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quarta-feira, 18 de maio de 2011

18 de maio de 2011 - ZERO HORA


PRIMEIRA CAPA
PF investiga 450 cidades pela fraude dos remédios
Polícia Federal amplia devassa iniciada em Barão de Cotegipe que apura desvio na verba da saúde.

MÁFIA DOS REMÉDIOS

Agentes tentam descobrir envolvimento de prefeituras com esquema que desviava dinheiro da saúdeSe um alfinete fosse usado para sinalizar os 450 municípios que repassaram verbas públicas às empresas envolvidas com a Máfia dos Remédios, restariam apenas 46 cidades intocadas no mapa do Rio Grande do Sul. Isso dá a dimensão dos tentáculos da quadrilha que desviava dinheiro destinado à compra de medicamentos desmontada pela Operação Saúde, posta em ação pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-geral da União (CGU) na segunda-feira.
O núcleo dos mafiosos era formado por três empresas estabelecidas em Barão de Cotegipe, pequena cidade agrícola na região de Erechim, apurou a PF. Suas operações estendiam-se por Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. Tamanho envolvimento em torno de um crime no interior do Estado só havia acontecido na década de 70, quando agricultores de várias regiões participaram de uma fraude que ficou conhecida como “adubo papel” – desvio de dinheiro de empréstimos subsidiados para outras finalidades.
No Rio Grande do Sul, os agentes da PF já encontraram provas do envolvimento de 22 prefeituras com a Máfia dos Remédios. Conforme a delegada Gabriela Madrid Aquino Trolle, da PF de Passo Fundo, o nome dos municípios são mantidos em sigilo pela Justiça Federal. Agora, os policiais investigam a legalidade dos repasses feitos pelos 428 municípios restantes.
– A investigação está sendo feita com o cruzamento das informações que conseguimos nos computadores e documentos apreendidos e nos relatórios da Controladoria e do Tribunal de Contas do Estado – diz a delegada.
O cruzamento de informações poderá ampliar o número de prefeituras e hospitais implicados com a Máfia dos Remédios, afirma Cezar Miola, vice-presidente do TCE. Segundo ele, há uma dezena de relatórios no tribunal sobre o envolvimento de prefeituras com a compra de medicamentos.
– Ação (da PF) é um marco importante no combate à corrupção – definiu, ontem, Vilmar Perin Zanchin, presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs).

CARLOS WAGNER E MARIELISE FERREIRA
Os foragidos
- Dalci Filipetto – Barão de Cotegipe/RS
- Cassio Filipetto – Barão de Cotegipe/RS
- Marcos Sousa Ferreira – São Félix do Araguaia/MT
- Gercílio Mendes da Silva – Lambari D´Oeste, Brasilândia/MT
O QUE DISSE A PF
- A exemplo do que havia feito na Operação Toupeira – prisão da quadrilha que, em setembro de 2006, cavava um túnel para arrombar o Banrisul e a Caixa Econômica Federal no centro de Porto Alegre –, a Polícia Federal (PF) divulgou fotos dos foragidos da Operação Saúde com a intenção de contar com a ajuda popular para capturá-los, informou o delegado regional executivo da corporação no Rio Grande do Sul, José Antonio Dornelles.
“Tendo em vista a grande repercussão da Operação Saúde e o caráter nacional desta investigação, divulga-se a lista de procurados que se evadiram de suas residências ao perceber a ação policial ou encontram-se em locais ignorados”, diz a nota divulgada pela PF.
- Qualquer informação a respeito poderá ser repassada para o telefone (54) 3318-9051.
COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA
1 O governo federal destina dinheiro aos municípios de todo o país para a compra de medicamentos. Com esse recurso, as prefeituras distribuem remédios à população em situação de vulnerabilidade social por meio do Programa de Assistência Farmacêutica Básica, conhecido como Farmácia Básica.
2 Para desviar parte do dinheiro do programa de saúde, servidores públicos de prefeituras de várias regiões do país, incluindo municípios gaúchos, passaram a fraudar as licitações destinadas à aquisição dos medicamentos.
3 Esses servidores, que incluem de funcionários até secretários municipais da Saúde, direcionavam as licitações para que empresas vinculadas a três grupos criminosos saíssem vitoriosas. Esses grupos tinham como base principal Barão de Cotegipe, município do noroeste gaúcho de 6,5 mil habitantes.
4 Depois de ganharem essas licitações direcionadas, as empresas e as prefeituras desviavam o dinheiro utilizando algum dos seguintes esquemas:
- O valor dos remédios era pago pela prefeitura, mas os produtos não eram entregues
- Apenas uma parte dos produtos era entregue
- Os remédios eram diferentes daqueles encomendados
- Os remédios estavam vencidos ou prestes a vencer, e não poderiam ser comprados
5 O dinheiro obtido com a fraude era repartido entre os proprietários e representantes das empresas de venda de remédio e os servidores públicos das prefeituras envolvidas.
COMO A FRAUDE FOI DESCOBERTA
- A Controladoria Geral da União (CGU) fez auditorias e descobriu que havia irregularidade em contratos feitos com municípios brasileiros e que os medicamentos comprados nem sempre eram entregues.
- A Polícia Federal passou a investigar o caso em 2009 e descobriu que havia uma série de distribuidoras de medicamentos, todas situadas nas cidades de Barão de Cotegipe e Erechim, pertencentes aos mesmos proprietários, que se uniam para vencer as licitações e pregões presenciais para a venda de medicamentos. Para isso, pagavam propina a funcionários municipais, secretários de Saúde e controladores de almoxarifado.
- Com base nos dois anos de investigação, a Justiça decretou a prisão de 64 pessoas e fez buscas nas empresas suspeitas do esquema. Até a tarde de ontem foram presas 60 pessoas. Dos 27 presos no RS, um foi ouvido e liberado e outros três saíram mediante o pagamento de fiança. Quatro deles continuavam foragidos e tiveram fotografias divulgadas para que a população auxilie na prisão (veja acima).
A Controladoria-geral da União apurou que o esquema que fraudava o repasse de verbas para a saúde seria feito por três grupos familiares distintos de Barão de Cotegipe e Erechim. Todos tinham relação entre si e na hora das negociações atuavam juntos
- Grupo 1 – Coordenado por Dalci Filipetto, sua mulher, Maristela Três Filipetto, e seu filho, Cassio Filipetto, tinha as empresas Biomed, Comércio e representação de medicamentos SM, Sulmedi, Barãomed, Multimed e Novamed. Maristela é irmã do principal responsável pelo grupo 2.
- Grupo 2 – Comandado pela família Três, que tem as empresas Cirúrgica Erechim e Comércio de Equipamentos Hospitalares Ltda (Equifarma).
- Grupo 3 – Comandado pela família Folador, dona das empresas Diprolmedi e Dispromed, tinha como um dos integrantes Fábio Filipetto, sobrinho de Dalci Filipetto.


Palocci diz que enriqueceu como outros ex

Chefe da Casa Civil diz ser comum a valorização no mercado de ex-ministros da Fazenda.

Para se defender da acusação de ter elevado em 20 vezes o seu patrimônio em um período de quatro anos, de 2006 a 2010, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, decidiu citar ministros da Fazenda e presidentes do Banco Central como Pedro Malan, Armínio Fraga e Henrique Meirelles, em mensagem enviada por e-mail a líderes partidários no Senado. Na mensagem, o argumento é ser comum a valorização no mercado de pessoas que ocuparam esses cargos.
“No mercado de capitais e em outros setores, a passagem por Ministério da Fazenda, BNDES ou Banco Central proporciona uma experiência única que dá enorme valor a estes profissionais no mercado”, diz trecho da mensagem.
O texto enviado aos parlamentares começa dando esclarecimentos sobre a reportagem publicada no jornal Folha de S.Paulo do último domingo que revelou a compra de um apartamento de R$ 6,6 milhões pela empresa Projeto, de propriedade do ministro. A afirmação é que tudo consta das declarações de Imposto de Renda de Palocci e da empresa, e que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República foi informada.
A mensagem traz também um item “Sobre a empresa”. O texto afirma não haver vedação quanto a parlamentares exercerem atividade empresarial e cita um levantamento que teria apontado 273 deputados federais e senadores da atual legislatura como sócios de estabelecimentos comerciais, industriais, de prestação de serviços ou de atividade rural.
Na sequência, o e-mail ainda traz exemplos de outras autoridades como forma de defender Palocci, que é médico sanitarista de profissão. O texto afirma que em poucos anos ex-ocupantes do cargo tornaram-se banqueiros, como Pérsio Arida e André Lara Rezende, diretores de instituições financeiras, como Pedro Malan, ou consultores, como Mailson da Nóbrega.
O esclarecimento cita ainda que “muitos ministros importantes também fizeram o percurso inverso, vieram do setor privado para o governo”. Nesse trecho são citados Alcides Tápias, Armínio Fraga e Henrique Meirelles.
A mensagem afirma que “o patrimônio auferido pela empresa (de Palocci) foi fruto desta atividade e é compatível com as receitas realizadas nos anos de exercícios”.
O texto reafirma que a empresa teve uma mudança de objeto no final de dezembro do ano passado devido ao novo cargo de Palocci e, por isso, hoje apenas cuida da administração dos imóveis do ministro.

Brasília
Falta responder
1) Como em quatro anos Palocci conseguiu aumentar em 20 vezes seu patrimônio, que em 2006 era de R$ 375 mil?
2) O que faz exatamente a empresa de Palocci, a Projeto?
3) Qual o faturamento da empresa, em que áreas atua e quais são os clientes?


EDITORIAL
Mau exemplo

A descoberta de mais uma fraude na burocracia da saúde pública – desta vez envolvendo negociatas entre servidores e até mesmo secretários municipais com fornecedores de medicamentos destinados a famílias carentes – ajuda a explicar muitas das deficiências no atendimento oficial prestado nessa e em outras áreas nas quais o contribuinte depende do governo. A confirmação do esquema criminoso com atuação em sete Estados – incluindo Rio Grande do Sul e Santa Catarina – não se presta para generalizações, pois administradores municipais já vinham alertando os organismos de fiscalização para as irregularidades. Ainda assim, e mesmo envolvendo um reduzido número de municípios, a maioria de pequeno porte, esse típico mau exemplo é um acinte, particularmente para os atingidos diretamente.
A operação que desviou dinheiro oficial e deixou enfermos sem remédio não é certamente a única nesta área e em outras nas quais o poder público tem participação relevante. No mesmo âmbito da saúde pública, prosperou a Máfia das Ambulâncias, descoberta em 2006 pela chamada Operação Sanguessuga, também envolvendo trapaça com recursos federais. Outras ações da alçada do setor governamental têm sido alvo constante do conluio entre fornecedores e servidores públicos para desvirtuar as licitações. A particularidade de até mesmo a merenda escolar ter se prestado para descaminhos do dinheiro oficial é o exemplo mais definitivo de que os assaltantes do erário não têm qualquer escrúpulo na hora de se locupletarem.
Mesmo com todos os indícios de que essas práticas são rotineiras, a falcatrua mais recente foi desvendada quase por acaso pela Polícia Federal, a partir de um sorteio que a Controladoria-Geral da União (CGU) realiza para eleger municípios a serem fiscalizados. Se, ao agirem aleatoriamente, por falta de condições de investigar tudo e de forma permanente, os organismos de controle deparam com tantas deformações, dá para ter uma ideia do que ocorreria se houvesse mais rigor nessas ações.
O setor público precisa se equipar melhor para evitar desvios como o registrado no dinheiro para a aquisição de remédios para pessoas carentes, mas essa é uma luta que deve envolver também a sociedade, de forma permanente. Em qualquer área, sempre que as verbas públicas se perdem por caminhos atípicos, é porque se estabeleceu um conluio entre servidores coniventes ou sem ética com empresas surgidas muitas vezes já com o único objetivo de lesar o governo. Se conseguir romper esse círculo vicioso, é provável que o governo possa fazer mais com o que tem em caixa. E, com isso, poderá livrar os contribuintes, de uma vez por todas, da ameaça de criação de mais tributação para custear a saúde pública.


Bom exemplo

 Há uma combinação de eficiência e de respeito às demandas e à realidade das comunidades nos exemplos dos municípios gaúchos que lideram o ranking nacional de gestão pública. São cidades que conseguem administrar suas contas com equilíbrio entre receita e despesas, mas vão muito além da austeridade fiscal. Investem, reduzem a evasão escolar e a mortalidade infantil e estão atentas às prioridades definidas pela própria população. O ranking, elaborado pela Confederação Nacional dos Municípios, considera 16 indicadores, todos reveladores de capacidade administrativa. Líderes em todo o país, nos primeiros cinco lugares, Alecrim, Caseiros, São José do Hortêncio, Itatiba do Sul e Alpestre são acompanhados por outros 19 municípios do Estado na lista das cem comunidades com as melhores gestões.
O fato de que são, na maioria, pequenos municípios, em nada desmerece suas conquistas. Pelo contrário, contribuem para comprovar que os vínculos dos administradores com a realidade dos cidadãos é a melhor fórmula para a eficiência no setor público. Médias e grandes cidades, com estruturas atrofiadas e serviços de baixa qualidade, podem buscar inspiração nas prefeituras citadas. Todas conseguiram aprimorar suas qualidades com investimentos em saúde e educação, controle rígido dos gastos com pessoal, redução das despesas com cargos de confiança e cumplicidade com as Câmaras de Vereadores no esforço para bem gerir os recursos públicos. O aspecto mais importante é o aperfeiçoamento dos mecanismos de aproximação dos administradores com a população, o que assegura, no conjunto de benefícios, ganhos sociais para todos.
O ranking da confederação exalta bons exemplos municipais que não têm, na média, correspondência nas administrações estaduais e mesmo na gestão federal. Ressalvadas as exceções, o descontrole administrativo, com a consequente desorganização financeira, ainda é regra no Brasil, apesar dos avanços proporcionados pela Lei de Responsabilidade Fiscal e do aperfeiçoamento da fiscalização pelos tribunais de contas. Nos casos citados, no entanto, fica evidente que o melhor controle, praticado cotidianamente, ainda é o exercido pelos cidadãos.


COLUNA

Informe Econômico
Maria Isabel Hammes

             Desafios a vencer
      Seis grandes economias emergentes – Brasil, China, Índia, Indonésia, Coreia do Sul e Rússia – serão responsáveis por mais da metade de todo o crescimento global até 2025, prevê o Banco Mundial. Enquanto os emergentes vão crescer em média 4,7% ao ano entre 2011 e 2025, as economias avançadas deverão ter alta de 2,3% ao ano. Mas continuarão cruciais para a economia global – com destaque para zona do euro, Japão, Grã-Bretanha e EUA.

      Para alcançar essa força, porém, as emergentes precisarão lidar com alguns desafios. Para o Banco Mundial, China, Indonésia, Índia e Rússia enfrentam desafios institucionais e de governança, enquanto o capital humano e a garantia de acesso à educação são preocupações particularmente no Brasil, Índia e Indonésia.

          Parcerias britânicas até para ensinar inglês
      O interesse britânico em aproveitar a Copa de 2014 para fazer negócios rendeu visita, ontem, do ministro-adjunto de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Jeremy Browne, a Porto Alegre. Em reunião na Secretaria Extraordinária da Copa da Capital com empresários e responsáveis pela Copa na prefeitura e no Estado, Browne ofereceu a experiência dos ingleses, que organizam a Olimpíada de 2012, em áreas como segurança, controle de multidões, marketing e transporte.
      Dos gaúchos, ouviu um pedido mais prático e urgente: ajudar com material, metodologia e certificação, a ensinar inglês a prestadores dos serviços mais exigidos em um evento desse porte – começando pelos taxistas. Depois do curso e de prova, o profissional receberia certificado de conhecimento do idioma, que poderia ostentar no táxi.
      Os britânicos, que veem no Brasil oportunidade para seguir na retomada pós-crise, ficaram de conversar.
      Colaborou Rodrigo Müzell


POLITICA
JULGAMENTO NO MP
Promotores do DF perto da demissão

Deborah, que simulou insanidade, e Bandarra foram condenados ontem

No que depender do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), os promotores suspeitos de envolvimento no escândalo do mensalão do DEM perderão seus cargos no Ministério Público do Distrito Federal. O órgão aplicou ontem pena de demissão contra Deborah Guerner e Leonardo Bandarra.
O conselho não possui poderes para efetivar a demissão dos promotores, mas o pedido será agora encaminhado para a Procuradoria-Geral da República.
Bandarra chefiava o MP quando veio à tona o mensalão do DEM. Deborah é suspeita de ter extorquido envolvidos no escândalo, mas se notabilizou por tentar forjar insanidade mental, chegando a receber instruções de um psiquiatra para ludibriar os peritos. As imagens dos “ensaios” da promotora, flagradas pelo sistema interno de TV que ela mesma instalou em casa, vieram a público em abril.
Além da demissão, o CNMP determinou a suspensão das funções de Bandarra por 150 dias e de Deborah, por 60 dias. Eles já estavam afastados.
Ambos foram condenados administrativamente por “violação de sigilo profissional com a solicitação e obtenção de recompensa” e “exigência de pecúnia”, e receberam a pena máxima contra um membro do Ministério Público. Após esse julgamento administrativo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deverá pedir a abertura de processo judicial para efetivar as demissões. Eles ficarão suspensos, sem receber salário – de cerca de R$ 24 mil –, até que as ações sejam resolvidas pelo Poder Judiciário. Todos os dez conselheiros que participaram da sessão votaram pela demissão da promotora. Por nove votos a um, os integrantes do CNMP julgaram que Bandarra também deve ser demitido. Antes de concluído o julgamento, Bandarra deixou o plenário pela garagem do CNMP sem dar declarações. Deborah, que havia sido presa no mês passado, não compareceu à sessão de ontem.

Promotores foram afastados das funções ainda em 2010
Eles responderam no conselho pela acusação de receber propina e favorecer o ex-governador José Roberto Arruda, acusado de ser o chefe do esquema. Deborah e Bandarra são suspeitos de passar informações privilegiadas a integrantes do antigo governo do Distrito Federal e de terem extorquido o ex-governador Arruda. No começo do ano passado, Arruda foi preso e perdeu o cargo depois que as denúncias vieram a público.
Em dezembro, ela e Bandarra foram afastados por 120 dias pelo CNMP. O afastamento já havia terminado em abril.


NOTAS
Lula fará palestra a milionários latinos

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará palestra hoje em uma reunião de bilionários latinoamericanos e seus herdeiros na ilha de Comandatuba, na Bahia.
Ele foi contratado para participar do 9º Encontro de Empresários da América Latina–Pais e Filhos. O valor do cachê não foi divulgado. Lula tem cobrado em torno de R$ 200 mil.


Contratos do Banrisul são suspensos no TJ

A pedido do próprio banco, o desembargador Carlos Roberto Lofego Caníbal, da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, suspendeu os contratos mantidos pelas empresas de publicidade DCS e SLM com o Banrisul.
“Não quer o banco continuar vinculado a empresas envolvidas em escândalos”, considerou Caníbal, referindo-se à Operação Mercari.


FILA DOS HOSPITAIS
PF ouvirá deputados sobre consultas do SUS

Deputados e prefeitos estão sendo ouvidos pela Polícia Federal (PF), na condição de testemunhas, no inquérito que apura um suposto esquema fraudulento de marcação de consultas e cirurgias pelo SUS.
Os deputados Márcio Biolchi (PMDB), Adolfo Brito (PP) e João Fischer (PP) foram notificados na semana passada e serão ouvidos pela PF durante os próximos dias. A existência de um suposto esquema veio à tona em 2007, a partir de uma série de reportagens da RBS TV. O suposto golpe consistiria em burlar a fila em hospitais de Porto Alegre por meio de desistências.
O caso vinha sendo apurado pela Procuradoria Regional da República que, em 2010, solicitou instauração de inquérito pela PF.


CAMPO E LAVOURA
Arrozeiros fazem protesto no Estado

Manifestantes querem barrar a entrada de grão que tenha origem em outros países do Mercosul
Com cartazes e faixas pedindo ajuda ao governo, cerca de 5 mil arrozeiros interromperam ontem a ponte internacional que liga o Brasil à Argentina, em Uruguaiana.
Por volta das 14h30min, os arrozeiros saíram em caminhada até a ponte, onde foram barrados na divisa do país por policiais argentinos. Os produtores ficaram no meio da ponte até o final da tarde.
A Polícia Rodoviária Federal trancou o acesso para evitar filas. No início da noite, o grupo abriu só um lado para passagem de veículos leves. A situação, combinada ao embargo a carros vindos da Argentina, superlotou o pátio do porto seco rodoviário, já que os caminhões sequer puderam sair do local.
– Vamos esperar até o governo anunciar medidas concretas. Não aguentamos mais ser enrolados – disse Juarez Petry, um dos coordenadores do movimento Te Mexe Arrozeiro.
A principal reivindicação da classe é que seja barrado o arroz vindo do Mercosul. Para o secretário de Agricultura, Pesca e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, esse fator não é o determinante para crise.


GERAL
Enem será nos dias 22 e 23 de outubro

O Ministério da Educação (MEC) confirmou ontem que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011 será realizado nos dias 22 e 23 de outubro. Haverá outra prova em maio de 2012, mas a data deve ser divulgada pelo ministério na manhã de hoje.
Com uma prova prevista para o primeiro semestre de 2012, confirma-se a intenção do MEC em aplicar duas edições do Enem por ano. O edital do Enem deve trazer ainda novas medidas para garantir a segurança do exame e evitar problemas em edições passadas, como o vazamento de provas em 2009 e os erros de impressão em um lote de provas em 2010.
A realização de mais de um exame anual, prometida em 2009, quando a reformulação do Enem foi anunciada, era vista como uma maneira de dar mais chances para os candidatos a uma vaga no ensino superior e de reduzir a pressão dada por uma seleção baseada em apenas um final de semana de testes.
Além disso, o exame em maio seria usado para selecionar alunos para instituições que têm vestibulares nos dois semestres do ano.

Saiba mais
- Em 2010, mais de 4 milhões de candidatos se inscreveram para participar do exame. A participação no Enem também é pré-requisito para os estudantes interessados em uma bolsa do Programa Universidade para Todos (Pro Uni).
- No total, 59 instituições utilizaram o Enem integral ou parcialmente como forma de acesso dos candidatos no ingresso à universidade.


Proibição de sacolas plásticas avança em SP

A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou projeto que proíbe a distribuição e a venda de sacolas plásticas no comércio da capital paulista. O texto da lei incentiva o uso de sacolas retornáveis ou de material resistente.
Os estabelecimentos comerciais serão obrigados a exibir placas informativas, com as dimensões de 40 cm x 40 cm, com os dizeres “Poupe recursos naturais! Use sacolas reutilizáveis”.
A proposta segue agora para sanção do prefeito Gilberto Kassab. Se sancionada, a lei será implementada até 31 de dezembro de 2011.



REPORTAGEM ESPECIAL
MISTÉRIO DA CAIXA-PRETA
Guerra de versões no voo AF 447
Investigadores das causas da queda do voo AF 447 rebatem afirmações de jornal francês que aponta falha dos pilotos como causa do acidente ocorrido há quase dois anos na rota Rio-Paris

A França começou a semana ardendo em discussões – e não apenas a respeito do francês Dominique Strauss-Kahn, dirigente do FMI, preso por tentativa de abuso sexual. Uma segunda frente de debates foi aberta com a reportagem do diário parisiense Le Figaro. A publicação aponta como “falha dos pilotos” a hipótese mais provável para explicar a queda do voo 447 da Air France, que se espatifou sobre o Oceano Atlântico em 31 de maio de 2009, matando 228 pessoas. O Airbus A330 fazia a rota Rio-Paris.
O Le Figaro aponta como uma prova de que as investigações apontarão para erros dos pilotos o fato de a Airbus, fabricante do avião, ter enviado uma nota às companhias aéreas informando “não ter nenhuma recomendação imediata a fazer a seus clientes, após a abertura das caixas-pretas”. Legislação determina que, se as caixa-pretas (onde estão gravados o áudio da cabina e registrados os dados de voo) mostrarem defeitos no avião, os problemas devem ser imediatamente informados pela fabricante aos proprietários de outras aeronaves.
A afirmação do jornal despertou controvérsias. O Sindicato Nacional dos Pilotos de Linha francês disse não aceitar que “pilotos mortos nesta catástrofe sejam jogados à opinião pública antes de uma análise exaustiva de todas as causas do acidente” (confira mais reações nesta página).
Pilotos e jornais concorrentes lembraram que o Le Figaro pertence à holding Socpresse, 100% detida pela fabricante aeronáutica Dassault e por seu dono, Serge Dassault. Do capital total da Dassault, 46,32% das ações pertencem ao grupo EADS, que detém a maior parte das ações da Airbus, conforme detalha a revista Defense News. Ou seja, o jornal tem ligação com a fabricante do avião.
E qual seria o interesse da Airbus em responsabilizar os pilotos? É que isso poderia, em parte, aliviar a pressão por indenizações, que devem chegar a um mínimo de R$ 220 mil (US$ 136 mil) por vítima. A Airbus já foi indiciada criminalmente pelas mortes causadas pelo acidente, mas poderia diminuir o total a ser indenizado, caso a culpa recaia sobre os pilotos.
Especialistas lembram que falhas num dos equipamentos do avião – sensores que indicam a velocidade – já foram comprovadas por mensagens enviadas antes da queda. Outra controvérsia é quanto ao prazo para divulgar os resultados da investigação. O Escritório de Investigações e de Análises da Aviação Civil da França (BEA, na sigla em francês) informa que um relatório preliminar sairá até setembro. Mas que o inquérito será concluído somente em janeiro de 2012.
Críticos dizem que é tempo excessivo. Em sua defesa, o BEA lembra que as caixas-pretas foram encontradas há poucos dias, quase dois anos após o acidente, quando o corriqueiro é que sejam localizadas assim que o desastre ocorre.
HUMBERTO TREZZI


Pressa depois de dois anos de espera

O mistério ficou quase dois anos no fundo do mar. Agora que está ao alcance de técnicos e especialistas em decifrar áudio de pilotos e dados de voo, a vontade é que tudo venha à tona o mais rápido possível. De preferência, com conclusões que possam atender as partes envolvidas: fabricante do avião e companhia aérea e familiares de pilotos e passageiros. Mas alguém sairá afirmando que foi prejudicado.
Os dados recolhidos das duas caixas-pretas durante três dias consecutivos de trabalho na França serão casados entre si, criando o cenário de como foi a situação de voo enfrentada pela tripulação naquela noite de 31 de maio de 2009 a 80 quilômetros a noroeste do arquipélago de São Pedro e São Paulo, no Oceano Atlântico.
Como em outros tantos acidentes aéreos que pareciam verdadeiros enigmas sem solução à vista, a preservação dos dados e a sua correta interpretação farão mais do que uma radiografia, uma verdadeira ressonância magnética, do que ocorreu com o A330 do voo AF 447.
Interpretação correta das gravações da cabina e dos dados de voo será mais do que uma radiografia
MARCELO FLACH

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