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segunda-feira, 18 de abril de 2011

17 de abril de 2011 - FOLHA DE SÃO PAULO


OPINIÃO
ELIANE CANTANHÊDE

A verdade

BRASÍLIA - O artigo autobiográfico do economista Persio Arida na revista "Piauí" é uma preciosidade. Num texto primoroso, ele coloca as coisas no seu devido lugar, mostrando os erros horrendos dos militares da época, mas também reconhecendo o quão equivocada foi a luta armada. Não apenas na tática, mas igualmente nos propósitos.
Sem querer, Persio dá um roteiro impecável para a Comissão da Verdade que tramita no Congresso e se propõe a reconstituir a história como ela é, pelo lado que ganhou à época e pelo que ganhou agora.
Ali estão, contados com a serenidade possível, praticamente dispensando adjetivos, a sua prisão, a tortura, a asfixia pela asma não medicada, o impacto do assassinato do militante Bacuri. É o que a esquerda quer da comissão.
Mas ali está igualmente uma reflexão madura, honesta e corajosa sobre os erros da militância armada -e avaliação, execução e objetivo. E é isso o que os militares reivindicam da comissão.
Ao falar sobre a luta armada, Persio lembra sua angústia ao finalmente admitir para si próprio: "O que teria acontecido com os direitos humanos se aquele movimento tivesse dado certo?". E responde: "Sua dinâmica continha o mesmo vírus que fez, em outros momentos da história, militantes de excepcional pureza revolucionária se transformarem, no poder, em mandantes de mortes em massa e de torturas. (...) O terror legitimado pela utopia revolucionária. Teríamos trocado seis por meia dúzia".
Então, vamos trucidar mais uma vez os militantes que já foram literalmente trucidados? Desdenhar dos que foram presos, torturados, humilhados e alquebrados? Não. Nem Persio o fez.
Sua conclusão, machadiana, diz tudo numa única frase: "A militância contribuiu, por vias tortas, para a volta da democracia -mas nisso se esgotara todo o seu sentido".
Eis uma boa reflexão para a história -não só a dele, mas a do país.

elianec@uol.com.br


PODER
ELIO GASPARI

PAROLAS CHINESAS
No mundo da virtualidade, a China deu um refresco à Embraer, permitindo que produza jatos executivos Legacy na sua planta local. Quando a empresa se estabeleceu lá, pretendia montar jatos do modelo Embraer 190, destinados ao gordo mercado da aviação regional. Esse nicho continua fechado.
Na vida real, a revista "Aviation Week" informa que o mercado chinês para aviões do tipo Legacy é menor que o goiano. A China tem cem jatos executivos registrados e sente-se bem assim, pois faltam-lhe pilotos, mecânicos e controladores de voo.


Janio de Freitas
O INADEQUADO
Começou muito mal o ministro da nova Secretaria Especial da aviação, Wagner Bittencourt. "Adequado" foi a palavra mais usada em seu primeiro frente a frente com repórteres questionadores. Tudo em relação ao preparo dos aeroportos para a Copa está no tempo adequado, está no ritmo adequado, vai avançar de modo adequado, o trabalho do governo está adequado ao cronograma.
Só o ministro não está adequado à veracidade. Nem aos bons modos, se a pergunta for embaraçosa. O aeroporto de Guarulhos, peça fundamental na intenção paulista de sediar a abertura da Copa, nem projeto acabado tem ainda para sua ampliação. São vários assim, com apenas três anos para obras numerosas, extensas e demoradas.

FONTE:FOLHA DE SÃO PAULO

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