Pesquisar

quinta-feira, 14 de abril de 2011

14 de abril de 2011 - CORREIO BRAZILIENSE

DESTAQUE DE CAPA - INVESTIGAÇÃO
Golpe no DFtrans desviou R$ 3 milhões de deficientes

Sindicância revela que gestores do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) desviaram R$ 2,9 milhões dos cofres públicos entre 2007 e setembro de 2010. O esquema se escondia por trás de uma suposta boa ação: um convênio assinado com o Centro de Assistência a Portadores de Necessidades Especiais (Casped) para beneficiar deficientes físicos com vagas de trabalho no DFTrans, subordinado à Secretaria de Transportes. Mas a realidade era bem diferente: os contratados não eram pessoas com necessidades especiais, e sim fantasmas. Alguns até parentes dos gestores. Como a mãe de Júlio Urnau, então secretário adjunto de Transportes. O titular da pasta à época era Alberto Fraga. Na semana que vem, a equipe de investigação vai indiciar os supostos responsáveis pela fraude.


ENTREVISTA - SERGEY AKOPOV
Desafio é ampliar negócios bilaterais
Embaixador da Rússia acredita ser possível melhorar a pauta comercial com o Brasil e considera positiva a pretensão nacional de uma vaga no Conselho de Segurança da ONU

Rosana Hessel

O embaixador russo no Brasil, Sergey Akopov, revela que ficou impressionado com as mudanças que ocorreram no país desde a primeira vez em que trabalhou como terceiro secretário da embaixada da extinta União Soviética, há 28 anos. Esta é a terceira missão dele em Brasília. A segunda, entre 1999 e 2003, ocorreu quando ele veio como ministro conselheiro, o segundo cargo na hierarquia da representação diplomática.
“É impressionante ver como o Brasil mudou muito nesse período, com progressos nos aspectos político, econômico e social. O país é um exemplo de transição democrática”, comenta. O diplomata acredita que existem muitas oportunidades de cooperação entre os dois países uma vez que o comércio bilateral tende a crescer e muito e as parcerias estratégicas entre os dois países podem ser desenvolvidas em várias setores como energia e financeiro.
Akopov defende ainda uma maior cooperação industrial dos dois países para que haja maior integração dos investimentos locais, de forma a criar empregos nos respectivos locais. Ele acredita que, com isso, será possível melhorar a pauta comercial, que ainda é composta por produtos primários em quase sua totalidade. A diversificação é um dos desafios apontados pelo diplomata. O embaixador considera positiva a entrada da África do Sul no Brics e acredita que isso ajudará na articulação política dos países membros. A seguir, os principais trechos da entrevista de Sergey Akopov concedida ao Correio.

O senhor pegou três momentos diferentes da história e da economia brasileiras desde o fim da ditadura. Qual a sua impressão sobre como era o Brasil naquela época e agora?
Observei muitas mudanças. Peguei o processo de democratização, das Diretas Já. Durante todos esses anos, percebi o enorme progresso que o Brasil fez nesses anos em todos os aspectos, como econômico, social, político e do desenvolvimento do sistema democrático. O Brasil pode ser um exemplo para muitos países de transição democrática e de como uma nação pode, em condições de paz, se desenvolver em benefício de todas as camadas da sociedade. Pude observar com os meus olhos como a classe média cresceu durante esses anos e as menos favorecidas diminuíram em comparação com as demais.

A terceira reunião de chefes de Estado dos países do Brics começa hoje. O que se pode esperar desse encontro e como o senhor avalia a entrada da África do Sul?
O encontro na China será marcado com a entrada de um novo membro desse grupo que é a África do Sul. Claro que o Brics não é uma organização econômica. É uma reunião de líderes de países emergentes para discutir um amplo leque de problemas políticos, internacionais, econômicos e buscar traçar os rumos do desenvolvimento da cooperação bilateral. A entrada da África do Sul é muito positiva. O momento é propício porque é de criação de um novo sistema de governança mundial, de reestruturação das relações econômicas internacionais. É importante ter mais um representante de peso para influenciar e defender os interesses do grupo.

Os relacionamentos do Brasil com os países do Brics são diferentes. A Rússia não tem a mesma intensidade de investimentos no país como a China. Como é possível aumentar o comércio bilateral, uma vez que ele é menor do que o Brasil tem com os chineses e com os indianos?
Sim, as relações econômico-comerciais entre os países do Brics são muito diferentes. Cada nação tem seu histórico com o Brasil. Estamos muito satisfeitos com o desenvolvimento das relações comerciais entre o Brasil e Rússia, mas não estamos satisfeitos com o volume do intercâmbio (US$ 6 bilhões). Temos excelentes perspectivas para o futuro. Durante a visita de Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente Dmitri Medvedev, no ano passado, foi assinado um plano de ação de cooperação estratégica que estabelece as prioridades nas áreas econômica, científica e comercial. Como estamos geograficamente distantes, ainda existe desconhecimento mútuo. Continuaremos trabalhando para que empresários e pessoas comuns conheçam melhor os dois países. O interesse já está aumentando e as empresas russas começam a investir mais no Brasil.

Em quais setores os empresários russos investem no Brasil?
Diversos setores, como energia e siderurgia. O exemplo mais recente é do grupo OAO Mechel, que investiu em uma parceria com a Unipar para um complexo siderúrgico no Pará. Essa empresa tem planos de longo prazo para o Brasil, inclusive de construir um porto. A Gazprom (maior empresa de petróleo e gás da Rússia) está se instalando no Rio de Janeiro. Estamos ainda avançando na integração aérea entre os dois países. Daqui a um mês a Transair deve começar a operar voos regulares de Moscou ao Rio de Janeiro, sem escalas. Também existe um projeto conjunto na área de energia nuclear, considerada prioritária pelo plano de cooperação bilateral. Temos interesse em participar dos projetos de novas usinas no Brasil.

A balança comercial entre Brasil e Rússia é essencialmente composta por itens primários, como commodities agrícolas. Quais produtos industrializados têm potencial?
Aviões para voos regionais, mas com capacidade para cerca de 50 passageiros. Mas nossa tarefa principal é desenvolver uma cooperação industrial mais profunda, na coprodução de mercadorias de alto valor agregado, gerando empregos. É o que buscamos. O comércio de commodities sempre vai existir. Devido ao clima, a Rússia não pode produzir como o Brasil, mas sempre vai precisar importar açúcar brasileiro. E a Rússia é forte na produção de fertilizantes e o Brasil precisa de grandes quantidades desse produto. Mas, para o futuro, devemos procurar algo mais.

O Brasil é muito desenvolvido na área financeira. Há uma aproximação dos dois países nesse setor?
Sim. Essa é uma das áreas novas de desenvolvimento da cooperação mais recente. Os bancos centrais dos dois países se articulam para ver a possibilidade de utilização das moedas nacionais no intercâmbio comercial. Depois da visita de Lula à Moscou, no ano passado, um grupo de trabalho foi criado, mas ainda não se chegou a um mecanismo comum para essa mudança. O Brasil tem a experiência com a Argentina, que é pequena. A Rússia já tem experiências com a China e com a Índia, mas são diferentes.

Como o senhor vê o potencial da exploração do petróleo da camada pré-sal no litoral brasileiro?
É importante também. A entrada da Gazprom no país se deve a isso. Vamos ver a empresa participar desse mercado, com suas tecnologias e também em parcerias. O Brasil precisa de petróleo do tipo que a Rússia produz, mais pesado, para administrar as refinarias, fazer uma mistura de petróleo mais leve com petróleo mais pesado. Há um potencial grande para a cooperação.

A Rússia apoia o Brasil para um assento permanente para o Conselho de Segurança das Nações Unidas?
Achamos que o Brasil é muito bom candidato para o Conselho de Segurança ampliado. Mas sempre dizemos que, para chegarmos a esse momento, seria necessário um amplo consenso internacional para essa ampliação. Mas a candidatura do Brasil ao Conselho é muito positiva.

Como o senhor avalia a queda do dólar e a guerra cambial que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tanto fala?
A queda do dólar e do euro prejudica a competitividade de nossas economias. Sabemos muito bem sobre o problema que o dólar esta criando ao Brasil e temos o mesmo processo lá na Rússia com a valorização do rubro. Essa valorização é parecida tanto no Brasil quanto na Rússia. Isso faz com que a indústria perca competitividade e aumenta as despesas no comércio internacional.



BRASÍLIA-DF

Por Luiz Carlos Azedo

Anistia
O Senado do Uruguai aprovou a anulação da Lei de Anistia do país. Policiais acusados de crimes na ditadura militar, entre 1973 e 1985, poderão ser julgados se o texto for endossado pela Câmara e, em seguida, sancionado pelo presidente uruguaio, o ex-tupamaro José Pepe Mujica. A votação foi apertada entre os senadores: 16 a15.

Agência
A Comissão de Infraestrutura do Senado examina hoje mensagem da Presidência da República reconduzindo Cláudio Passos Simão ao cargo de diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).


DESARMAMENTO
Brasileirinhos, as maiores vítimas
Quantidade de jovens assassinados no país é mais que o dobro da média nacional. A facilidade em adquirir armas e o envolvimento com gangues e traficantes contribuem, segundo especialista, para a alta taxa de homicídios

Renata Mariz

O massacre executado por um atirador dentro da Escola Estadual Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, completa uma semana levantando debates de toda ordem. Plebiscito para uma nova consulta popular sobre a venda de armas, necessidade de detectores de metal nas portas das escolas, votação de projetos de segurança pública, realização de uma campanha séria de desarmamento. Embora todas as iniciativas sejam válidas, o assassinato dos 12 meninos e meninas de Realengo aponta para um problema muito maior: a matança diária imposta pela violência a crianças e adolescentes brasileiros. Enquanto a média de homicídios no país é de quase 26 assassinatos por 100 mil habitantes, entre garotos de 17 a 19 anos a taxa chega a 59.
As informações mais atuais, retiradas do Mapa da Violência 2010, feito com base nas certidões de óbito de todo o país registradas em 2007, mostram ainda que o índice se torna alarmante a partir dos 14 anos, faixa etária em que morrem 9,4 meninos entre 100 mil — quase alcançando a taxa de 10 assassinatos por 100 mil habitantes, marca para a Organização Mundial da Saúde classificar a situação como uma epidemia de violência. O Distrito Federal, em quinto lugar no ranking de homicídios na população total, subiu uma posição no que diz respeito à morte de pessoas de zero a 19 anos. A taxa de 24,2 mortes por 100 mil habitantes só é superada por Pernambuco, Alagoas e Espírito Santo.
Para Karina Figueiredo, uma das coordenadoras do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria) no Distrito Federal, as razões das altas taxas de mortalidade nessa população têm aspectos peculiares. “Enquanto no Rio de Janeiro vemos o problema do tráfico influenciando muito fortemente os números de homicídios entre garotos e garotas, aqui no DF eu diria que o problema maior está na cultura de gangues. Temos muitas  que se odeiam, que se matam mesmo, sem nem saber a razão da rivalidade. E o acesso a armas é irrestrito, basta que a criança ou o adolescente tenha dinheiro para pagar”, afirma.
Coordenadora do programa de controle de armas do Instituto Sou da Paz, Alice Ribeiro destaca também a falta de habilidade para resolver conflitos. Com tal proposta, a entidade civil realiza, desde o ano passado, ações relacionadas ao Dia do Desarmamento Infantil, comemorado em 15 de abril. “Não sabemos como a data foi criada exatamente, mas ela já existe há alguns anos e nossa ação já estava programada, não foi em função do triste episódio em Realengo”, explica Alice. Com a participação de 150 escolas da capital de São Paulo, o projeto, que começou na segunda e se estenderá até sexta-feira, recolheu 1,9 mil armas de brinquedo e 2,6 mil DVDs com conteúdo violento. Fortaleza é outra cidade que participa da ação, tendo recolhido mais de 30 mil armas de brinquedo desde a primeira campanha, em 2005.
Em Realengo, na missa de sétimo dia, realizada em um palco montado próximo à escola, centenas de pessoas se reuniram para homenagear os mortos no ataque à escola. Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, morta em março de 2008, compareceu à celebração para prestar solidariedade. Um helicóptero da Polícia Civil jogou pétalas de rosas durante a cerimônia.



Mais de 100 no DF
A Polícia Civil mapeou a existência de 100 gangues no Distrito Federal, mas 26 são consideradas, de fato, perigosas. Plano Piloto, Ceilândia, Guará, São Sebastião e Planaltina são os principais locais de atuação dos jovens. A idade dos integrantes das gangues varia muito — de crianças a adultos jovens. O controle territorial e a pichação marcam a rivalidade entre eles.


Há condições para plebiscito

Diego Amorim

Referendo de 2005: segundo o tribunal, nova consulta custaria R$ 300 milhões
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, afirmou ontem que o órgão está pronto para realizar uma nova consulta popular sobre o desarmamento no país, caso o Congresso aprove um plebiscito.
Lewandowski disse ter encomendado um estudo interno, cuja conclusão foi a de que o TSE tem condições de fazer a consulta popular em seis meses, ao custo estimado, segundo a assessoria da Corte, de R$ 300 milhões. “Se formos convocados, estamos preparados. Evidentemente, precisaríamos de uma dotação orçamentária extra porque não prevíamos essa utilização”, destacou o ministro.
Segundo ele, a Justiça Eleitoral dispõe de urnas suficientes, necessitando apenas de prazo para a preparação dos sistemas, a lacração das urnas, o treinamento de mesários e a realização de propaganda institucional.
Em 2005, os brasileiros foram às urnas para responder se o comércio de armas de fogo e munição deveria ser proibido. Venceu o “não”, com 64% dos votos. O referendo custou R$ 250 milhões aos cofres públicos. Questionado se há a necessidade de uma nova consulta popular, Lewandowski afirmou que o mecanismo é benéfico para o país. “A democracia permite que se faça tantas consultas à população quanto forem necessárias se mudar a situação fática”, disse. “São fatos novos que não foram cogitados na consulta popular anterior, que permitem, em tese, que a população seja novamente convocada para se manifestar sobre o tema.”
A realização do plebiscito ainda divide opiniões no Congresso, mas o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou, na terça-feira, que apresentará um projeto de decreto legislativo convocando a consulta para 2 de outubro. Segundo o presidente do TSE, a data ideal seria 15 de novembro. O ministro não descartou que outros assuntos, como a reforma política, sejam alvos do plebiscito na mesma data, caso o Congresso decida consultar a população.
Lewandowski disse ainda ser pessoalmente a favor da restrição ao comércio de armas. “Como cidadão, eu me manifesto favoravelmente ao desarmamento total dos cidadãos, deixando (armas) apenas às autoridades.”


BRASIL
Desempregado queima bandeira



Leandro Kleber

Uma cena inusitada assustou quem passava ontem pela manhã na Praça dos Três Poderes. Um homem com uma camisa vermelha subiu, por volta das 10h, o mastro da bandeira do Brasil, que tem cerca de 100 metros de altura, e, gritando, ateou fogo na bandeira, que teve uma das pontas queimada. Paulo Sérgio Ferreira, 38 anos, protestava contra o racismo e a corrupção em órgãos do governo. Só desceu depois de quatro horas de negociação e foi levado para a Superintendência da Polícia Federal. Ele responderá por dano ao patrimônio público duplamente qualificado e emprego de produtos inflamáveis e pode pegar até três anos de prisão. A PF informou que o metalúrgico desempregado ficará preso preventivamente por cinco dias por ser considerado “uma ameaça à sociedade”. Enquanto estava no mastro, Paulo conversou com a reportagem por telefone e disse que estava preparado para ficar por dias no local. Segundo o Corpo de Bombeiros, ele carregava cerca de 30kg de mantimentos



SR. REDATOR

Desarmamento
O propósito defendido por alguns políticos de se fazer novo plebiscito ou referendo sobre desarmamento no país é enganoso e infundado. O desarmamento foi colocado à prova recentemente e rejeitado por larga margem de votos. A realização de plebiscito é exageradamente onerosa. Anunciam-se 14 milhões de armas ilegais em circulação no país, a maior parte em mãos de bandidos. O cidadão íntegro, trabalhador e consciente de sua cidadania ficará privado de obter arma para defender sua integridade e a da família, além do patrimônio, se prevalecer a proibição da venda de armas. O que deve ser feito para a eliminação de armas em mãos de bandidos? O que foi feito à semelhança do ocorrido no Complexo do Alemão, no Rio, onde se apreendeu até metralhadora antiaérea. O que não deve ocorrer é a falência da indústria bélica brasileira, como ocorreu com a Engesa e Deus queira que não ocorra com a Imbel e com as indústrias de armamentos leves brasileiras para júbilo das indústrias de armamento estrangeiras.
» João da Cruz Teixeira de Carvalho, Lago Norte

Bancada da bala
Fiquei surpreso ao ler a matéria “Bancada da bala promete reagir” (12/4, pág. 12). O repórter ataca reiteradamente os parlamentares que representam a opinião de 64% do povo brasileiro e, sendo assim, insulta juntamente com eles os brasileiros que votaram “não” no referendo de 2005. O oportunismo envolvido no assunto é óbvio, uma vez que o louco de Realengo teria cometido aquele crime bárbaro independentemente de existir ou não possibilidade de compra legal de armas de fogo. Não faz sentido punir pessoas de bem que, podendo facilmente adquirir armas ilegais, optam pelo árduo caminho imposto por nossa legislação, uma das mais restritivas do mundo, para comprar legalmente uma arma para defesa da família. Na verdade, estamos diante de duas bancadas no Congresso: a da bala e a do oportunismo.
» Fernando Gurgel Machado, Asa Norte


Revolta no Oriente Médio
Dinheiro à vista
Dividido sobre o envio de armas aos rebeldes, Grupo de Contato para a Líbia apoia ajuda financeira aos opositores de Kadafi

» Tatiana Sabadini

Os rebeldes líbios ganharam ontem mais uma arma na luta contra as tropas de Muamar Kadafi. Eles devem receber uma generosa ajuda financeira dos países aliados, que no entanto divergem sobre o envio direto de material bélico. A decisão de financiar a rebelião foi tomada ontem pelo Grupo de Contato para a Líbia, liderado pela França e pelo Reino Unido, reunido em Doha, no Catar, para discutir a guerra civil.
A articulação diplomática, criada em Londres pelos países que participam da intervenção internacional no país, reconheceu o Conselho Nacional de Transição (CNT) como representante legítimo do povo líbio e reiterou que a única saída para o fim da crise é a saída de Kadafi. Por enquanto, Organização das Nações Unidas (ONU) quer arrecadar US$ 310 milhões para ajudar a reconstrução do país e a formação de um regime democrático.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que a comunidade internacional se mantenha unida e intensifique o diálogo com os rebeldes. “É fundamental que falemos com uma só voz. Precisamos mobilizar todos os esforços disponíveis, inclusive militares, para ajudar aqueles que precisam”, afirmou. No encontro de Doha, que reuniu 20 países e organizações, Ban afirmou que a crise na Líbia deve deixar sérios problemas humanitários. Mais de 490 mil pessoas já deixaram o país e, segundo estimativa da ONU, 3,6 milhões de líbios — metade da população — precisarão de apoio no fim do conflito.
Para ajudar a transição à democracia, Ban calcula que serão necessários US$ 310 milhões, mas até o momento a ONU só levantou 39% dessa quantia. “Está claro, a Líbia vai precisar das nossas forças para manter a paz e para a reconstrução uma vez que o cessar-fogo seja declarado. O apoio (da comunidade internacional), seja econômico ou na forma de troca de experiências, é muito importante”, pediu o secretário-geral da ONU.
Financiamento
O Grupo de Contato para a Líbia divulgou uma declaração conjunta na qual anuncia a decisão de criar um “mecanismo financeiro temporário” para ajudar o conselho comandado pelos rebeldes a “administrar as ajudas e atender as necessidades urgentes”, segundo o texto lido pelo pelo primeiro-ministro e chanceler do Catar, xeque Hamad Bin Jasem Bin Jabr Al-Thani. O apoio, além dos bombardeios aéreos comandados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, aliança militar liderada pelos EUA), deve ser apenas financeiro, por enquanto. O envio de armamento ainda não foi formalmente discutido.
Segundo Ali Abdullatif Ahmida, professor de Ciência Política e autor do livro The making of modern Libya(sem título em português), a intervenção militar internacional pode seguir direções mais diretas se o impasse no conflito continuar. “As ações da Otan são limitadas e não têm tido o efeito necessário. Ao que parece, eles não chegaram a um consenso sobre como agir e como lutar contra o regime (de Kadafi). Isso é um problema. A única forma de derrotar as tropas do governo é treinar e amar a oposição. A opção de negociação só deve ser proposta se Kadafi tiver opção de saída”, disse ao Correio.
O chanceler italiano, Franco Frattini, defendeu o fornecimento de armas aos rebeldes, sob o argumento de que a resolução pela qual a ONU autorizou a intervenção não proíbe o fornecimento de armas de “autodefesa”. “Ou nós damos a essas pessoas os meios para se defenderem, ou nos livramos da obrigação de defender a população da Líbia”, disse Frattini. O representante dos rebeldes no encontro, Ali Al-Issawi, pediu mais apoio da coalizão. “Precisamos de mais proteção para os civis. Queremos mais bombardeios aéreos contra os tanques (de Kadafi) e os lançadores de mísseis”, afirmou. Hoje, Mahmoud Jibril, um dos líderes da oposição, vai se encontrar com representantes do Departamento de Estado, em Washington, para discutir a situação.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Nenhum comentário:

Postar um comentário