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quinta-feira, 7 de abril de 2011

07 de abril de 2011 - ESTADO DE SÃO PAULO


DESTAQUE DE CAPA
Governo amplia IOF para conter dólar
Imposto incidirá sobre empréstimos de prazo mais longo no exterior; Mantega diz evitar medidas "drásticas" por causa de "efeitos colaterais"

Preocupada com a valorização do real e com o aumento do crédito no País, a Fazenda decidiu estender a cobrança de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para todos os empréstimos tomados fora do País com prazo inferior a dois anos. A medida tem como objetivo reduzir a entrada de dólares e, com isso, evitar uma alta ainda mais forte do real. O ministro Guido Mantega negou que esteja adotando soluções a conta-gotas, mas admitiu que está evitando “tomar medidas mais drásticas", porque elas “têm efeitos colaterais". O anúncio da nova medida, quando o dólar esteve prestes a romper a marca de
R$ 1,60, evidenciou a estratégia do governo de defender pisos informais para o câmbio. O padrão de sempre o mesmo: quando o dólar ameaça ultrapassar uma taxa considerada simbólica, a equipe econômica acena com novas medidas e, algum tempo depois, ações são efetivamente acionadas.



NACIONAL
Piloto de Dilma infiltra amiga em avião presidencial e põe em xeque segurança
Comandante do avião da Presidência da República Geraldo Corrêa de Lyra Júnior autorizou embarque de irmã de uma das comissárias sem conhecimento da presidente em viagem a Natal, no carnaval; agora, coronel embarcará em missão oficial à China

Leandro Colon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

O comandante do avião da Presidência da República, coronel Geraldo Corrêa de Lyra Júnior, infiltrou uma amiga nos voos de ida e volta que levaram Dilma Rousseff para descansar em Natal (RN) no carnaval. O episódio abriu uma crise no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela segurança da presidente. O coronel botou no avião presidencial a professora de educação física Amanda Correa Patriarca, irmã de Angélica Patriarca, comissária da mesma aeronave.
Ao Estado, Amanda disse que o coronel ajudou a colocá-la no avião de última hora porque ele é "amigo" de sua família (veja entrevista abaixo). Ela afirmou que a presidente Dilma Rousseff não sabia de sua presença. Todos viajaram a Natal e ficaram na cidade a passeio entre 4 e 8 de março.

Ousadia. A presença de uma estranha alojada de improviso no avião presidencial, sem a ciência de Dilma, foi considerada internamente um risco às regras no aparato de segurança e uma ousadia ao rigor militar. Ontem, questionado pelo Estado, o GSI entrou numa operação com o Palácio do Planalto para evitar expor o episódio.
A "carona" despertou a atenção dos integrantes da base aérea em Brasília, também comandada pelo coronel Lyra Júnior. Contrariados, funcionários despacharam, no voo de volta, a mala de Amanda Patriarca diretamente para o gabinete da presidente Dilma Rousseff, para que, assim, o caso fosse descoberto pela alta cúpula do Palácio do Planalto. A professora, aliás, usou uma mala do Grupo de Transporte Especial (GTE), entregue a todos os passageiros, para que sua presença no avião presidencial não fosse notada.
Procurada pelo Estado, Amanda Patriarca confirmou que viajou no avião presidencial para passear em Natal no carnaval. Segundo ela, a autorização foi dada pelo coronel Lyra Júnior um dia antes do embarque.

Missões. O comandante Geraldo Corrêa de Lyra Júnior foi quem recebeu o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na base aérea de Brasília no dia 18 de março.
Na última segunda-feira, o Diário Oficial da União publicou autorização para Lyra Júnior integrar o comando aéreo da viagem de dez dias que a presidente Dilma Rousseff fará à China a partir de amanhã.
Na avaliação interna do Palácio do Planalto, a atitude do comandante da base aérea poderia colocar em xeque a autoridade de Dilma já que, teoricamente, somente ela teria a prerrogativa de convidar passageiros para seu voo. Na viagem a Natal, no carnaval, ela levou a filha Paula, o neto Gabriel, o genro Rafael, a mãe, Dilma Jane, a tia, e o ex-marido, Carlos Araújo.
Todos se hospedaram no hotel de trânsito do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, que pertence à Aeronáutica. Já a tripulação do avião presidencial - incluindo o coronel Lyra Júnior e a comissária Angélica Patriarca - e a professora Amanda ficaram num hotel em Natal.

Justificativas. A reportagem procurou ontem o GSI para se manifestar oficialmente sobre o episódio. A assessoria do órgão repassou o caso para a Presidência da República.
O Estado perguntou, por exemplo, a razão pela qual o coronel Lyra autorizou a presença de um estranho ao voo presidencial. A reportagem questionou ainda se é uma prática rotineira dar carona de última hora a amigos e parentes de tripulantes no avião oficial e se há alguma investigação interna para apurar a conduta do coronel.
A assessoria do Planalto, oficialmente, disse, numa breve nota, que somente autoridades dos Três Poderes têm autorização para solicitar ao GTE, comandado pelo coronel Lyra Júnior, a presença de passageiros. Ou seja, ele não poderia ter colocado uma amiga no voo presidencial. A assessoria não quis comentar sobre a presença de Amanda Patriarca na aeronave. "Esclarecemos que as autoridades dos três Poderes legalmente habilitadas a solicitar os serviços do Grupo de Transporte Especial (GTE) têm autonomia para, diretamente ou por intermédio de suas assessorias, determinar quais passageiros estarão presentes nos voos destinados ao atendimento de sua solicitação. Em relação a listas de passageiros de voos presidenciais, informamos que as mesmas não são passíveis de divulgação, total ou parcial", disse a assessoria.
A comissária Angélica faz parte da equipe de nove mulheres militares selecionadas, entre 37 candidatas, pela Força Aérea Brasileira (FAB) para serem comissárias de bordo do avião presidencial. Elas são sargentos e foram treinadas para atuar ao lado de Dilma Rousseff nas viagens.


ANÁLISE
Passageira expõe fragilidade de sistema até então elogiado

Roberto Godoy - O Estado de S.Paulo

A manda Patriarca, a clandestina no avião mais vigiado do País, provou a doutrina dos serviços de segurança presidencial: o círculo de garantia dos chefes de Estado só pode ser rompido por causa de uma falha interna. Respeitado pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos - responsável pela Casa Branca, pelo presidente e por todas as autoridades listadas na linha de sucessão do governo - o time de agentes sob comando do Gabinete de Segurança Interna(GSI) costuma agir com eficiência e discrição.
Os homens e mulheres são militares e policiais federais. Recebem treinamento intenso, físico e psicológico. Aprendem a procurar o que é definido como "o rosto do atentado", um indivíduo tenso, de olhar fixo, eventualmente vestindo agasalho sob o sol quente, usando óculos escuros. Talvez pálido e transpirando muito.
Atiradores de precisão, estão preparados para pular na frente do tiro que poderia atingir o presidente. Sacam suas armas, pistolas e automáticas leves muito depressa. A regra é jamais abotoar o paletó dos ternos escuros. Sem obstáculos entre a mão e o coldre.
Nada disso, entretanto, pode superar a transgressão às normas. A frota presidencial, controlada pelo Grupo de Transporte Executivo (GTE) da Aeronáutica, é mantida sob guarda armada e observação eletrônica em período integral. Todos os serviços de bordo, da limpeza ao abastecimento das cozinhas, são feitos por pessoal verificado pelo Gabinete de Segurança Institucional.
Os tripulantes de cabine, as comissárias solicitadas pela presidente Dilma Rousseff, saem dos quadros da Força Aérea, da mesma forma como os experimentados comandantes.
Deveria ser um processo à prova de surpresas, ajustado e reciclado permanentemente. Ocorre, no entanto, que "mais uma vez a proximidade do Poder levou à confusão de uso partilhado do que é exclusivo do Poder", analisa uma cientista social brasileira agregada ao Real Instituto Elcano de Estudos Estratégicos, em Madri. Para a pesquisadora, que não quer ser identificada, o baixo risco a que estão expostos os governantes da América do Sul e a percepção de que a passageira clandestina poderia ser tolerada quebraram o rígido protocolo da segurança e expuseram a fragilidade do sistema tido, até agora, como o melhor - e mais caro - do continente.


ENTREVISTA: AMANDA PATRIARCA, professora de educação física
''Não pode qualquer pessoa ir com Dilma na aeronave''

Leandro Colon - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA

Em entrevista ao Estado, a professora de educação física Amanda Corrêa Patriarca conta como conseguiu viajar no avião presidencial para passear no carnaval em Natal.
Ela confessa que a autorização foi dada pelo comandante da aeronave, o coronel Geraldo Lyra Júnior. E confirma que sua mala foi parar no gabinete da presidente Dilma Rousseff. "Foi parar na Dilma, mas depois me devolveram", disse a professora.

Você foi no avião presidencial para Natal passar o carnaval?
Sim, eu fui.

Você foi e voltou?
Sim, no mesmo avião.

E você falou com a presidente?
Não, só (tive contato) visual e por fora do avião. Ela fica numa outra cabine, com a família. Na cabine, só ficam pessoas que ela permite. Tem um cabine que fica atrás da dela, ainda tinha lugar. E fui no lugar da tripulação.

E quem autorizou?
O comandante da aeronave.

O coronel Geraldo Lyra?
Sim.

E qual a relação sua e de sua irmã com ele?
Ele é amigo da família, amigo dos meus pais.

E quando você soube que poderia viajar de carona no avião presidencial?
Fiquei sabendo um dia antes. Não é permitindo sempre, tem que ter lugar vazio. E não pode qualquer pessoa ir na aeronave com ela.

É verdade que sua mala foi parar no gabinete presidencial?
Sim, foi parar na Dilma, mas depois me devolveram.

E no hotel você ficou com a tripulação?
Sim, mas eu tive que pagar uma cama extra no quarto das comissárias.



AVIAÇÃO
Voo da TAM faz escala inesperada em Manaus

Passageiros do voo 8081 da TAM, que fazia a rota Nova York-São Paulo, foram surpreendidos com uma escala inesperada no Aeroporto de Manaus. Segundo a companhia, a aeronave precisou passar por "manutenção não programada" e saiu com 2h40 de atraso de Nova York. No meio do caminho, a carga horária da tripulação extrapolou e o pessoal de bordo precisou ser trocado em Manaus. O voo, que seria direto, partiu do Aeroporto John F. Kennedy à meia-noite e chegou a São Paulo apenas às 14h06.



BNDES pode ampliar financiamento de obras de aeroportos
‘Sem dúvida podemos dar um apoio mais forte’, afirmou o presidente do banco de fomento
06 de abril de 2011 | 15h 35

Reuters

RIO - Com a indicação do diretor de infraestrutura do BNDES, Wagner Bittencourt, para a Secretaria de Aviação Civil, o banco pode ampliar sua participação no financiamento de obras em aeroportos no país, disse nesta quarta-feira o presidente da instituição, Luciano Coutinho.
A situação dos aeroportos é uma das principais preocupações do país na preparação para grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
"Sem dúvida podemos dar um apoio mais forte", disse Coutinho após participar de evento do banco no Rio de Janeiro. "Como banco de desenvolvimento, temos que apoiar projetos com consistência... vamos analisar", declarou.
Alguns aeroportos do país estão saturados e com estrutura ultrapassada. A presidente Dilma Rousseff já afirmou que seu governo fará uma "intervenção" nos aeroportos, que incluirá concessões e atração de investimentos privados para o setor.
A criação da Secretaria de Aviação Civil, englobando a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Infraero, estatal que administra os aeroportos do país, é parte desta intervenção planejada por Dilma, e Bittencourt, anunciado na terça-feira como escolhido para chefiar o novo órgão, sai justamente da diretoria do BNDES.
"Aeroporto, no mundo inteiro, é uma atividade muito rentável, tem capacidade de sustentação e de suportar financiamento. Não vemos isso como problema, mas como oportunidade", disse Coutinho.
O presidente do BNDES também fez uma defesa do projeto do trem de alta velocidade (TAV) para ligar Rio de Janeiro e São Paulo. Para ele, trata-se de "um projeto estratégico para a conexão entre duas metrópoles brasileiras".
Coutinho avaliou que um eventual adiamento do leilão do TAV poderia provocar um aumento no número de investidores interessados em participar do projeto.
Na quinta-feira o Ministério dos Transportes e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) decidirão, formalmente, se o leilão do projeto, marcado para o dia 29 deste mês, será adiado.
Uma fonte do governo antecipou à Reuters na semana passada que a licitação deverá ser remarcada para julho. Se confirmado, esse será o segundo adiamento, já que, inicialmente, a licitação estava marcada para dezembro passado.
As empresas interessadas pedem mais tempo para analisar a viabilidade econômico-financeira do empreendimento.
No final da terça-feira, a Câmara dos Deputados aprovou que a União ofereça garantias para um financiamento de até R$ 20 bilhões do BNDES para o projeto, que tem custo total estimado pelo Tribunal de Contas da União em R$ 33 bilhões

http://economia.estadao.com.br/noticias/not_61722.htm


Airbus antecipará lançamento do A320neo em seis meses
06 de abril de 2011 | 14h 44

REUTERS

PARIS - A Airbus planeja adiantar em seis meses o início das operações da linha remodelada de aviões A320, algo fundamental na batalha contra a Boeing e para afastar rivais emergentes no segmento de aviões de grande porte.
O modelo de economia de combustível do avião mais vendido da companhia agora estará disponível em outubro de 2015, disse a Airbus em comunicado, citando uma "espetacular recepção do mercado" com mais de 300 compromissos de compra desde que o A320neo foi apresentado, em 1o de dezembro.
Cancelamentos das atuais aeronaves A320 tiveram peso nos pedidos da companhia nos três primeiros meses do ano, de acordo com estatísticas divulgadas nesta quarta-feira pela Airbus.
A companhia aérea de baixos custos do Kuwait Jazeera Airways cancelou ordens de 25 aviões A320 no mês passado, depois que a unidade de leasing da empresa aeroespacial de Dubai DAE Capital cancelou pedidos de 18 aeronaves do mesmo modelo e 12 A350-900 em fevereiro.
Os 43 pedidos de A320 cancelados representam, em preços de tabela, cerca de 3,7 bilhões de dólares.
Os pedidos brutos da empresa do primeiro trimestre totalizaram 69, com 68 cancelamentos levando os pedidos líquidos a apenas um avião. A Airbus entregou 119 aviões no período, incluindo quatro superjumbos A380.
De acordo com os mais recentes dados, a arquirrival norte-americana Boeing vendeu 135 aviões entre 1o de janeiro e 29 de março e registrou 88 pedidos líquidos após ajustes de cancelamentos.
A Airbus afirmou que tem como meta entregar de 520 a 530 aeronaves neste ano, com pedidos firmes superando esta estimativa.
O movimento para acelerar o lançamento do A320neo vem em um momento em que a Boeing estuda lançar uma nova versão do seu jato de passageiros 737.
Os dois aviões competem no maior segmento do mercado de aviação, estimado em 1,7 trilhão de dólares pelos próximos 20 anos.

(Por Tim Hepher e James Regan)

http://economia.estadao.com.br/noticias/not_61706.htm
SOCIEDAD INTERAMERICANA DE PRENSA
SIP abre com elogio ao Brasil e à democracia
Em reunião na Califórnia, ex-presidente do México cita avanço democrático e chama Chávez de ''gorila''

Gabriel Manzano - O Estado de S.Paulo

As democracias "estão em crescimento" no continente "e um exemplo disso é o Brasil", que tinha uma economia 25% menor que a do México e hoje está 25% à sua frente. Um caso concreto "é o da Petrobrás, que superou a Pemex (estatal de petróleo mexicana)". Foi assim, entre elogios ao Brasil e ironias contra o venezuelano Hugo Chávez, chamado de "gorila", que o ex-presidente do México Vicente Fox abriu ontem em San Diego, na Califórnia (EUA), a Reunião de Meio de Ano da Sociedad Interamericana de Prensa (SIP).
Fox falou durante almoço solene no auditório do San Diego Marriott e Marina, para uma plateia de cerca de 150 editores e jornalistas. Além dos filiados da SIP, participam do encontro os da American Society of News Editors (Asne), entidade equivalente à SIP nos EUA, que reúne a mídia impressa e publicações da internet. A reunião vai até sábado, quando serão aprovados os relatórios finais sobre a situação da liberdade de imprensa em cada país.
Fox politizou o encontro já no primeiro dia. Falou de drogas, defendendo sua descriminalização. Condenou a proposta de migração em debate no Congresso americano, que interessa diretamente a trabalhadores do México, afirmando que "é melhor fazer pontes do que muros". Também admitiu que, quando presidente, não gostava das críticas da imprensa, mas acabou compreendendo a importância e a ajuda que ela dava a seu trabalho.
Nas referências ao Brasil, ele atribuiu ao governo Fernando Henrique Cardoso um papel essencial "por executar uma política de defesa do livre comércio e da liberdade".
Antes de abertura oficial já havia sido realizado um primeiro painel, com o tema "A internet vai salvar ou acabar com os jornais?". O palestrante, Mark Willes, contou a aventura de seu jornal, o Deseret News, de Salt Lake City, que sofreu duros golpes com o avanço da internet, quase fechou, mas conseguiu recuperar-se. "Estamos reinventando dramaticamente o que fazemos e como fazemos o nosso trabalho", disse Willes.
Sua fala deu o tom do que acontecerá até o fim do encontro: as novas tecnologias, o celular e o futuro dos jornais estarão no centro das atenções. O contraponto será a apresentação dos relatórios sobre a imprensa em cada país, na Comissão de Liberdade de Imprensa da SIP.

Censura. Tais relatórios começam a ser lidos esta tarde e o do Brasil, apresentado por Paulo de Tarso Nogueira, do Estado, deve ser um dos primeiros. A censura judicial ao jornal, que chega hoje a seu 615º dia, constitui um dos eixos de seu levantamento.
O texto brasileiro relata ainda casos de assassinatos, como o do radialista Francisco Gomes de Medeiros, em Caicó (RN), em outubro de 2010, e o de José Rubem de Souza, diretor do Entre-Rios Jornal, de Entre-Rios (RJ), um mês depois. Há também denúncias de agressões, atentados, censura a sites e blogs e ameaças pessoais sofridas por jornalistas em todo o País.
Segundo o relatório, a mudança de governo "atenuou alguns focos de tensão" e a atual governante "desde seu primeiro discurso fez questão de afirmar seu compromisso com respeito à liberdade de imprensa".
Outro dos temas é a mudança ocorrida na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República: com a saída de Franklin Martins, "perderam força, embora sem desaparecer por completo, as propostas de regulamentação da mídia".



METRÓPOLE
Rio deve inaugurar UPP no Alemão até setembro
06 de abril de 2011 | 18h 47

PEDRO DANTAS - Agência Estado

A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro informou que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Complexo do Alemão, na zona norte da capital fluminense, pode ser inaugurada no final de setembro, para substituir a Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército, que ocupa o conjunto de favelas desde dezembro do ano passado.
A UPP do Complexo do Alemão deve contar com mais de 2.200 homens. Eles ficarão divididos em pelo menos 10 UPPs espalhadas pelas favelas do complexo. A pacificação deve beneficiar a população da favela e dos bairros próximos, estimada em 300 mil pessoas, de acordo com o governo do Rio.
Em janeiro, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, já havia anunciado que espalharia 10 UPPs pelo Complexo do Alemão. Na ocasião, ele disse que as bases das futuras unidades já estariam "mapeadas e analisadas".
O Exército e a Polícia Militar ocuparam o complexo de favelas após os ataques de traficantes contra ônibus, iniciados em novembro de 2011. A ocupação modificou o cronograma para inauguração de UPPs no Estado, pois a PM teve que priorizar a formação de policiais para substituir o Exército.
Até o final do ano, a PM deve formar 7 mil praças. Pelo menos 2.200 deles vão trabalhar nas UPPs do Alemão e do Complexo da Penha, outros 250 vão atuar nas unidades do Complexo do São Carlos, no Estácio, na zona norte do Rio, que está ocupado pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,rio-deve-inaugurar-upp-no-alemao-ate-setembro,702606,0.htm


PM de Sergipe é presa por sair para fazer xixi

Antonio Carlos Garcia - O Estado de S.Paulo
ESPECIAL PARA O ESTADO - ARACAJU

A soldado da Polícia Militar de Sergipe, Ediana Barbosa de Oliveira, foi presa em flagrante pelo capitão Donald Antônio Araújo da Costa por ter se ausentado do serviço para fazer xixi em casa, a 200 metros dali. Detalhe: no posto de Polícia Comunitária onde ela trabalhava, em São Cristóvão, região metropolitana de Aracaju, não há banheiro nem alojamento feminino. O caso foi parar na Justiça Militar.
A prisão ocorreu no domingo à noite, por telefone. Visivelmente irritado, o capitão disse que Ediana abandonou o posto - um crime previsto no Código Militar - e por isso seria presa.
A militar foi levada para o Presídio Militar (Presmil), mas, como não há alojamento feminino no local, foi transferida para o Quartel do Comando Geral (QCG), no centro de Aracaju. Anteontem, saiu depois de um habeas corpus pedido pela Associação Integrada de Mulheres da Segurança Pública de Sergipe.
Ontem, Ediana voltou ao trabalho, mas em outra unidade. A presidente da associação, Svetlana Barbosa da Silva, disse que a tropa está indignada com o caso. Já Donald informou, por meio da Assessoria de Comunicação da PM, que apenas cumpriu o previsto no Regime Disciplinar do Exército (RDE), usado pela polícia sergipana.


ITAIPU
Câmara aprova acordo que triplica custo de Itaipu

DENISE MADUEÑO - Agencia Estado

BRASÍLIA - Com uma demora de um ano e sete meses, o plenário da Câmara aprovou ontem à noite o acordo entre os governos do Brasil e do Paraguai sobre o valor da energia gerada em Itaipu. Em setembro de 2009, o Brasil aceitou pagar três vezes mais ao Paraguai pela cessão da energia não consumida pelo país vizinho, subindo dos atuais US$ 120 milhões para US$ 360 milhões anuais.
O atraso na aprovação do acordo pelo Legislativo brasileiro está criando uma saia-justa para a presidente Dilma Rousseff. Ela pretende viajar em maio ao Paraguai, mas não poderá chegar lá sem a concretização do acordo. A alteração no Tratado de Itaipu já foi aprovada pelo Parlamento paraguaio. O DEM e o PSDB tentaram evitar a votação da proposta, usando a estratégia de obstrução. Após quase cinco horas de sessão, às 23h44, a proposta foi aprovada com os votos contrários dos dois partidos. O placar registrou 285 votos a favor e 54 contrários. O acordo terá de ser votado ainda pelos senadores.
A votação deixou claro que a decisão de pagar mais pela energia de Itaipu não é apenas uma conta numérica e uma discussão econômica. Estão em cena a relação política e diplomática com o Paraguai e a estratégia geopolítica do governo. Ao acertar rever o tratado com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a importância de o Brasil não ter um país pobre como vizinho e de combater a desigualdade regional.
O relator da proposta na Câmara, deputado Doutor Rosinha (PT-PR), ao defender a proposta, disse que o acordo representa pouco para o Brasil, mas significa bastante para o Paraguai. Segundo Rosinha, a remuneração pela energia de Itaipu representa cerca de 20% do total das receitas do Paraguai.

TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO
Países do Golfo se juntam para forçar ditador do Iêmen a deixar o poder
Sob a liderança da Arábia Saudita, governos árabes querem que Saleh, no poder há 32 anos, entregue poder a um conselho de transição formado por partidos de oposição e líderes tribais

Os governos da Arábia Saudita e de outros países do Golfo já articulam um acordo para que o presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, deixe definitivamente o poder para um conselho tribal e político. O Iêmen foi tomado nos últimos dois meses por grandes protestos, reprimidos com violência pelas forças de Saleh. Opositores exigem a saída imediata do presidente - no poder desde 1978 - e reformas democráticas.
O plano será formalmente apresentado em uma reunião na Arábia Saudita, na qual líderes árabes pretendem pressionar o presidente iemenita a renunciar e acatar pelo menos parte das reivindicações da oposição. Líderes tribais do Iêmen também participarão do encontro.
Mais de cem pessoas morreram na onda de protestos no país da Península Arábica, embora grupos independentes afirmem que o número de vítimas seja ainda maior. No dia 18, supostos agentes do governo de Saleh abriram fogo contra opositores desarmados, matando 52 civis.
O episódio levou o presidente a decretar estado de emergência, enquanto vários líderes tribais e militares anunciavam que passariam a apoiar a oposição.
"A proposta é ter, por um período de meses, um conselho administrativo capaz de abranger todos os partidos e tribos", disse um alto funcionário. "Esse conselho abrirá caminho para as eleições."
Ontem, em Nova York, o primeiro-ministro do Catar, sheik Hamad bin Jassim al-Thani, também disse esperar um acordo político em breve para por fim à crise iemenita. "Esperamos que cheguemos a um pacto", afirmou Thani a jornalistas.
"Nós (países do Golfo) nos encontramos nos últimos dias em Riad e estamos enviando uma proposta para ele (Saleh) e para a oposição. Esperamos que ocorra um encontro entre sua equipe e a oposição para tentar encontrar uma solução para esse problema", completou o líder do Catar.
O ministro das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, xeque Abdullah bin Zayed al-Nahayan, disse que a data da reunião ainda não foi marcada. "Ainda não falamos com todas as partes", disse.
Ali Mohsen, general iemenita que se juntou à oposição e tornou-se uma das figuras proeminentes do movimento anti-Saleh, elogiou a iniciativa dos países do Golfo. Ele espera que a transição vá ao encontro das "demandas da revolução pacífica da juventude", informou um de seus assessores.
Al-Qaeda. Sob crescente isolamento, Saleh tem aumentado o tom do discurso contra a oposição. No fim de semana, ele disse a partidários em Sanaa que defenderia o Iêmen "com sangue e alma" até as eleições, marcadas para o fim deste ano.
O governo de Saleh é aliado-chave dos EUA na luta contra a Al-Qaeda da Península Arábica, cuja base operacional é no Iêmen. O governo Barack Obama, porém, já indicou extraoficialmente que não pretende apoiar o presidente contra a oposição. O Iêmen é ainda palco de duas lutas autonomistas: uma xiita no norte, outra no sul. / REUTERS

PARA LEMBRAR
Em eleição indireta, Ali Abdullah Saleh chegou ao poder do Norte do Iêmen em 1978, pouco após seu antecessor ser assassinado em um atentado atribuído ao Iêmen do Sul. Os dois "Iêmens" travavam combates intermitentes: a capital do Norte era Sanaa (a mesma de hoje), enquanto a do sul era Áden.
A queda da URSS, aliada de Áden, enfraqueceu o sul, que acabou por negociar um acordo com Sanaa. Os dois unificaram-se em 1990, formando a República do Iêmen. Cada região ficou com metade dos ministérios e Saleh foi mantido à frente do governo. Com uma estrutura política difusa e um Estado fraco, o país atraiu militantes da Al-Qaeda expulsos da Arábia Saudita.


Combate na Líbia chega a ''impasse'', diz França
Chanceler francês admite vender armas para que rebeldes superem tropas de Kadafi

Andrei Netto - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / PARIS

O conflito entre Forças leais ao regime de Muamar Kadafi e insurgentes líbios caminha para um "impasse militar". A avaliação foi feita ontem por Alain Juppé, chanceler da França, um dos países que lidera a coalizão.
Segundo ele, depois de destruir 30% do poder de fogo das Forças Armadas líbias, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) enfrenta dificuldades para atacar, pois o regime agora usa veículos e armas mais leves e mistura-se à população civil, usando-a como escudo.
A admissão de que os enfrentamentos na Líbia podem não levar à solução do conflito veio após dez dias de impasse no campo de batalha. No leste, grupos pró e contra o regime se enfrentam nos arredores do porto de Brega, a 790 quilômetros de Trípoli, sem que nenhum dos dois grupos consiga avançar. No oeste, rebeldes seguem sitiados em cidades como Zintan e Nalut.
"No terreno, a situação militar é confusa e indefinida, e o risco de estagnação existe", afirmou Juppé, em entrevista à rádio France Info. O chanceler francês definiu o conflito como "difícil", mesmo ponderando que, desde o início dos bombardeios, as coisas evoluíram, porque "grande parte dos aviões, helicópteros e canhões de Kadafi foi destruída".
Diante do impasse, Juppé não descartou nem mesmo a possibilidade de fornecer armas aos rebeldes, assunto que vem sendo debatido há algum tempo, mas que ainda não é consenso entre os países da coalizão.
"Há um embargo de armas destinadas à Líbia, ou seja, às tropas de Kadafi. Logo, não há embargo de armamentos destinados à oposição", argumentou Juppé. O fornecimento de armas, entretanto, provoca controvérsia até mesmo no interior do governo francês, já que o ministro da Defesa, Gérard Longuet, considera que a medida está em desacordo com as resoluções 1970 e 1973 da ONU, que autorizaram a ofensiva.
O chanceler francês também afirmou que pediria uma reunião com o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, para discutir a ação militar na cidade de Misrata. Ontem, rebeldes realizaram em Benghazi um protesto contra a aliança atlântica, alegando que os bombardeios perderam o ritmo desde que o comando dos ataques foi passado dos EUA para a Otan, há seis dias.

Massacre. A crítica mais forte recai sobre a situação de Misrata, terceira maior cidade da Líbia, há 40 dias nas mãos dos rebeldes, mas que há várias semanas sofre um cerco das tropas de Kadafi. Desde então, mais de 200 pessoas teriam morrido, duas delas na terça-feira, quando o regime teria bombardeado o centro urbano durante sete horas.
A cidade está sem água, luz e sem alimentos. Há relatos de falta de produtos básicos, como leite. "Se a Otan esperar mais uma semana, será o fim de Misrata. Nós não encontraremos ninguém na cidade", afirmou o general Addel Fattah Younis, líder militar dos rebeldes.
À tarde, a porta-voz adjunta da Otan, Carmen Romero, afirmou que Misrata seria uma prioridade da operação militar, cuja população civil seria protegida.


Em carta, Kadafi faz pedido a Obama

Andrei Netto - O Estado de S.Paulo

Muamar Kadafi, pediu em carta enviada ontem à Casa Branca o fim dos bombardeios da Otan. Na mensagem, ele se dirige a Barack Obama como "nosso filho" e "excelência". Em resposta, a Casa Branca afirmou que Kadafi "sabe o que tem de fazer" para frear os bombardeios.


Lula se oferece para negociar fim do conflito

Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / WASHINGTON

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou disposição ontem para intermediar uma solução para o conflito na Líbia. Depois de palestra remunerada no Fórum de Líderes do Setor Público, promovido em Washington pela Microsoft, Lula garantiu não ter sido designado para a função pela presidente Dilma Rousseff, mas disse ter interesse em ajudar.
"Ninguém me chamou. Não sei se ninguém quer. Se a minha presidente ou alguém achar necessário e disser que o Lula pode contribuir, eu contribuiria tranquilamente", afirmou.
O Brasil tem mantido uma posição discreta em relação ao conflito na Líbia. No Conselho de Segurança da ONU, votou a favor da condenação do regime líbio por violações dos direitos humanos e se absteve na resolução que aprovou a intervenção militar. Nenhuma atitude voluntária de intermediação foi apresentada pelo Planalto ou pelo Itamaraty.
Em dezembro de 2003, em visita oficial à Líbia, Lula referiu-se ao ditador Muamar Kadafi como "companheiro e amigo" durante jantar em sua homenagem do qual participaram Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, e Mohamed Ben Bella, líder da independência da Argélia.
Questionado sobre o tratamento dado ao ditador, Lula se defendeu. "Não fale uma sandice dessa. Conheço as pessoas e sei como me referir a elas", disse. "Jamais falaria isso por uma razão muito simples: porque eu tenho discordância política e ideológica (com Kadafi)."


COSTA DO MARFIM
Fracassa negociação para saída de líder da Costa do Marfim
Casa de Gbagbo ainda está cercada e intenso ataque de opositor é repelido

Jamil Chade - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / GENEBRA

Fracassaram as negociações para a rendição de Laurent Gbagbo na Costa do Marfim e a residência onde está o presidente de facto do país foi ontem palco de uma intensa batalha. Forças leais a Alassane Ouattara, presidente eleito em novembro e reconhecido pela comunidade internacional, invadiram a mansão para capturar Gbagbo, mas até o início da noite, as tropas do presidente de facto, fortemente armadas, ainda resistiam.
O governo francês, com a ajuda da ONU, tentou negociar um acordo para que Gbagbo deixasse o poder. O diálogo se concentrou na forma de rendição e nas garantias que ele exigia para não ser levado a cortes internacionais. Além disso, Paris queria que Gbagbo reconhecesse por escrito que Ouattara venceu a eleição, em um documento ratificado pela ONU.
Outro ponto de discórdia foi o destino de Gbagbo. O líder quer continuar em Abidjã sob proteção da ONU. Ouattara, porém, insiste na saída do presidente de facto do país. Entre os países que já ofereceram asilo a Gbagbo estão África do Sul, Togo e Angola - que violou embargos da ONU e forneceu armas a Abidjã nos últimos meses. Gâmbia e Mauritânia também aceitaram receber o líder marfinense.
As negociações desandaram porque Gbagbo exigiu um encontro com Ouattara para a formação de um governo de união nacional. Sem acordo, as tropas do rival romperam os portões de sua mansão com o objetivo de retirar Gbagbo do bunker construído sob sua casa. Para não perder o apoio internacional, a ordem era capturá-lo vivo e levá-lo a um tribunal.
Em comunicado, Ouattara garantiu que quer o presidente de facto vivo, mas acusou Gbagbo de usar a negociação apenas para ganhar tempo e reposicionar suas tropas. "Entraremos em sua residência para acabar com essa comédia."
Surpreendentemente, as tropas do presidente de facto, fortemente armadas, acabaram repelindo o ataque de ontem. Moradores relataram que as explosões fizeram os edifícios da região tremerem. No início da noite, as tropas de Ouattara se reagruparam para preparar uma nova investida.
A França garantiu que nem Paris nem a ONU participaram do ataque. Diplomatas de várias partes do mundo pediram que Gbagbo acabe com o conflito. "Ele não pode fazer isso com seu povo. Não há qualquer futuro para ele", alertou Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU.
O chanceler francês, Alain Juppé, classificou de "absurdo" o comportamento do presidente de facto. "As negociações fracassaram por causa da intransigência de Gbagbo", disse Juppé. "Mas ele está sozinho. Todos o abandonaram.".
Apesar do impasse, o almirante Édouard Guillaud, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas francesas, e o ministro da Defesa do país, Gérard Longuet, garantiram que a queda de Gbagbo é uma "questão de horas".
Porta-vozes de Gbagbo na Europa, no entanto, classificaram o ataque de ontem à residência oficial como uma tentativa da França de "assassinar" o presidente de facto. No bunker, Gbagbo está acompanhado de sua esposa Simone e de alguns filhos.

TURBULÊNCIA

Causa
Em 28 de novembro, Alassane Ouattara ganha as eleições para presidente. No poder desde 2000, Laurent Gbagbo contesta resultado e rejeita deixar o cargo

Efeito
Ouattara lança ofensiva e toma a capital do país, Yamoussoukro, e o principal porto exportador de cacau - que sustenta a economia. Mais de 80% do país já é controlado por forças leais Ouattara, que mantêm Gbagbo cercado


ARTIGO
ONU muda princípios morais e militares de operações de paz

*Dan Bilefsky - O Estado de S.Paulo

Os pouco usuais ataques militares da ONU contra bases militares do ditador da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, representam uma importante guinada nos princípios e estratégias da organização. As Nações Unidas não costumam intervir por meio da força em assuntos de um país membro, mas, desta vez, a ONU está se mostrando disposta a empreender ações audaciosas para salvar vidas, afirmaram diplomatas e analistas.
Depois de semanas de declarações ambíguas por parte de funcionários da organização internacional, na noite de segunda-feira Alain Le Roy, diretor de operações de paz da ONU, expôs a decisão de intervir como uma escolha moral, militar e um imperativo legal: Gbagbo deveria ser impedido de usar morteiros, granadas propelidas por foguetes e armamento pesado contra civis e soldados da força internacional de paz. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, acrescentou que a intervenção era necessária para proteger vidas, enfatizando ao mesmo tempo que a organização não é parte no conflito.
Enquanto ambos os funcionários salientavam a urgência de um a invasão por terra, diplomatas da ONU e analistas afirmaram ontem que a intervenção da organização também é resultado de uma mudança política fundamental, impulsionada pela ação militar contra a Líbia - que teve apoio do Conselho de Segurança.
Segundo os funcionários, a Líbia calara, pelo menos temporariamente, alguns dos ásperos debates do passado sobre o perigo de uma intervenção humanitária ser interpretado como um ato imperialista. Ao destacar o apoio da ONU, Ban escolheu com cuidado as palavras temendo reforçar a acusação de Gbagbo de que Alassane Ouattara, o homem que venceu as eleições de novembro, é um instrumento dos franceses.
"A ação na Costa do Marfim recebeu um estímulo psicológico pelo fato de estar ocorrendo sob o pano de fundo dos ataques na Líbia, e respalda a afirmação do presidente Barack Obama de que, em alguns casos, a intervenção se justifica", declarou um diplomata da ONU.
Nick Birnback, porta-voz do Departamento das Operações de Paz das Nações Unidas, disse que a ação na Costa do Marfim é "incomum, mas não sem precedentes". E citou outros exemplos de intervenção, como a que a ONU realizou contra narcotraficantes no Haiti. Mas, para Birnback, na Costa do Marfim a ação mostrou até que ponto o comprometimento legal e moral da ONU com a proteção de civis mobilizou o Conselho de Segurança. / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA

*É REPÓRTER DO "NEW YORK TIMES"



IMIGRANTES
Naufrágio deixa 250 africanos desaparecidos
Barco repleto de imigrantes afunda próximo a Lampedusa; 51 sobreviventes são resgatados

Cerca de 250 pessoas desapareceram no naufrágio de uma embarcação lotada de imigrantes ilegais africanos no Mar Mediterrâneo na madrugada de ontem. Segundo a Organização Internacional para a Imigração (IOM, na sigla em inglês) mais de 300 passageiros estavam a bordo da balsa - 48 foram resgatados pela Guarda Costeira italiana e 3 por um barco de pesca.
O incidente ocorreu por volta das 4 horas, a 64 quilômetros da Ilha de Lampedusa, que desde o início do fluxo imigratório provocado pelas crises do Norte da África já recebeu mais de 20 mil ilegais este ano, principalmente da Tunísia.
A embarcação que afundou ontem havia saído da Líbia, mas transportava imigrantes vindos da "Somália, Nigéria, Bangladesh, Costa do Marfim, Chade e Sudão", segundo um comunicado da IOM. Testemunhas viram aproximadamente 20 corpos boiando após o naufrágio.
A maioria dos sobreviventes teve de nadar pelas águas escuras antes do resgate. Cerca de 40 mulheres e 5 crianças estavam a bordo. Apenas duas mulheres sobreviveram. A Guarda Costeira italiana informou que o mau tempo, com forte vento e mar agitado, estava prejudicando a operação de recuperação dos corpos.
O comandante do barco de pesca que resgatou três das vítimas, Francesco Rifiorito, contou à agência Ansa que sua tripulação fez "tudo o que podia". "O que vimos foi inacreditável", disse. "Um homem me disse que perdeu seu filho de 1 ano. Uma das duas mulheres sobreviventes afirmou que perdeu o marido", contou Simona Moscarelli, da IOM, à TV Sky TG24.
"Essas pessoas eram duplamente refugiadas", explicou o alto comissário da ONU para Refugiados, Antonio Guterres, contando que os imigrantes buscaram asilo na Líbia antes de tentar chegar à Europa, mas foram afugentados pelo conflito no país. "Peço a todos que estejam patrulhando o Mar Mediterrâneo para ajudar embarcações em perigo."
Na segunda-feira, a ONU informou que mais de 400 imigrantes africanos haviam desaparecido no Mediterrâneo, após o naufrágio de duas embarcações. Os ilegais pagam cerca de 1 mil para obter um lugar nesses barcos. / AP e REUTERS




TÓQUIO
Japão diz ter contido vazamento radioativo
Cientistas dizem que 11,5 milhões de litros de água contaminada serão lançados ao mar; autoridades encontram radiação em espinafres na China

Engenheiros japoneses anunciaram ontem ter estancado o vazamento no reator de número 2 do complexo de Fukushima. A avaria - provocada pelo terremoto do dia 11, mas detectada apenas no último fim de semana - causou a liberação de milhões de litros de água com alto nível de radiação no Oceano Pacífico.
A boa notícia, porém, não mudou o pessimismo de autoridades que tentam reduzir as consequências do maior desastre nuclear dos últimos 25 anos. Cientistas japoneses disseram que, apesar de o vazamento ter sido contido, mais 11,5 milhões de litros de água contaminada - usados para resfriar o reator - serão despejados no mar, por falta de local de armazenamento.
No reator de número 1 de Fukushima, cientistas passaram ontem a usar nitrogênio gasoso para evitar uma nova explosão na estrutura de contenção. Segundo um relatório confidencial preparado por cientistas americanos enviados ao Japão, o trabalho das autoridades de Tóquio não está funcionando e a situação é cada vez mais ameaçadora.
O New York Times teve acesso ao documento, datado do dia 26.
Nele, os especialistas americanos alertam, por exemplo, que ao inundar estruturas de contenção com água marinha, amplia-se a pressão sobre essas construções. Há também o risco de o oxigênio liberado pela água do mar, ao ser combinado com o nitrogênio produzido pelo reator, causar novas explosões.
Crescem também os indícios de que o alcance da tragédia é bem maior do que o estimado inicialmente pelas autoridades japonesas. Ontem, um peixe pescado a 70 quilômetros do complexo de Fukushima apresentou alto índice da substância tóxica iodo 131. O resultado dos testes fez o governo japonês ampliar o raio de isolamento dos reatores para pesca.
A água atualmente liberada dos reatores tem entre 100 e 10 mil vezes o limite de radiação considerado "seguro". A ameaça fez acender a luz amarela na Coreia do Sul e na China. Ontem, o Ministério da Saúde de Pequim anunciou que foram encontrados traços de iodo radioativo em plantações de espinafre em três províncias chinesas.
China e Coreia do Sul teriam reclamado com a Tepco, empresa que administra a usina de Fukushima, da falta de informações sobre a contaminação. Os dois países dizem que não foram informados sobre os planos de liberar água contaminada no mar. / NYT, REUTERS E AP




HAITI
Após eleição, Martelly promete mudar o país

Em sua primeira entrevista após o resultado das eleições, o presidente eleito do Haiti, Michel Martelly, prometeu ontem mudar o país. Martelly evitou dar detalhes sobre o que pretende fazer nos três primeiros meses de governo. "Em primeiro lugar, gostaria de dizer que sempre quis mudar o Haiti", disse. "Mas não serei mais específico no momento."

FONTE: JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO

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