Pesquisar

quinta-feira, 14 de abril de 2011

14 abril de 2011 - ESTADO DE SÃO PAULO

DESTAQUE DE CAPA
Baixo clero já articula para salvar mandato de Jaqueline Roriz

Deputados do baixo clero e integrantes da bancada feminina desencadearam operação para salvar o mandato de Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada num vídeo, revelado pelo Estado, recebendo dinheiro de esquema de corrupção no Distrito Federal. Um dos argumentos é o de que ela não era deputada na ocasião – o vídeo é de 2006. Puni-la abriria precedente para que outros parlamentares sejam cassados por irregularidades do passado. Outro argumento é o de que a prática de caixa dois de campanha, usada na defesa da deputada, é algo comum entre os políticos. “Todos recebem. Não vou ser hipócrita”, disse o deputado Onofre Agostini (DEM-SC), que apoia Jaqueline.

REGIME MILITAR
VAR-Palmares planejou execução de militares
Documentos do grupo guerrilheiro, no qual militou a presidente Dilma, indicam planos para ‘justiçamento’ de oficiais do Exército

Felipe Recondo e Leonencio Nossa, de o Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Documento da Aeronáutica que foi tornado público nesta quarta-feira, 13, pelo Arquivo Nacional, após ter sido mantido em segredo durante três décadas, revela que a organização guerrilheira VAR-Palmares, que contou em suas fileiras com a hoje presidente Dilma Rousseff, determinou o "justiçamento", isto é, o assassinato de oficiais do Exército e de agentes de outras forças considerados reacionários nos anos da ditadura militar.
Com cinco páginas, o relatório A Campanha de Propaganda Militar, redigido por líderes do grupo, avalia que a eliminação de agentes da repressão seria uma forma de sair do isolamento. O texto foi apreendido em um esconderijo da organização, o chamado aparelho, e encaminhado em caráter confidencial ao então Ministério da Aeronáutica.

O arquivo inédito, revelado pelo Estado no ano passado e aberto à consulta pública
anteontem, faz parte do acervo do Centro de Segurança e Informação da Aeronáutica (CISA). No Arquivo Nacional, em Brasília, novo endereço do acervo que estava em poder do serviço de inteligência da Aeronáutica, há um conjunto de documentos que tratam da VAR-Palmares. Mostram, entre outras coisas, a participação de militares da ativa e a queda de líderes do grupo em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo.
Os nomes dos integrantes do grupo receberam uma tarja preta, o que impede estabelecer relações diretas entre eles e as ações relatadas. É possível saber, por exemplo, que militantes de Belo Horizonte receberam em certa ocasião dez revólveres calibre 38 e munição, mas não os nomes desses militantes.
Na primeira página, o relatório de cinco páginas destaca que o grupo não tem "nenhuma possibilidade" de enfrentar os soldados nas cidades. Sobre o justiçamento de militares observa: "Deve ser feito em função de escolha cuidadosa (trecho incompreensível) elementos mais reacionários do Exército."

Extermínio. Na época da redação do texto, entre 1969 e 1970, a ditadura tinha recrudescido o combate aos adversários do regime. Falava-se em setores das forças de completo extermínio dos subversivos. Em dezembro de 1968, o regime havia instituído o AI-5, que suprimia direitos civis e coincidia com o início de uma política de Estado para eliminar grupos de esquerda.
A VAR-Palmares surgiu em 1969 com a fusão do grupo Colina (Comando de Libertação Nacional), em que Dilma militava, com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), do capitão Carlos Lamarca. Dilma, à época com 22 anos, foi presa em janeiro de 1970 em São Paulo. Ela só foi libertada em 1972, após passar por uma série de sessões de tortura.
Sempre que fala sobre seu envolvimento com a resistência ao regime militar, Dilma costuma ressaltar que sua visão atual da vida não tem "similaridade" com o que pensava durante o tempo de guerrilha.
O documento tornado público classifica as ordens como contraofensiva. Seria uma resposta aos "crimes" do regime militar contra a esquerda: "O justiçamento punitivo visa especialmente paralisar o inimigo, eliminando sistematicamente os cdf da repressão, os fascistas ideologicamente motivados que pressionam os outros."
O texto também dá orientações sobre como definir e vigiar possíveis alvos. A ideia era uma fazer uma lista dos oficiais "reacionários" e de pessoas ligadas à CIA, a agência central de inteligência dos Estados Unidos.
A VAR-Palmares tinha definido como alvos prioritários o delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DOPS, e seu subordinado Raul Careca, acusados de comandarem a máquina da tortura nos porões de São Paulo: "Careca, Fleury são assassinos diretos de companheiros também. Trata-se de represália clara. Já outros investigados serão eliminados sob condição, conforme vimos acima."



Médici seria vítima de atentado, diz relatório

Felipe Recondo e Leonencio Nossa - O Estado de S.Paulo

Relatório confidencial produzido pelo Centro de Segurança e Informação da Aeronáutica (Cisa)em 9 de março de 1972 indica que o presidente Emílio Garrastazu Médici sofreria um atentado a bomba em encontro que teria no Rio com os presidentes da Argentina e do Uruguai. Outro documento do Cisa mostra que o ministro da Justiça do governo Costa e Silva, Gama e Silva, também seria alvo de atentado.
Os detalhes sobre o atentado contra Médici foram passados à Aeronáutica por um informante, tratado no documento de "fonte de alta credibilidade". O atentado seria organizado por integrantes do Movimento Internacional Revolucionário (MIR), sediado no Chile. De acordo com as informações passadas à Aeronáutica, "estariam envolvidos nessa trama subversivos brasileiros banidos" inicialmente para a Argélia e depois para o Chile.
O plano, conforme o relato, era explodir uma bomba plástica quando Médici estivesse reunido com o presidente do Uruguai ou, no dia seguinte, com o presidente da Argentina. "Numa dessas ocasiões deverá ocorrer um atentado contra a vida do presidente do Brasil", relata o informe.
Outro relatório do Cisa, de 29 de fevereiro de 1972, revela que um "artefato explosivo" foi encontrado em um vaso de plantas durante o embarque de Médici. "Artefato foi colocado após a chegada de autoridades por pessoa desconhecida, mas autorizada a penetrar no recinto", informa o documento. As informações foram passadas ao Cisa no dia 21 de fevereiro de 1972.



NOTAS & INFORMAÇÕES
Prevaleceu a visão chinesa

Saiu ao gosto chinês o comunicado conjunto dos presidentes Dilma Rousseff e Hu Jintao. Os termos foram ditados principalmente pelos interesses da China, assim como são ditados os termos do comércio e da cooperação econômica entre os dois países. Pequim aproveitou a visita para algumas gentilezas. Oficializou a abertura de mercado à carne de porco brasileiro, aceitou conversar sobre a diversificação das trocas e confirmou uma compra de aviões da Embraer. Tudo isso é positivo, mas presidentes não viajam para vender costeleta e lombinho e raramente se envolvem na exportação de aviões - a menos, como fizeram o francês Nicolas Sarkozy e o americano Barack Obama, que se trate de concorrência para reequipar as Forças Armadas de um país.
Como de costume, a viagem serviu para o governo brasileiro pedir apoio à sua ambição de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. As autoridades chinesas concordaram apenas com uma declaração vaga. China e Brasil "apoiam uma reforma abrangente da ONU, incluindo o aumento da representação dos países em desenvolvimento no Conselho de Segurança como uma prioridade". Além disso, "a China (...) compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas". Essa frase é tão evasiva quanto a declaração de "apreço" à pretensão brasileira, incluída na declaração final da visita do presidente Obama a Brasília.
Mais que chocha, a referência aos direitos humanos teve um toque humorístico - e até de humor negro: "As duas partes fortalecerão consultas bilaterais em matéria de direitos humanos e promoverão o intercâmbio de experiências e boas práticas". Quais serão os temas dessas consultas e que experiências e "boas práticas" o governo brasileiro poderá aprender?
Os dois lados assumiram, como de costume, compromissos de cooperação técnica e científica. Tudo isso produzirá poucos efeitos a curto e a médio prazos. Alguns programas, como geralmente ocorre, talvez sejam esquecidos por um longo período, para serem lembrados, dentro de algum tempo, quando for marcada a primeira reunião de uma comissão bilateral.
Os entendimentos com maior significado prático correspondem aos interesses chineses de acesso a recursos naturais. "Os dois lados acolhem a crescente cooperação entre os dois países nas áreas de mineração e infraestrutura relacionada e no processamento de produtos de minérios", informa o comunicado. Os dois governos "manifestaram ainda o interesse em abrir novas áreas de cooperação em energia e mineração".
Pode haver pontos importantes de interesse comum nessas áreas. Mas a ênfase nesse tipo de cooperação atende sobretudo à estratégia chinesa de crescimento econômico e reforça o estilo de intercâmbio bilateral até agora observado. "A parte chinesa", segundo o comunicado, "manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado."
Essa "disposição" tem pouco ou nenhum significado prático - e o governo chinês talvez nem pudesse ir além desse ponto.
Se o governo brasileiro deseja de fato mais exportações de manufaturados para a China, o primeiro passo deve ser um exame das condições do comércio e dos obstáculos encontrados pelas empresas. Até agora, a iniciativa mais notável de Brasília, nesse campo, foi a pressão para a Vale exportar menos minérios e investir mais em siderurgia - uma ideia tão estapafúrdia em termos econômicos quanto perigosa politicamente.
Pequim cobrou, como se esperava, o cumprimento de uma promessa tola formulada há anos pelo governo brasileiro. "A parte brasileira reafirmou o compromisso de tratar de forma expedita a questão do reconhecimento da China como economia de mercado nos termos estabelecidos no Plano de Ação Conjunta 2010-2014." A palavra "expedita" vale um ponto para os negociadores chineses.
Empresas da China provavelmente aumentarão seus investimentos no Brasil. Fala-se em grandes projetos para a área eletrônica. Mas nada disso depende de entendimentos de cúpula. A Zona Franca de Manaus e o Polo de Jaguariúna são provas disso. O governo brasileiro deveria designar algum técnico talentoso para estudar esse e outros fatos da vida.


FÓRUM DOS LEITORES
DESARMAMENTO

"Armação"
Que tal o governo resolver o problema da cada vez mais inflada inflação, em vez de discutir desarmamento dos cidadãos que não traficam nem facilitam a entrada de armas pelas fronteiras altamente "democráticas" deste país? Mudar o foco, com o preço atual dos combustíveis, é piada para funcionários em Brasília; para quem vive do trabalho, não!
JOSÉ JORGE RIBEIRO DA SILVA - jjribeiros@yahoo.com.br - Campinas

Referendo
Ótima a ideia de Sarney de um referendo para opinarmos sobre armas. Vamos aproveitar a oportunidade para incluir outras consultas, tão ou mais urgentes que a proposta, como, por exemplo: 1) Validade imediata da Lei Ficha Limpa nos termos aprovados; 2) fim de assessores para senadores, deputados e vereadores e da autofixação de salários dos parlamentares; 3) fim de cartões corporativos secretos na Presidência da República. A lista pode ser ampliada, ouvida, por exemplo, a OAB. Está na hora de darmos um basta à gastança promovida pelo poder público. Nosso dinheiro é suado, não é fruto de propina.
DOMINGOS PEROCCO NETTO - dperocco@ig.com.br - Itatiba

Inação do Estado
Referendo sobre proibição de armas de fogo? Nada disso! O que deve ser feito é entrar com processo contra o Estado todas as vezes que formos assaltados, violentados, sequestrados, etc. - tanto pela incompetência como pela falta de ações. Assim se obrigaria o governo a procurar meios mais eficazes de combater toda essa violência que impera neste país.
BENEDITO RAIMUNDO MOREIRA - br_moreira@terra.com.br - Guarulhos



NACIONAL
Direitos humanos não são obsessão, diz Garcia na China
Em visita de Dilma Rousseff ao país, assessor do governo afirma que Brasil não pedirá "correção de rumos" do parceiro comercial

Vera Rosa - O Estado de S.Paulo
ENVIADA ESPECIAL / PEQUIM

Mesmo depois de ter arrancado da China o compromisso de parcerias comerciais "mais qualificadas", o Brasil não vai pedir ao país asiático uma correção de rota em relação aos direitos humanos. "Não vamos nos transformar num alto-falante permanente", avisou Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência para Assuntos Internacionais. "O fato de termos uma tensão com esse tema não significa que vamos tratá-lo como questão obsessiva a todo momento."
O comunicado conjunto assinado por Brasil e China, na terça-feira, dedica ao assunto apenas uma menção protocolar, sem mencionar violações à liberdade de expressão. Diz a declaração que os dois países fortalecerão as consultas bilaterais em matéria de direitos humanos e "promoverão o intercâmbio de experiências e boas práticas".
O tema não foi levantado nem mesmo ontem, durante conversa reservada da presidente Dilma Rousseff com o primeiro ministro da China, Wen Jiabao, conhecido por emitir opiniões mais avançadas sobre o assunto.
O desaparecimento do artista plástico Ai Weiwei, detido no aeroporto ao embarcar para Hong Kong, também não foi tratado por Dilma no encontro com o presidente da China, Hu Jintao.
No mês passado, o Brasil votou em favor da condenação do Irã no Conselho de Direitos Humanos das ONU. Ex-guerrilheira, Dilma disse, na campanha eleitoral, que nunca deixaria de marcar posição contrária a prisões políticas e crimes de opinião. Agora, porém, uma manifestação mais clara na China, quando o País tenta ampliar parcerias comerciais, foi considerada "contraproducente" pelo Itamaraty.
Na outra ponta, a posição adotada pela China - que demonstrou com mais ênfase simpatia pela candidatura do Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU - foi vista como "um grande avanço" por Garcia. "Nunca tivemos ilusões de que a questão do Conselho de Segurança fosse se resolver num estalar de dedos."
Para o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o sinal emitido pela China foi "muito positivo" e não deixa dúvidas. "A linguagem do comunicado é muito afirmativa. Só não é mais explícita porque a China tenta conciliar sua disposição favorável em relação ao Brasil com a reserva sobre a articulação no G-4", argumentou o ministro. 


Na visita à Cidade Proibida, presidente exalta parceria

Vera Rosa - O Estado de S.Paulo

Após dois dias de negociações para fechar "negócios da China", a presidente Dilma Rousseff aproveitou a manhã de ontem para conhecer a Cidade Proibida. Acompanhada da filha Paula, de ministros, assessores e do acupunturista Gu Hanghu, Dilma percorreu as alas dos palácios imperiais que abrigaram as dinastias Ming e Qing e deixou uma mensagem no livro de visitantes.
"É uma experiência fantástica a visita à Cidade Proibida, onde a China de outrora mostrava sua força e riqueza. Hoje, a China recupera em outras bases o seu desenvolvimento. É muito importante a parceria entre o Brasil e a China", escreveu a presidente, no livro com capa dourada.
Dilma visitou o museu e ficou encantada com a arquitetura das edificações coloridas, construídas entre 1406 a 1420. Depois, quis saber por que todos os telhados ostentavam nas extremidades estatuetas de pequenos animais, como cachorros e dragões.
"Acreditava-se que eles guardavam a casa contra os maus espíritos e traziam sorte", explicou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que fala mandarim. "Vocês vão ver, quando eu voltar, o que eu vou pôr lá no palácio", disse Dilma, em tom bem-humorado, dirigindo-se aos repórteres.


Brics devem condenar intervenção na Líbia

Cláudia Trevisan - O Estado de S.Paulo

A crítica ao uso da violência e da intervenção na Líbia deverá ser o ponto mais forte da declaração que os líderes dos Brics divulgarão hoje na China, depois de sua terceira reunião de cúpula, que pela primeira vez terá participação do novo sócio do bloco, a África do Sul.
O presidente sul-africano, Jacob Zuma, apresentará aos outros quatro líderes um relato dos esforços empreendidos pela União Africana para obter um cessar-fogo entre os rebeldes e o governo líbio. Mas, até ontem, eles não haviam produzido resultados concretos.
O texto da declaração defenderá o uso do diálogo para solucionar a crise que afeta os países árabes do Norte da África e reafirmará os princípios de soberania, não intervenção, integridade territorial e rejeição do uso da força.
Os quatro membros originais do grupo - Brasil, Rússia, Índia e China - estão atualmente no Conselho de Segurança da ONU e abstiveram-se na votação que impôs uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, aprovada em março. A África do Sul votou a favor da proposta.
Na declaração, os cinco sócios dos Brics comprometem-se a manter a coordenação em relação à situação na Líbia, o que na avaliação de um integrante da diplomacia brasileira é uma indicação de que a África do Sul poderá se aproximar dos outros quatro países dentro do Conselho de Segurança.
O premiê chinês, Hu Jintao, anfitrião do encontro, a presidente Dilma Rousseff , o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, o presidente russo, Dmitri Medvedev, e Zuma vão reafirmar a defesa da reforma do Conselho e da maior participação de emergentes em fóruns internacionais.


Governo quer regras fixas para execução dos ''restos a pagar''

Renata Veríssimo / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Para neutralizar futuros problemas políticos com a base aliada no Congresso, o governo quer criar regras mais "amarradas" para a execução dos "restos a pagar", mecanismo pelo qual despesas contratadas em um ano podem ser pagas no ano seguinte.
A indicação de que o governo pode cancelar as despesas contratadas no governo Lula provocou a reação de parlamentares e prefeitos que ameaçam orientar suas bancadas a votarem contra projetos de interesse do governo. A pressão dos prefeitos tem pesado na decisão do Planalto. A base aliada tem cobrado a manutenção dos pagamentos, pelo menos referente a 2009.
Diante da pressão, a área econômica do governo vai elaborar estudos para "disciplinar" o uso desse instrumento orçamentário a partir deste ano. "É de interesse de todos, do Executivo e do Congresso, que haja uma regra definida para que todos possam ter clareza de como se dará a execução dos restos a pagar", informou ontem a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.


Jobim defende união sul-americana para defender riquezas
13 de abril de 2011 | 13h 40

REUTERS

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, aproveitou o anúncio da participação argentina no desenvolvimento de um cargueiro da Embraer para defender a integração dos países sul-americanos na área militar para defender as riquezas da região que, segundo ele, serão disputadas daqui a 50 anos.
"Este ato que estamos realizando é exatamente o início de um processo de integração", disse o ministro durante o anúncio, realizado na LAAD, maior feira de segurança e defesa da América Latina.
"Quem tem que ter poder dissuasório não são os países sul-americanos, mas sim o subcontinente sul-americano, porque o subcontinente sul-americano tem riquezas que certamente serão disputadas daqui a 50 anos", afirmou Jobim no evento, que contou com a presença do ministro da Defesa argentino, Arturo Antonio Puricelli.
Sem mencionar ameaças específicas à região, Jobim elencou a Amazônia, as terras agricultáveis da Argentina, as riquezas marítimas e os Andes entre as riquezas da América do Sul.
Jobim ainda arrancou aplausos da plateia, composta principalmente por militares, ao fazer uma defesa enfática da soberania sul-americana sobre a Amazônia.
"Quem cuida da Amazônia sul-americana para o bem de seus povos e dos povos do mundo somos nós (os sul-americanos)", disse. "Não venham se meter neste assunto!", bradou, sem, no entanto, especificar o destinatário da mensagem.
(Por Eduardo Simões)
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,jobim-defende-uniao-sul-americana-para-defender-riquezas,705767,0.htm


ENTREVISTA
Odebrecht quer liderar área de defesa no Brasil
13 de abril de 2011 | 9h 07

EDUARDO SIMÕES - REUTERS

O grupo Odebrecht, que recentemente comprou uma fabricante brasileira de mísseis para atuar na área de defesa, ainda estuda novas oportunidades na área e tem meta de liderar o setor no Brasil.
Em entrevista à Reuters, o presidente da Odebrecht Defesa e Tecnologia, Roberto Simões, afirmou que para qualquer eventual novo parceiro o grupo impõe como condição ter a gestão ou, no mínimo, ser co-gestor do negócio.
Falando durante a LAAD, maior feira de defesa da América Latina, Simões ressalvou, porém, que são poucas as boas oportunidades de aquisições no setor no Brasil e não descartou investidas da empresa em companhias do exterior.
"A indústria nacional de defesa tem muito poucas oportunidades, são empresas geralmente pequenas e sem muitas alternativas", avaliou. "Estamos abertos a analisar qualquer um, pode ser fora do Brasil também. A prioridade são empresas dentro do Brasil", comentou.
O executivo disse ainda que a nova companhia da Odebrecht pretende, além de vender produtos no Brasil, exportar aos países em que o grupo já atua, principalmente na América Latina e Ásia.
O setor de defesa no Brasil tem sofrido um processo de consolidação, com aquisições pela Odebrecht Defesa e Tecnologia e pela Embraer Defesa e Segurança. Nesta quarta-feira, a italiana Avio anunciou a compra da brasileira Focaleng, especializada em manutenção de aeronaves militares.
Simões reconheceu que a concorrência com a unidade de defesa da gigante de aviação, que anunciou na terça-feira novas parcerias na área de sistemas e controle, um dos focos da Odebrecht, tem encarecido o mercado.
"Eu acho que já encareceu as primeiras. Esperamos que não encareçam nas próximas (aquisições)", disse.
O executivo disse que a meta da Odebrecht, que recentemente comprou a fabricante de mísseis Mectron, é se tornar a principal empresa do setor de defesa do Brasil. Ele, no entanto, não disse quando a companhia pretende atingir essa meta nem o montante de recursos que será investido para tanto.
Além da aquisição da Mectron, a Odebrecht também é parceira do estaleiro francês DCNS, para a venda de submarinos à Marinha, e também tem parceria com a francesa EADS Defense.
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,entrevista-odebrecht-quer-liderar-area-de-defesa-no-brasil,705659,0.htm



AVIAÇÃO
Embraer fecha acordos para novo avião militar
Empresas da Argentina e da República Checa vão fornecer peças para o KC-390, avião de transporte desenvolvido pela fabricante brasileira

A Embraer anunciou ontem que a Argentina fornecerá spoilers e outros componentes do avião cargueiro KC-390, que a empresa brasileira está desenvolvendo. A República Checa vai fornecer as aeroestruturas para o mesmo avião.
"Esses acordos são muito importantes para a expansão do KC-390 pelo mundo", disse o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, em entrevista durante a LAAD, maior feira de defesa da América Latina. "À medida que a gente vai fazendo essas parcerias, a gente também vai aumentando o nível de compromisso dos respectivos países para se tornarem clientes da Embraer, do KC-390."
A Argentina manifestou anteriormente a intenção de comprar seis unidades do KC-390 e a República Checa, outros dois aviões. Segundo Aguiar, após a assinatura da parceria de produção, as intenções passaram a ser "quase compromissos" de aquisição da aeronave.
A Embraer já tem assinadas cartas de intenções para a venda de 60 unidades do KC-390, sendo 28 delas para a Força Aérea Brasileira (FAB). De acordo com Aguiar, ainda não há uma previsão para a assinatura do primeiro contrato definitivo de venda. "No final do ano devemos ter a definição da aeronave... Vamos ter todos os componentes, todas as variáveis para fazermos o preço e as condições de mercado dessa aeronave. A partir daí e ir à luta, ir vender o avião.". A companhia espera para 2014 a certificação do KC-390 e sua entrada em operação para 2016.

Acordos. A Embraer Segurança e Defesa assinou ontem contrato de parceria com a empresa argentina FAdeA, que será responsável pela produção de spoilers - superfícies móveis de controle de sustentação na asa - e portas do trem de pouso, entre outras peças do KC-390.
A empresa brasileira também chegou a um acordo para que a Aero Vodochody, maior fabricante aeroespacial da República Checa, produza parte da fuselagem traseira, portas para paraquedistas e tripulação, porta de emergência e escotilhas, rampa de carga e bordo de ataque fixo para os protótipos do KC-390 e aviões da produção seriada.
A Aero Vodochody, segundo comunicado, se juntará ao programa de desenvolvimento do cargueiro, participando da fase de definição conjunta. A empresa checa já trabalha com a Embraer na aviação comercial, tendo produzido componentes para a família de jatos civis para entre 70 e 118 passageiros produzidos no Brasil.
Com o KC-390, a Embraer quer um terço do mercado global de cargueiros estimado, em 700 unidades em 15 anos, o que significaria receita de US$ 18 bilhões para a fabricante brasileira.
Os acordos anunciados ontem são desdobramentos de memorandos assinados em setembro passado com a República Checa e em outubro com a Argentina, prevendo a participação dos países no projeto do KC-390. / REUTERS

Parceria

LUIZ CARLOS AGUIAR - PRESIDENTE DA EMBRAER DEFESA E SEGURANÇA
"Esses acordos são muito importantes para a expansão do KC-390 pelo mundo. À medida que a gente vai fazendo essas parcerias, a gente também vai aumentando o nível de compromisso dos respectivos países para se tornarem clientes da Embraer, do KC-390."


Italiana Avio compra brasileira Focaleng
13 de abril de 2011 | 15h 47

REUTERS

RIO DE JANEIRO/MILÃO - O grupo italiano aeroespacial Avio anunciou nesta quarta-feira a compra da brasileira Focaleng, companhia especializada em manutenção, reparo e revisão de motores de aeronaves militares.
Sem revelar o valor do negócio, o vice-presidente de Comunicações da Avio, Andrea Gaudenzi, disse à Reuters se tratar de uma "pequena aquisição", principalmente se levado em conta o faturamento, e disse que a compra da Focaleng é um "primeiro passo" da companhia italiana no Brasil.
De acordo com Gaudenzi, enquanto a Focaleng, sediada no Rio de Janeiro, tem receita de 23 milhões de reais, o grupo italiano registrou no ano passado faturamento de 1,75 bilhão de euros.
A Focaleng dá suporte a motores de aeronaves usadas pela Força Aérea Brasileira (FAB), incluindo o que impulsiona os caças F-5E/F Tiger. A Avio, que também atua no desenvolvimento de motores de aeronaves e no setor naval, é, desde 2208, responsável pela manutenção e suporte logístico dos motores Spey usados no avião brasileiro AM-X, projeto conjunto entre Brasil e Itália.
A aquisição da Focaleng pela Avio é a mais recente em um movimento de consolidação no setor brasileiro de defesa, que viu nos últimos meses a Embraer comprar o negócio de radares da Orbisat e a Odebrecht, que recém-anunciou a criação de uma empresa para atuar no setor, comprar o controle da fabricante de mísseis Mectron.
O executivo disse que a Avio não prevê anunciar novas compras de empresas brasileiras no curto prazo e que o objetivo principal da aquisição da Focaleng é intensificar o relacionamento da Avio com a FAB.
Sediada em Turim, a Avio está presente em quatro continentes e possui nove unidades industriais. Com 5,2 mil empregados, 4,5 mil deles na Itália, a empresa também atua em pesquisa e desenvolvimento com centros instalados em campi de universidades italianas.
(Por Eduardo Simões e Redação Reuters em Milão)
http://economia.estadao.com.br/noticias/not_62700.htm



ECONOMIA
OPINIÃO
Calma com a festa na China

Alberto Tamer

Há alegria nas relações comerciais entre Brasil e China. Promessas de investimentos de todos os lados e importação de produtos industrializados: US$ 1 bilhão, só em compra de aviões da Embraer. O gaiato presidente da Foxconn, maior fabricante mundial de eletrônicos, Terry Gou, nem corou ao informar à presidente que a empresa vai investir nada menos que US$12 bilhões na construção de uma fábrica no Brasil. Não parou aí, disse que vai contratar, acreditem, 100 mil empregados, dos quais 20 mil engenheiros, e criar uma cidade virtual! Isso, quando todo o setor eletroeletrônico, no País, emprega hoje 178 mil pessoas. Conversa fiada. Ninguém acreditou, mas o anúncio fantasioso virou manchete dos jornais.
Somando tudo o que se anunciou e prometeu em Pequim, os novos investimentos chineses (a Foxconn é taiwanesa, mas fabrica na China e em mais outros países) chegariam perto de US$ 13 bilhões. E vem mais...
É bom lembrar que a Foxconn é aquela empresa em que trabalhadores se suicidaram, atirando-se dos últimos andares da fábrica por causa de péssimas condições de trabalho. Depois, dobrou os salários e contratou monges budistas para "espantar o azar". Quem será que vão contratar aqui?
É tanto dinheiro que o Banco Central vai ter de administrar mais essa avalanche de dólares. Mas não precisa se preocupar, não, pois tudo isso está apenas no item "promessas". Os US$ 12 bilhões da Foxconn não devem passar de US$ 3 bilhões, se tanto, e quanto aos aviões da Embraer é preciso primeiro ver o passado para acreditar no presente.
Uma história muito triste. A empresa brasileira foi para a China, associou-se à estatal Avic (dizem que não é, mas é), que era social, mas competidora e transferiu tecnologia. A China passou a fabricar seus próprios aviões e bloqueou a Embraer. Sim, a tal ponto que estava prestes a fechar sua fábrica. Jogo sujo? Não. Ingenuidade nossa e esperteza deles que agem assim em todas as áreas. E agora, por grande pressão do governo brasileiro, a China promete comprar aviões da Embraer, ressuscitando a fábrica local. Há mercado para todos. Está tudo lá, na "carta de intenções..."
Será? Aqui, há dúvidas, muitas dúvidas. A correspondente, Claudia Trevisan e a enviada do Estado a Pequim, Vera Rosa, mostram que nem tudo é bem como parece. Para produzir aviões lá, a Embraer vai ter de importar componentes. E para cada item, haverá, como agora, todo um processo burocrático com a lentidão ditada pelos chineses. E eles são mestres em defender sua indústria e proteger seu mercado.
O caso Embraer é importante, pois trata-se do único produto de valor agregado que o Brasil pode exportar para a China. Nos outros, não temos competitividade nem mesmo para nos defender da invasão chinesa no mercado interno.
A viagem foi um êxito. Não há dúvida que a viagem à China da presidente brasileira e mais de 300 empresários foi um êxito. Na nova diplomacia brasileira de falar menos e obter mais resultados. Mas é preciso separar promessas dos fatos. Agora é seguir passo a passo e cobrar resultados.
Petróleo acima de tudo. Que ninguém se iluda. Ao lado do minério de ferro, a China quer mesmo é o petróleo do pré-sal. De acordo com a Petrobrás, os EUA e a China vão absorver em dois ou três anos quase todo o petróleo excedente do pré-sal.
Aqui, o perigo. Existe, sim, e é grave. Atentem para isto: "o petróleo não cria riqueza onde é extraído, mas onde é refinado e consumido". O que a China, os EUA e outros querem é o petróleo bruto - que sai dos poços em volume controlado por computadores - para refiná-lo e consumi-lo em seus países. A Petrobrás tem até refinarias lá fora para isso.
A presidente Dilma Rousseff já afirmou que o Brasil precisa refinar e exportar mais derivados e menos petróleo. Só que os nossos consumidores também querem isso. E estão conseguindo até agora porque há décadas não se constrói refinarias no País e as poucas existentes são para operar com petróleo leve que só agora - depois de 50 anos!!!! - a Petrobrás descobriu no pré-sal.



INTERNACIONAL/URUGUAI
Fim da lei de anistia divide governo uruguaio
Após Senado aprovar revogação da legislação que impede julgamento de crimes militares na ditadura, membros da Frente Ampla criticam projeto

Ariel Palacios - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / BUENOS AIRES

A revogação da lei de Anistia no Uruguai, aprovada na terça-feira pelo Senado, provocou ontem uma divisão na Frente Ampla, a coalizão de centro-esquerda que governa o país. A "Lei de Caducidade Punitiva do Estado" isentava os militares de serem julgados por crimes cometidos durante a ditadura (1973- 1985).
A revogação foi aprovada por 17 votos a 16 graças ao voto contrário do senador Aparício Saravia, único parlamentar da Frente Ampla que não respaldou o projeto de lei. Ele foi punido com a expulsão do Espaço 609, grupo que integra a coalizão.
Outra figura emblemática da Frente Ampla, o ex-líder guerrilheiro Eleutério Fernández Huidobro, classificou a decisão de "erro monumental". Ele era um dos principais parlamentares que apoiavam o presidente José Mujica. Fundador do grupo guerrilheiro Tupamaros, nos anos 60, o senador disse ter votado a favor da revogação apenas por disciplina partidária.
Já o deputado Felipe Michelini, filho do senador Zelmar Michelini, assassinado em Buenos Aires em 1976, considerou a votação de terça-feira "histórica". "É preciso eliminar essa lei definitivamente do ordenamento jurídico uruguaio", disse.
O presidente José Mujica prometeu não vetar a revogação, caso ela passe na Câmara, por respeito às decisões do Congresso. "Sou contra os vetos presidenciais, por princípio", disse. Para o constitucionalista Miguel Langón, a anulação pode ser alvo de uma série de recursos na Justiça. "A retroatividade da lei, a possibilidade de voltar a considerar processos que já foram fechados, vai contra princípios legais básicos", disse.
Associações de ex-militares criticaram a decisão do Parlamento. "A vingança e o ódio dos costumeiros ressentidos passa por cima da vontade do povo, expressa duas vezes nas urnas", disse, em comunicado, o site Em Voz Alta, que representa a categoria, em referência aos dois plebiscitos sobre a lei. Já entidades de defesa dos direitos humanos celebraram o resultado no Senado nas ruas de Montevidéu. A Câmara votará o tema dia 4.


A POSIÇÃO DO BRASIL
País manterá lei e criará ''comissão''

Vannildo Mendes - O Estado de S.Paulo

O secretário nacional de Justiça e presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, afirmou ontem que a tendência uruguais de julgar agentes do Estado que cometeram crimes contra a humanidade é "ética e louvável". Ele não vê, porém, espaço para revanchismo no Brasil, embora concorde com o princípio da imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade, como tortura, sequestros e assassinatos de perseguidos políticos.
Segundo Abrão, a medida não prejudicará, no Brasil, a criação da Comissão da Verdade, proposta que o governo federal enviou ao Congresso no ano passado. Prevista no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), a medida ainda causa discórdia entre o governo e militares, principalmente os da reserva. A comissão se destina a buscar documentos sobre crimes ocorridos na ditadura militar e informações que levem à localização de restos mortais de desaparecidos políticos.
"A Comissão da Verdade não corre risco de abalos porque o governo tem clareza sobre a questão e ela é uma aspiração e um direito do povo brasileiro", enfatizou.




VENEZUELA
Áudio revela suposta renúncia de Chávez durante golpe de 2002
Ministro da Informação acusa deputado de oposição que divulgou gravação de ''falsificar[br]a realidade''

O deputado de oposição venezuelana, William Ojeda, revelou ontem uma gravação na qual supostamente se escuta o presidente do país, Hugo Chávez, renunciando ao cargo durante a tentativa frustrada de golpe em abril de 2002.
Segundo o áudio, que foi divulgado durante uma sessão da Assembleia Nacional, Chávez estaria anunciando sua renúncia ao atual embaixador da Venezuela em Portugal, o general Lucas Rincón Romero, que na data ocupava o posto de chefe da Casa Militar do Palácio Miraflores.
"Olhe Lucas, eu aceitei abandonar o cargo. Assim te digo. Aceitei abandonar o cargo, mas só se forem cumpridas as condições que estou exigindo: respeito à vida, integridade física e os direitos humanos de todos aqueles que me acompanharam neste governo", teria dito Chávez.
Até então, o presidente venezuelano jamais havia admitido ter renunciado. Os deputados governistas desqualificaram o material e reduziram sua importância. Ontem, partidários de Chávez lembraram os nove anos da tentativa de golpe.
O ministro da Informação, Andrés Izarra, acusou Ojeda de "falsificar a realidade" com a gravação. Segundo Izarra, o presidente fez as declarações após o golpe, quando explicava o que os militares golpistas queriam que ele dissesse. O primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Aristóbulo Istúriz, foi além e disse que a Venezuela ainda está ameaçada de golpe. "O dia 11 de abril não terminou", disse.
Após um debate sobre os crimes cometidos em 2002, os parlamentares governistas aprovaram ontem um documento em repúdio ao golpe de Estado de 2002. Caracas solicitou à Interpol que ative o "alerta vermelho" contra ex-militares que participaram da ação, o que permitiria a captura dos golpistas em qualquer parte do mundo.
O ministério público do país se encarregará das investigações sobre o golpe e solicitará aos veículos de comunicação vídeos obre o ocorrido. / REUTERS e EFE



EGITO
Polícia do Egito detém Mubarak por acusações de corrupção e massacre
Decretada um dia depois de o ex-ditador ser internado em hospital por suposta ''crise cardíaca'', prisão atinge também seus filhos Gamal e Alaa; governo militar interino vinha sendo acusado por manifestantes de ser complacente com ''ex-chefe''

Reuters

A polícia do Egito prendeu ontem o ex-ditador Hosni Mubarak, de 82 anos, e seus filhos Gamal e Alaa, sob acusações de corrupção e responsabilidade pela morte de 800 opositores durante os distúrbios do início do ano. A prisão ocorre em meio à crescente pressão sobre a junta militar que governa o Egito, acusada de tentar blindar seu antigo chefe.
Os dois filhos de Mubarak já estão na prisão de Tora, na periferia do Cairo. Ambos desempenharam funções diretivas no governo e Gamal era tido como sucessor "natural" do ditador.
Mas Mubarak se encontra sob a custódia da polícia no hospital onde está internado desde segunda-feira, quando supostamente sofreu uma "crise cardíaca". Ontem, havia informações contraditórias sobre o estado de saúde do ex-presidente - que, depois de governar por 30 anos, acabou deposto em 11 de fevereiro.
Um médico indicado pela Justiça examinaria Mubarak para decidir se ele pode deixar Sharm el-Sheikh, balneário onde ele permanece desde que foi destituído, para ser interrogado. A agência egípcia de notícias Mena noticiou que, se o médico der o sinal verde, Mubarak será imediatamente transferido a um centro de detenção.
Um procurador público havia convocado Mubarak a prestar esclarecimentos no domingo sobre as mortes de civis e as acusações de corrupção. Em um discurso transmitido pela TV egípcia no mesmo dia, o ex-ditador negou as acusações e prometeu cooperar com a Justiça.
A detenção de Mubarak é mais uma reviravolta na revolução que varreu o Egito entre janeiro e fevereiro. O comando militar que assumiu o poder com a queda do ditador, prometendo abrir caminho para uma sucessão democrática, vem sendo duramente criticado pela demora na transição política e pela persistente violência contra opositores.

Volta a Tahrir. Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que, só nos últimos dez dias, os militares egípcios espancaram e torturaram cerca de 200 pessoas. Dois opositores foram mortos por soldados no sábado, enquanto participavam de um ato contra o governo interino.
Ontem, centenas de milhares de egípcios voltaram à Praça Tahrir - palco dos protestos que culminaram com a queda de Mubarak - para pedir que o ex-ditador seja julgado. A multidão trazia cartazes contra o marechal Mohamed Hussein Tantawi, que chefia o poder interino no Cairo - após ter sido ministro da Defesa de Mubarak por 20 anos.
O Conselho Militar Provisório tentou se esquivar das acusações, culpando partidários do ex-ditador pelos distúrbios. Por meio de sua página no Facebook, a cúpula das Forças Armadas afirmou que aliados de Mubarak teriam incitado a violência na Praça Tahrir, no domingo.
"O conselho militar moveu-se rapidamente por pressão dos manifestantes na (Praça) Tahrir. Nas últimas semanas, cresceram as críticas a Tantawi e à junta militar pela lentidão e por tratar Mubarak como seu comandante", disse Shadi Ghazali Harb, integrante de um movimento de jovens pró-democracia.
Na prisão de Tora, para onde foram levados os irmãos Mubarak, estão vários integrantes do alto escalão do antigo regime. Habib el-Adly, ministro do Interior que ordenou a repressão contra os manifestantes, e Ahmed Nazif, ex-premiê do ditador, aguardam julgamento no centro de detenção.
O jornal egípcio Al-Ahram noticiou ontem que os filhos de Mubarak chegaram à prisão com roupas simples e barba por fazer. "Não parecia o Gamal que estávamos acostumados a ver na TV", disse o diário. / REUTERS e NYT


LÍBIA
Rebeldes líbios serão financiados por coalizão
Países que apoiam os dissidentes já falam em enviar armas aos opositores de Kadafi

Andrei Netto - O Estado de S.Paulo

Ministros das Relações Exteriores de mais de 20 países-membros da coalizão que apoia os rebeldes da Líbia anunciaram ontem, em Doha, no Catar, a criação de um fundo para dotar o movimento oposicionista de recursos financeiros. Os insurgentes também receberão "ajuda material", segundo a coalizão. Nas entrelinhas, chanceleres de diferentes países deixam aberta a possibilidade de fornecer armas para a luta contra as tropas de Muamar Kadafi.
A criação de um fundo havia sido informada antes mesmo do início da reunião pelo chanceler britânico, William Hague. Em entrevista à rede de TV BBC, ele revelou que a coalizão estudava a criação de um "mecanismo financeiro" que permitiria ao Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão formado por rebeldes de Benghazi, manter os serviços públicos básicos durante o conflito.
Segundo Hague, Londres não contribuirá com o fundo, que deve ser alimentado por países do Golfo Pérsico favoráveis à rebelião, casos de Catar e Emirados Árabes. "Ajudamos em outros assuntos", disse. "Enviamos equipamentos de telecomunicações que salvaram vidas."
Ao término do evento, um comunicado oficial confirmou a criação do fundo, que terá o objetivo de "dotar o CNT e a comunidade internacional de meios para gerenciar a ajuda e para responder às necessidades urgentes". O volume de recursos previsto para o mecanismo, entretanto, não foi informado.
Sobre o fornecimento de armas, o comunicado é ambíguo, mencionando ajuda material, mas sem especificar o equipamento bélico. No entanto, diferentes declarações de autoridades presentes ao evento deram sinais de que o suprimento de armas pode estar começando.
De acordo com Franco Frattini, ministro das Relações Exteriores da Itália, o consenso entre os chanceleres é o de que o eventual fornecimento de armas não contrariaria as resoluções tomadas pela ONU.
"A resolução 1.973 não proíbe o fornecimento de armas defensivas", disse o italiano. "Ou nós damos a essas pessoas meios de se defenderem ou nós nos liberamos da obrigação de defender a população da Líbia."
Outro que defendeu abertamente o fornecimento de armas foi o primeiro-ministro do Catar, o xeque Hamad bin Jassim al-Thani. "O povo líbio tem o direito de assegurar sua defesa dos ataques contínuos das forças pró-Kadafi", afirmou. "A defesa necessita de equipamentos que não sejam ofensivos, mas defensivos."
Na véspera da reunião, o porta-voz do CNT, Abdel Hafiz Ghoga, tinha dito claramente que o fornecimento de armas seria uma das prioridades dos insurgentes. Ghoga revelou que estaria negociando com a coalizão a respeito do tema. "Nós apresentamos uma lista de equipamentos militares e técnicos que precisamos", disse.
Além dos recursos financeiros e do fornecimento de armas, a reunião de Doha ampliou o reconhecimento do CNT como interlocutor diplomático reconhecido pelos países da coalizão - França e Itália já o haviam reconhecido - e reiterou a exigência de um cessar-fogo nos termos estabelecidos pela ONU.
Saída de Kadafi. "Kadafi deve se retirar de todas as cidades nas quais ele entrou pela força", diz o texto, que exorta o líder líbio a aceitar o cessar-fogo imediato. Como de praxe, a saída de Kadafi também foi pedida pelos ministros de Relações Exteriores como a única opção para o fim da crise política no país. / COM AFP e REUTERS

Ataques
A Otan lançou ontem novos ataques aéreos contra alvos de Muamar Kadafi, em meio aos pedidos dos rebeldes de uma campanha aérea mais intensa que lhes permita avançar

 FONTE: ESTADO DE SÃO PAULO

Nenhum comentário:

Postar um comentário