazendo os estudos. Há igrejas, casas, um bairro inteiro. Não dá para retirar tudo das proximidades do aeroporto”, afirma Hélio Machado, gerente regional de navegação aérea da Infrero.
Em março, a polêmica ao redor do aumento dos voos na Pampulha voltou à tona. O vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, foi à Brasília pedir a transferência de alguns voos de Confins, para a Pampulha. O governador Antonio Anastasia, no entanto, deve seguir linha próxima da adotada por Aécio Neves no ano passado, que foi contrário à decisão da Anac de derrubar a portaria 993, de 1997, que proibia aeronaves com mais de 50 assentos na Pampulha.
CONFINS
O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande Belo Horizonte, transportou de janeiro a março deste ano cerca de 2,1 milhões de passageiros, alta de 25% em relação a 2010. Se o aeroporto mantiver esse ritmo de crescimento, o volume de passageiros deve chegar a 9 milhões de pessoas até o fim de 2011 e exigir novos padrões de segurança aeroportuária e de controle migratório. Ontem, foi inaugurada em Confins a obra de modernização e ampliação das instalações da Polícia Federal para atender os voos internacionais.
Mão de obra pode comprometer setor
Com a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil, que vão trazer muitos estrangeiros para o Brasil e aumentar o movimento nos aeroportos, o problema do setor aéreo volta à tona. Esse foi o tema do primeiro videochat sobre aviação produzido pelo Vrum, em parceria com o site do Estado de Minas – em.com.br, realizado ontem. Infraestrutura e possibilidade de apagão de mão de obra no setor estão entre os principais problemas que foram debatidos.
O diretor de comunicação e marketing da Azul Linhas Aéreas, Gianfranco Beting, acredita que pode ocorrer apagão de mão de obra no setor brasileiro e defende que é preciso motivar os jovens a ingressarem nessa carreira e se qualificarem ao máximo. Segundo ele, é preciso formar mais pilotos no país. “Mas o tempo é curto, considerando que um piloto leva, em média, dois anos para se formar em um curso técnico e quatro anos em um curso superior”, declarou Beting.
Quanto à infraestrutura, os especialistas lamentam que as verbas estejam comprometidas em obras que não vão amenizar problemas de excesso de passageiros nos aeroportos. Além de Gianfranco Beting, participaram da transmissão o professor de sistemas de aeronaves do curso de Ciências Aeronáuticas da Universidade Fumec, e o engenheiro aeronáutico da Líder aviação, Erasmo Borja Sobrinho.
DESARMAMENTO
Venda de armas sobe 81% em cinco anos
Ministério da Justiça decide antecipar campanha de desarmamento
Paula Sarapu
Roubado de seu dono um ano antes do referendo nacional sobre o comércio de armas, o revólver calibre 32 usado no massacre aos alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, reforça a teoria de especialista em segurança pública de que o cidadão de bem acaba armando o criminoso. Mesmo com toda a discussão sobre a venda de armas e munições, assunto que voltou à tona por causa da barbárie na escola carioca, esse tipo de comércio só vem crescendo no país. Dados da Diretoria de Fiscalização de Produtos controlados do exército obtidos pelo Estado de Minas mostram que, em cinco anos, houve aumento de 81,2% na venda legal de armas em todo o país. De 2005 a março deste ano, 635.251 unidades foram comercializadas, sendo 43.374 delas em Minas Gerais, o que representa 6,8% das armas negociadas no Brasil.
Em 2004, um ano antes do plebiscito que debateu com a sociedade o assunto e que agora ganhou novos defensores no Congresso, 63.674 pistolas e revólveres de uso permitido foram vendidos no Brasil. Com decisão favorável ao comércio de armas, este número saltou para 81.642 em 2006. Um ano depois, houve uma explosão: 133.754 armas a mais e os moradores do Distrito Federal (19.541), São Paulo (33.577), Rio Grande do Sul (20.235), Paraná (9.764) e Minas Gerais (9.339) foram os que mais movimentaram o negócio. Nos anos de 2008, 2009 e 2010, São Paulo bateu o recorde, colocando nas ruas 115.809 armas de fogo. O Rio de Janeiro registrou aumento e atingiu 10.442 armas vendidas em 2010. A Bahia também apresenta crescimento nos últimos anos.
Para o ex-secretário Nacional de Segurança coronel José Vicente, a população está em risco. Segundo ele, mais de 80% das armas adquiridas legalmente acabam nas mãos de criminosos. “É uma triste realidade, mas qualquer restrição à compra de armas e munições ou ao porte de armamento é bem-vinda porque não há nenhuma perspectiva de melhora. O Brasil é o segundo país com maior número de mortos por arma de fogo, só perde para a Venezuela, e vive uma cultura de baixo controle, com fator de impunidade muito grande”, afirmou.
José Vicente cita outro dado, que diz respeito às armas de vigilantes. No Rio de Janeiro, mais de um quarto das pistolas e revólveres desses profissionais têm como destino a ilegalidade. “Imagine um cidadão comum, que não tem nenhum treinamento? Estudos mostram que, em dois anos, essas armas são roubadas, furtadas ou extraviadas”, disse o ex-secretário. “Há ainda uma outra questão: o cidadão com uma arma na cintura ambiciona uma alternativa criminosa para resolver seus conflitos”, alertou.
Estimativa do coordenador do Programa de Controle de Armas de Fogo do Movimento Viva Rio, Antônio Rangel, é de que há 17 milhões de armas em circulação. O pesquisador afirma que 90% dessas armas são compradas por cidadãos de bem que querem em se proteger, o que, para ele, é uma ilusão. Rangel esteve ontem com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para traçar estratégias da nova campanha do desarmamento. Vítima de dois assaltos com pistola na cabeça, ele votou a favor do fim do comércio de arma, em 2005, vai participar da campanha do desarmamento outra vez. Números do exército mostram que 6,3 milhões de cápsulas foram vendidas somente 2009.
“Somos um dos países mais armados do mundo. No imaginário popular, o que ameaça são as armas em poder dos bandidos. Mas ter arma em casa é perigoso. Arma é um instrumento para matar”, disse Rangel. Durante a campanha do desarmamento, 459 mil armas foram recolhidas. No plebiscito, 59 milhões de eleitores (63,94% dos votos) foram às urnas e votaram contra a proibição do comércio de armas e munições, e 33 milhões a favor. Entre 2005 e 2010, a Polícia Federal emitiu 62.873 registros de arma
FISCALIZAÇÃO
Ex-secretário adjunto da Secretaria estadual de Defesa Social de Minas Gerais, o sociólogo Luiz Flávio Sapori considera o Estatuto do Desarmamento uma boa legislação, mas critica a falta de fiscalização, impunidade e corrupção policial. “Ter arma em casa é alimentar o comércio ilegal, mas não mudaria a lei que já restringe severamente o porte de armas. Acho que o desafio é colocá-la para funcionar, aliada à campanha rotineira de desarmamento”, afirmou o pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisa em Segurança da Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC-Minas). “Outro aspecto muito sério é o desvio de armas apreendidas, que voltam às ruas por causa de policiais corruptos”, criticou.
FONTE: JORNAL ESTADO DE MINAS
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