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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

17 de fevereiro de 2011 - VALOR ECONÔMICO


Planalto aperta cerco e Câmara aprova R$ 545 em votação simbólica

Caio Junqueira | De Brasília

A Câmara aprovou ontem, em votação simbólica, o texto principal do projeto de lei que fixa o valor do novo salário mínimo em R$ 545 e estabelece a política de reajuste até 2015, baseada na variação do INPC acrescido do PIB dos dois anos anteriores. Em seguida, o plenário iniciou a apreciação de duas emendas da oposição, que seriam votadas nominalmente (indicando os votos de cada deputado): a do PSDB, que muda o valor do mínimo para R$ 600, e a do DEM, que defendia os R$ 560.
O rito de votação decorreu de um acordo entre a base aliada e a oposição, pelo qual o texto do governo seria aprovado simbolicamente e os da oposição, que teriam chance de derrubá-lo, por voto nominal. Até o fechamento dessa edição, às 22h30, porém, as emendas não haviam sido apreciadas.
A expectativa, contudo, era de que elas seriam derrubadas e o texto do governo mantido, resultado de um dia inteiro de negociações e discursos. O Palácio do Planalto trabalhou para desarticular as eventuais dissidências que poderiam atrapalhar a aprovação do valor de R$ 545. Cargos no primeiro e segundo escalão e acesso aos já anunciados escassos recursos das emendas parlamentares foram algumas das principais moedas de troca utilizadas.
As negociações fizeram com que o governo esperasse um aumento da vantagem em relação à véspera. Contava-se que ao menos 350 deputados votassem de acordo com o Planalto, que tem, oficialmente, uma bancada de 373 parlamentares. Para aprovar a proposta, era necessária a maioria simples de 257 votos.
A previsão de um placar mais favorável era resultado de um monitoramento das bancadas feito durante todo o dia pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que informava o Planalto constantemente sobre a contabilidade. Uma das primeiras informações foi a de que o PDT havia liberado os 27 deputados de sua bancada para votar como desejassem.
A bancada se reuniu na Câmara no início da tarde com o secretário-geral da sigla, Manuel Dias. Duas posições estavam colocadas: fechar questão pelos R$ 560, como defendeu o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), ou ceder à pressão do governo e apoiar os R$ 545. Dividido, o partido optou por liberar a bancada, até como forma de manter o único ministro que o partido tem, Carlos Lupi (Trabalho).
Ainda assim, a decisão desagradou ao governo e Lupi manteve o desgaste por, segundo governistas, não ter o controle de sua bancada. O partido, porém, justificou sua opção pela liberação. "Quando fomos ao governo Lula nós já dissemos a ele que não votaríamos contra posições ideológicas do partido. Isso vale para esta questão do mínimo", disse Manuel Dias.
Paulinho rechaçou qualquer possibilidade de Lupi ser demitido por conta da decisão. "Quem está espalhando isso são os pitbulls do governo", afirmou. Ele admitiu, porém, que estava difícil conter a pressão do Planalto ontem. "A máquina do governo é poderosa. Estão fazendo ameaças contra integrantes da base", declarou.
Outro partido que poderia apresentar deserções era o PMDB. Os cálculos eram de que pelo menos 20 dos 77 deputados da sigla poderiam votar contra o governo. Ciente do risco, o partido levou à Câmara o vice-presidente da República Michel Temer, presidente licenciado do PMDB, que participou de uma reunião aberta da bancada. Ali, o recado foi dado. "Temos que manter a unidade porque é ela que nos dará força política. Quando o PMDB vai em peso para uma votação é que as pessoas notam sua força", disse Temer.
Ele disse ainda que as pessoas iriam se surpreender com a unidade da bancada. "O líder está trabalhando, conversei com muitos colegas aqui e expliquei que a força política do PMDB se dá pela sua unidade. Então a tentativa será de obter todos os 77 votos."
O partido trouxe a Brasília o secretário municipal da Casa Civil do Rio de Janeiro, Pedro Paulo, e o secretário estadual de Habitação do Rio, Leonardo Picciani, que se desincompatibilizaram dos seus cargos, para votar a favor do governo. A intenção era afastar o deputado Nelson Bornier, um dos pemedebistas ligados à oposição que tendia a votar pelos R$ 600.
Feitas as operações e com o apoio esperado da quase totalidade da bancada, a expectativa era influenciar na escolha dos nomes que ocuparão a Funasa e que devem ser definidos nos próximos dias.
Até mesmo o PT trabalhava para evitar suas dissidências. No início da tarde, calculava-se que cinco dos 85 petistas votariam contra os R$ 545, dentre os quais Francisco Praciano (AM) e Eudes Xavier (CE). Mais próximo ao momento da votação, diante da explícita possibilidade de punição interna como a suspensão temporária, previa-se que nenhum petista votaria contra.
Dezesseis emendas foram apresentadas ao relatório do deputado Vicentinho (PT-SP), a maioria delas propondo valores superiores aos R$ 545 defendidos pelo governo. Parte delas, porém, propunham reajustes aos aposentados e pensionistas. O acordo feito entre governistas e a oposição era, contudo, para apreciar apenas as emendas do PSDB, que fixava o mínimo em R$ 600, e do DEM, cuja bancada defendeu os R$ 560. Além dessas duas, uma terceira, do deputado Roberto Freire (PPS-SP), visava excluir do texto do projeto de lei a previsão de que o Executivo poderá definir os próximos valores por meio de decreto.
O plenário do Senado pode votar o aumento do salário mínimo na quarta-feira, de acordo com o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR). Jucá estava confiante na aprovação dos R$ 545. "Não contei ainda, mas temos os votos necessários", disse. Dos 81 senadores, a base conta com cerca de 61, já descontados os dissidentes tradicionais. Ainda que outros governistas votem por um valor maior que os R$ 545, a vantagem continua grande. (Colaborou Raquel Ulhôa)



EMPRESAS
AVIAÇÃO
Fornecedor busca opção à Embraer
Setor encontrou no exterior e em segmentos como o de petróleo alternativas de negócios

Virgínia Silveira | Para o Valor, de São José dos campos e Jambeiro (SP)

Os efeitos da crise financeira mundial sobre o setor aeronáutico brasileiro foram marcantes: demissões em massa, redução drástica da produção e incerteza quanto ao futuro. Passados dois anos de dificuldades, as empresas também puderam conhecer o lado positivo da crise e perceberam que, para continuar sobrevivendo nesse mercado, teriam de promover uma mudança urgente em relação ao nível de dependência do seu principal cliente, a Embraer.
Com duas fábricas no Brasil, uma em Jambeiro, no Vale do Paraíba, e outra em Botucatu (SP), a Globo Usinagem conseguiu sair da crise e se fortalecer através da diversificação da carteira de clientes. Acaba de fechar dois importantes contratos de exportação de peças aeronáuticas para a Eaton Aerospace, dos EUA e para a Asco Industries, da Bélgica.
"Estamos investindo R$ 4 milhões este ano na ampliação das fábricas de Jambeiro e de Botucatu para atender aos novos pedidos", explica o diretor financeiro e um dos sócios da Globo, Mauro Aparecido de Paula Ferreira.
A dependência da Embraer, segundo Ferreira, ainda é alta, na casa dos 80%, mas já representa uma redução importante, se comparada ao nível de 2009, quando as encomendas da fabricante de aviões respondiam por 95% da receita da Globo. A meta da empresa para este ano, segundo ele, é que os negócios com a Embraer respondam por 70% da receita. Os outros 30% virão dos novos contratos de exportação e também de clientes do setor automobilístico, como a Fiat e a Cofap.
"Depois da crise, a Embraer agora pede para seus fornecedores nacionais para que o nível de dependência dos seus pedidos não ultrapasse os 60% e esse é um objetivo que ainda estamos perseguindo." Para enfrentar o período de recessão, segundo Ferreira, a empresa usou as reservas que tinha para capital de giro e com isso conseguiu manter o fluxo normal de produção.
"Tive que demitir 15% da minha força de trabalho, mas hoje já recontratei todos eles e estamos com um número de funcionários superior ao que nós tínhamos antes da crise", comentou. A Globo conta com 170 empregados na fábrica de Jambeiro e outros 90 em Botucatu, unidade dedicada à usinagem de peças para o jato executivo Phenom, da Embraer.
Até 2009 o nível de dependência da maioria das empresas do setor aeronáutico era de quase 100%. Hoje elas também fornecem para os setores de petróleo e gás, automotivo e linha branca e já estão exportando. Segundo o gerente executivo do Cecompi (Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), Agliberto Chagas, das 59 empresas que compõem o Arranjo Produtivo Local (APL) Aeroespacial, 40% conseguiram diversificar suas atividades e 70% retomaram o nível de produção pré-crise.
A Alltec, fabricante de peças em material composto para aplicações aeronáuticas e aeroespaciais, reduziu de 70% para 50% a dependência das encomendas da fábrica da Embraer no Brasil. Mas é para a unidade da fabricante brasileira de aviões em Portugal que a empresa começará a exportar, dentro de dois a três meses, conjuntos em material composto, que serão usados na fabricação de jatos executivos.
Segundo o diretor Euvaldo Rodriguez Albaladejo, cerca de 50% dos seus clientes são das áreas médica e automobilística. A Alltec possui quatro unidades, sendo duas em São José dos Campos, uma em Brasópolis (MG) e a mais nova em Lorena (SP), em fase final de construção.
O projeto da nova fábrica, onde a Alltec pretende centralizar a sua produção, consumiu investimentos da ordem de R$ 15 milhões. A unidade de São José ficará dedicada aos projetos de engenharia e também para estoque de produtos.
"Nosso maior problema hoje não são recursos para a produção, mas para investimentos de risco, que são exigidos em contratos de fornecimento para grandes empresas aeronáuticas estrangeiras". O programa do novo cargueiro da Embraer, por exemplo, que deverá começar a ser produzido em 2015, só começará a dar retorno para seus parceiros, que farão investimento de risco, depois de três ou quatro anos.
"Temos muito interesse em participar desse projeto, com a fabricação de peças e montagem de conjuntos da fuselagem e estamos tentando encontrar um parceiro para dividir esse risco. O executivo estima que seria necessário um investimento da ordem de R$ 5 milhões a R$ 7 milhões somente para o KC-390.
A Graúna Aerospace, de Caçapava (SP), também está conseguindo sobreviver à crise, abrindo novas frentes nos setores aeronáutico e de petróleo. A empresa exporta componentes estruturais e peças usinadas para turbinas aeronáuticas. "A diferença cambial tem prejudicado um pouco os negócios com exportação, pois fazemos a venda em dólar e recebemos menos dinheiro em real do que quando fechamos o contrato", explica o sócio-diretor da empresa, Urbano Cícero de Fleury Araújo.
A situação da empresa, segundo o executivo, ainda não voltou à normalidade, mas já melhorou bastante em relação ao período de crise. "Estamos hoje com 50% do nível de produção que tínhamos em 2008, antes do início da crise", disse. O BNDES Participações S.A (BNDESPar) tornou-se acionista da Graúna em 2008, quando apoiou a empresa em seu projeto de capacitação para o desenvolvimento de componentes de turbinas, que hoje são exportados para o Canadá.



AVIAÇÃO
Cresce faturamento e emprego no polo aeronáutico de SP

Virgínia Silveira | Para o Valor, de São José dos Campos

Estudo estatístico feito pelo Cecompi (Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), sobre a situação econômica das 20 empresas mais importantes do setor aeronáutico, revela que todas elas já recuperaram os níveis de receita registrados no período pré-crise e pelo menos cinco delas estão exportando.
Em 2008, de acordo com o estudo, essas mesmas empresas faturaram cerca de R$ 246 milhões. Em 2010 a receita atingiu R$ 254 milhões. O número de empregados, que em 2008 era de 2080, já subiu para 2240 no ano passado.
"As empresas abriram os olhos para a necessidade de se reestruturar e de se preparar para as novas oportunidades que estão surgindo, tanto no Brasil quanto no mercado externo", explica o gerente executivo do Cecompi, Agliberto Chagas. O apoio de entidades como a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), segundo Chagas, também tem ajudado bastante o processo de internacionalização dessas empresas.
Este ano, de acordo com o executivo do Cecompi, a Apex dobrou o valor dos recursos destinados à cadeia de empresas do setor aeronáutico, com o aporte de R$ 4,8 milhões.
Chagas comenta ainda que o programa de desenvolvimento do novo cargueiro KC-390 pela Embraer e o projeto dos novos helicópteros militares EC-725, que a Helibras e a sua controladora francesa Eurocopter estão fazendo para as Forças Armadas Brasileiras, são exemplos de oportunidades de negócios para essas empresas.
 Este ano, a Apex dobrou o valor dos recursos destinados ao setor aeronáutico, com o aporte de R$ 4,8 milhões
A Akaer, especializada no desenvolvimento de aero-estruturas e gestão de projetos para os setores aeroespacial e defesa, é uma das empresas que já está trabalhando no programa de desenvolvimento do KC-390, inclusive na fase de concepção da aeronave. "Estamos negociando uma parceria com uma empresa internacional para viabilizar a nossa participação no fornecimento de segmentos mais complexos do cargueiro, atuando como integradora brasileira", revela o diretor-executivo da Akaer, César Augusto da Silva.
O diretor comenta que investiu R$ 1 milhão em sistemas internos de gestão e outros R$ 2 milhões em software e ferramentas de desenvolvimento para preparar a empresa para os novos desafios. "As empresas carecem de políticas públicas para apoiar o desenvolvimento de alta tecnologia que envolva risco. No caso do KC-390, não cabe a nós assumir esse risco e financiar um programa que pertence ao próprio governo", diz.



EQUIPAMENTOS
GE reforça plano de investimento a presidente Dilma

Paulo de Tarso Lyra | De Brasília

O presidente mundial da General Eletric, Jeffrey Immelt, e o presidente da GE no Brasil, João Geraldo Ferreira, apresentaram ontem a presidente Dilma Rousseff o projeto de criação de um centro de pesquisa na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. O investimento - todo feito com recursos próprios da empresa - faz parte de um pacote de US$ 550 milhões de aportes do grupo no Brasil em várias áreas nos próximos será. Isso permitirá gerar mil empregos diretos. Destes, 200 serão pesquisadores brasileiros de alto gabarito para trabalhar nas áreas de tecnologia da informação e desenvolvimento de pesquisas nas áreas de energia, petróleo e saúde.
Os executivos também informaram a Dilma a compra de três empresas que atuam na região do pré-sal - John Wood Group, Dresser e Well Stream, em uma ação de mercado que totalizou US$ 7,5 bilhões. De acordo com o presidente da GE no Brasil, o país venceu a disputa com outras nações para a construção do 5º centro de pesquisa da multinacional. "Isso reforça a importância do Brasil para a nossa empresa". Segundo ele, a expectativa é que em 2011 a GE tenha um faturamento aproximadamente 30% maior que em 2010, quando fechou o ano com receita de US$ 2,3 bilhões no país.
Como adiantou o Valor, os executivos da General Eletric foram os primeiros representantes do setor produtivo a serem recebidos pela presidente Dilma Rousseff. De acordo com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, o anúncio de ontem é importante para um país que pensa em dar um salto tecnológico. "É uma parceria importante no campo da inovação com uma empresa que está no Brasil desde 1919", ressaltou o ministro. "Toda a tecnologia será produzida aqui e patenteada no Brasil".
João Geraldo Ferreira reforçou a disposição da General Eletric em ajudar na superação de alguns gargalos no país, especialmente no setor de infraestrutura e na exploração do petróleo da camada pré-sal. "Este investimento de US$ 7,5 bilhões foi feito nos últimos seis meses [aquisição das três empresas que atuam no pré-sal] porque são empresas que têm grande complementaridade com nosso portfólio", declarou.
O presidente da GE no Brasil disse que o grande objetivo da empresa é aproveitar a mão de obra local. "O ponto fundamental de nosso trabalho é conciliar a experiência das universidades com a demanda feita por nossos clientes, como a Embraer, a Vale e a Petrobras, por exemplo", acrescentou. Segundo João Ferreira, a companhia americana não tem interesse em "ficar sentada" sobre tecnologias que serão usadas daqui a 15 anos. "Queremos colocar esses avanços em prática o mais rápido possível".
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel - que também acompanhou a audiência dos empresários com a presidente Dilma - declarou que o objetivo do governo em parcerias como essa é reverter o déficit na balança comercial brasileira, sobretudo no item de bens de capital e manufaturados. "Em Belo Horizonte, por exemplo, a General Eletric tem uma grande fábrica para a produção de locomotivas, um item que pode nos ajudar a recuperar nossa balança", disse o


Rolls-Royce planeja atuar em geração nuclear no Brasil

Rafael Rosas | Do Rio

A meta do governo brasileiro de construir pelo menos mais quatro usinas nucleares até 2030 pode abrir espaço para a entrada da Rolls-Royce nesse mercado no país. Atualmente, a companhia britânica atua no Brasil nos setores de serviços, energia, aeroespacial e marítimo.
Em visita ao país, o presidente mundial da empresa para o setor de energia, Andrew Heath, encontrou-se no início da semana com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para "descrever o que fazemos" não apenas no setor nuclear, mas na geração de energia e no apoio a atividades de exploração e produção de petróleo offshore.
"Estamos olhando como podemos trabalhar com o programa nuclear brasileiro", disse Heath ao Valor, lembrando que a empresa esteve envolvida no desenvolvimento do programa britânico de submarinos nucleares e atualmente provê e opera sistema de controles para grande parte das centrais nucleares francesas.
Heath fez questão de frisar que não há ainda uma decisão tomada a respeito da entrada no mercado nuclear no Brasil e que tudo dependerá do andamento do projeto do governo para o setor.
Uma eventual investida no setor nuclear poderá contribuir para a meta de que o Brasil seja o principal motor do crescimento da companhia na América do Sul. Os planos são ambiciosos e o objetivo é dobrar o faturamento no continente, para cerca de US$ 1,4 bilhão em 2020.
Além das duas centrais em operação - Angra 1 e Angra 2 -, já foi iniciada a construção de Angra 3, que deve ficar pronta até 2015, ao custo estimado de R$ 10,4 bilhões. Até o fim do primeiro trimestre, a Eletronuclear espera apresentar ao governo um atlas com as melhores localizações para a instalação das demais usinas do país.
O plano do governo federal é construir de quatro a oito usinas até 2030 e inicialmente foram analisados locais às margens do rio São Francisco e nos Estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe, que poderiam receber parte dessas unidades.
"Alguns dos nossos equipamentos já estiveram no passado em alguns dos protótipos nucleares que a Marinha teve", lembrou o presidente da Rolls-Royce para a América do Sul, Francisco Itzaina.
Enquanto o programa nuclear brasileiro não deslancha, o foco da companhia britânica no país está no setor de óleo e gás. Depois de anunciar, na segunda-feira, a construção de uma nova unidade no Rio de Janeiro para montagem e testes de pacotes de turbinas industriais a gás para o setor de petróleo, que vai consumir US$ 40 milhões, Heath informou que outra novidade será construção de um centro de treinamento para profissionais que comandam embarcações no país.
Atualmente, há no Brasil mais de 100 embarcações desenvolvidas a partir de projetos da Rolls-Royce operando no apoio às atividades de óleo e gás. Heath destacou que, para comandar uma embarcação, o treinamento dentro do navio pode levar até um ano. Com o simulador que a empresa pretende trazer para o país, esse tempo pode cair para semanas.
"Temos simuladores desenvolvidos na Noruega. Podemos replicar aqui para treinamento", frisou o presidente mundial.
Francisco Itzaina acrescentou que as instalações deverão estar prontas até 2012 e os investimentos nessa máquina farão parte da previsão de aporte de US$ 100 milhões - incluindo os US$ 40 milhões na nova unidade no Rio de Janeiro - que a companhia pretende fazer no país este ano.
"Grande parte dos equipamentos será construída aqui, mas o simulador será importado", disse Itzaina, lembrando que a expectativa de contratação de embarcações de apoio para o pré-sal, de até 250 navios em dez anos, abre potencial para US$ 3 bilhões em negócios no setor.
Heath ressaltou que o objetivo é acompanhar o crescimento previsto nos próximos anos para a Petrobras. O executivo ponderou que, do aumento esperado de US$ 700 milhões no faturamento anual da Rolls-Royce na América do Sul até 2020, um terço deverá vir do setor de óleo e gás, principalmente em negócios ligados às atividades da estatal brasileira.


FINANÇAS
BC define mais três nomes para diretoria

De Brasília

O Banco Central (BC) começou a movimentação para recompor a diretoria colegiada, órgão que integra o Comitê de Política Monetária e decide, a cada 45 dias, os rumos da taxa Selic. O BC confirmou o nome do atual diretor de Administração, Anthero de Moraes Meirelles, para o cargo de diretor de Fiscalização, conforme antecipou o Valor. Ele substitui Alvir Hoffmann, que após três anos na diretoria deixa o BC a pedido, para se aposentar.
No lugar de Meirelles, entra Altamir Lopes, chefe do Departamento de Pesquisa Econômica (Depec). Lopes, de 58 anos, formado em economia, é responsável pelas pesquisas que balizam as reuniões do Copom, além de divulgar mensalmente as notas técnicas de crédito, setor externo e contas fiscais do governo.
Para a vaga de Gustavo do Valle, que depois de oito anos na diretoria deixa o Banco Central para presidir a Infraero, assume Sidnei Corrêa Marques como diretor de Liquidações e Controle de Operações de Crédito Rural. Formado em ciências contábeis, Marques, de 57 anos, chefia o Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro e de Gestão da Informação.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, encaminhou à Presidente Dilma Rousseff os nomes de Lopes e Marques, que devem agora passar por sabatina no Senado. Gustavo do Vale e Alvir Hoffmann permanecem na diretoria colegiada até que os novos nomes sejam apreciados pelo Congresso.
A configuração até agora é de uma diretoria recheada de servidores de carreira do BC, começando pelo próprio Tombini. Os únicos nomes fora dos quadros internos são do diretor de Assuntos Internacionais, Luiz Awazu Pereira da Silva, vindo do Banco Mundial, e do diretor de Política Monetária, Aldo Luiz Mendes, oriundo do Banco do Brasil.
Ainda restam dois cargos a ser preenchidos. A diretoria de Normas e Organização do Sistema Financeiro (de onde saiu o atual presidente do BC, Alexandre Tombini), acumulada atualmente pelo diretor de Assuntos Internacionais.
A diretoria de Estudos Especiais continua em aberto e o nome mais cotado seria da economista Zeina Latif. Os diretores de Política Econômica, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, e de Política Monetária, Aldo Mendes, devem permanecer em seus postos. (FT)


MERCADO DE CAPITAIS
Webjet quer mais que dobrar a frota de aviões com captação em oferta

Denise Carvalho | De São Paulo

A Webjet Linhas Aéreas Econômicas pretende aumentar a frota, hoje de 23 aeronaves, para 58 aviões até 2015, com os recursos que serão captados na sua abertura de capital. Em 2011, a empresa acrescentará sete aviões. No ano que vem, serão mais oito aeronaves, até chegar em 2015 com a frota multiplicada.
A empresa apresentou ontem à CVM o prospecto preliminar da distribuição pública primária de certificados de depósitos de ações (units), dando início ao processo de oferta inicial de ações, conforme havia antecipado a reportagem do Valor. As units serão negociadas no Nível 2 da BM&Bovespa, que estabelece regras diferenciadas de governança corporativa.
Com essa iniciativa, a Webjet antecipa em um ano seus planos de fazer abertura de capital e sai na frente da concorrente Azul na corrida para a estreia na bolsa. Segundo apurou o Valor, a Azul, do empresário David Neeleman, espera abrir o capital até o fim de 2011.
Com a oferta, a Webjet continuará a ser controlada pelo GJP, cujo acionista controlador é o empresário Guilherme Paulus, fundador da CVC, a maior rede de turismo do Brasil. Paulus vendeu cerca de 60% da operadora no início de 2010 para o fundo de private equity Carlyle, por R$ 700 milhões.
O prospecto informa que, hoje, a Webjet é a empresa aérea brasileira de menor custo e menor tarifa nos mercados em que atua, espelhando-se em modelos de negócios "low cost" (baixo custo) de companhias bem-sucedidas, como a irlandesa Rayanair. Com base em dados da Agência Nacional de aviação Civil (Anac), a Webjet registrou taxa de ocupação de 76% em 2010, ante a média de 69% no mercado brasileiro.
A oferta inicial de ações da Webjet ocorre depois da implementação de um agressivo processo de corte de custos e reposicionamento da malha aérea, com novos destinos de voos.
Na reestruturação, a receita líquida passou de R$ 472,7 milhões em 2009 para R$ 763,5 milhões em 2010, crescimento de 61,5%. No ano passado, o lucro líquido foi de R$ 21 milhões. Segundo apurou o Valor, foi o primeiro ano de resultado positivo desde a fundação, em 2004. Em 2008 e 2009, os prejuízos foram, respectivamente, de R$ 70 milhões e R$ 80,7 milhões.
O objetivo da empresa é crescer em cidades com alta demanda de passageiros, mas pouco atendidas pelos concorrentes.



ORIENTE MÉDIO
Tensão no Irã e na Líbia já afeta mercado de petróleo
Protestos crescem nesses dois países exportadores

Agências internacionais

A tensão crescente na Líbia e no Irã está preocupando o mercado de petróleo. O barril chegou a US$ 104 ontem em Londres. Especialistas dizem que o movimento de alta tem relação com a situação no Oriente Médio, região que produz mais de 30% do petróleo mundial. Na Líbia, manifestantes convocaram para hoje um "dia de fúria".
O Irã é o quarto maior produtor de petróleo do mundo, com uma produção de 4,17 milhões de barris por dia. A Líbia, é o 18º, com 1,79 milhão de barris, segundo o governo americano.
Ontem, manifestantes nos dois países entraram em choque com forças de segurança e grupos pró-governo. Na Líbia, governada pelo ditador Muamar Gadafi há quatro décadas, o clima de temor se ampliou quando Israel disse que navios de guerra iranianos teriam cruzado o Canal de Suez e entrado no Mediterrâneo. A agência que administra o Canal disse que não havia recebido nenhuma notificação da passagem dos navios iranianos. O governo iraniano também não confirmou a informação.
"Essas notícias elevam o prêmio de risco do Oriente Médio", disse Phil Flynn, vice-presidente da PFGBest, em Chicago. Para ele, "essa é uma reação às notícias que dizem que o Irã enviou dois navios militares para o canal do Suez".
"A tensão no Oriente Médio tem tido um enorme impacto no mercado do brent [petróleo cotado em Londres]", disse Todd Horwitz, estrategista do Adam Mesh Trading Group, em Nova York. Para ele, o impacto é maior na Europa do que nos EUA pois os americanos não recebem tanto petróleo do Oriente Médio quanto os europeus.
Mas mesmo no mercado de Nova York, a cotação do petróleo subiu ontem, 67 centavos de dólar, para US$ 84,99 o barril.
A notícia sobre os navios iranianos foi veiculada pelo ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman. Ele qualificou o fato de "provocação". "Nesta noite, dois navios iranianas teriam atravessado o Canal de Suez, seguindo pelo Mediterrâneo, a caminho da Síria", declarou Lieberman. "A comunidade internacional deve compreender que Israel não pode ignorar eternamente as provocações", afirmou o ministro.
Em comunicado, a Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês) informou que não havia recebido nenhuma notificação da passagem dos navios iranianos. "O Canal de Suez não aceita a moeda iraniana, mas isso não quer dizer que navios iranianos não possam utilizar a nossa hidrovia."
Se a informação israelense for confirmada, seria a primeira vez desde 1979 que navios de guerra iranianos atravessariam o canal.
Em Teerã, partidários do governo entraram em confronto com manifestantes da oposição durante o funeral de um estudante baleado num protesto contra o governo na segunda-feira, informou a emissora estatal Irib.
Na Líbia, centenas de pessoas revoltadas com a prisão de um ativista pró-direitos humanos entraram em choque com a polícia e partidários do governo em Benghazi, a segunda maior cidade do país.
Os relatos de Benghazi, a mil quilômetros a leste da capital, indicam que a situação na cidade se acalmou à noite, após manifestantes atearem fogo a veículos e enfrentarem a polícia.
Opositores de Gadafi usaram o site de relacionamento Facebook para convocar a população a sair hoje às ruas em todo o país para o que chamaram de "dia de fúria".


 FONTE: VALOR ECONÔMICO

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