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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

23 de fevereiro de 2011 - JORNAL DO BRASIL


DESTAQUE DE CAPA - VIOLÊNCIA
13 Km de apreensão na Ponte
Coletivos na Ponte Rio-Niterói são alvos fáceis para assaltantes

Caio de Menezes

A maior ponte em concreto do Hemisfério Sul, a Presidente Costa e Silva, que liga Rio e Niterói, é também um território livre para os assaltantes. A ausência de policiamento e de paradas, faz dos ônibus o ambiente perfeito para os bandidos. Para facilitar, basta mandar os passageiros fecharem as cortinas, então, é só correr para o abraço.  Motoristas dizem não saber nem quantas vezes foram assaltados. Um deles, que há três anos trabalha na linha Castelo-Itaipu, sem se identificar, afirma até já conhecer de vista o rosto de um dos bandidos.
– Não tenho o que fazer, só me resta rezar para não acontecer nada de grave a ninguém. Eles vêm em trio, rendem todo mundo, e fazem a limpa. Quem costuma utilizar os ônibus executivos que cruzam a Ponte Rio-Niterói dificilmente não conhece um caso de assalto. Em uma rápida passagem pelo ponto final na Avenida Nilo Peçanha, de linhas tarifadas que vem de Niterói (Região Metropolitana), o Jornal do Brasil ouviu alguns relatos de assaltos.
– Os caras foram de uma calma assustadora. Sem gritar ou ameaçar ninguém, renderam o o motorista, e roubaram cada um dos passageiros, sem exceção – lembra o arquiteto Leandro Almeida, de 29 anos, sobre um episódio em agosto do ano passado.
Chamaram a atenção da estudante Camila Cristo, as vestes dos bandidos.
– De terno, pareciam executivos ou advogados, não desconfiamos que eram ladrões.
De acordo com motoristas e despachantes da Auto Ônibus Fagundes, que tem uma linha que liga o Centro do Rio a Alcântara, em São Gonçalo (Região Metropolitana), as constantes ações de bandidos obrigaram a empresa a retirar as cortinas das janelas.
– Todo assalto tinha essa coincidência: eles mandavam fechar as cortinas para que não percebessem a movimentação – narra um deles. – Mesmo com o sol incomodando o passageiro, acho que vale a pena. Pelo menos, reduziram os assaltos.
Apesar dos relatos, o chefe de policiamento da 2ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, o inspetor Marcelo Malheiros, afirma que “não há relatos de assaltos a coletivos ” . – Devido ao material que é roubado, existe a subnotificação do crime.  No entanto, na 76ª DP (Centro de Niterói), responsável por registrar crimes na Ponte, policiais afirmaram que é comum receberem queixas sobre assaltos a coletivo. Porém, segundo um deles, é difícil precisar quantos devido a forma como são preenchidos os Boletins de Ocorrência, ainda com uma máquina de escrever. 


EDITORIAL
Dilma parece se dar melhor com a imprensa do que Lula

Foi muito bem-vinda a declaração da presidente Dilma Rousseff, anteontem, na festa de aniversário do jornal Folha de S.Paulo, que completou 90 anos. Disse a sucessora de Lula que é melhor ouvir as críticas numa democracia do que amargar o silêncio de uma ditadura. O regozijo pelas palavras de Dilma se deve menos a ela, que nunca se manifestou publicamente pelo cerceamento da liberdade de expressão, mas pela imagem que a própria imprensa pintou da então candidata do Partido dos Trabalhadores na recente campanha eleitoral.
Não foram raras as reportagens, baseadas nas mais diversas fontes, e os artigos opinativos que desenharam Dilma como uma antidemocrata, embora ela mesma tenha frisado que abomina a censura por ter sido perseguida e torturada por uma ditadura militar. Talvez até para desconstruir mais um pouco a personagem que tentaram impingir-lhe, Dilma tenha feito questão de comparecer à festa do jornal paulista, realizada na imponente Sala São Paulo, um dos lugares mais requintados da capital quatrocentona.
As perspectivas são de que Dilma tenha com a imprensa uma relação mais tranquila que a que Lula teve em seus oito anos de mandato. Em seu estilo próprio, o ex-presidente declarou várias vezes que não lia os jornais, visivelmente agastado com o tipo de cobertura dispensada aos seus atos e decisões. Ponto para Dilma, porque a imprensa existe para que se discorde ou se concorde com ela. Assim como os governos.
INFORME JB

Governo federal decide instalar UPPs em todo o Brasil
As UPPs nacionais
O ministro da Justiça , José Eduardo Cardozo, marcou para a primeira quinzena de março reunião em Brasília com todos os governadores, para apresentar a proposta de implantação em nível nacional das UPPs – Unidade de Polícia Pacificadora, modelo de sucesso criado pelo governo do Rio em comunidades carentes, com ocupação policial e social. Para citar apenas dois casos, as situações das regiões metropolitanas de Salvador e Maceió preocupam o ministro. Ele tem viajado todo o país para conversar com os governadores, e diz que a receptividade é das melhores.

Rota do mal
De uma autoridade expert em monitorar o tráfico internacional que passa pelo Brasil ou tem as capitais daqui como destino: o governo tinha que chamar Evo Morales para uma séria conversa. Aumentaram em 40% o envio de pasta base de coca para cá.


O PODER POLÍTICO DA REDE
Redes sociais abrigam vigias de políticos em Brasília
 “Adoção” de parlamentares na internet ganha força no Distrito Federal

Ana Paula Siqueira - Brasília 

Se no início ninguém sabia ao certo o que fazer com as redes sociais, a cada dia que passa elas se mostram uma grande arma para a população reivindicar seus direitos. Filha pródiga do Movimento Ficha Limpa, a recém-criada campanha Adote um Distrital tem movimentando a cena política de Brasília e promete se expandir por todo o país. O mecanismo é simples. Por meio de um site, as pessoas se cadastram para serem “padrinhos” de um deputado distrital. A missão é acompanhar de perto o que os parlamentares brasilienses, famosos pelos recorrentes escândalos, têm feito em seus mandatos. Para especialistas, a aprovação da Lei da Ficha Limpa, que teve a internet como grande aliada, abriu os caminhos para que a sociedade se sinta segura para pressionar o Parlamento com o fim de aprovar propostas que sejam realmente de interesse público.

Lei da Ficha Limpa é a maior inspiração 
O Comitê Ficha Limpa DF coordena o projeto Adote um Distrital. O diretor da entidade, Diego Ramalho, conta que a ideia surgiu a partir de um projeto paulista, o Adote um Vereador, impulsionada pelo resultado da Lei da Ficha Limpa. Hoje, tem início a campanha pelo fim do 14º e 15º salários recebidos pelos deputados distritais, o que traria uma economia de R$ 3,8 milhões aos cofres públicos. Em pouco mais de um mês, o projeto brasiliense já conseguiu quase 500 “padrinhos” para ficarem de olho nas ações dos parlamentares. E tudo começou pelo Twitter: do debate de ideias à escolha do nome.
– Nossos maiores aliados são as ferramentas online. A internet é uma ferramenta indispensável pensável para um movimento como esse – avalia o coordenador da campanha, Diego Ramalho. – É uma forma de levar o projeto aonde nós não conseguimos chegar fisicamente. 
Para subsidiar os “padrinhos”, o Adote um Distrital planeja um seminário para o próximo mês, em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Entre os temas que serão abordados estão noções de processo legislativo. A ideia tem sido tão bem recebida que os comitês Ficha Limpa espalhados pelo país, a começar pelo de Goiás, já começam a se articular para levar o projeto aos seus estados.

Nova democracia
Para o professor da Faculdade de Educação da UnB, Lúcio Teles, a rapidez com que as informações circulam pela internet e o acesso cada vez maior da população à rede são catalisadores de uma nova maneira de exercer a cidadania.
– A tendência é ampliar cada vez mais esse método de mobilização da sociedade por causas cívicas e éticas através da internet – avalia. Na opinião de Teles, outro fator que pode ajudar a despertar o interesse da população, principalmente dos jovens, é o bom humor que permeia muitas das campanhas veiculadas na rede. Cientista político da UnB, Leonardo Barreto indica dois fatores preponderantes para a mobilização nas redes. O primeiro deles é o “empoderamento” dos movimentos sociais, que com a aprovação da Lei da Ficha Limpa parecem ter adquirido confiança para para influenciar o processo político. O segundo é a redução dos custos para lutar por uma causa. – A internet “empodera” as pessoas na medida em que abre um canal de comunicação direta entre elas, os meios de comunicação e os políticos – observa. – Antes, quando as pessoas iam para a rua, precisavam deixar seu trabalho. Hoje fazem tudo dentro de casa.
E, acredita, com a aprovação da Lei da Ficha Limpa, “as pessoas já sabem que caminhos trilhar”.
FONTE: JORNAL DO BRASIL

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