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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

25 de fevereiro de 2011 - O GLOBO


DESTAQUE DE CAPA
Forças rebeldes já controlam poços de petróleo na Líbia

Importantes campos de petróleo no Sul e no Leste da Líbia estão em mãos de opositores, constatam jornalistas que já começam a entrar no país em guerra civil. O controle dos poços compromete a exportação de gás e petróleo. Com seu território cada vez mais reduzido, o ditador Muamar Kadafi enviou milhares de soldados e mercenários num contra-ataque às rebeliões em cidades próximas à capital, Trípoli. E voltou a falar na TV, mas desta vez só por áudio. Ele ameaçou cortar o envio de petróleo se os protestos não pararem e a1ertou que os opositores estão influenciados pela al Qaeda, de Osama bin Laden. Na corrida diplomática para frear Kadafi, a Suíça se apressou a congelar bens do ditador. Segundo o Itamaraty, todos os brasileiros que estavam em Trípoli já deixaram o país. Os que estão em Benghazi, onde milhares de pessoas se aglomeram no porto, devem embarcar hoje. Os conflitos fizeram o preço do petróleo encostar em US$ 120 ontem. Mas a cotação perdeu força após a Arábia Saudita prometer aumentar a produção de óleo para compensar a quebra na Líbia.


EDITORIAL
Sinais positivos na política externa

Presidente eleita, Dilma Rousseff concedeu entrevista ao "Washington Post" em que criticou a condescendência da diplomacia brasileira com o desrespeito aos direitos humanos no Irã. A pergunta tratava da condenação à morte de Sakineh Ashtiani por apedrejamento, considerado um ato "medieval" por Dilma.
Aquela declaração, a primeira em sentido contrário ao do governo anterior, teve várias "leituras". Era cedo para ser identificado um movimento - necessário e correto - de revisão da diplomacia companheira executada nos oito anos de governo Lula, nos quais o principal motor da política externa foi o antiamericanismo. Mesmo que a imagem do Brasil passasse a ser manchada pelo convívio dócil com alguns dos mais autoritários regimes e respectivos ditadores. O sanguinário Muamar Kadafi foi considerado "amigo" por um sorridente Lula, mesma postura assumida perante os irmãos Castro - enquanto um preso político morria em greve de fome na cadeia - e Ahmadinejad, mestre-sala de uma não mesmo sanguinária ditadura teocrática no Irã.
A interpretação mais cautelosa, à época, preferia creditar a posição assumida por Dilma Rousseff à sua condição de mulher - Sakineh é viúva, acusada de adultério e de um suposto assassinato - e também de vítima da violência do Estado, como a iraniana.
Os acontecimentos vertiginosos em curso no Norte da África, Oriente Médio, com reverberações no Irã, forçaram, porém, a que o governo Dilma aplicasse na prática o discurso assumido logo após a vitória eleitoral de defesa de uma política externa mais equilibrada. Pode-se entender: com menos viés antiamericanista e defensora dos valores universais. Seja para criticar torturas em Guatánamo ou barbaridades cometidas contra oposicionistas nos porões dos aiatolás persas.
A selvagem reação de Kadafi ao movimento contra a sua ditadura de 42 anos, ao despachar aviões, navios e tanques para bombardear a própria população, apanhou o Brasil na presidência do Conselho de Segurança da ONU. A embaixadora Maria Luiza Viotti fez o que deveria e condenou com veemência Kadafi. E foi adiante, ao apoiar proposta da Inglaterra para que uma reunião extraordinária do Conselho de Diretos Humanos da ONU - será hoje em Genebra - instaure uma investigação sobre as atrocidades cometidas pelo ditador líbio. Votaram contra, entre outros, Cuba e Venezuela, bons amigos da diplomacia companheira.
O tom brasileiro havia sido dado pelo chanceler Antonio Patriota, na segunda, em São Paulo, na véspera da reunião do Conselho de Segurança: "O Brasil repudia atos de violência contra manifestantes desarmados e vemos com grande preocupação os desenvolvimentos na Líbia. Parece que alcançaram um padrão de violência absolutamente inaceitável." Nada de ironias, de metáforas futebolísticas para tentar reduzir os conflitos a brigas entre torcidas, tampouco comparações descabidas de prisioneiros políticos com criminosos comuns. Se a postura assumida pela diplomacia brasileira esta semana, no caso da Líbia, for confirmada na reunião de hoje em Genebra e na avaliação do respeito, ou desrespeito, aos diretos humanos no Irã, a ser feita também em Genebra nos próximos dias, o governo Dilma terá de fato patrocinado o reencontro da diplomacia brasileira com suas melhores tradições.


ESPORTES
Neymar é dispensado pelo Exército

O atacante Neymar, do Santos, esteve ontem no Forte dos Andradas, no Guarujá, e foi dispensado do serviço militar obrigatório. Ele havia se alistado no ano passado, quando completou 18 anos. Neymar foi muito assediado pelos soldados e e assistiu a um vídeo sobre o Pelé, que teve de cumprir o serviço militar em 1959, no Forte Itaipu, na Praia Grande. Chegou até a disputar jogos com a seleção do Exército. Curiosamente, foi o general Santos, comandante do quartel, quem dispensou o craque, mas disse que ele poderá prestar um serviço importante à pátria, com a camisa da seleção.


VISITA DE OBAMA
No Rio, Obama conhecerá a experiência das UPPs
Dona Marta e Cidade de Deus estão entre as opções

Antônio Werneck, Fernando Eichenberg* e Vera Araújo

RIO e WASHINGTON. Os primeiros passos para garantir a segurança do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em sua visita ao Rio, agendada para o próximo dia 20, começaram com uma reunião ontem na Superintendente da Polícia Federal, na Praça Mauá. Durante uma hora, policiais e delegados do Setor de Segurança de Dignitários da Diretoria de Ordem Institucional (Delist) da PF discutiram toda a logística que deverá ser empregada, como a necessidade do apoio das Forças Armadas, da Secretaria de Segurança e de autoridades municipais do Rio.
No plano inicial traçado ontem, estão o bloqueio do espaço aéreo por onde a comitiva do chefe de Estado americano passará, além do apoio da Marinha na vigilância da costa carioca, com possível empregado de fragatas e barcos-patrulha.

Agentes do FBI também visitaram Providência
Os americanos disseram que Obama gostaria de visitar a comunidade da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, que teve recentemente uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) instalada.
- Estamos tentando mudar os planos dos americanos, aconselhando outra comunidade, como o Morro Dona Marta, em Botafogo, que também recebeu uma UPP - disse um policial federal.
Como informou ontem Ancelmo Gois em sua coluna, uma missão precursora já visitou o Dona Marta, o Chapéu Mangueira, em Copacabana, e Cidade de Deus. Agentes do FBI também já estiveram no Morro da Providência, na Gamboa. Todas essas comunidades contam com UPPs.
Segundo a Secretaria de Segurança do Rio, Obama quer conhecer bem o projeto, havendo até a possibilidade de uma parceria, com investimentos na UPP escolhida pelo presidente americano.
Em Washington, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, informou ontem que, em Brasília, Obama fará um pronunciamento dirigido ao setor privado, com ênfase econômica e comercial, focado na relação bilateral e em futuras oportunidades de negócios. A comitiva americana incluirá empresários que participarão de um fórum de grandes executivos e de reuniões agendadas pelo Conselho de Negócios Brasil-EUA. Para o encontro empresarial serão convidados dez representantes de cada país. Obama e a presidente Dilma Rousseff terão uma participação no encontro.
No Rio, dia 20, o discurso de Obama terá um tom mais político e social, direcionado à população. O local público ainda está indefinido, mas já foram sugeridos a sacada do Teatro Municipal, o Museu de Arte Moderna (MAM), Copacabana e o Maracanãzinho.

Primeira visita de Obama à América do Sul
Esta é a primeira visita do presidente dos Estados Unidos a países sul-americanos, desde que assumiu em 2009. O roteiro inclui ainda El Salvador e Chile, no período de 19 a 23 de março. O presidente americano virá acompanhado da primeira-dama, Michelle Obama.
* Correspondente
fonte: jornal o globo

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