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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

17 de fevereiro de 2011 - FOLHA DE SÃO PAULO


DESTAQUE DE CAPA
Dilma enquadra PMDB e mínimo será de R$ 545

A Câmara dos Deputados aprovou o salário mínimo de R$ 545 para este ano. Nova lei estabelece ainda que os reajustes até 2015 serão feitos por decreto presidencial, dispensando a votação no Congresso. O aumento vai se basear na inflação do ano anterior mais o índice de crescimento econômico de dois anos antes. As emendas que previam R$ 560 e R$ 600 foram derrotadas por ampla margem.


AVIAÇÃO
Infra ruim afasta superjumbo do Brasil
Diretor da Airbus afirma que A380, maior avião do mundo, só não opera no país porque terminais não têm capacidade
Empresas poderiam substituir 2 voos diários para rotas na Europa e nos EUA por um com a aeronave, diz executivo

MARIANA BARBOSA
ENVIADA ESPECIAL A TOULOUSE (FRANÇA)

Os problemas de infraestrutura aeroportuária são a única razão para o Airbus-A380, maior jato do mundo, com capacidade para 550 passageiros, não estar em operação no Brasil. A aeronave voa para todos os continentes, mas não para a região da América Latina.
Segundo Joaquin Toro Pietro, diretor de marketing da Airbus e que até poucos meses atrás se ocupava especificamente de América Latina, as rotas que ligam São Paulo a Paris, Miami, Frankfurt e Nova York apresentam nível de demanda compatível com o tamanho do avião.
"Estudos de tráfego mostram que a TAM poderia facilmente substituir dois voos diários em qualquer dessas rotas por um com o A380."
"Mas antes tem que resolver o problema de infraestrutura, com a ampliação do terminal de passageiros e da capacidade de processar malas, passaportes."
Para Pietro, um avião maior poderia aproveitar melhor a capacidade de tráfego aéreo do aeroporto, com mais passageiros por voo.
O executivo estima que, até 2030, cerca de 20 aviões de grande porte, como o A380, estarão voando na América Latina. Desses, nove seriam no Brasil.
Se não fosse o problema da infraestrutura, Air France e Lufthansa também teriam interesse, segundo Pietro, em voar para o país com o A380.
O avião entrou em operação em 2008 e integra a frota de cinco companhias. São 44 jatos em operação e 240 encomendados. Em conversa com jornalistas da América Latina em Toulouse, sede da Airbus, Pietro se disse otimista com relação às obras de reforma dos aeroportos no Brasil.
"Creio que [a presidente] Dilma vai investir para melhorar os aeroportos em razão da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016." "Infelizmente, as obras já deveriam estar mais avançadas", afirmou.

GUARULHOS
Para Pietro, Guarulhos teria potencial para ser um grande centro de conexões internacionais, sobretudo diante da perspectiva de abertura de mercados, com a negociação de acordos de céus abertos entre Brasil e EUA e Europa.
Mas a demanda no mercado doméstico e a dificuldade de ampliar o aeroporto limitam o potencial, diz. "Guarulhos estaria muito bem localizado para ser um hub [centro de conexões] internacional, mas infelizmente falta capacidade."

LAN E TAM
O forte crescimento do mercado brasileiro, e da América Latina em geral, deve levar a Latam, associação entre a chilena LAN e a brasileira TAM, a comprar mais aviões, acredita o executivo.
As duas são clientes da Airbus desde 1998 e, juntas, estão próximas de se transformar no maior cliente da Airbus no mundo. Juntas, operam 211 aviões, dos quais 139 pertencem à TAM.
A jornalista MARIANA BARBOSA viaja a convite da Airbus

Perdas em aeroportos atingem R$ 509 mi em 2009, diz Infraero

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA

A Infraero aumentou as perdas com a operação de seus 67 aeroportos nos últimos anos, segundo relatório de ontem da Anac (Agência Nacional de aviação Civil). Dados compilados pela agência apontam que, em 2009, as despesas dos aeroportos superaram as receitas em R$ 509 milhões, ano em que houve uma retração do setor, impactado pela crise.
Conforme os critérios da Anac, o valor das perdas é bem superior aos resultados de 2008 (R$ 383 milhões) e 2007 (R$ 346 milhões). O balanço do ano passado ainda não foi concluído pelo órgão. Entre os principais aeroportos do país, Cumbica (em Guarulhos, na Grande São Paulo) ajudou a puxar o resultado para cima, com ganhos de R$ 143 milhões.
Mas o bom desempenho de Cumbica não conseguiu compensar as perdas do Galeão (R$ 146,3 milhões), maior aeroporto do Rio. Ainda entre os maiores, Congonhas também deu resultado positivo (R$ 8,59 milhões), mas Brasília perdeu R$ 12,2 milhões, segundo os dados da administradora.


Webjet oficializa pedido para abrir capital

DE SÃO PAULO

A companhia aérea Webjet entrou com pedido para abrir o capital em Bolsa, de acordo com comunicado publicado ontem na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O registro traz o nome do presidente da companhia aérea, Fábio Godinho, como diretor de Relações com o Investidor.
Procurada, a empresa não informa detalhes sobre a questão.


MERCADO ABERTO
Maria Cristina Frias

Sugestão...
A Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas pretende propor ao governo federal novos modelos de participação privada em projetos de expansão da infraestrutura aeroportuária do país.

...para Brasília
Em março, empresários de construtoras do Estado se reunirão com diretores do consórcio SCL Terminal Aéreo, que administra o aeroporto de Santiago, no Chile, para discutir possíveis iniciativas para o setor.


TENDÊNCIAS/DEBATES
Defesa e segurança, objetivos ampliados

LUIZ CARLOS AGUIAR

A criação da nova unidade empresarial de defesa e segurança reafirma a vocação da Embraer de atender aos anseios da sociedade brasileira

As recentes descobertas de novas riquezas, a necessidade de maior proteção das fronteiras e o atendimento às regras de segurança necessárias à realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos vêm aumentando a importância de se dominar a fabricação de produtos e sistemas de defesa e segurança pela indústria nacional. Atualmente, os urgentes investimentos em infraestrutura lideram o rol de prioridades na agenda econômica. A defesa e a segurança passam, nesse contexto, a ser vistas como parte integrante da agenda de desenvolvimento do país, em que a estratégia nacional de defesa transformou-se na peça central.
Os pilares dessa estratégia passam pelo desenvolvimento da indústria brasileira de defesa e das capacitações operacionais, tais como: monitoramento e controle, mobilidade e presença. Alguns produtos e sistemas são cruciais para que se cumpram tais objetivos, como aviões de transporte, que poderão se deslocar rapidamente com tropas e ajuda humanitária; sistemas de monitoramento que envolvem comunicação, equipamentos, radares e sensores; e os veículos aéreos não tripulados (Vant), cujas finalidades variam desde inteligência de defesa militar e vigilância até aplicações civis.
Vimos nos países desenvolvidos o surgimento de empresas globais, que começaram atuando em suas nações de origem para depois exportarem seus produtos, tornando-se grandes provedores globais de soluções de defesa e segurança. É o caso da Boeing nos EUA, da Eads e da Finmeccanica na Europa. Todas empresas privadas com ações em Bolsas de Valores e que, portanto, assim como a Embraer, devem seguir rígidos padrões de governança corporativa.
No Brasil, por conta da crise que se abateu sobre as finanças públicas e da pouca relevância dada à defesa nacional, os investimentos foram reduzidos ao patamar de 5,4% do orçamento de defesa. Somente após a implantação de uma visão de longo prazo, ancorada na estratégia nacional de defesa, os investimentos públicos no setor aumentaram para cerca de 12,7% do orçamento de defesa em 2010.
A despeito disso, a Embraer vem desenvolvendo aeronaves e sistemas de defesa visando atender às necessidades crescentes das nossas Forças; graças à sólida parceria com a Força Aérea Brasileira, foi possível exportar para cerca de 30 países aeronaves de defesa.
A criação da nova unidade empresarial de defesa e segurança reafirma a vocação da Embraer de atender aos anseios e necessidades da sociedade brasileira e de uma política de Estado voltada para defender nossas riquezas e fronteiras. No lado empresarial, a Embraer poderá utilizar sua experiência em gestão de projetos complexos, que exigem forte capacidade em integração de sistemas e parceiros, para entregar, a custos competitivos, os sistemas demandados pelo país. Pode-se ainda explorar a expertise da sua equipe financeira para elaborar estruturas que possibilitem a mitigação do impacto orçamentário: como exemplo, a parceria público-privada.
Com a criação da Embraer Defesa e Segurança, a sociedade brasileira contará com plataforma de gestão privada de tecnologia, disposta a apoiar o Estado na montagem de uma infraestrutura a custos competitivos e que garantirá o poder de dissuasão, característico das nossas relações externas e do jeito de ser de todos nós, brasileiros.
LUIZ CARLOS AGUIAR, graduado em economia, é presidente da Embraer Defesa e Segurança.


MÔNICA BERGAMO

JATINHO DE LUXO
A Embraer emprestou um jato Legacy 600 para transportar a top inglesa Kate Moss do Rio para SP, ontem à noite. O avião custa US$ 27,4 milhões e tem 16 lugares.


FAXINA NA POLÍCIA
Investigação liga policiais a grupo de extermínio
Relatório dos crimes foi entregue pela PF a secretário de Segurança do Rio
Suposta quadrilha seria responsável por pelo menos sete mortes; tabela estabeleceria preço para assassinatos

DIANA BRITO E HUDSON CORRÊA
DO RIO

A Polícia Federal entregou ontem ao secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, relatório que aponta suposto envolvimento de policiais civis e militares em grupo de extermínio.
Na investigação de desvio de armas e drogas, e vazamento de informações, a PF também se deparou com assassinatos cometidos ou acobertados por policiais.
Entre os crimes cometidos pela quadrilha estaria um atentado, em 2010, contra Rogério de Andrade, acusado de chefiar a máfia dos caça-níqueis na cidade. Uma bomba explodiu sob seu carro, matando seu filho de 17 anos e o deixando ferido.
Outro caso seria o da comerciante chinesa Ye Guoe, sequestrada em 2008 após trocar R$ 220 mil por US$ 130 mil numa casa de câmbio.
A investigação também aponta uma tabela de preços para a morte de políticos, policiais, empresários, promotores, juízes e outros.
A PF relata que a suposta quadrilha seria responsável por pelo menos sete mortes, entre elas a do presidente do camelódromo da Uruguaiana (centro), Alexandre Farias Pereira, e do ex-parlamentar Ary Brum, morto na Linha Vermelha, ambos em 2007.
Segundo a investigação, a morte de Pereira "se deve a uma intensa disputa pelo controle do camelódromo situado na rua Uruguaiana, poderoso centro revendedor de mercadorias falsificadas".
A PF aponta que o responsável pela segurança do camelódromo teria ligação com o delegado Allan Turnowski, à época chefe do Departamento de Polícia Especializada, e afastado da chefia da Polícia Civil nesta semana.
O relatório diz que as investigações do atentado contra Andrade foram "abafadas". O crime, diz a PF, foi planejado por israelenses - alguns ex-integrantes de serviços de segurança de Israel- por encomenda de dois primos do contraventor.
Suspeito de participar do atentado, o segundo sargento do Exército Volber Roberto da Silva Filho foi morto dias depois, em um motel, mas apresentado como traficante internacional de armas.


TODA MÍDIA
NELSON DE SÁ nelsonsa@uol.com.br

DEMOCRACIA OU A QUINTA FROTA
Ontem em editorial, o "New York Times" criticou o reino do Bahrein e sua "monarquia sunita", que nega maior participação para a "maioria xiita" do país. E criticou Obama, que "demorou demais para achar sua voz sobre o Egito", com "custo alto para a América" -destacando que agora o "Bahrein é sede para a Quinta Frota da Marinha dos Estados Unidos, e o governo está mais uma vez se debatendo para encontrar sua voz". Cobra pressão por reformas democráticas.
O jornal cobra também pressão sobre os militares do Egito, para seguirem em frente com reformas democráticas. Afinal, eles têm "laços profundos e mais de um US$ 1 bilhão de ajuda anual" dos EUA.


CRISE DIPLOMÁTICA
Argentina quer destruir carga de avião dos Estados Unidos

O governo argentino deu nesta quarta-feira mais um passo na crise diplomática com os Estados Unidos pela apreensão de parte da carga de um avião militar americano, ao advertir que as leis do país consideram a possibilidade de destruir o material ilegal. Washington exige a devolução da carga. O Código Alfandegário argentino assinala que "caso se declarar uma importação e transportar outro material, é atribuição da Alfândega confiscar o material e dispor dele até chegar a sua própria destruição", afirmou nesta quarta-feira o chefe de gabinete argentino, Aníbal Fernández, em declarações à emissora oficial "Rádio Nacional".
Fernández apontou que o avião militar americano cometeu uma "infração alfandegária" ao entrar no país com material não declarado e insistiu que a Argentina "há de cumprir a lei no marco da soberania nacional". De acordo com a versão argentina, a apreensão aconteceu porque a lista da carga adiantada pelos EUA não correspondia com a carga real.
Os Estados Unidos reivindicaram a devolução do material e o governo expressou estar "perplexo" pelo incidente com a Argentina. O juiz argentino, Rafael Caputo, resolveu nesta quarta-feira que 22 funcionários da Alfândega, Administração de Remédios, Alimentos e Tecnologia Médica, Registro de Armas, Polícia Federal e Polícia de Segurança Aeroportuária da Argentina entraram na qualidade de testemunhas. Estes funcionários deverão se apresentar entre esta quinta-feira e a próxima terça, informou o Centro de Informação Judicial.

CRISE DIPLOMÁTICA
Ontem (15), Fernández acentuou ainda mais a tensão entre os dois países ao acusar o subsecretário de Estado dos EUA para a América Latina, Arturo Valenzuela, de ter mentido sobre o material que seria transportado para o país sul-americano. A crise começou na quinta-feira (10), quando o avião militar C-17 Globemaster III, das Forças Armadas dos Estados Unidos, que chegava com armamentos para treinar um grupo de elite da Polícia Federal argentina, foi retido no aeroporto de Ezeiza. Depois que a confusão veio a público, Valenzuela exigiu a devolução da carga confiscada e qualificou de "vergonhosa" e "desmesurada" a reação da Argentina depois da apreensão.

REAÇÃO ARGENTINA
"Se você ver o informe que Valenzuela publicou por escrito, lá diz que a visita foi totalmente acertada com o Ministério da Segurança, e isso não é verdade", disse Fernández à Rádio 10.
Segundo ele, o que foi aprovado foi um informe enviado em dezembro que, se confrontado com os materiais enviados, há itens não declarados.
Em reação, o chefe de gabinete argentino afirmou que "a realidade é que entre o material apreendido encontram-se armas, drogas, doses de morfina, GPS muito sofisticados, elementos tecnológicos e drogas médicas vencidas. Isso é o que foi apreendido".
Em defesa da operação que causou o conflito, ele acrescentou: "Quando se quer entrar na Argentina com este tipo de elemento, é necessário impedir e confiscar. Não pode entrar o que eles desejam. Nosso país é um pouco mais sério do que isso. O governo argentino cumpre a lei".
Ele ainda negou que o novo incidente diplomático com os Estados Unidos tenha sido deliberado. "Nem existe um incidente diplomático deliberado nem as expressões de Valenzuela são muito felizes porque não dão conta de tudo o que ocorreu", disparou.

PEDIDO DE DESCULPAS
A Casa Rosada, por meio da Chancelaria argentina, apresentou um protesto formal à embaixada norte-americana na qual exigiu um pedido de desculpas, advertiu que não devolverá o material apreendido e pediu colaboração do governo de Obama com a investigação.
Por fim, justificou que o confisco da carga aconteceu porque ela era "suspeita" e também por razões de segurança e prevenção de terrorismo. Os exercícios conjuntos entre Washington e a Polícia Federal são realizados desde 2009.
Segundo fontes oficiais, os Estados Unidos financiam este tipo de treinamento na maior parte dos países do Ocidente. As práticas incluem provas de tiro, simulação de resgate de sequestrados e técnicas na luta contra o terrorismo.

FONTE; FOLHA DE SÃO PAULO


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