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terça-feira, 19 de abril de 2011

19 de abril de 2011 - ESTADO DE SÃO PAULO


DESTAQUE DE CAPA
Advertência sobre a dívida dos EUA abala mercados
Pela primeira vez, agência de classificação de risco S&P põe títulos americanos em perspectiva negativa

A Agência de classificação de risco Standard & Poor’s fez um duro alerta ontem sobre a dívida dos Estados Unidos. Pela primeira vez desde que começou a analisar os títulos da dívida, há 70 anos, a S&P colocou a nota americana em perspectiva negativa. Os EUA podem perder o status de AAA, o mais alto de sua avaliação, se um plano de redução do déficit orçamentário não for encontrado até 2013. A notícia causou nervosismo nos mercados – em Nova York, o índice Dow Jones caiu 1,14%; em Londres, as ações recuaram 1,9%; no Brasil, o índice Bovespa também caiu 1,9%. O governo americano se apressou em declarar que a S&P estaria subestimando a capacidade da administração de conseguir um acordo sobre seu plano de corte de gastos.



ESPAÇO ABERTO
Índio é gente

Xico Graziano

Hoje é o Dia do Índio. Merecido. A data ajuda a valorizar as origens da sociedade, provoca reflexão sobre o presente. Difícil é descobrir o que guarda o futuro para os remanescentes indígenas. Haverá espaço para eles na sociedade pós-moderna?
Talvez 5 milhões de nativos, ninguém sabe ao certo quantos, viviam no Brasil na época do descobrimento. Distintamente da colonização espanhola na América Central, os portugueses aqui não atuaram para dizimá-los. Longe do confronto, os índios mantiveram espírito colaborativo com os colonizadores.
Eram rudimentares e dispersos os índios brasileiros. Viviam como na Idade da Pedra. Ignoravam a faca e o anzol, nunca haviam visto uma galinha ou um cavalo, comiam mandioca, desconheciam a banana. Não ergueram castelos nem usavam joias. Esse "atraso" histórico os levou ao encantamento com as bugigangas tecnológicas trazidas pelos portugueses.
Sabe-se que as doenças europeias - gripe, sífilis, rubéola - causaram elevada mortandade nos povos originais das Américas. A perda de territórios e a miscigenação também foram causas de decréscimo populacional. Resultado: hoje se contam 460 mil índios nas aldeias, distribuídos entre 225 tribos. As línguas originais, estimadas em 1.300, reduziram-se a 180 dialetos.
Somam 107 milhões de hectares as reservas indígenas brasileiras, distribuídas em 611 territórios, dos quais 98% pertencem à Amazônia. Não é pouco. Tais espaços, protegidos pela Fundação Nacional do Índio (Funai), ultrapassam em 48,6% a área cultivada no País, exceto pastagens. Significa que cada índio, contando crianças e mulheres, domina uma média de 228 hectares. Na agricultura, a área média dos estabelecimentos rurais, segundo o IBGE, soma 68,2 hectares.
Pode parecer muita terra para pouco índio. Mas faz sentido. Além da necessidade de preservação florestal das imensas glebas, tornado viáveis a caça e a pesca artesanal, as reservas indígenas cumprem, simultaneamente, função ambiental relevante, protegendo valiosos ecossistemas naturais. Justificam-se, assim, duplamente.
O núcleo da questão indígena não reside no tamanho da área que eles ocupam. Nem na recente, e controversa, demarcação de novos territórios, que avançam sobre terras agricultadas há décadas, particularmente em Roraima e em Mato Grosso do Sul. O dilema, mais complexo, advém do papel destinado aos remanescentes indígenas na sociedade atual. A dúvida parece ser eterna: é melhor mantê-los distantes, isolados, ou certo seria promover sua integração na sociedade? Tutela ou suicídio étnico?
A prudência indica o caminho do meio. Mas a rota é difícil. Os vetores da modernidade, alimentados pela facilidade da comunicação, atingem em cheio as aldeias indígenas, afetando seus costumes e danificando sua cultura secular. Levam, ao mesmo tempo, qualidade de vida e alcoolismo, televisão e prostituição. Como se opor ao progresso?
Jean-Jacques Rousseau, em seu famoso Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens (1755), provocou uma grande polêmica ao defender o "nobre selvagem". Dizia o filósofo suíço que o "estado de natureza" primitivo era moralmente superior à civilização, pois esta deformava a essência humana. Deu o que falar.
É aristotélica a discussão, que nunca perdeu sua pertinência, sobre o caráter da natureza humana. Agora, sob os imperativos da sociedade tecnológica e globalizada, a pergunta permanece: serão os povos tradicionais naturalmente bons? A pergunta nunca esboçou fácil resposta.
Recentemente estive no México visitando as ruínas das civilizações pré-hispânicas, desde a cidade sagrada de Chichén Itzá, símbolo da civilização maia, até o recém-descoberto Templo Mayor dos astecas e o mistério de Teotihuacán, com suas magníficas pirâmides do Sol e da Lua.
Curtir aquela estranha beleza histórica não suplanta o horror de descobrir que templos, pirâmides e cenotes eram, na verdade, venerados locais de sacrifícios humanos. Princesas se assassinavam barbaramente em rituais religiosos, alimentando o poder macabro daquelas sociedades antigas. Para os astecas, o equilíbrio cósmico só seria mantido se os deuses fossem alimentados com "corações palpitantes". Crueldade pura.
Nós somos levados a ser condescendentes com os povos primitivos, talvez por buscarmos um subterfúgio que esconda as mazelas da sociedade atual. Esse esconderijo mental, ultimamente, inventou que os indígenas seriam "ecológicos". Um conceito idílico, falso.
Os tupiniquins foram grandes incendiários da floresta virgem, utilizando o fogo para abrir roça - a conhecida "coivara" - e encurralar a caça. A devastação da floresta atlântica começou com a aliança entre portugueses e índios. Juntos, com machado afiado, derrubaram todas as árvores de pau-brasil que conheciam.
Questionar a santidade dos antepassados explica parte do sucesso do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, imperdível livro de Leandro Narloch. Ele "joga tomates" na historiografia oficial e contesta o mito do índio como homem puro, vivendo em harmonia com a natureza, ideia comum na cabeça das pessoas, das crianças principalmente.
Nas comemorações do Dia do Índio, a melhor forma de valorizá-los será tratá-los dentro da sua própria vivência, jamais os estereotipando como sublimes representantes da bondade celestial. Há índios perversos, como perversos são aqueles que não os toleram.
Apostar na diversidade étnica e cultural mistura respeito com realismo. As famílias indígenas carecem ter oportunidades, educação, vida saudável, cuidados do Estado. Nada que ver com a tutela que os trata como se incapazes fossem.
Índio é gente, ser humano, não bicho estranho.

*AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.


NOTAS & INFORMAÇÕES
Uma LDO perigosa

Liberdade para gastar continua sendo um dos objetivos do governo, como comprova o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviado ao Congresso na sexta-feira passada. Partes do projeto servem claramente a esse objetivo, nada surpreendente, afinal, em vista das eleições municipais programadas para 2012. Outras partes são ambíguas: apontam para uma gestão mais flexível das finanças públicas, mas também abrem espaço para manobras político-eleitorais. Essa LDO definirá as linhas principais do primeiro orçamento federal produzido na atual gestão. A presidente poderia ter-lhe conferido um valor simbólico positivo, apresentando-o como primeiro grande passo para o cumprimento de seu compromisso com a seriedade fiscal - aquele compromisso enunciado no dia de sua posse.
Para começar, o projeto é baseado em pressupostos muito discutíveis. Há uma aposta muito otimista no resultado da política anti-inflacionária. As projeções apontam uma inflação de 5% em 2011 e de 4,5% em cada um dos três anos seguintes. Há menos de um mês, o Banco Central (BC) projetou 5,6% para este ano em seu cenário de referência e 5,5% no cenário alternativo. Em qualquer dos casos, o ponto central da meta, 4,5%, só será alcançado no fim de 2012 ou no começo de 2013.
Analistas do mercado financeiro e de consultorias de renome também se mostram menos otimistas que os autores do projeto da LDO: inflação de 6,29% neste ano e de 5% no próximo, com crescimento de 4% em 2011 e 4,25% em 2012. De toda forma, a LDO certamente subestima o custo econômico de levar a inflação anual para 5% até dezembro deste ano e para 4,5% nos doze meses seguintes. A conta simplesmente não fecha.
Mas o projeto da LDO seria menos preocupante, se só os pressupostos macroeconômicos fossem discutíveis. Se todas as partes agissem de boa-fé, tudo se resolveria com uma revisão dos números e uma adaptação do projeto aos novos cálculos. Mas a questão, muito mais do que técnica, é política.
O governo pretende, por exemplo, liberdade para realizar investimentos, no próximo ano, mesmo sem dispor de um orçamento aprovado pelo Congresso. O projeto de lei orçamentária deve ser aprovado até o fim do ano, em princípio, mas atrasos têm ocorrido com frequência. No Brasil, já se chegou a passar todo o primeiro semestre sem um orçamento federal em vigor.
Apesar disso, o governo mantém certo nível de atividade, porque algumas despesas, como o pagamento do pessoal, são mantidas. Não chega a ocorrer uma paralisação do governo. A consequência de um atraso é muito menos dura no Brasil do que nos Estados Unidos - certamente porque no Brasil o orçamento é levado muito menos a sério do que nos países politicamente mais desenvolvidos.
Mas a tentativa do Executivo de conseguir a liberação de verbas de investimento mesmo sem dispor de uma lei orçamentária envolve duas consequências perversas: desmoraliza ainda mais o orçamento e dá ao Executivo mais uma vantagem diante do Congresso.
Igualmente ruim para a democracia - porque enfraquece o sistema de regras e de controle - é a pretensão do Executivo de continuar a execução de obras mesmo quando sinais de irregularidades são apontados pelo Tribunal de Contas da União. Esse avanço já ocorreu no ano passado e o governo pretende mantê-lo. Pela regra negociada em 2010, cabe à Comissão Mista de Orçamento decidir se a execução será mantida. O controle se enfraquece e a moralidade administrativa fica na dependência dos humores dominantes na comissão naquele momento.
O governo pretende manter também o poder de descontar da meta de superávit fiscal o valor investido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Isso é uma forma de falsificar o resultado fiscal.
A pretensão do Executivo de reduzir os itens blindados contra cortes pode ser positiva, se resultar em maior flexibilidade e maior racionalidade no uso de recursos. Mas o resultado pode ser simplesmente maior liberdade para manejar verbas com objetivos partidários e eleitorais. A experiência aponta esta segunda hipótese como a mais provável.


SEM TERRA
MP na Bahia contesta doação a sem-terra
Governo do Estado doou carne e banheiros a cerca de 3 mil militantes que ocupam prédio público

Tiago Décimo / SALVADOR - O Estado de S.Paulo

A promotora Rita Tourinho, do Grupo Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa do Ministério Público Estadual, afirmou ontem que vai questionar oficialmente o governo baiano sobre a doação de carne e de banheiros públicos aos cerca de 3 mil integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) que ocupam áreas do Centro Administrativo da Bahia (CAB).
A promotora disse querer saber da Secretaria de Agricultura (Seagri), responsável pelas doações, quais foram os parâmetros utilizados para a doação. Diariamente, os acampados recebem 600 quilos de carne. Além disso, foram instalados 30 banheiros químicos nos arredores da sede da secretaria.
A preocupação, de acordo com a promotora, é com um possível precedente que as doações possam criar. A assessoria da Seagri informou que tanto o Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM) quanto a Procuradoria-Geral do Estado foram consultados e não negaram as doações. O argumento usado pela secretaria foi que, no caso, o Estado precisava ""garantir a preservação do patrimônio público e a dignidade das pessoas"".
A ocupação, por parte de cerca de 3 mil integrantes do MST, completou ontem uma semana. Nos arredores da Seagri, já são visíveis depredações em áreas verdes do CAB, para a instalação de barracas e tendas.
Os secretários de Agricultura, Eduardo Salles, e de Relações Institucionais, César Lisboa, se reuniram ontem, no final da tarde, com as lideranças do movimento. Estava prevista a discussão de pelo menos 15 itens, entre eles melhorias de infraestrutura e assistência técnica, além de liberação de terras para reforma agrária. Até o fechamento da edição, secretários e sem-terra continuavam reunidos. Havia expectativa de que a ocupação fosse encerrada hoje.


São Paulo lidera ocupações do ''abril vermelho''

José Maria Tomazela - O Estado de S.Paulo
SOROCABA

Com 55 áreas invadidas desde o início do mês, o Estado de São Paulo virou o principal alvo do "abril vermelho", a jornada nacional de lutas do Movimento dos Sem-Terra (MST) pela reforma agrária. É a primeira onda de invasões no governo da presidente Dilma Rousseff e o total de ações já supera o registrado nos seis últimos anos do governo Lula. Em número de invasões, São Paulo ultrapassou a Bahia, Estado que concentrou as ações no início do mês, com 40 áreas invadidas.
O grupo liderado por José Rainha Júnior, dissidente do MST, reivindicou em nota a ocupação de 53 fazendas desde o início de abril no oeste paulista. Dessas, 16 áreas já foram desocupadas, segundo as lideranças. Na manhã de ontem, 150 integrantes do MST invadiram a unidade avançada do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Andradina. Funcionários da BK Consultoria, empresa contratada pelo Incra para prestar assistência aos assentados, foram impedidos de entrar em serviço.


DENGUE
Exército atua no combate à dengue em Teresina

O prefeito de Teresina, Elmano Ferrer (PTB), convocou o Exército para combater a dengue na capital do Piauí, que registra neste ano um crescimento de 574% no número de casos notificados em relação ao mesmo período de 2010. São 1.397 notificações contra 243. Além da explosão de casos, Teresina registrou um caso de dengue tipo 4.
A parceria resultou na mobilização de mais de cem soldados para atuar no combate ao mosquito Aedes aegypti, principalmente na zona norte da cidade, que tem muitas lagoas e o maior índice de notificações da capital.
O comandante do Exército no Piauí, coronel Humberto Silva Marques, disse que os militares foram treinados para a missão. Os soldados entrarão de casa em casa em busca de focos da dengue. Eles ainda farão a distribuição de folders de prevenção e combate à doença.
A prefeitura de Teresina também está promovendo mutirões de limpeza nos bairros e fazendo campanhas de conscientização da população para evitar acúmulo de lixo e água parada.
O governo do Estado já havia usado a Polícia Militar para fazer um mutirão contra a dengue. / LUCIANO COELHO, ESPECIAL PARA O ESTADO


ARMAS
A partir do dia 6, até igreja recolherá arma
Na nova Campanha do Desarmamento, cidadão não precisará mais se identificar para receber indenização do governo

A nova Campanha do Desarmamento incluirá igrejas e ONGs entre os locais de recolhimento de armas e reduzirá a burocracia na coleta, dispensando o detentor do armamento de se identificar. Essas são as principais novidades do recolhimento, que terá início no dia 6. O objetivo é que todos os municípios tenham postos da campanha.
Nas iniciativas nacionais anteriores, no ato da devolução da arma de fogo, o cidadão tinha de dar informações pessoais, como o número do CPF e de uma conta bancária, para o governo depositar a indenização. Na nova campanha, ao entregar a arma, o cidadão vai receber uma autorização para retirar o valor em uma agência do Banco do Brasil ou em caixas eletrônicos. De acordo com o Ministério da Justiça, os valores de indenização continuarão os mesmos, variando de R$ 100 a R$ 300. Para este ano, o orçamento da pasta para o programa de indenizações é de R$ 10 milhões.
Ao manter o anonimato e não obrigar a pessoa a ir a um posto policial - como ocorria nos anos anteriores -, o governo espera receber mais armas que em outras campanhas, incluindo ilegais. A medida foi anunciada após a primeira reunião do Conselho de Desarmamento, que inclui o governo e diversas entidades da sociedade civil.

Munições. Outra inovação proposta por essas entidades, no entanto, não prosperou. O cidadão não terá direito a receber indenização por munições entregues. Segundo o governo, a legislação atual não prevê esse ressarcimento.
A Campanha do Desarmamento deve durar até o fim deste ano, embora a gestão da presidente Dilma Rousseff já tenha levantado a possibilidade de tornar o recolhimento de armas permanente.


Mais de 750 mil armas estão com o Judiciário

Mariângela Gallucci - O Estado de S.Paulo

Mais de 750 mil armas e acessórios apreendidos em procedimentos criminais estão guardados em depósitos do Judiciário e das polícias estaduais. O dado foi divulgado ontem pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O Rio é o Estado campeão em apreensões, com 552.490 unidades; São Paulo está em segundo, com 51.654 apreensões.
Provas nas ações, as armas somente podem ser destruídas após o fim dos processos e das investigações. Por razões de segurança, integrantes do CNJ consideram que não é papel do Poder Judiciário guardar armas. Por esse motivo, eles avaliam que o ideal seria que esses objetos ficassem o mínimo de tempo possível nos depósitos da Justiça.



ENERGIA NUCLEAR
Maioria é contra energia nuclear no Brasil, diz pesquisa
Oposição a esse tipo de geração de energia cresce 5 pontos após acidente em Fukushima; reação negativa ocorre em outros países

Daniel Bramatti e José Roberto de Toledo - O Estado de S.Paulo
ESPECIAL PARA O ESTADO

O desastre nuclear no Japão consolidou uma maioria entre os brasileiros contrária ao uso da energia atômica para gerar eletricidade no País. São 54%, dos quais 7 em cada 10 são "totalmente contra" e os demais, "parcialmente contra". A oposição a esse tipo de produção de energia cresceu 5 pontos após o acidente na usina de Fukushima.
Esses são alguns dos resultados da sondagem Global WIN (uma rede mundial de empresas de pesquisa) sobre o uso de energia nuclear. Ainda segundo a pesquisa, uma fatia ainda maior dos brasileiros, 57%, mostrou-se preocupada - metade deles muito preocupados - com a possibilidade de um acidente nuclear acontecer também no Brasil. O grau de preocupação é superior à média mundial, de 49%.
Possível explicação para isso é que 40% não sabem dizer se o governo brasileiro controla adequadamente a segurança das usinas de Angra 1, 2 e 3. Além desses, 19% acham que não há controle adequado. Só 41% confiam nas medidas de segurança oficiais.
O governo federal estuda construir mais quatro centrais nucleares para produzir eletricidade no Brasil. A decisão final dependerá, segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, das consequências do acidente japonês.

No mundo. A reação negativa à energia atômica não se restringe ao Brasil. Na média mundial, o porcentual daqueles que são contrários às centrais nucleares cresceu 11 pontos após o tsunami provocar o colapso da usina japonesa e a contaminação de trabalhadores, da água e do solo por radiação. Foi de 32% para 43%.
A oposição às centrais atômicas varia muito de país para país: de apenas 24% na Coreia do Sul a 90% na Áustria. O Japão foi onde mais cresceu o porcentual dos que são contra: de 28% para 47% (40% ainda apoia esse tipo de produção de energia).
Entre os brasileiros, 14% não souberam responder, 12% se disseram totalmente favoráveis ao uso da energia nuclear, 20% parcialmente a favor, 15% parcialmente contra e 39% totalmente contra. O apoio é maior entre os mais ricos e escolarizados. Já o crescimento dos que são contra a energia nuclear veio principalmente de quem não tinha opinião sobre o assunto.
A pesquisa mostra que 98% dos brasileiros tomaram conhecimento do terremoto no Japão, e 93% ficaram sabendo do vazamento de radiação. Ambos os resultados ficaram acima da média mundial. A TV foi a principal fonte de informação sobre o terremoto e o tsunami para 94% dos brasileiros. Em segundo lugar ficou a internet, com 3%.
O Brasil é um dos países mais otimistas no prognóstico sobre o que acontecerá com o Japão após a sequência de desastres. Para 49%, os japoneses vão se recuperar rapidamente e voltar ao nível de desenvolvimento anterior ao terremoto. A eles se somam 13% de brasileiros que acham que o Japão vai sair ainda mais forte da crise. Só 31% apostam no contrário.

PARA ENTENDER
A pesquisa foi realizada pela Global WIN em 47 países de todos os continentes entre 21 de março e 10 de abril. No Brasil, o levantamento foi feito pelo Ibope, instituto que representa a rede no País. As técnicas de entrevista variam de local para local. Em alguns países foram feitas pelo telefone, em outros, pessoalmente, e houve locais onde a plataforma foi a internet. As amostras variam de 500 a 2,7 mil entrevistas por país. No Brasil, o Ibope entrevistou mil pessoas no método face a face. A margem de erro também varia conforme o tamanho da amostra local, de 3 a 5 pontos porcentuais, para mais ou para menos. No mundo todo foram entrevistadas 34 mil pessoas.
Como não havia pesquisa anterior para comparar, o questionário incluiu uma pergunta sobre qual a opinião do entrevistado sobre a energia nuclear antes do terremoto no Japão.




ECONOMIA
OPINIÃO
Energia como fator de segurança nacional

*Antonio M. Buainain e José Maria da Silveira - O Estado de S.Paulo

Na apresentação do livro Biomassa - a eterna energia do futuro, escrito pelo professor Gilberto Vasconcellos em 2002, o fim do petróleo e do carvão mineral é anunciado. Desde o final dos anos 70 o professor associava a questão energética aos temas de desenvolvimento econômico e de segurança nacional num sentido francamente "anti-imperialista". Todavia, o cenário internacional e mesmo o cenário interno vêm-se transformando de forma vertiginosa. Passamos rapidamente de uma situação em que as vantagens comparativas do etanol de cana-de-açúcar e suas benesses ambientais eram irrefutáveis para colocá-los no meio de um debate acirrado e complexo.
Fale mal, mas fale de mim. Todo pesquisador brasileiro da área sente a responsabilidade de contestar afirmações peremptórias de que há um elo de ligação entre a expansão da área cultivada para fins energéticos e a destruição da Floresta Amazônica. O professor Bruce Babcock, da Universidade de Iowa, em seminário sobre bioenergia na Universidade de Berkeley, mostrou suas "fotos tiradas do avião" para comprovar como a agricultura devastava a floresta, justamente no município modelo de Lucas do Rio Verde, na fronteira entre a Floresta Amazônia e o Cerradão. Suas fotos não mostravam qual o tipo de vegetação foi retirada, mas a crítica estava feita. E correu o mundo!
O debate não se restringe ao corte da floresta. O custo de conversão de terra agrícola em terra para energia vem sendo associado ao fato estatístico de que os preços de energia e de alimentos agora caminham juntos, o que não ocorria antes da segunda metade da presente década. Isso abre espaço para que as declarações do presidente do Banco Mundial sobre o impacto da alta de preços dos alimentos sejam entendidas como um alerta às alternativas energéticas que envolvam cultivos em regiões agrícolas do continente americano, em vez de serem interpretadas como um apelo para maior atenção com a pesquisa agrícola mundial.
Um mais um é igual a mil, é a regra da mídia atual. Dois argumentos contrários são suficientes para se contrapor o fato de que a bioenergia tem menos impactos ambientais não só no presente, mas também a partir da projeção de suas possibilidades futuras?Acreditamos que não, mas agora temos pela frente de defender o etanol de cana das alternativas que se desdobram das pesquisas voltadas para as chamadas 2.ª e 3.ª gerações, do etanol de celulose até o uso de algas marinhas, áreas em que acompanhamos as pesquisas internacionais, mas não lideramos.
O Energy Biosciences Institute (EBI), uma ação conjunta da Universidade da Califórnia em Berkeley, Universidade de Illinois, Lawrence Berkeley National Laboratory e a British Petroleum iniciada em 2007, tem um orçamento de US$ 500 milhões em dez anos com foco em 2.ª geração, utilizando fontes alternativas ao milho e visando também ao aproveitamento de resíduos dos cultivos agrícolas. Segundo Madhu Khanna, da Universidade de Illinois, o crescimento do uso de bioenergia de 2.ª geração atenuaria em muito os efeitos que seriam atribuídos ao etanol de 1.ª geração, caso este tivesse de substituir progressivamente as fontes de energia fóssil.
Infelizmente, o cenário "todos unidos" para um Brasil potência energética passa a depender de encararmos, como os EUA, a questão energética como de segurança nacional, e que passemos a definir prioridades não só a partir das facilidades resultantes dos acertos do passado, mas do binômio competição e cooperação, típico das economias de redes atuais. Isso implica encontrar soluções para a cana-de-açúcar não só no campo da produção de etanol de 1.ª geração (cujos ganhos de produtividade em dez anos foram elevados), mas de sua articulação com o uso energético de resíduos e o uso do etanol (e da biomassa em geral) como matéria-prima da indústria petroquímica, entre outros usos.
O desastre atômico no Japão serve como um chamado: potência energética ou produtores de cana-de-açúcar? Temos de decidir isso rapidamente.

*PROFESSORES DO INSTITUTO DE ECONOMIA DA UNICAMP


Entregas da Embraer caem 32% no 1º trimestre
Embraer entregou, ao longo do primeiro trimestre de 2011, 20 jatos para o mercado de aviação comercial e oito para o de aviação executiva
18 de abril de 2011 | 10h 00

Agência Estado

SÃO PAULO - A Embraer entregou, ao longo do primeiro trimestre de 2011, 20 jatos para o mercado de aviação comercial e oito para o de aviação executiva, totalizando 28 aeronaves. O volume representa uma queda de 31,7% no volume de aviões entregues no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Em 31 de março de 2011, a carteira de pedidos firmes a entregar (backlog) totalizava US$ 16 bilhões, um aumento de US$ 400 milhões em relação a 31 de dezembro de 2010.
Nos três primeiros meses do ano passado, a fabricante brasileira havia entregue 41 aeronaves, incluindo uma no segmento de defesa. Já no último trimestre de 2010, foram despachados 92 aviões a clientes. Apesar da queda anual nas entregas, a Embraer informou que encerrou o primeiro trimestre com vendas de 44 jatos E-jets.
Em janeiro, a empresa anunciou a venda de dez jatos Embraer 190 para a Dniproavia, da Ucrânia. A empresa lembra que em março, três clientes adquiriram novos jatos: a brasileira Trip comprou quatro Embraer 190, dos quais um já estava incluído na carteira de pedidos do quarto trimestre como "cliente não divulgado"; a italiana Alitalia adquiriu 15 Embraer 175 e mais cinco Embraer 190; e a holandesa KLM confirmou cinco opções de Embraer 190, anunciadas no início de abril. No total, a Embraer fechou o primeiro trimestre do ano com vendas de 44 novos E-Jets.
O segundo trimestre começou com o anúncio de duas novas ordens para o mercado chinês, o que na avaliação da empresa, indica que o mercado continua se recuperando em 2011. Segundo comunicado da Embraer, as ordens da CBD Leasing e da Hebei Airlines serão adicionadas aos pedidos firmes a entregar tão logo todas as condições contratuais sejam satisfeitas.
No segmento de aviação executiva, o jato Legacy 650 foi certificado nos Estados Unidos, em fevereiro. No mesmo mês, a Embraer iniciou as operações da nova unidade industrial de Melborne, Estado da Flórida, que entregará jatos Phenom para o mercado norte-americano.
O comunicado ainda lembra que a Embraer Defesa e Segurança, unidade empresarial anunciada em dezembro de 2010, comprou 64,7% do capital social da divisão de radares da OrbiSat, em março, em um negócio de R$ 28,5 milhões. Ainda no primeiro trimestre, a Embraer Defesa e Segurança assinou um contrato com a Força Aérea Brasileira (FAB) para a revisão estrutural e reparo e substituição de equipamentos de 43 caças AMX, complementando acordo de modernização fechado em 2003, e apresentou a primeira plataforma EMB 145 AEW&C para o governo da Índia, que encomendou três unidades para serem utilizadas em missões de vigilância. Com Reuters



UPP
ONU quer replicar ideia das UPPs
Programa de segurança do Rio deve ser apresentado como modelo para áreas conflagradas e grandes cidades em desenvolvimento

Jamil Chade - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / GENEBRA

A Organização das Nações Unidas (ONU) avalia a possibilidade de replicar os conceitos do programa de segurança do Rio, com ocupações de áreas conflagradas por tropas de segurança e uso de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), para as operações de manutenção da paz em países que tenham acabado de sair de guerras e para lutar contra a violência em grandes cidades de países em desenvolvimento.
Ontem, em Genebra, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, foi convidado a apresentar a experiência na ocupação do território e do policiamento de proximidade a técnicos da ONU que estão elaborando uma nova proposta de combate à violência no mundo. O principal interesse tem sido em relação às UPPs como modelo a ser seguido em outras regiões do mundo. No caso do Rio, três pontos foram considerados pela ONU como fundamentais para servir de exemplo.
O primeiro foi a capacidade de um plano ser implementado sem intervenções políticas, dando autonomia para o secretário de Segurança. O segundo foi a capacidade de ter de fato um planejamento de médio e longo prazo. Para concluir, a ONU apontou para a existência de equipes técnicas formando parte do grupo que elabora as estratégias no Rio.
Com base na experiência brasileira, a ONU vai agora estudar como incorporar o conceito em suas recomendações para outros países. A percepção é de que apenas a ocupação de território com uma polícia capaz de mostrar que está disposta a servir é que pode recriar um clima de confiança entre a população e o Estado. Em um país que acaba de sair de uma guerra civil, por exemplo, esse clima de confiança é fundamental.
Em entrevista ao Estado, Beltrame admitiu que é a primeira vez que uma autoridade de segurança do Rio foi convidada a expor sua experiência na ONU. "Agora, temos o que dizer." Nas Nações Unidas, há um reconhecimento de que as políticas de combate à violência em outros países em desenvolvimento não funcionaram nos últimos anos, mesmo aquelas propostas pelo organismo internacional. No caso da Venezuela, por exemplo, nem os programas sociais multiplicados pelo governo fizeram a violência cair.
Para as Nações Unidas, a constatação é de que as ações no Rio se tratam de ações concretas e com resultados reais. Mas, para Beltrame, parte da responsabilidade ainda está com a sociedade. "Ela tem de se convencer de que as políticas dependem mais dela que de uma pessoa. Se entender que é bom a UPP, tem de escolher pessoas para liderar isso", apontou. Beltrame ressaltou que será apenas a presença de médio e longo prazo dos policiais nas favelas que mudará de forma profunda a situação. "Isso não será um trabalho para um secretário ou para um mandato", disse. "Só temos um caminho, que é a mudança de atitude. Tem de ser uma polícia prestando serviço e isso é uma construção."

PARA LEMBRAR
A experiência das UPPs já é analisada em outros países. Recentemente, representantes da polícia de Baltimore (EUA) estiveram no Rio. Mas o primeiro Estado a replicar as UPPs é a Bahia. A primeira foi instalada na comunidade do Calabar, entre os bairros de classe média alta de Barra e Ondina. A Polícia Militar ocupou o local no mês passado e na próxima semana a base será instalada definitivamente, com 150 policiais treinados.




COMO FAZER PARA...
Recuperar um objeto perdido no transporte

1. Há serviço de achados e perdidos nos meios de transporte público?
Sim. No Metrô, na Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e na SPTrans.

2. Como funciona o serviço do Metrô?
O usuário deve procurar os postos na Estação Sé ou na Estação Largo 13 (de 2.ª a 6.ª feira, das 8 às 18 horas, exceto feriados). No caso de documentos há o 0800-770-7722.

3. E o da EMTU?
Os objetos perdidos no corredor metropolitano São Mateus/Jabaquara ficam por 3 dias em postos nos terminais, depois vão para o Terminal Ferrazópolis (por 90 dias). Os objetos perdidos no sistema aeroporto ficam por 30 dias no posto de venda de passagens do Aeroporto de Guarulhos, indo depois para o posto da Infraero (atendimento diário, das 8 às 17 horas).

4. Onde busco objetos perdidos nos trens da CPTM?
Na Estação Barra Funda (de 2.ª a 6.ª feira, das 7 às 19 horas, exceto feriados). E ainda pelo 0800-055-0121 (de 2.ª a 6.ª feira, das 7 às 19 horas).

5. E nos ônibus da SPTrans?
Ligue para a concessionária em que você deixou ou encontrou um objeto (http://www.sptrans.com.br/sac/achados.aspx).

Fontes: Portal Cidadão-SP (www.cidadao.sp.gov.br) e site da SPTrans




TUTTY HUMOR
Tutty Vasques - O Estado de S.Paulo

Bom ministro
Nelson Jobim está conformado com a ideia de desistir da compra de aviões de caça. Dilma prometeu-lhe, em compensação, uma farda camuflada de cair o queixo!



COPA 2014
TCU faz alerta sobre atraso nas obras
Órgão se preocupa com cronograma de arenas, aeroportos e ações de mobilidade urbana e vai pedir mais agilidade

Rafael Moraes Moura - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA

Dias depois de o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirmar que nove dos 13 aeroportos brasileiros não ficarão prontos a tempo da Copa do Mundo de 2014, ontem foi a vez de o Tribunal de Contas da União (TCU) trazer à tona os atrasos nos preparativos do Mundial em aeroportos, mobilidade urbana e estádios.
Em relação aos estádios, o órgão já encontrou indícios de irregularidades na contratação da Parceria Público-Privada (PPP) da Arena das Dunas, sobrepreço de R$ 71,2 milhões no estádio de Manaus e "pontos críticos no contrato" no de Pernambuco, como "uso de expressões subjetivas" e "transferência ao poder público de riscos financeiro e cambial". O TCU segue analisando processos de outros estádios. No próximo mês, o governo do Rio de Janeiro deve entregar ao órgão projeto executivo e as planilhas orçamentárias do Maracanã.
Segundo o TCU, dos R$ 3,6 bilhões previstos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as novas arenas, foram liberados até agora apenas R$ 6 milhões. Em Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília, foi encontrado "risco de rentabilidade"", sem identificação de ações para acabar com o risco de as arenas virarem "elefantes brancos".
Para o ministro Valmir Campelo, relator dos processos sobre a Copa no tribunal, no entanto, "não é o caso ainda de luz vermelha". Dos projetos de mobilidade urbana, apenas 34% estariam compatíveis com o programado - 54% estariam com data do início reprogramada e 12%, atrasados. Para ele, as obras de mobilidade urbana mais problemáticas estão em São Paulo, Manaus, Recife, Fortaleza e Brasília.
Apesar do cenário de morosidade nos trabalhos, o ministro Valmir Campelo minimizou os problemas, mas reconheceu que existe uma "preocupaçãozinha maior com o problema dos aeroportos".
"O TCU está se antecipando quando existe alguma irregularidade, fazendo um trabalho preventivo, educativo e os gestores têm recebido isso muito bem. Não existem maiores preocupações, é claro que há uma preocupaçãozinha maior com o problema dos aeroportos, mas vamos pedir que as coisas sejam antecipadas", disse Campelo.
Segundo levantamento do tribunal, apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo há obras em andamento. "O atraso no cronograma poderá acontecer, mas não na obra em si, pelo menos é o que estão nos garantindo. Não queremos ser empecilho, queremos fazer parte desse processo de ajuda para que a Copa tenha êxito na transparência, moralidade e gestão da coisa pública", completou o ministro.

PROBLEMAS NÃO FALTAM

- Arena das Dunas, Natal. Indícios de irregularidades na contratação da parceria público-privada (problemas na viabilidade econômico-financeira do novo edital)
- Mobilidade urbana: São consideradas mais problemáticas as obras em São Paulo, Manaus, Recife, Fortaleza e Brasília
- Arena Amazônia, em Manaus. Apontado sobrepreço de R$ 71,2 milhões
- Risco de rentabilidade. O TCU observara em quatro cidades-sede esse problema nas novas arenas: Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília. Há risco de alguns estádios se tornarem elefantes brancos
- Arena Pernambuco. Foram encontrados "pontos críticos no contrato"", como o uso de expressões subjetivas e transferências ao poder público de risco financeiro e cambial.
- Aeroportos. Obras não iniciadas em Fortaleza, Salvador, Curitiba, Cuiabá, Confins, Porto Alegre, Brasília, Recife e Manaus
- Maracanã. Falha de elaboração do projeto básico e não cumprimento das exigências do BNDES
- Financiamento. Dos R$ 3,6 bilhões para estádios, o BNDES liberou apenas R$ 6 milhões até agora, para Manaus



TENSAO NO ORIENTE MEDIO
União Europeia tem plano de invasão por terra da Líbia, revela jornal
Segundo ‘The Guardian’, 27 países do bloco europeu acertaram no início do mês operação terrestre para abrir corredor humanitário em Misrata, reduto rebelde no oeste do território líbio sitiado por Kadafi; ação dependeria agora do aval de escritório da ONU

Andrei Netto - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / PARIS

A União Europeia (UE) já teria pronto um plano de operações para o ingresso de pelo menos mil soldados, em especial britânicos e franceses, no território da Líbia. O objetivo da estratégia seria garantir o acesso de assistência humanitária à cidade de Misrata. Sitiado há 50 dias, o município de 300 mil habitantes é o mais severamente bombardeado pelo regime, em ataques que já teriam deixado mil mortos.
A revelação foi feita ontem pelo jornal britânico The Guardian. Segundo a reportagem, o plano foi traçado em Bruxelas e dependeria apenas do aval das Nações Unidas para que seja posto em prática.
O projeto, denominado Eufor, teria obtido a aprovação dos 27 países da UE no início do mês. A intervenção militar terrestre seria estritamente humanitária, com a criação de corredores de auxílio, segurança de portos e escolta de navios, entre outras medidas.
Além disso, os soldados teriam autorização para revidar a eventuais ataques em caso de bombardeios pelo regime de Muamar Kadafi.
Caso venha a se concretizar, a programa Eufor será a primeira intervenção militar por terra na Líbia. O plano da UE, entretanto, aguardaria um parecer do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), da ONU, para ser levado adiante.

Corredor humanitário. Coincidência ou não, a ONU anunciou ontem ter obtido do governo de Kadafi garantias para o fornecimento de assistência humanitária, com apoio da organização não governamental Crescente Vermelho à cidade de Misrata, um dos focos da resistência rebelde na Líbia.
Assim, pela primeira vez as Nações Unidas e uma entidade humanitária internacional ingressarão em uma área da Líbia sob o poder de Kadafi. Há mais de um mês, a instituição fornece ajuda humanitária à cidade de Benghazi, sede do movimento revolucionário.
"Há dezenas de milhares de pessoas cujas necessidades básicas não são satisfeitas. Temos um grave problema", afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante visita a Budapeste, na Hungria.
O acordo para enviar ajuda humanitária foi obtido no domingo, durante uma visita da secretária-geral adjunta para Assuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos, e de Abdullah al-Khatyb, enviado especial de Ban.
A organização estima que 3,6 milhões de pessoas - de uma população total de 6,1 milhões de líbios - precisariam de ajuda humanitária por causa do impasse político e dos cercos promovidos pelo regime a cidades como Misrata, Az Zintan e Nalut.
Em Trípoli, o porta-voz do regime, Moussa Ibrahim, confirmou o acordo.
"Vamos permitir à população deixar Misrata em segurança, assim como fornecer ajuda, víveres e medicamentos", afirmou a jornalistas./ COM AFP E REUTERS

PARA ENTENDER
A resolução do Conselho de Segurança da ONU que autorizou a intervenção da Otan na Líbia, adotada em fevereiro, é ambígua em relação à imposição de um corredor humanitário com forças terrestres. O texto explicitamente veta a "ocupação" do território líbio por tropas estrangeiras. Países europeus, porém, argumentam que a medida não se enquadra na categoria "ocupação", por ter um caráter temporário e humanitário. A resolução da ONU assegura ainda o direito de se recorrer a "todos os meios" para proteger civis.


Quatro semanas depois, resultado da intervenção é pífio

*David Cloud e Ned Parker - O Estado de S.Paulo

Um mês atrás, as tropas leais ao líder líbio, Muamar Kadafi, avançavam sobre áreas da oposição, milhares de civis temiam pela própria vida e as forças rebeldes pareciam desorganizadas, com poucas perspectivas de derrubar o ditador. Depois de quase quatro semanas e centenas de ataques aéreos dos EUA e de aliados da Otan, houve poucas mudanças.
Kadafi não mais ameaça Benghazi, a capital dos rebeldes, e a Força Aérea da Líbia não pode mais levantar voo. No entanto, as tropas da oposição continuam inferiores às do Exército de Kadafi, que não dá sinais de desistir. Na realidade, nos últimos dias, o ditador intensificou a contraofensiva.
Militares americanos reconhecem que talvez suas convicções antes da intervenção estivessem erradas. Uma tese que se provou incorreta é a de que o simples poderio aéreo afetaria as forças de Kadafi a ponto de ele ser obrigado a parar os ataques.
"Entramos nessa operação sem um planejamento", disse o general do Exército David Barno, que já comandou as forças americanas e da Otan no Afeganistão. "Agora, estamos andando em círculos."
De certo modo, as forças do líder líbio revelaram-se surpreendentemente preparadas. Em vez de usar carros blindados que chamam a atenção de aviões de vigilância, por exemplo, elas camuflaram os deslocamentos das tropas usando o mesmo tipo de caminhonete dos rebeldes, disfarçando os veículos com a bandeira da oposição.
O fracasso da campanha apresenta um dilema cada vez maior a Barack Obama e a outros líderes da Otan. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o premiê britânico, David Cameron, querem intensificá-la. Um acordo, porém, pode dividir ainda mais a aliança. Ao que tudo indica, ninguém sabe como romper o impasse. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

*SÃO JORNALISTAS DO "MCCLATCHY NEWSPAPERS"



TÓQUIO
Robôs detectam alto nível de radiação em Fukushima
Radioatividade ainda é muito elevada para que trabalhadores entrem na usina e tentem resfriar os reatores

Dados coletados por robôs que exploraram o interior dos reatores nucleares da usina de Fukushima indicaram ontem que os níveis de radiação permanecem altos demais para permitir que equipes de trabalho entrem no local para realizar os reparos. Apesar disso, autoridades mantêm o otimismo e acreditam que seguirão o plano para a estabilização da central até o fim do ano.
Engenheiros não conseguem assumir o controle da usina nem entrar nos reatores. Os equipamentos tiveram seus sistemas de refrigeração danificados. A empresa que opera a usina, a Tokyo Electric Power (Tepco), espera reduzir os vazamentos em três meses e resfriar os reatores dentro de nove meses.
"O que os robôs podem fazer é limitado. Em algum momento, pessoas precisarão entrar lá", disse um funcionário da Tepco. O porta-voz do governo, Yukio Edano, diz que é impossível prever quando os dezenas de milhares de moradores da região poderão voltar para suas casas. Edano também não respondeu se todos os moradores poderão voltar.
Uma pesquisa publicada no Japão no fim de semana apontou que a maioria dos japoneses é a favor do aumento de impostos para a reconstrução do país, estimada em US$ 300 bilhões, o que torna a tragédia o desastre natural mais caro da história. Quase 70% das pessoas ainda reprovam a reação do governo à crise nuclear e disseram que o primeiro-ministro, Naoto Kan, deveria ser substituído.
Segundo a polícia japonesa, as cidades que tinham mais habitantes idosos foram as mais afetadas pela tragédia. Mais da metade das vítimas tinha mais de 65 anos e a maior parte das mortes foi causada por afogamento.
Até agora, o número de mortes confirmadas é de 13.843. Outras 14.030 pessoas estão desaparecidas. Dos 9.112 mortos que viviam nas províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima, as mais atingidas pelo tsunami, 54,8% tinham mais de 65 anos.

Segurança. Segundo a polícia de Miyagi, cerca de 95,8% das vítimas na cidade morreram afogadas. Os números mostram que os desmoronamentos causados pelo terremoto não foram a principal causa da tragédia.
Fumihiko Imamura, especialista em tsunamis da Universidade de Tohoku, afirmou que, com a tragédia, os governos deveriam planejar cidades com zonas costeiras mais seguras para as pessoas da terceira idade, com maior acessibilidade em casos de emergências. /AP e EFE




HAVANA
Cuba aprova projeto de reformas econômicas
Entre as mais de 300 medidas de abertura ao setor privado está o comércio particular de imóveis; encontro vota nova cúpula do PCC, sem Fidel

Os mil delegados do 6.º Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC) aprovaram ontem o projeto de reformas proposto pelo presidente Raúl Castro, que inclui mais de 300 medidas de abertura ao setor privado, corte de empregos, redução dos subsídios, autogestão empresarial e descentralização do aparelho estatal, informou site oficial Cubadebate.
O tema da propriedade privada também entrou na discussão ontem, no penúltimo dia do encontro, e a compra e venda de casas por particulares foi uma das medidas aprovadas, segundo a TV estatal. Havana não deu detalhes sobre as nova regulamentação do comércio imobiliário. A agricultura da ilha foi discutida ontem. Os resultados serão apresentados hoje, no encerramento do congresso, mas, segundo a resolução divulgada pelo site oficial, "na atualização do modelo econômico primará o planejamento, que levará em conta as tendências do mercado".
Os cubanos vêm os resultados políticos e econômicos do congresso com uma mescla de esperança e otimismo, sempre atentos às medidas que afetarão suas vidas diárias, como a futura eliminação do livreto (a cesta básica subsidiada).

Nova cúpula. Antes de adotar o programa de reformas - que sofreu algumas modificações durante os dois dias de debate, os delegados votaram para eleger os novos representantes do Comitê Central do partido, que deverá oficializar a saída de Fidel Castro do cargo de primeiro-secretário do PCC.
Uma foto divulgada ontem por Havana mostrou o presidente Raúl Castro depositando um voto de aprovação à lista de candidatos ao comitê. Desde que o partido foi criado, em 1965, Fidel e Raúl eram, respectivamente, primeiro e segundo-secretário do PCC. Raúl deverá ser eleito primeiro-secretário e a função de segundo-secretário deverá ser assumida por um líder mais jovem - acredita-se que o ex-ministro das Finanças, Marino Murillo Jorge; desde 2009, ele é responsável por aplicar as reformas propostas pelo governo. / AFP e AP

NOVA DETERMINAÇÃO

Propriedade privada
O congresso do PCC aprovou a permissão para que particulares possam comprar e vender suas casas

Trabalho
Anúncio da concessão de crédito a autônomos

Moeda
Discussão do fim do câmbio duplo, que atualmente determina duas cotações


Dissidentes soltos tentam formar frente de oposição

Acreditando que é hora de uma nova investida contra o governo de Raúl Castro, dissidentes cubanos estão organizando uma frente ampla de oposição, composta por 12 ex-prisioneiros políticos recém-libertados, que exigiria mais liberdades em Cuba. O grupo tem o objetivo de dar aos opositores uma voz mais poderosa e conquistar o respeito da comunidade internacional.
"Nunca antes houve um consenso tão sólido em torno da necessidade de mudança. Todos nós (dissidentes) estamos praticamente na mesma linha. Agora, porém, quase ninguém acredita que o governo concordaria (com as propostas da oposição)", disse o líder do movimento, Héctor Palacios Ruiz, ao jornal americano The Miami Herald.
Os opositores pretendem reunir os ex-prisioneiros da "Primavera Negra", de 2003, última onda repressiva do governo de Fidel Castro, que se recusaram a deixar Cuba em troca da libertação. No entanto, para Martha Beatriz Roque Cabello, que se juntou ao grupo dos 12 em dezembro, o movimento dissidente cubano "está mais dividido do que nunca".

Pessimismo. A oposição cubana reagiu com pessimismo às mudanças econômicas e de limite de mandato anunciados no sábado pelo presidente Raúl Castro. "Se vão continuar governando por mais dez anos continuarão arruinando o país. Mais que um anúncio é uma ameaça. Outra década de castrismo ineficiente seria para arruinar o país ainda mais", disse o veterano ativista Elizardo Sánchez. "Aqui em Cuba não mudou nada e as reformas de Raúl são cosméticas, para ficar no poder o que lhe resta de vida", disse Berta Soler, membro do grupo Damas de Branco. / AFP

Fidel convoca ''nova geração'' de líderes para ''mudanças''

Em sua coluna de opinião publicada pela imprensa oficial de Cuba, Fidel Castro fez um apelo à juventude do país. "A nova geração está convocada para mudar, sem hesitação, tudo o que possa ser mudado e para continuar demonstrando que o socialismo também é a arte de realizar o impossível: levar a cabo a revolução dos humildes", disse. Sob o título Os debates do congresso, o texto afirma que tal função constitui, na época "bárbara das sociedades de consumo", um "desafio para superar o sistema de produção capitalista, que fomenta e promove os instintos egoístas do ser humano". Fidel indicou que está acompanhando de perto as discussões do 6º Congresso do Partido Comunista Cubano, ao qual, até ontem, não havia aparecido. / AP



ARGENTINA
Ex-torturador diz só recebeu ordens

O ex-capitão Jorge Eduardo Acosta, um dos mais famosos torturadores da ditadura militar argentina, acusou ontem seus superiores de serem os únicos responsáveis pelas torturas e assassinatos realizados nos centros clandestinos de detenção estabelecidos em todo o país. Acosta foi um dos mentores dos chamados "voos da morte", nos quais os presos políticos eram jogados vivos no Rio da Prata ou no mar. Ele está sendo julgado há 16 meses por crimes cometidos na ditadura.

FONTE: ESTADO DE SÃO PAULO

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