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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Resenha CORREIO BRAZILIENSE


DESTAQUE DE CAPA – DECLARAÇÃO COMPLICADA
Despesa médica na mira do Leão
Contribuinte terá de dar mais detalhes sobre gastos com saúde ao declarar. Qualquer erro poderá jogá-lo na malha fina

Todos os dias, 600 mil pessoas sofrem com a precariedade e a falta de investimentos no transporte público do DF. Nos últimos anos, governos preferiram soluções paliativas, como construção de viadutos e duplicação de pistas, que custaram em uma década R$ 774,5 milhões, enquanto que os recursos destinados ao Metrô chegaram a apenas R$ 184,7 milhões.


SR. REDATOR

Direitos Humanos
A Secretaria de Direitos Humanos deveria dedicar-se a temas atuais, como apurar a situação de acampamentos de desalojados pelas enchentes em Alagoas, onde as meninas não podem ir desacompanhadas ao banheiro porque correm o risco de serem estupradas.
» Carlos Alberto Martinez


REVOLUÇÃO ÁRABE
Esperança e nervosismo
Militares egípcios anunciam a dissolução do Parlamento e a suspensão da Constituição, duas reivindicações dos oposicionistas. Exército, porém, tenta forçar esvaziamento da Praça Tahrir e manifestantes resistem

Isabel Fleck

Com o mais recente anúncio do Conselho Supremo das Forças Armadas, feito  ontem na rede de TV estatal, os manifestantes egípcios têm praticamente todas as suas demandas atendidas pelo comando militar que assumiu o poder. O Exército afirmou ter dissolvido as duas câmaras do Parlamento eleito em dezembro (sob críticas de fraudes generalizadas) e suspendido a Constituição, as duas exigências mais críticas para a oposição, depois da saída do presidente Hosni Mubarak, que ocorreu na última sexta-feira. No entanto, ainda há pendências, como a libertação dos presos políticos, a suspensão do estado de emergência e o fechamento dos tribunais militares. Por isso, muitos membros da oposição ainda não deixaram a Praça Tahrir, mesmo com a pressão feita pelo Exército, que, segundo manifestantes, chegou a usar cassetetes para forçar a retirada das tendas.
Líderes da oposição programaram a “Marcha da Vitória” para a próxima sexta-feira — não só para comemorar os avanços alcançados, mas para continuar pressionando pelo que ainda não foi realizado. Segundo o líder ativista Khaled Abdelkader Ouda, neste dia, também serão anunciados os membros de um conselho formado por civis para negociar com a junta militar. O clima, contudo, não é de hostilidade aos militares.
As Forças Armadas confirmaram a criação de uma comissão para reformar a Carta Magna e declararam que as novas emendas serão definidas por referendo. O período de transição duraria seis meses — ou até as próximas eleições legislativas e para a presidência, previstas, inicialmente, para setembro. “Saudamos as Forças Armadas pelos seus esforços para atender às demandas do povo”, disse Ouda, que ainda pediu aos egípcios apoio para que o Exército siga com as mudanças. Para Ayman Nour, um dos líderes oposicionistas que desafiou o ex-presidente Hosni Mubarak nas eleições presidenciais em 2005, esta foi “uma vitória da revolução”.
Fora do país, o anúncio do Conselho Supremo também foi recebido positivamente, e sem surpresas. “Foi uma declaração que está em conformidade com o papel que os militares se propuseram a assumir. Não duvido que eles não terão problemas em entregar o poder assim que houver eleições, mas acredito que isso pode demorar mais do que foi anunciado, já que será preciso tempo para formar os partidos, por exemplo”, avalia Bernard Gwertzman, especialista do Council on Foreign Relations, de Washington.
Pouco antes do anúncio do Conselho Supremo, o primeiro-ministro egípcio, Ahmad Shafiq, concedeu uma entrevista coletiva, na qual afirmou que a segurança é a prioridade daqui para frente. Shafiq lidera um governo nomeado ainda por Mubarak e que, segundo determinação da junta militar, permanecerá administrando os assuntos correntes. A direção do país, porém, fica a cargo do Conselho formado por 20 generais, bem como a representação do Egito no exterior. “A prioridade desse governo é restaurar a segurança e facilitar a vida cotidiana da população”, disse Shafiq, ex-ministro da Aeronáutica de Mubarak.

Retirada lenta
A capital egípcia tentava voltar ontem à sua rotina no primeiro dia útil após a saída de Mubarak. Apesar de muitos manifestantes resistirem a tirar suas tendas da Praça Tahrir, o tráfego foi liberado parcialmente no local. Os militares tentaram organizar os manifestantes em pequenos grupos para poder abrir espaço nas vias que passam pela praça, e algumas pessoas reclamaram da truculência da polícia do Exército, que estava armada com cassetetes. “O Exército quer matar a revolução, quer que o povo vá embora”, disse Abu Tasneem, 28 anos, professor de francês em Alexandria, à agência France-Presse. A limpeza das ruas, iniciada no sábado, continuou ontem, com soldados e civis.
No plano internacional, a aparente tranquilidade de EUA e de Israel esconde uma intensa movimentação nos bastidores. Ontem, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, conversou por telefone com o colega egípcio,  Aboul Gheit, e os chanceleres Abdullah bin Zayed bin Sultan Al Nahyan, dos Emirados Árabes Unidos, e S. M. Krishna, da Índia.
Em entrevista à rede americana ABC veiculada ontem, o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, disse não haver nenhum risco para as relações entre seu país e o Egito, e descartou uma evolução similar à do Irã no seu vizinho do sul. “Penso que nenhum risco operacional nos aguarda ao dobrar a esquina.” No sábado, o presidente Barack Obama festejou os compromissos assumidos pela junta militar no Egito, e prometeu fornecer todo o apoio solicitado pelo país, inclusive financeiro.

Saques no museu
Um inventário realizado no Museu Egípcio do Cairo revelou que pelo menos oito peças de grande valor, entre elas uma estátua de Tutankamon, foram roubadas do local durante as manifestações pela saída do presidente Hosni Mubarak. O museu foi invadido em 28 de janeiro. “Entre os objetos roubados estão uma estátua de madeira coberta de ouro do rei da XVIII dinastia Tutankamon sustentado por uma deusa e partes de outra efígie do mesmo faraó”, disse o diretor do Serviço de Antiguidades Egípcias, Zahi Hawas.

Manifestantes anti-Saleh são contidos por agentes de segurança
No terceiro dia de protestos no Iêmen, milhares de manifestantes contra o governo de Ali Abdullah Saleh foram contidos por agentes das forças de segurança enquanto marchavam pela capital, Sanaa, e tentavam chegar ao palácio presidencial. Os oposicionistas carregavam faixas clamando por uma revolução no país semelhante à que acaba de derrubar o ditador Hosni Mubarak. Saleh está no poder no país mais pobre do mundo árabe desde 1978, quando liderou um golpe militar.
O governo local tenta atrair de todas as formas a oposição para um diálogo, mas os líderes anti-Saleh exigem um calendário concreto para “reformas constitucionais, econômicas e sociais”, processo que culminaria com o afastamento do presidente do poder. Ontem, devido à força crescente das manifestações, Saleh decidiu adiar uma visita oficial que faria aos Estados Unidos. Em 2 de fevereiro, o lídere iemenita se comprometeu a não se recandidatar à Presidência, a não tentar repassar o poder para o filho e a não propor qualquer alteração constitucional para aumentar o seu mandato — inicialmente previsto para acabar em 2013. Agora, a esperança do mandatário é conseguir, pelo menos, manter-se no poder até essa data.

Argélia
Um dos líderes do movimento de oposição argelino Coordenação Nacional para a Mudança e a Democracia (CNCD), Mustafá Buchachi anunciou ontem a convocação de uma nova marcha de protesto contra o governo de Abdelaziz Buteflika, a ser realizada em 19 de fevereiro, na capital, Argel. No sábado, um enorme dispositivo policial foi acionado para dissolver uma manifestação com cerca de 2 mil pessoas. Houve inúmeras prisões. Os agentes de segurança não hesitaram em usar a violência contra os participantes do protesto. Os oposicionistas também exigem o fim imediato do estado de emergência, em vigor há 18 anos.
Ontem, o Departamento de Estado dos Estados Unidos emitiu uma nota oficial afirmando que o governo norte-americano está acompanhando os “protestos em andamento” no país africano e pedindo “contenção” dos serviços de segurança. “Também reafirmamos nosso apoio aos direitos universais do povo argelino, incluindo os de reunião e de expressão. Esses direitos também aplicam-se à internet”, afirmava o comunicado.
COLÔMBIA
Farc entregam refém

Depois de quase dois meses em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o policial Carlos Alberto Ocampo foi entregue pela guerrilha a uma missão humanitária, na tarde de ontem, na região central da Colômbia. Ele foi o primeiro dos três reféns que as Farc prometeram entregar ontem a um grupo integrado por representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e pela ex-senadora Piedad Córdoba. Em dois helicópteros cedidos pelo Exército brasileiro, a missão partiu rumo à área prevista para a libertação às 9h30 locais (12h30 de Brasília). Devido ao mau tempo, a aeronave não conseguiu pousar na selva no horário previsto, atrasando em algumas horas a operação. Depois de resgatar o policial, o helicóptero retornou à base aérea de Chaparral (Tolima) para reabastecimento. Além dele, as Farc haviam anunciado a libertação do major da polícia Guillermo Solórzano e do cabo do Exército Salín Sanmiguel. Até o fechamento desta edição, porém, os dois reféns ainda não haviam sido resgatados.

CUBA
Mais dois soltos

Cuba libertou, no sábado, dois presos políticos, Angel Moya (E) e Héctor Maseda (D), maridos de duas líderes das chamadas Damas de Branco — movimento que exige liberdade para os dissidentes jogados em prisões do país há anos. Agora, restam sete dos 52 oposicionistas que o governo prometeu liberar, depois de um acordo histórico com a Igreja Católica em julho do ano passado. Maseda, jornalista e engenheiro eletrônico de 68 anos, e Moya, operário da construção civil, 46, foram liberados mesmo com a recusa de deixar a detenção, já que ambos queriam a libertação dos presos enfermos e liberdade incondicional, informaram suas esposas, Laura Pollán e Berta Soler, respectivamente. “Saí da prisão contra a minha vontade, obrigado, jamais aceitei sair sob licença extrapenal e foi assim que me tiraram”, disse Maseda.


ESTADOS UNIDOS
Onda de loucura

Quatro pessoas foram mortas a facadas por um homem que sofreu um ataque de fúria e deixou um rastro de sangue em Nova York. O suspeito — de 23 anos e origem ucraniana, identificado como Maksim Gelman — foi preso no sábado pela polícia na estação de metrô da Times Square, pouco depois de matar sua última vítima. A onda de loucura começou 28 horas antes, num bairro do Brooklyn, onde vivem inúmeros imigrantes da antiga União Soviética e onde Gelman matou o padrasto, a ex-namorada e a mãe dela. Depois, ao fugir, ele atropelou um pedestre, a quarta vítima, com um carro roubado, que deu início a uma intensa perseguição pela cidade, de acordo com a polícia. Outras quatro pessoas foram esfaqueadas e feridas, incluindo o dono do carro roubado, um motorista de táxi e um passageiro do metrô.


BRASIL E ARGENTINA
Acordo de defesa

Os ministros da Defesa do Brasil e da Argentina terão um encontro hoje, em Buenos Aires, para dar impulso a uma agenda comum na área, conforme os acordos assinados pelas presidentes dos dois países em 31 de janeiro. O ministro argentino, Arturo Puricelli, receberá o colega brasileiro, Nelson Jobim, na sede do ministério e depois os dois percorrerão juntos as instalações do Complexo Industrial Naval Argentino e do estaleiro estatal Tandanor, um dos maiores da América do Sul. No último encontro entre os ministros, foi definido um aprofundamento da cooperação conjunta no programa anual de intercâmbios, em cursos, estadas e visitas entre militares dos dois países, assim como trocas industriais na área aeronáutica.

IRÃ
Novo chefão nuclear

O cientista nuclear Fereydun Abasi Davani, que em novembro do ano passado sobreviveu a um atentado, foi designado diretor do programa nuclear do Irã. Abasi substitui Ali Akbar Salehi, designado chefe da diplomacia da República Islâmica. O programa nuclear iraniano, que passou a ser comandado em julho de 2009 por Salehi, está no centro do conflito entre o Irã e a comunidade internacional. No fim de novembro, Abasi e outro cientista nuclear, Majid Shahriari, que tinham papéis importantes no polêmico programa nuclea

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