DESTAQUE DE CAPA
Conflito mata ao menos 20 na Líbia e sete no Bahrein
Confrontos entre opositores e grupos pró-governo da Líbia deixaram ao menos 20 mortos em quatro cidades.Muammar Gaddafi, há mais de 40 anos no poder, mobilizou até atiradores de elite para conter protestos. Na capital, Trípoli, partidários de Gaddafi se reuniram em apoio ao ditador. No Bahrein, sete morreram desde segunda. Os militares ocuparam a praça da Pérola.
MUDANÇAS NA AVIAÇÃO
Dilma inicia mudanças no setor de aviação civil
Governo anuncia troca na cúpula da Infraero
DE BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff iniciou ontem as prometidas mudanças no setor de aviação civil.
O Ministério da Defesa tirou da Infraero seu atual presidente, Murilo Barboza, abrindo caminho para a nomeação de Gustavo do Vale para comandar a estatal que administra aeroportos. Vale é diretor do Banco Central e foi escolhido para seu novo posto com a ajuda do atual presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini. Ele permanece no banco até que o Senado aprove o nome de seu substituto, Sidnei Corrêa Marques.
Segundo a Folha apurou, o governo enviará ao Congresso a medida provisória que institui a Secretaria de Aviação Civil, o que deve ocorrer na semana que vem. Com status de ministério, a secretaria ficará sob comando de Rossano Maranhão, presidente do banco Safra e ex-presidente do Banco do Brasil no governo Lula.
2014 E 2016
Dilma queria mudar toda a estrutura do setor, pois deseja ter a infraestrutura necessária para preparar o Brasil para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016. De saída da Infraero, Barboza, ligado ao ministro Nelson Jobim, foi nomeado para a Secretaria de Compras do Ministério da Defesa.
Depois de criada a Secretaria de Aviação Civil, o governo federal começará a implantar seu projeto de abrir espaço para o setor privado construir e operar terminais de aeroportos no país, na tentativa de reduzir os gargalos na área. Além disso, fará a abertura do capital da Infraero, podendo colocar no mercado até 49% das ações da estatal.
No governo Lula, a ideia era que a Infraero bancasse sozinha todas as obras aeroportuárias no país. Dilma, entretanto, decidiu mudar o projeto diante do prazo escasso para fazer as reformas e ampliações nos aeroportos até a Copa do Mundo no Brasil, em 2014.
AVIAÇÃO
Lufthansa vai aumentar em 60% a frequência de voos para o Brasil
DO RIO - A Lufthansa decidiu aumentar em 60% os voos para o Brasil. A companhia vai retomar os voos diretos a partir do Rio de Janeiro para Frankfurt, com cinco viagens semanais, a partir de 30 de outubro.
Além disso, a companhia vai elevar a frequência semanal entre São Paulo e Munique, de 5 para 7 voos.
Desde 2005, a companhia aérea não tinha voos diretos a partir do Rio de Janeiro. Segundo Alberta Janssen, diretora de marketing e vendas para o Brasil, a suspensão foi motivada à época pela "demanda reprimida" de passageiros a negócios, um quadro que mudou com o cenário de crescimento econômico do Estado.
A companhia destaca o fluxo de passageiros a negócios no Estado ligados às indústrias de petróleo, gás e plástico, petroquímica, cosmética, farmacêutica e naval.
ORÇAMENTO
Ciência e Tecnologia perde R$ 1,7 bi com corte no Orçamento
Valor representa cerca de 23% dos recursos da pasta e foi definido em encontro de Dilma com Mercadante
O Ministério da Defesa vai perder 26,5% de receitas referentes a custeio e investimento por conta do ajuste
DE BRASÍLIA
O Ministério da Ciência e Tecnologia responderá por cerca de R$ 1 bilhão do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União deste ano. O número foi definido ontem entre o ministro Aloizio Mercadante e a presidente Dilma Rousseff. O ministério vai perder R$ 610 milhões para investimentos e R$ 353,6 milhões para custeio. Além disso, a pasta não receberá R$ 713 milhões previstos em emendas parlamentares. Esse montante foi vetado pelo Executivo. Com o valor das emendas, a perda chega a R$ 1,7 bilhão.
O Orçamento aprovado pelo Congresso para a Ciência e Tecnologia foi de R$ 7,4 bilhões. O valor inicial enviado aos congressistas foi de R$ 8,1 bilhões, porque estavam incluídas emendas que, se sancionadas pela presidente, entrariam na rubrica de pagamento obrigatório. Dilma decidiu vetar essas emendas que, entre todos os ministérios, somavam cerca de R$ 1,1 bilhão.
Com o corte previsto, o Ministério de Ciência e Tecnologia terá Orçamento de cerca de R$ 6,4 bilhões para este ano. Poderá contar com R$ 200 milhões adicionais em emendas parlamentares que o Executivo não passou a tesoura. No ano passado, o Orçamento da pasta foi de R$ 7,8 bilhões.
Dilma conversou nos últimos dias com Mercadante e Nelson Jobim (Defesa) para tratar dos cortes. O Orçamento da Defesa perderá 26,5% das receitas referentes a custeio e investimento. A ministra Miriam Belchior (Planejamento) anunciará na próxima semana como o governo atingirá a meta de reduzir R$ 50 bilhões das despesas orçamentárias para este ano.
TENDÊNCIAS/DEBATES
Questão de bom senso
ROBERTO MUYLAERT
A propaganda é mesmo a alma do negócio. Sem perceber, o Brasil ficou viciado em ouvir Lula a explorar, pela TV, a série "nunca antes neste país", que acabou se tornando refrão. De repente, parece que estamos em processo de desintoxicação do ex-presidente, não porque ele fosse tóxico, mas porque suas ubiquidade e loquacidade obrigavam os telejornais a fartas coberturas diárias de som e imagem.
É ponto pacífico que Lula deu condições para boa parte da classe mais pobre dos brasileiros sair da miséria. Por outro lado, sua despedida foi na hora certa, quando uma aprovação quase unânime fez com que perdesse uma qualidade fundamental para quem exerce o poder: bom senso.
Surge então a presidente Dilma, eleita a partir da avalanche de prestígio transferida por seu mentor, embora estreando nas urnas. A boa notícia é que, logo de saída, mostra bom senso: começa a trabalhar todo dia, cumpre horários, como quem ganha um novo emprego e precisa justificar o salário.
Uma de suas últimas decisões foi a de avisar aos auxiliares diretos que talvez seja melhor eles ficarem em Brasília nos finais de semana, já que podem ser chamados a qualquer momento: trabalho em tempo integral. Não mais aviões da FAB à disposição das autoridades para retornar ao lar nas sextas-feiras.
De um jeito ou de outro, ela anda tentando resolver, sem muita onda, o problema da herança deixada pelo presidente anterior, como ameaças à liberdade de expressão, deficit fiscal, inflação assanhada, real sobrevalorizado, inchaço da máquina pública, gastos públicos crescentes, falta de conscientização e de preparo de quem trabalha no governo.
Seria uma boa ideia enviar para as repartições públicas, junto com a foto da presidente, um dístico-lembrete, assim: "a missão do funcionário público é a de servir ao público". Alguns deles talvez nunca tenham sido informados disso.
Por último, valeu a sua percepção de que a compra dos caças da FAB do chamado projeto FX-2 precisava mesmo ser reavaliada.
Ela poderia ter levado, no embalo, o mico de US$ 10 bilhões em Rafales, sendo que, desde o ano 2000, os franceses não conseguem vender um caça desses para ninguém, a não ser compulsoriamente, para a sua própria Força Aérea.
Como ela anda preocupada com a vigilância das nossas fronteiras, o reequipamento poderia começar por embarcações rápidas e baratas para navegar no litoral e nos nossos rios, mais um reforço nos aviões de reconhecimento e nos Super-Tucanos, fabricados aqui mesmo.
A questão dos caças avançados, nada difícil de decidir, ficou entre o modelo americano F-18 E/F, o mais testado em combate, pela postura bélica permanente dos irmãos do Norte, e o Gripen NG, da Suécia, aquele que nos daria maior independência tecnológica, por ser um avião ainda em projeto, embora já existam 230 aeronaves de outros modelos desse mesmo avião voando em cinco forças aéreas.
O Brasil pode compartilhar esse projeto com os suecos, a ponto de se tornar, no futuro, exportador desses caças, cujo custo de operação é dividido por dois, pelo fato de ser monomotor, dotado de uma turbina de grande confiabilidade.
Ainda no quesito bom senso, falta Dilma perceber que não está com nada aquela coisa jeca de uma presidente da República ficar dando beijinho de duas bochechas em todo mundo, no Brasil e no exterior.
Além de pouco salubre, esse hábito faz perder tempo, algo que ela tem sabido utilizar com critério, até agora, com horário para começo e fim das reuniões palacianas.
ROBERTO MUYLAERT, jornalista, é editor, escritor e presidente da Aner(Associação Nacional dos Editores de Revistas). Foi presidente da TV Cultura de São Paulo (1986 a 1995) e ministro-chefe da Secretaria da Comunicação Social (1995, governo Fernando Henrique Cardoso).
PAINEL
RENATA LO PRETE
A conta-gotas
Embora até quarta-feira Dilma Rousseff deva pagar as primeiras faturas do apoio ao mínimo de R$ 545 na Câmara, com indicações do PMDB para a Caixa Econômica Federal e do PSB para a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, entre outras, a presidente pretende ir devagar com o restante do segundo escalão.
O Planalto quer que estas primeiras nomeações tenham caráter pedagógico e premiem a fidelidade dos dois partidos, que deram 100% de seus votos à proposta do governo. Mas sabe que enfrentará no curto prazo as votações das MPs da Autoridade Pública Olímpica e da Secretaria de aviação. Por isso, pleitos de aliados como o PC do B, por exemplo, tendem a permanecer mais tempo na gaveta.
RIO-2016
Cidades já podem se candidatar para ser sede para treinos
DO RIO - As cidades interessadas em receber delegações durante a fase de treinamentos para os Jogos do Rio-2016 já podem fazer sua inscrição no Comitê Organizador Local.
Elas terão que oferecer instalações esportivas adequadas, com infraestrutura para deslocamentos rápidos.
O processo de seleção foi aberto ontem, com a confecção de um guia que será distribuído para 205 comitês olímpicos e 150 paraolímpicos nos Jogos de Londres de 2012.
Entre as exigências, as instalações de treinos devem estar a, no máximo, 150 quilômetros, via estrada pavimentada, de um aeroporto atendido por voos regulares de empresas do país. Além disso, o local de treinos não deve ficar a mais de 30 quilômetros de um hotel de, pelo menos, três estrelas.
TENDÊNCIAS/DEBATES
Desafios estratégicos brasileiros
EURICO DE LIMA FIGUEIREDO
O envolvimento de empresas estratégicas nacionais é vital, cabendo à Petrobras papel de destaque; sindicatos também não podem ficar à margem
Paroquial. É esse o termo que descreve da melhor forma a posição da classe política e da opinião pública em relação às políticas externa e de defesa do Brasil.
Se, durante a campanha presidencial, o tema pouco frequentou a agenda dos candidatos, a situação não mudou em relação ao assunto quanto ao novo governo que se instalou em Brasília.
Tudo tem se passado como se o país ainda ocupasse os subúrbios da periferia e não ostentasse a posição, já agora, de oitava economia do mundo, celeremente caminhando para assumir a posição de quinta potência mundial. O provincianismo ganha feição paradoxal.
No plano internacional, as imagens preconcebidas em relação ao Brasil -durante tanto tempo retratado como o país do Carnaval, do futebol e do café- se desfazem. No plano interno, contudo, prevalece o desdém em relação às questões estratégicas que incidem sobre o futuro da nação.
O governo Lula lançou em dezembro de 2008 a estratégia nacional de defesa. Foi o primeiro documento dessa espécie em toda a história republicana brasileira.
Nele, dois aspectos, em latência, devem ser realçados, entre tantos igualmente importantes. Primeiro: ele se dirige aos brasileiros, e não a qualquer outro país ou comunidade de países. Pretende adequar o potencial econômico do Brasil ao seu perfil político-estratégico.
Segundo: entende que, em situações de conflitos de interesses, o principal bem dos Estados foi -e será, sempre!- a preservação de sua própria existência.
Não há lugar para o discurso da arrogância, por certo, tampouco para a mera submissão.
A nação carece de debate sério sobre o tema. Não dá mais para se comportar como se fôssemos uma potência de segunda categoria.
Cabe à primeira mandatária função essencial, assistida pelos ministros da área, o da Defesa e o dos Assuntos Estratégicos. A participação do Congresso não é menos importante. Um sistema de defesa democrático e poderoso não pode, contudo, se amparar apenas nesses atores. Deve envolver seriamente a comunidade científica.
É mister a participação militar, porquanto são as Forças Armadas que operam os dispositivos de defesa e segurança no contexto global.
O envolvimento das empresas estratégicas nacionais é vital, cabendo à Petrobras, entre outras, papel de destaque. Os sindicatos não podem ficar à margem. A mídia tem, nos últimos tempos, aberto espaços; é preciso ampliá-los. Defesa nacional e segurança internacional dizem respeito aos destinos da sociedade como um todo.
O Brasil aspira integrar o Conselho de Segurança da ONU. Os cinco países permanentes do Conselho (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) detêm os mais dispendiosos e críveis sistemas de defesa no planeta. Guardam a perspectiva adequada. Cosmopolita.
EURICO DE LIMA FIGUEIREDO é professor titular do Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa (Abed).
ONDAS DE REVOLTA NO BAHREIN
Monarquia abriga a base da Marinha dos EUA no golfo
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A importância estratégica do Bahrein -ilha no golfo Pérsico equivalente a metade da cidade de São Paulo- para os EUA reside, entre outras coisas, no fato de o país abrigar a Quinta Frota da Marinha americana.
A base tem sob sua responsabilidade patrulhar todo o golfo e entorno, chegando até o oceano Índico, em uma área que abrange 20 países e abriga cerca de 20 mil oficiais americanos.
Além disso, a Quinta Frota cumpre o papel de conter a presença do Irã no golfo, região responsável por 40% da produção de petróleo no mundo e dois terços das reservas e crucial para o comércio global do recurso.
Já a vizinha Arábia Saudita teme que os protestos liderados pela maioria xiita do Bahrein -e uma eventual deposição do regime- motivem um levante semelhante em seu território.
Boa parte da minoria xiita da Arábia Saudita -cerca de 15% da população- reside em regiões próximas do Bahrein, e muitos têm vínculos com os xiitas vizinhos -até 70% da população.
Apoiadores do regime bareinita acusam os manifestantes de agirem como forças pró-Irã, visando a instituição de um governo simpático a Teerã ou que mantenha boas relações.
Governado há dois séculos pela família do rei Hamad bin Isa al Khalifa, o Bahrein foi até os anos 70 um protetorado britânico.
Habitam o país cerca de 1,3 milhão de pessoas, sendo 700 mil locais e o resto estrangeiros, muitos sunitas que recebem incentivos e empregos do governo.
Nos últimos anos, o país tem tentado se firmar como centro financeiro do Oriente Médio e destino para investimentos e turistas ocidentais, como ao receber GPs da F-1 a partir de 2004.
Chuva interdita aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP)
MAURÍCIO SIMIONATO
DE CAMPINAS
A chuva que atingiu a região de Campinas (93 km de SP) na noite desta quinta-feira fechou por mais de uma hora o Aeroporto Internacional de Viracopos para pousos e decolagens.
A pista ficou alagada. Parte do forro do aeroporto desabou em dois pontos. Ningúem ficou ferido.
O teto de gesso desabou perto dos sanitários (entre as área de embarque e desembarque) e dentro da sede da Polícia Civil, no segundo piso.
Os locais em que houve desabamento do teto foram interditados para reparos.
A pista ficou fechada entre 19h35 e 20h39, segundo a assessoria de imprensa da Infraero (estatal que administra os aeroportos).
A partir de 20h40, o aeroporto começou a operar por instrumentos nos voos e decolagens.
A sobrecarga de água prejudicou o escoamento do aeroproto e até o saguão de embarque teve pontos de alagamento.
Às 22h20, nove voos estavam atrasados e o aeroporto já operava normalmente.
Alguns usuários do aeroporto publicaram mensagens sobre a situação no momento da chuva em redes sociais na internet.
A chuva também provocou alagamentos em ruas e avenidas de Campinas e em cidades da região.
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