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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

11 de fevereiro de 2011 - BRASIL ECONÔMICO


AVIAÇÃO
Cosan afasta risco de perdas com decisão do Cade sobre aviação
O órgão de defesa da concorrência determinou que negócio de distribuição de combustível para avião realizado com a Shell seja desfeito, mas é a multinacional que terá que se desfazer de ativos e arcar com os prejuízos

Luiz Silveira lsilveira@brasileconomico.com.br

O presidente da Cosan, Marcos Lutz, afastou ontem a possibilidade de a companhia sofrer um impacto negativo das restrições impostas na véspera pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) à venda de sua divisão de combustíveis de aviação para a Shell.
Conforme antecipado na edição de ontem do BRASIL ECONÔMICO, a Shell deve arcar com os riscos envolvidos na aprovação antitruste do negócio. O Cade determinou que a Shell venda todos os ativos físicos comprados da Cosan nos aeroportos, ficando apenas com as carteiras de clientes e os contratos. Se os negócios não forem vendidos em 90 dias, a operação poderá ser barrada pelo conselho.
Questionado se a decisão poderia prejudicar a Cosan, Lutz afirmou que “isso é um tema da Shell”. “Não vemos impacto para a Cosan e acho bem difícil que o negócio seja desfeito agora”, disse o executivo. Ele ainda fez questão de ressaltar que qualquer perda relacionada a essa venda, de US$ 75 milhões (R$ 150 milhões à época, em 2009) teria pouco impacto para a Cosan.
Se a decisão do Cade sobre a venda do negócio de aviação não é mais tema da Cosan, o mesmo não vale para a formação de uma joint venture de US$ 12 bilhões com a Shell. O negócio envolve as usinas de cana-de-açúcar da Cosan e as distribuidoras Esso e Shell e deve ser fechar até o meio do ano. Lutz confirmou esse prazo ontem, mas disse que o julgamento do negócio pelo Cade deve se estender por mais tempo.

Resultados fracos
A decisão do Cade gerou impacto negativo nas ações da companhia, mas o balanço divulgado na madrugada de ontem foi ainda mais mal recebido pelos investidores. A quebra na safra de cana, gerada pela seca em São Paulo no ano passado, fez o lucro líquido da companhia cair 83% no último trimestre de 2010, sobre o mesmo período de 2009. O resultado líquido foi de R$ 27,9 milhões.
“Tivemos um resultado decepcionante do ponto de vista da quebra de safra, mas isso tem um efeito positivo sobre os preços do açúcar”, afirmou Lutz.
O que preocupou os analistas foi o aumento dos custos da divisão de açúcar e álcool em 55%, acima do aumento de receita de 47%, segundo relatório do analista Rafael Cintra, da Link Investimentos. “O padrão de custos se elevou muito, mas isso foi causado pelo cenário e não por ineficiência da companhia”, avalia o analista Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora.
A explicação da companhia foi que o aumento de custos decorrente de uma safra menor e dos ajustes de pagamento da cana incidiram de forma concentrada no terceiro trimestre fiscal, o último do ano civil de 2010. “O mercado aguardava um desempenho melhor por conta dos altos preços do açúcar, mas havia uma expectativa exagerada”, diz a analista do BBBI Letícia Campos. Durante o pregão de ontem na BM&FBovespa, as ações da Cosan chegaram a cair quase 5%, mas fecharam com baixa de 3,94%, a R$ 23,91.
Cosan e Shell costuram um segundo negócio de US$ 12 bilhões que vai fundir as usinas de cana da Cosan e as redes de distribuição da Shell e Esso

CONCORRÊNCIA
90 dias é o prazo do Cade para a Shell vender os ativos de combustíveis de aviação da Cosan. Se a venda não for efetuada, o acordo pode ser barrado.

BALANÇO
83% foi a baixa registrada no lucro da Cosan no último trimestre de 2010 em relação ao do ano anterior, atingindo R$ 27,9 milhões.

A FRASE
“O negócio de aviação é um tema da Shell. Não vemos impactos para a Cosan”
Marcos Lutz, presidente da Cosan

DIVERSIFICAÇÃO
Operações da Esso, de logística e de cogeração, seguram resultado

A estratégia da Cosan de diversificar seus negócios em busca de operações com um fluxo de caixa mais contínuo do que a produção de açúcar e álcool ajudou a companhia a compensar um resultado pouco favorável em sua principal divisão. A manutenção das margens na Cosan Combustíveis e Lubrificantes (CCL, operação adquirida da Esso em 2008) e o crescimento do Rumo Logística e do negócio de cogeração de energia atenuaram os efeitos do aumento dos custos na Cosan Açúcar e Álcool. “Neste terceiro trimestre fiscal a estratégia de diversificação da companhia mostrou-se acertada”, afirma a analista Letícia Campos, do BBBI. O objetivo da Cosan é reduzir a exposição de seu fluxo de caixa à volatilidade do preço das commodities. “Com a joint venture com a Shell, reduziremos essa exposição a 40% do nosso fluxo de caixa”, calcula o presidente da Cosan, Marcos Lutz. A CCL teve um aumento de 14,3% na receita, para R$ 3,1 bilhões no trimestre. Já a receita da Rumo disparou 218,1%, para R$ 113,6 milhões, com o início das operações de transporte ferroviário em parceria com a operadora ALL. Tudo isso não foi suficiente, no entanto, para manter a geração de caixa da empresa. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Cosan caiu 16,3% no último trimestre de 2010, para R$ 410,5 milhões. L.S.


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