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terça-feira, 12 de abril de 2011

11 de abril de 2011 - BRASIL ECONÔMICO


EDITORIAL
O que se espera da visita de Dilma à China

A presidente Dilma Rousseff inicia hoje, em Pequim, sua terceira e mais importante viagem internacional. Nesses seus cem dias de mandato fez uma rápida visita à Argentina e esteve em Portugal, onde não cumpriu toda a programação em função do falecimento do ex-vice- presidente da República, José Alencar. A importância econômica da visita à China pode ser avaliada pelos mais de 300 empresários que acompanharão a presidente, todos motivados pela possibilidade de ampliar as exportações para o gigante asiático e, ao mesmo tempo, atrair investimentos.
Há a expectativa de que sejam fechados pelo menos 20 acordos comerciais em áreas de grande importância estratégica para os dois lados, como petróleo e gás, geração energética, pesquisa  agropecuária, produção de alimentos e segmentos industriais de tecnologia avançada. “Queremos elevar as exportações de produtos de alto valor agregado”, afirma Luís Guilherme Parga Cintra, secretário do Itamaraty, citando como exemplo a Embraer, que deve assinar contratos de venda dos modelos Embraer 190 e Legacy para companhias aéreas chinesas. Apesar de ter fábrica em território chinês, a empresa brasileira esbarra no protecionismo ao ser impedida de produzir aeronaves maiores, já que a indústria local desenvolve modelos próprios.
Mônica Fang, vice-presidente executiva da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE) defende a tese da complementaridade entre as duas economias e justifica: “Ambos os países têm grande território e população e são os que mais crescem hoje”. É o que enxergam empresários brasileiros de setores de concorrência mais amena, entre eles alimentos, bebidas e moda que se mostram otimistas, como Hélder Couto Mendonça, presidente da Forno de Minas. “Nossos produtos não encontram concorrência na Ásia”, diz ele, que acompanha a comitiva presidencial e vai oferecer pão de queijo na tentativa de conquistar os chineses pelo estômago. Afinal, são 1,3 bilhão de habitantes, 200 milhões dos quais consumidores de classe média. ■


 COMÉRCIO EXTERIOR
Dilma poderá fechar 20 acordos em visita à China
Grandes empresas brasileiras como Embraer, Petrobras, Embrapa e Eletrobras deverão ser beneficiadas

Maeli Prado e Carolina Alves

Quando a presidente Dilma Rousseff desembarcar hoje em Pequim, na China, levará na bagagem a expectativa de fechamento de pelo menos 20 acordos comerciais com o gigante asiático, envolvendo empresas de peso como Petrobras, Eletrobras, Embrapa e, é claro, a Embraer, que vem enfrentando dificuldades em conseguir fabricar aviões maiores em sua unidade chinesa e que decidirá neste mês se manterá ou não a planta no país. A perspectiva também é elevar as exportações brasileiras para a Ásia, em especial as de produtos industrializados, de maior valor agregado. Em um momento de elevação dos preços agrícolas no mercado internacional, os asiáticos têm interesse em garantir laços comerciais com países fortes na produção agropecuária e de minérios. “A China está crescendo muito e os produtos agrícolas estão nesse preço porque há redução na produção em vários países, como Austrália e Rússia. Nos Estados Unidos, a produção não cresce no ritmo que crescia antes. O Brasil tem um produto estratégico na mão, e a Dilma sabe disso”, avalia Argemiro Procópio Filho, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e autor de três livros sobre o país.
O Brasil possui um superávit comercial de US$ 5 bilhões com a China, seu maior investidor e terceiro país visitado por Dilma desde que assumiu a presidência. Mas quer aumentar a qualidade desse resultado. “O governo brasileiro pretende elevar as exportações para a China, mas não apenas as vendas dos 80 produtos que fazem parte da nossa pauta de exportação, como petróleo e minério de ferro. Queremos elevar as exportações de produtos de alto valor agregado, principalmente os industrializados. Exemplo disso será o acordo com a Embraer”, afirma o secretário do Itamaraty
Luís Guilherme Parga Cintra. A fabricante de aviões brasileira é um caso simbólico de quão fechado é o mercado chinês. Apesar de ter se associado à estatal Aviation Industries of China (Avic) e ter fábrica no país, gostaria de produzir aeronaves maiores, mas não é autorizada, pois a China está desenvolvendo os seus próprios modelos. Durante a visita de Dilma, a Embraer deve assinar contrato de venda de aviões modelo Embraer 190 e Legacy para empresas aéreas chinesas.

Invasão chinesa
Entre os acordos a serem assinados ao longo dos próximos dias, estão dois memorandos de entendimento entre o Inmetro (que fiscaliza normas de qualidade e segurança de produtos no Brasil) e o órgão correspondente chinês, já que o governo brasileiro está preocupado com a invasão de produtos chineses de baixa qualidade e preço, como afirmou o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Além disso, haverá assinaturas de um termo de cooperação em produtos e serviços de defesa e de um memorando de entendimentos com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para pesquisa de inovação agrícola. Além disso, os países devem fechar um acordo para troca de experiências na organização de grandes eventos, visando a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Parcerias em áreas como energia (entre a Eletrobras e a State Grid), petróleo (entre a Petrobras e a Sinochem) e o desenvolvimento de biocombustíveis também serão firmadas. Na quarta-feira, Dilma se reunirá como primeiro-ministro chinês e com o presidente da Assembleia Legislativa da China e, na quinta, participará de um encontro da cúpula dos
BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). “Será um evento muito importante porque marca o ingresso da África do Sul no bloco”, diz Parga Cintra.
O câmbio chinês não deve ser assunto comentado. “Não acredito que [o câmbio] esteja na pauta, pois é um tema que tem sido mais abordado nas reuniões do G-20”, afirma o secretário.


Fábrica local beneficia a Embraco
Cerca de 90% da produção da empresa é destinada ao mercado chinês

João Paulo Freitas

A fabricante de compressores Embraco, que tem sede em Joinville (SC), parece não ter o que reclamar da fábrica que possui em Pequim. Resultado de uma parceria estabelecida em 1995 com o grupo chinês Snowflake, que atua no setor de eletrodomésticos, a operação
não para de crescer. Segundo Lainor Driessen, vice-presidente de operações da Embraco, entre 2005 e 2010 a capacidade produtiva da operação no país passou de cerca de 2 milhões para 10 milhões de compressores por ano. A unidade é hoje responsável por cerca de um terço da produção global da empresa, que conta ainda com fábricas na Itália e na Eslováquia. De acordo como executivo, em 2010 o faturamento global da Embraco, controlada pela Whirlpool S.A., subsidiária brasileira da americana Whirlpool Corporation, foi de aproximadamente US$ 1,7 bilhão. Para Driessen, o fato mais importante de ter uma unidade produtiva na China é que isso permitiu à Embraco ampliar seu conhecimento e capacidade de fazer negócios no gigante asiático. Hoje, cerca de 90% da produção chinesa da empresa é destinada aomercado local. “Nosso relacionamento com
a China vem desde meados da década de 80, quando já vendíamos compressor para o país. Com o tempo, fomos aumentando a nossa presença lá, o que culminou na abertura da fábrica”, diz o executivo catarinense, que comandou a operação chinesa da Embraco entre 1998 e 2002.

Comitiva
As oportunidades do mercado chinês têm atraído diversas empresas de origem brasileira. É o caso da fabricante de ônibus Marcopolo, que em 2008 montou uma operação para a produção de componentes — como janelas, sanitários e poltronas — na China. A planta fornece para os fabricantes de ônibus locais e para outras unidades da companhia nomundo. A Marcopolo é umdos nomes presente na delegação que acompanhará, a partir de hoje, a comitiva da presidente Dilma Rousseff em sua viagem à China. A missão, coordenada pela Confederação Nacional da In-dústria (CNI), é composta por 309 executivos. A lista conta com representantes de diversas empresas brasileiras, como Bradesco, Camargo Corrêa, Gerdau, Marcopolo, Marfrig, Usiminas, TAM, Vale e Embraer. Além de discutir a ampliação do comércio entre Brasil e China, os empresários brasileiros participarão de rodadas de negócios e debates sobre os planos de expansão de empresas brasileiras com atuação na China, como é o caso da própria Marcopolo, da Marfrig e da fabricantes de motores WEG. 

FONTE: BRASIL ECONôMICO

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