DESTAQUE DE CAPA – CAOS
Depois do temporal, a chuva de prejuízos
Sala onde fica a UnB tv, no subsolo do Instituto central de Ciências: documentos, móveis e equipamentos danificados pelo temporal
Moradores e comerciantes da Asa Norte fazem as contas das perdas com a forte chuva de domingo. Atingida em cheio, a Universidade de Brasília ainda não sabe quanto foi destruído em pesquisas e equipamentos. Estudos de 2009 apontam a necessidade urgente de obras nas galerias pluviais nas proximidades da UnB. Se tivessem sido feitas, poderiam ter evitado o pior.
DILMA NA CHINA
Em busca do acordo
Por conta da possível candidatura da África do Sul, cinco países integrantes do Brics adiam a definição sobre a postura que pretendem defender em relação à ampliação do Conselho de Segurança da ONU
» Denise Rothenburg
Enviada especial
Pequim — A falta de consenso sobre a ampliação do Conselho de Segurança das Organização Nações Unidas (ONU) impediu que diplomatas dos cinco países integrantes do Brics fechassem ontem o comunicado conjunto que os chefes de estados devem assinar na próxima quinta-feira, em Sanya, na reunião de cúpula do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e, agora, a África do Sul. As dificuldades surgiram por conta da indefinição do novo integrante. Os sul-africanos não querem avançar o sinal sobre o tema, sem antes obter uma posição mais firme dos países do continente africano em relação ao assunto.
A África do Sul tem manifestado nas reuniões internas que gostaria de apresentar uma candidatura de membro permanente do Conselho de Segurança, mas, como a Tunísia e o Egito fizeram movimentos nesse sentido, ela prefere não avançar. Alem disso, os africanos cobram o ingresso com poder imediato de veto, situação em que o Brasil não tem a mesma visão.
O G4 — Brasil, Japão, Índia e Alemanha — colocam a necessidade de ampliação de seis vagas, a desses quatro países e mais dois africanos. O G4, no entanto, não tem analisado a questão do veto, mas aceita integrar o conselho sem, inicialmente, ter o poder que cabe hoje aos demais membros do conselho permanente (leia Para saber mais).
Além da questão da África do Sul, há ainda o que a diplomacia considera uma posição ambígua da China em relação ao tema. Até o momento, a China têm defendido a ampliação, mas para acolher os países africanos. O que trava o avanço da posição chinesa é a dificuldade em aceitar o vizinho Japão.
A indefinição da África do Sul e a ambiguidade chinesa podem terminar por levar o Brics a tratar da ampliação do Conselho de Segurança da ONU da mesma forma que ocorreu nas duas reuniões de cúpula anteriores, ou seja, defender a reforma do conselho, mas sem mais detalhamentos. Amanhã à tarde, em Sanya, os diplomatas dos cinco países farão uma nova reunião para ver até onde é possível avançar. Se não houver consenso, a posição do grupo sobre a reforma do Conselho de segurança da ONU será genérica.
A presidente Dilma Rousseff chegou às 10h30 da manhã de ontem (23h30 de domingo em Brasília) em Pequim. Ela foi recebida pelo ministro de Relações Exteriores da China, Yang Jiechi. A comitiva seguiu direto para o hotel, onde Dilma permaneceu durante todo o dia em reuniões sobre os acordos a serem assinados e nos três discurso de hoje. Nem acompanhou a filha, Paula, na visita à Muralha da China, distante uma hora de Pequim.
Aliança
O termo Bric, criado em novembro de 2001 pelo economista Jim O’Neill, designa os quatro principais países em crescimento do mundo: Brasil, Rússia, India e China. Eles formam uma aliança por meio de tratados de comércio e de cooperação assinados em 2002 para alavancar o crescimento. Estudos apontam que a economia desses países, juntos, vai superar a dos EUA em 2015. Brasil e Rússia produzem de alimentos e petróleo e fornecem matéria prima. Os negócios de serviços e de manufatura estariam principalmente localizados na Índia e China, devido à concentração de mão de obra e tecnologia, respectivamente. Em dezembro, o grupo convidou formalmente a África do Sul para entrar no grupo. Com isso, a sigla ganhou a letra S (de South Africa) e passou a se chamar Brics.
PARA SABER MAIS
Cinco membros permanentes
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) fiscaliza e tenta manter a paz mundial. Composto por 15 países após a Segunda Guerra Mundial, o órgão pode adotar medidas drásticas, que vão desde os embargos econômicos até o uso da força com uma coalizão militar, para fazer valer suas decisões, conforme estabelecido pela Carta das Nações Unidas — documento que firma os objetivos e deveres do conselho.
Os fundadores e membros permanentes são os países que lutaram contra os países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália) e assinaram a Carta das Nações em San Francisco em 1945: Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, China e França. A Assembleia Geral das Nações Unidas escolhe os outros 10 integrantes para mandatos de dois anos, a partir de 1º de janeiro, sendo cinco substituídos anualmente. A eleição ocorre por grupos regionais e são, posteriormente, confirmados pela Assembleia Geral. Os grupos da África, das Américas, da Ásia e da Europa Ocidental escolhem dois membros cada; o grupo do Leste Europeu escolhe um. A última vaga é alternada a cada dois anos entre a Ásia e a África.
Os mandatos da Bósnia e Herzegovina, do Brasil, do Gabão, do Líbano e da Nigéria valem até o fim deste ano — iniciaram a participação em 2009. África do Sul, Alemanha, Colômbia, Índia e Portugal foram eleitos em 1º de janeiro de 2011 e ficam no conselho até 31 de dezembro de 2012.
A Carta das Nações estabelece, ainda, que todas as decisões devem ter nove votos, exigindo os votos afirmativos dos membros permanentes. Assim, China, França, EUA, Reino Unido e Rússia têm um poder de veto, pois sem a aprovação total de todos eles, nenhuma decisão é tomada no conselho.
DILMA NA CHINA
Venda de aviões é liberada
Governo chinês concede permissão para a Embraer exportar 35 aeronaves e manter uma fábrica de jatos no país
Denise Rothenburg
Enviada especial
Pequim — A presidente Dilma Rousseff começou o seu périplo pela China “com o pé direito”, conforme definiu o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel. A presidente recebeu a informação do embaixador brasileiro em Pequim, Clodoaldo Hugueney, que a Embraer vai obter a licença para vender 35 aviões modelo EMB 190 para as companhias chinesas — 10 já acertados em janeiro e mais 25 a serem negociados. Além disso, a empresa fechará um acordo para a fabricação do jato Legacy no país. “A China, que antes, não permitia a compra de jatos executivos para suas empresas, agora virou um mercado promissor na área e todas as empresas do setor estão se voltando para cá”, afirmou o embaixador.
As boas notícias repassadas a Dilma não se restringiram aos aviões. Em seu primeiro encontro oficial, uma hora e meia depois do desembarque, o presidente da Huawei, Ren Zhengfei, firmou o compromisso de um investimento de US$ 350 milhões da empresa para instalação de um centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia em Campinas e, ainda, a doação de US$ 5 milhões anuais, durante 10 anos, para instalação de equipamentos de informática nas universidades brasileiras.
Dilma mal acabara o encontro com Zhengfei, quando o governador da Bahia, Jaques Wagner, passou correndo pelo hall do hotel St. Regis, onde a comitiva brasileira está hospedada, atrasado para um encontro no escritório da Agencia de Promoção das Exportações (Apex). Preparava-se para assinar um investimento de US$ 300 milhões da Chongqing Grain Group na área de produção de soja na região de Barreiras (BA).
“Para o primeiro dia, não foi nada mal”, comentou Pimentel, referindo-se aos acordos, em especial, o assinado com a Huawei. Os investimentos e as doações, entretanto, não são de graça. A Huawei, como a ZTE e a Foxconn — outras duas empresas de alta tecnologia no setor de telecomunicações — estão de olho na nova política de ampliação dos serviços de banda larga no Brasil e, nesse ramo, dizem os especialistas, quem chega primeiro tem a vantagem.
De acordo com o ministro Pimentel e com o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos (PDT), que também participou da reunião, os investimentos da Huawei vão permitir o envio de estudantes da Unicamp para Pequim, para estudos na área de telecomunicações, e ainda a criação de cerca de mil empregos diretos na cidade.
Santos já estava em Pequim antes da presidente, mas Pimentel e Wagner chegaram no avião da presidente Dilma Rousseff. Hoje, a presidente tem uma agenda extensa na cidade. Logo cedo, ela participa da abertura do Dialogo de Alto Nível Brasil-China em Ciência, Tecnologia e Inovação, no complexo Diaoyutai, a casa de hóspedes do governo chinês. Depois, encerra o seminário empresarial Brasil-China (leia mais na página 4). À tarde, será a vez da assinatura dos acordos governamentais e empresariais. No caso da Petrobras, o governo chinês pediu que os acordos fossem assinados fora da cerimônia oficial para não atrasar o banquete, marcado para as 18h45 desta terça-feira.
Uma festa
Nem só de comércio é feita a visita de Dilma à China. Ontem, como parte da programação, embora sem a presença da presidente, foi inaugurada a uma exposição do artista plástico Roberto Magalhães, com desenhos e pinturas a óleo representativas da arte contemporânea brasileira no Museu da Academia de Artes de Pequim. Enquanto isso, no espaço Cultural GuanghuaLu, foi a vez do Clube do Choro de Brasília fazer uma apresentação especial fechada para convidados. Hoje, o Clube do Choro comanda um novo show, durante o almoço de encerramento do seminário empresarial, com a presença de Dilma.
ANÁLISE DA NOTÍCIA
Símbolo em mandarim
Paulo Silva Pinto
Viagens presidenciais costumam ter resultado mais simbólico do que pragmático, tanto para o convidado quanto para o anfitrião. Os chineses, ao anunciar a compra de 20 aviões EMB-190, mostram que são mesmo bons de simbologia. Poucas empresas elevam tanto nossa autoestima.
A Embraer está acima da média da indústria brasileira, que enfrenta problemas de competitividade derivados da alta carga tributária, da baixa escolaridade da força de trabalho, da precariedade da infraestrutura e da baixa capacidade de inovação.
O comércio entre o Brasil e a China aumentou muito na última década: de US$ 2 bilhões em 2000 para US$ 56 bilhões no ano passado. Mas isso ajudou pouco a indústria, pois apenas 5% das exportações brasileiras para a China são de produtos manufaturados. Do que importamos, 97,5% são manufaturados.
O embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, disse recentemente que isso é problema do Brasil. Mas o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, revidou: “O câmbio na China não é livre, como aqui. Isso faz com que o produto chinês saia de lá por um preço irrisório para entrar no mercado brasileiro”.
A compra dos aviões não resolve esse desequilíbrio comercial. Aliás, não resolve sequer os problemas da Embraer na China. Desde 2002, a empresa firmou uma joint venture com o governo do país para fabricar o modelo ERJ 145 em Harbin. A fábrica está para fechar. Espera-se que os chineses autorizem a produção do jato executivo Legacy, o que daria sobrevida à linha de montagem.
BRASIL
Lançamento de livro sobre a Abin
O jornalista Roberto Numeriano lança hoje, em Brasília, o livro Serviços secretos, a sobrevivência dos legados autoritários, da Editora Universitária UFPE. O trabalho trata-se da tese de doutorado em ciência política, pela Universidade Federal de Pernambuco, e analisa comparativamente três serviços de inteligência: Abin, CNI (Espanha) e SIS (Portugal). O lançamento do livro ocorrerá às 19h, no restaurante Carpe Diem (104 Sul).
DESARMAMENTO
Bancada da bala promete reagir
Parlamentares que tiveram campanhas financiadas pela indústria bélica são contra a ideia de rever o comércio de armas no país. Segundo eles, a bandeira levantada por Sarney tem motivação "oportunista"
Ivan Iunes
A intenção de organizações não governamentais e do presidente José Sarney (PMDB-AP) de renovar a investida contra o comércio de armas de fogo no Brasil terá caminho difícil no Congresso. A bancada financiada pela indústria bélica decidiu se armar contra a proposta de revogação do referendo que, em 2005, abrandou o Estatuto do Desarmamento ao derrubar o artigo que proibia a comercialização de armas de fogo. De acordo com levantamento feito pelo Correio, a chamada bancada da bala tem cerca de 30 representantes, entre senadores e deputados federais. Juntos, eles receberam doações financeiras durante a campanha do ano passado de R$ 2,77 milhões, vindos de empresas e associações ligadas à produção e ao comércio de armamentos.
A intenção de rever a decisão tomada por 64% da população brasileira em 2005 seria um dos pilares da Campanha do Desarmamento deste ano, que terá o lançamento antecipado de julho para o mês que vem. “Vou tratar disso (revogação do referendo) na próxima reunião com os líderes dos partidos no Senado para ver se temos condição de votar imediatamente uma lei modificando o que foi decidido no referendo e fazendo outro referendo”, disse Sarney. A reunião de líderes do Senado está marcada para hoje.
Mas, de acordo com deputados e senadores que compõem a bancada da bala, a intenção de revogar o referendo segue uma lógica oportunista. “Temos uma das leis mais restritivas e elitistas do mundo para armas de fogo. Nos últimos quatro anos, mais de 500 mil armas foram retiradas voluntariamente. O problema é que o Estado não consegue desarmar os bandidos”, criticou Onyx Lorenzoni (DEM-RS), campeão de doações recebidas da indústria bélica (veja quadro).
Na lista de agraciados com doações armamentistas está até a presidente Dilma Rousseff, que recebeu R$ 200 mil — o diretório nacional do PT ganhou outros R$ 500 mil. No Congresso, a bancada do Rio Grande do Sul é a que mais recebeu doações de campanha: 12 deputados e um senador. A maioria das contribuições foram feitas pela fabricante Taurus e pela Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições.
A força do lobby da indústria bélica, especialmente forte na Câmara, pode ser constatada também pelo número de projetos que circulam na Casa com o mote de abrandar o Estatuto do Desarmamento. São 17 em tramitação. Entre eles um que autoriza o uso de armamentos de fogo por inspetores e guardas de trânsito, e outro que dá isenção aos vigilantes no pagamento da taxa de porte de arma caso decidam adquirir um instrumento para fim particular.
Vendas aumentaram
Dados da Diretoria de Fiscalização de Produtos controlados do Exército mostram que, em cinco anos, houve um aumento de 81,2% na venda legal de armas em todo o país. De 2005 a março deste ano, 635.251 unidades foram comercializadas. Em 2004, um ano antes do plebiscito que debateu com a sociedade o assunto, 63.674 pistolas e revólveres foram vendidos. Com decisão favorável ao comércio, esse número saltou para 81.642 em 2006. Um ano depois, chegou a 133.754, sendo 19.541 no DF.
Campanhas turbinadas
Confira quem são e quanto receberam os principais parlamentares da chamada bancada da bala
Político - Cargo a que concorria - Valor recebido
Onyx Lorenzoni (DEM-RS) - Deputado - R$ 250 mil
Sandro Mabel (PR-GO) - Deputado - R$ 160 mil
Abelardo Lupion (DEM-PR) - Deputado - R$ 120 mil
Moreira Mendes (PPS-RO) - Deputado - R$ 90 mil
Guilherme Campos (DEM-SP) - Deputado - R$ 80 mil
Jorginho Maluly (DEM-SP) - Deputado - R$ 80 mil
Lael Varella (DEM-MG) - Deputado - R$ 50 mil
Ana Amélia Lemos (PP-RS) - Senador - R$ 50 mil
Marcos Montes (DEM-MG) - Deputado - R$ 40 mil
Valdir Colatto (PMDB-SC) - Deputado - R$ 40 mil
Gonzaga Patriota (PSB-PB) - Deputado - R$ 40 mil
João Campos (PSDB-GO) - Deputado - R$ 40 mil
Total investido pela indústria armamentista nas campanhas de 2010: R$ 2,77 milhões
BRICS
Dilma tenta afinar discurso com a China
Às vésperas do encontro presidencial, diplomatas correm para chegar a um acordo em temas econômicos e políticos
Denise Rothenburg
Enviada especial
A presidente Dilma Rousseff desembarcou no fim da noite de ontem (pelo horário de Brasília) — cerca de 10h30 de segunda-feira pelo horário local — em Pequim para uma visita de seis dias com um olho voltado à ampliação do portfólio de exportações brasileiras com produtos de maior valor agregado, e o outro focado na afinação do discurso com os chineses em vários temas da agenda internacional. No comunicado conjunto que ela assinará amanhã com o presidente chinês, Hu Jintao, estarão mencionados temas delicados, como o conflito na Líbia, a necessidade de reforma no Conselho de Segurança da ONU e ainda a preocupação com as mudanças climáticas e o combate à miséria.
Sinuosa pela falta de liberdade de expressão no país comunista, a questão dos direitos humanos constará do texto final, mas as autoridades brasileiras avisam que não será foco importante da visita. “O tema não é proibido na pauta entre os dois países, tanto é que entrará na discussão”, pondera uma fonte do Itamaraty. Em que termos isso será colocado ainda não se sabe e os diplomatas de ambas as nações correm contra o tempo para tentar chegar a um consenso. A ideia é que saia uma citação mais geral sobre o assunto, sem entrar em casos específicos, como o número de presos políticos da China.
Dilma estará mais voltada à agenda econômica e científica. Seu primeiro compromisso oficial é a abertura do Diálogo de Alto Nível Brasil-China em Ciência, Tecnologia e Informação, no Complexo Diaoyutai, a Casa de Hóspedes do governo chinês. Até 2009, Diaoyutai acomodava os chefes de Estado em visita ao país. Em 2004, por exemplo, Lula ficou hospedado lá. O palácio começou a ser construído em 1958 e terminou em 1959, para abrigar os ilustres convidados para a festa de 10 anos de governo do Partido Comunista que governa a China até hoje. Hoje, o complexo é usado mais para eventos e hóspedes dispostos a pagar algo em torno de US$ 6 mil, a diária de uma das suítes presidenciais, valor que será acrescido em 15%, a título de taxa de serviço.
Dilma ficará em Diaoyutai menos de uma hora. De lá, vai para o China World Summit Wing, um centro de convenções onde encerrará o seminário empresarial Brasil-China. Depois do almoço que a comitiva brasileira oferece ao empresariado chinês numa grande amostra dos vinhos nacionais, carne e iguarias da culinária baiana, ela segue para o Palácio do Povo para assinatura de declaração conjunta. O dia termina com um banquete oferecido por Hu Jintao à presidente.
Aviação e energia
Nos encontros, Dilma reforçará a intenção do Brasil de diversificar a sua pauta de exportações. Entre os acordos, destaca-se a compra dos aviões Embraer 190 por empresas chinesas. Há ainda memorandos na área de energia, entre a Eletrobras e a State Grid, que deseja entrar pesado no setor de linhas de transmissão.
A Petrobras assinará contratos com a Sinochem (a empresa química) e também com a Sinopec, maior petrolífera chinesa, que, em outubro, comprou 40% do capital da Repsol do Brasil. A visita a Pequim termina no dia 13, com um encontro de Dilma com o presidente da Assembleia Popular nacional, Wu Bangguo, e com o primeiro-ministro Wen Jiabao. Por volta das 17h, a presidente segue para a ilha de Hainan, onde participa da reunião de cúpula dos Brics, no dia seguinte.
VIOLÊNCIA
Tiro por vaga no elevador
Ao tentar furar a fila para ingressar no Condomínio Conjunto Baracat, no Conic, advogado é repreendido e briga com um coronel do Exército. Dez minutos depois, volta à recepção do prédio, atira na perna do militar e foge
Thalita Lins
Um advogado é acusado de ter atirado na perna esquerda do coronel do Exército Kleper Santos de Oliveira Batista, após uma discussão por conta de espaço no elevador do Condomínio Conjunto Baracat, localizado no Conic. O caso ocorreu por volta das 12h20 de ontem e a vítima, atingida na panturrilha, passa bem. Imagens do circuito interno do elevador mostram Raimundo Pereira Batista, 66 anos, proprietário de uma sala de advocacia no terceiro andar do edifício, agredindo o coronel no interior do elevador no momento em que eles estavam no térreo. O oficial revida com um soco. Em seguida, os dois vão parar na garagem do prédio. A briga continua fora do elevador. As gravações revelam que
nessa hora Kleper tenta imobilizar Batista no chão. Um funcionário do condomínio chega ao local e consegue impedir que a situação continue.
No entanto, cerca de 10 minutos depois, o coronel do Exército vai até a recepção do prédio. Enquanto isso, o advogado sobe até a sala 304, pega uma arma de fogo — supostamente um revólver .38 — e desce pelas escadas em direção à entrada do prédio, onde está Kleper. Batista sacou então a arma e atirou contra o coronel, fugindo depois do local. A vítima foi amparada pela esposa, que presenciou o crime.
Procurado
Depois do tiro, o casal foi de carro para o Hospital das Forças Armadas (HFA), no Cruzeiro, onde o coronel fez um curativo e logo recebeu alta. Kleper foi ouvido por policiais civis da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central). De acordo com o delegado-chefe, Laercio Rossetto, ainda não foi esclarecido como o advogado saiu da cena do crime. “Não sabemos se ele foi de carro ou a pé”, afirmou o titular. Até o fechamento desta edição, o acusado ainda não havia sido localizado pelos agentes da Polícia Civil. “Já estamos fazendo diligências para achá-lo”, adiantou Rossetto.
Movimento
No momento do crime, a recepção estava bastante movimentada por conta do horário de almoço. Rossetto ressaltou que Batista não agiu em legítima defesa e que ele poderia ter ferido outras pessoas. “A situação foi grave, ele poderia ter até matado outras pessoas que estavam lá no momento. O advogado não pode alegar que atirou para se defender”, explicou o delegado. Batista será indiciado por tentativa de homicídio, cuja pena varia de 12 anos a 30 anos de detenção, diminuída de um terço.
Funcionário do edifício comercial, Nelson Soares, 36 anos, foi uma das testemunhas do crime. Ele foi ouvido no fim da tarde de ontem por investigadores da 5ª DP. Ao Correio, afirmou ter presenciado o advogado furando a fila do elevador. “Ele disse que ia entrar no elevador porque estava atrasado. Mas o coronel estava na frente. Além dele tinham outras pessoas à espera”, contou.
Minutos depois, Soares teria ouvido o barulho do disparo da arma de fogo. “Eu só escutei um estampido. Quando eu subi para a recepção, os dois já haviam sumido e eu só encontrei manchas de sangue no chão. Cerca de vinte minutos depois, a Polícia Militar chegou lá”, relatou o funcionário do condomínio.
Ainda de acordo com Soares, o advogado trabalha no local há cerca de 30 anos. “Antes dessa briga, nunca o tinha visto daquele jeito”, comentou. O coronel teria ido ao local para pegar o carro estacionado na garagem do edifício. “O que eu sei é que ele tem uma vaga lá, onde guarda um VW/Gol vermelho, e trabalha no Edifício Eldorado, que fica ao lado do Baracat. E o advogado, que tem um Honda/Civic azul-escuro, também tem uma vaga lá, mas eu não o vi saindo de carro.”
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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