PRIMEIRA PÁGINA
Brasil aceita trégua e libera carros argentinos
Diante da garantia do país vizinho de agilizar o ingresso de produtos como pneus e calçados, o governo brasileiro permite a entrada gradativa de veículos.
Brasil e Argentina acertam trégua
Carros e calçados serão liberados, mas a exigência de licença ainda vigora
A partir de hoje, o Brasil inicia a liberação da entrada de carros da Argentina. Em troca, o país vizinho permitirá a importação mais rápida de alguns produtos, como calçados, pneus e baterias.
Embora os dois governos não tenham informado a quantidade de bens que será liberada, trata-se de um gesto amistoso para um encontro entre representantes dos dois países na próxima segunda e terça-feira. Mas a importação desses produtos permanece sujeita a licença não-automática, ou seja, depende de autorização que poderá levar até 60 dias para ser dada.
Segundo fontes do Ministério da Indústria da Argentina, o Brasil se comprometeu a liberar 1 mil dos 3 mil veículos parados, mas o governo brasileiro não confirma. Só a Toyota tem 50 carretas paradas na fronteira, com 350 modelos Hilux e SW4. Conforme fontes do setor, a General Motors também tem carros parados. Estima-se que pelo menos 1,3 mil veículos produzidos na Argentina estão nas aduanas de Uruguaiana e Rio Grande.
O ministro do Desenvolvimento em exercício, Alessandro Teixeira, e o secretário executivo do Ministério da Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, devem se reunir em Buenos Aires para começar a “limpar a mesa” de conflitos. Antes do encontro, um telefonema entre os dois deu início à solução para o impasse. Eles concordaram com o gesto para, no encontro, discutir a suspensão definitiva das licenças não-auto
– Discutirei algumas questões, como a do arroz e o problema que tivemos com máquinas e equipamentos. Vamos ver o que a gente pode fazer – afirmou Teixeira.
Atualmente, mais de 200 produtos têm a entrada na Argentina dificultada. Em reunião ontem no Ministério do Desenvolvimento, parlamentares e prefeitos relataram prejuízos acumulados pelo setor gaúcho. O governo se comprometeu a levar em conta nas negociações a situação de cada segmento afetado.
– O setor de máquinas agrícolas continua confiante, na espera que o governo tome ações para que a crise não se agrave – disse o prefeito de Horizontina, Irineu Colato.
*Com agências
LETÍCIA LUVISON* | Brasília
Meta de cortes será atingida, diz ministra
Miriam Belchior diz que economia terá ritmo reduzido, mas sem abdicar do crescimento.
“A gente está pagando o preço do sucesso”
Miriam Belchior, ministra do Planejamento
Parece até contradição. Se não são poucos os bilhões que passam por sua mesa na Esplanada dos Ministérios, como o orçamento do PAC superior a R$ 40 bilhões neste ano e o programa Minha Casa, Minha Vida, a paulista de Santo André tem também o desafio de gerir os gastos do Executivo sem prejudicar o crescimento do país e estimular o desenvolvimento sustentado.
Tarefas à primeira vista divergentes, Miriam Belchior, ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, tem a missão não só de controlar o corte de verbas estimado em R$ 50 bilhões neste ano como o de não permitir que os investimentos sociais sejam prejudicados e, o desempenho da economia, brecado.
Adepta do fazer mais com menos, a engenheira de alimentos, um dos nomes fortes do governo Dilma, estará hoje e amanhã no Estado para doar área da extinta RFFSA no bairro Humaitá, na Capital, para regularização fundiária e construção de novas unidades habitacionais, vistoriar obras do trensurb e de saneamento e da plenária do plano plurianual em Canoas.
Viúva do ex-prefeito Celso Daniel, assassinado há nove anos, e hoje casada com o economista Antonio Dória, mãe do jovem Carlos Alberto, Miriam é conhecida por sua obstinação com resultados, estilo parecido com o da presidente Dilma – e há quem brinque, inclusive, que ela é a “Dilma da Dilma”. Com mestrado em Administração Pública e Governo pela Fundação Getulio Vargas, a ministra, 53 anos, anuncia nesta entrevista exclusiva a ZH que o país terá condições de crescer por volta de 5% neste ano e que, em breve, a inflação começará a dar sinais mais fortes de queda.
Ex-assessora do presidente Lula, governo em que coordenou a unificação dos projetos de transferência de renda que deram origem ao Bolsa-Família, afirma também que os gargalos dos aeroportos começarão a ser resolvidos este ano.
Zero Hora – Quando foi lançado, o programa de cortes de R$ 50 bilhões no Orçamento foi recebido com ceticismo. As verbas foram reduzidas, há razão para o receio?
Miriam Belchior – O resultado primário, o superávit, que esperávamos para quatro meses, foi alcançado em março. Em três meses, economizamos R$ 25,5 bilhões frente ao que estava programado para o quadrimestre. O dado de abril, que será publicado na próxima semana, confirmará a tendência. Também no primeiro trimestre, houve redução de 4,4% nas despesas em relação ao mesmo período de 2010. Esses dados demonstram que o compromisso de corte de R$ 50 bilhões vai ser alcançado.
ZH – Ou seja, o receio acabou diante da intenção de cortar mesmo? E existe alguma intenção de atingir também os investimentos sociais no programa?
Miriam – Sim, estamos cortando o que foi anunciado. Isso mostra o controle que o governo está fazendo nos gastos, com todos os ministérios unidos. Não existe perigo em relação aos investimentos sociais e os de infraestrutura que o país precisa, fundamentais para o crescimento sustentado. Os principais programas sociais estão mantidos. No PAC e no Minha Casa, Minha Vida, que teve 5% mais de recursos do que em 2010. O Congresso acabou de aprovar a segunda fase do Minha Casa, Minha Vida, que vai ser iniciada ainda no fim deste semestre.
ZH – Como compatibilizar o controle de gastos sem brecar o crescimento, que deve ser reduzido com as medidas de contenção ao crédito tomadas também para tentar reduzir a inflação? E, a propósito, o governo ainda conta com crescimento da economia de 5% neste ano?
Miriam – É isso que estamos fazendo. Reduzindo um pouco o ritmo da economia, mas mantendo o patamar de crescimento do país. Não vamos adotar as receitas usadas em outros tempos, quando o remédio matava o paciente. Antes, as medidas colocavam o país em recessão, provocando desemprego. Nós, não. Vamos manter o tripé da política econômica – política fiscal, regime de metas de inflação e câmbio flutuante –, mas estamos empenhados no combate à inflação, pois sabemos o quanto é danoso para a nossa economia, para a vida das famílias e para o investimento privado.
ZH – Outra questão que aflige é o câmbio. Há solução a caminho?
Miriam – O câmbio flutuante é uma das bases do nosso tripé. Mas estamos tomando medidas para que o dólar se recupere. Todas as avaliações mostram que, se não tivéssemos tomado as medidas como aumento de IOF e taxação de empréstimo de curto prazo, por exemplo, o dólar estaria em uma cotação mais baixa, de R$ 1,40.
ZH – É crescente o temor com o atraso nas obras ligadas à Copa do Mundo. Recentemente, a senhora falou que o país não passará vergonha na Copa. Será?
Miriam – Não houve contenção de verba, como não houve em relação ao PAC, fundamentais para o crescimento do país. Mas é muito natural a preocupação das pessoas com a Copa.
ZH – Um dos nós mais salientes é o gargalo dos aeroportos.
Miriam – A gente está pagando o preço do sucesso. O Brasil cresceu, gerou muito emprego e a renda das pessoas também aumentou. Nosso problema não é chegar na Copa, mas enfrentar o aumento de hoje da demanda por transporte aéreo. Estamos discutindo como será a lógica geral da concessão ao setor privado, da abertura capital da Infraero, como tratar o conjunto do setor aéreo.
ZH – Com o corte do Orçamento, concursos públicos foram suspensos. Há possibilidade de retomá-los neste ano?
Miriam – Nossa decisão é fazer ajuste nas contratações e suspender concursos que não estão sendo autorizados. As contratações previstas estão sendo revistas. Só será contratado o que for necessário mesmo neste ano e que não prejudique atividades como a ampliação das universidades e escolas técnicas. Foram liberados cargos para licenças ambientais. Com exceção dos que citei, os demais devem ser postergados para 2012.
ZH – Quando Porto Alegre terá uma resposta definitiva sobre o metrô, obra incluída no PAC da mobilidade grandes cidades?
Miriam – Estamos no meio do projeto de seleção do PAC da Mobilidade. Temos R$ 18 bilhões, mas recebemos propostas de R$ 30 bilhões. Porto Alegre entregou sua proposta do metrô, que está sendo analisada como as outras também. Pretendemos ter resultado em julho, mas acredito que as cidades com bons projetos sairão na frente. Como Porto Alegre está há bastante tempo trabalhando nisso, vamos ver se estará na lista em julho.
ZH – O governo não considera estranho o comportamento de uma pessoa que tenha multiplicado o patrimônio por 20 em apenas quatro anos? Como o governo está lidando com as denúncias contra o ministro Antonio Palocci? Ele irá ao Congresso prestar esclarecimentos?
Miriam – Acredito que o ministro Palocci já deu as informações necessárias. Ele tomou medidas antes de virar ministro da Casa Civil, informou à Comissão de Ética a existência da empresa de consultoria e pediu orientação sobre a melhor maneira de como lidar com isso. Foi orientado, tomou as medidas, apresentou todas as informações à Comissão como manda a lei. A legislação permite que os parlamentares tenham as suas empresas, negócios. Não vejo, a princípio, qualquer problema de ele ter exercido essas atividades, como outros parlamentares.
MARIA ISABEL HAMMES
SOB CERCO
Oposição tenta furar proteção a Palocci.
DEM resolve protocolar pedidos de fiscalização em diversas comissões para investigar ministro
Na tentativa de furar a blindagem do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, o DEM apresentou ontem proposta de fiscalização e controle em cinco comissões permanentes da Câmara para forçar uma investigação sobre suposto crime de responsabilidade praticado pelo ministro. Seria uma espécie de mini CPI, só que sem poder de pedir quebra de sigilos ou aprovar convocações.
Opedido tem por base movimentações financeiras atípicas rastreadas pelo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Ministério da Fazenda, conforme reportagem de ontem do jornal O Estado de S. Paulo. O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), considera que o fato demonstra a existência de indícios materiais de irregularidades em poder da Polícia Federal.
– O procurador afirmou que a nossa primeira representação não oferecia elementos suficientes para a abertura de inquérito. Com esse novo pedido, esperamos que a investigação possa ser aberta. Até porque a PF já analisa os negócios milionários do ministro – disse Bueno.
Um dia depois de ter barrado a convocação de Palocci na Câmara, o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), saiu em defesa do ministro:
– Não existe nenhum descumprimento da lei por Palocci.
Para ele, a oposição está “querendo criar problemas” ao tentar convocar Palocci para explicar o aumento de seu patrimônio em quatro anos:
– A oposição não tem ânimo de esclarecimento, tem ânimo de beligerância.
Existem oito requerimentos em comissões permanentes da Câmara que pedem a convocação de Palocci para explicar a evolução patrimonial.
– Ninguém pode ter uma evolução patrimonial tão expressiva sem explicar – disse o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), que prometeu se empenhar para tentar aprovar a convocação de Palocci na semana que vem.
Para criar “mini CPIs”, oposição depende de apoios
Mas diante da ampla maioria do governo, o DEM apresentou a proposta de fiscalização e controle em cinco comissões da Câmara, cujos presidentes terão de indicar um relator para apresentar parecer sobre as atividades financeiras do ministro.
– Na prática, se for aprovada, é uma mini CPI dentro de uma comissão. Esse é o caminho para driblar as manobras que o governo fez para evitar a convocação de Palocci – afirmou ACM Neto.
A fiscalização não é, no entanto, automática. Protocolada a proposta de fiscalização e controle, o presidente da comissão nomeia um relator que fará um parecer prévio sobre o pedido. Esse relatório será submetido ao plenário da comissão. Se a maioria aprovar um parecer que seja favorável ao projeto, instala-se a fiscalização.Para convocar o ministro, também é preciso ter a aprovação do plenário.
Brasília
Patrimônio multiplicado
Em quatro anos, o valor dos bens de Palocci ficou 20 vezes maior
- 5 de julho de 2006
Palocci, então candidato a deputado federal, declara bens que valiam R$ 375 mil.
- 21 de julho de 2006
Duas semanas depois, funda a empresa de consultoria Projeto.
- 2 de outubro de 2009
Palocci é eleito deputado federal por São Paulo.
- 3 de dezembro de 2009
A Projeto compra escritório por R$ 882 mil e passa a funcionar lá.
- 16 de novembro de 2010
A empresa adquire apartamento por R$ 6,6 milhões.
- 29 de dezembro de 2010
Dois dias antes de tomar posse no ministério, a empresa passa a se chamar Projeto Administração de Imóveis.
EDITORIAL
Negligência chocante
Escolas literalmente cercadas por traficantes e consumidores de drogas, postos de saúde ameaçados pela violência, parques e praças tomados por marginais. Esses cenários, que emergiram no noticiário nesta semana, mostram o quanto a segurança pública está negligenciada na Grande Porto Alegre. Tudo é inaceitável: crianças estudando ao lado de consumidores de crack, profissionais de saúde agredidos por pacientes e a população tendo que renunciar ao uso de equipamentos públicos porque estes foram tomados por marginais.
No caso das escolas, as autoridades reconhecem o problema, que se mantém pela inexistência de verbas e programas específicos para combatê-lo. Poucas das mais de 2,5 mil escolas do Estado têm segurança própria e, na Capital, uma minoria conta com PM residente. As consequências são as previsíveis: crianças e jovens que deveriam ver a escola como um parâmetro para se posicionarem frente à vida são confrontadas continuamente no local com a venda e o consumo de drogas, passando a ser encaradas como potenciais clientes. Na área de saúde pública, a violência também se constitui numa ameaça, com o agravante de que as agressões, muitas vezes, partem dos próprios pacientes ou de familiares.
Não é preciso muita reflexão para se concluir o que significa para crianças e adolescentes o convívio permanente com usuários e mesmo traficantes de drogas. A situação não é muito diferente em unidades e postos de saúde, onde agressões físicas contra profissionais da área médica têm sido rotineiras, a ponto de alguns deles ameaçarem deixar o trabalho, prejudicando principalmente os enfermos. Isso sem falar na depredação de praças e parques e na falta de conservação e limpeza desses locais, fazendo com que a população precise conviver com o descaso e com a sujeira.
Os contribuintes pagam seus impostos na expectativa de poderem contar com alternativas de prestação de serviços mais eficientes. O poder público deve respostas mais firmes nessas áreas, particularmente na de segurança pública.
COLUNAS
Página 10
Rosane de Oliveira
Contradições petistas
Quem tem um pingo de memória há de lembrar do carnaval que os petistas do Rio Grande do Sul e até de outros Estados fizeram quando na CPI do Detran foram levantadas suspeitas sobre a casa da então governadora Yeda Crusius. Pois esses mesmos petistas estão mudos diante da compra do apartamento do ministro Antonio Palocci, um imóvel seis vezes mais caro do que o valor atribuído pelos adversários à casa que Yeda comprou por R$ 750 mil.
Onde estão os petistas que exigiam transparência de Yeda, chamavam a casa de mansão e até de palacete e ainda queriam o impeachment dela por considerar suas explicações insuficientes? Por que não cobram do ministro que comprove a lisura da compra de seu apartamernto de R$ 6,6 milhões e do escritório de R$ 882 mil? Ou será que a mansão suspensa não precisa ser explicada porque Palocci é um companheiro de partido?
Palocci comete o mesmo erro que Yeda cometeu: resiste em dar explicações, alegando que tudo foi feito dentro da lei. Quando Yeda apresentou a engenharia financeira que fez para comprar a casa, o estrago já estava feito.
O chefe da Casa Civil é reincidente na lentidão. Quando era ministro da Fazenda, demorou para se convencer de que precisava se manifestar sobre as denúncias que pesavam contra ele na história que culminou com a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa e na demissão de Palocci. No Supremo Tribunal Federal, o ministro se safou de responder pela quebra do sigilo e quem pagou o pato foi o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso.
Palocci foi blindado pela presidente Dilma Rousseff, está sendo protegido pela base aliada no Congresso, mas desde o fim de semana é um ministro politicamente manco. Um chefe da Casa Civil que se sente impedido de dar entrevistas porque não tem como fugir da pergunta sobre a compra do apartamento é um meio ministro.
CONTRA A PALMADA
O que têm em comum a rainha Silvia, da Suécia, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, a deputada Manuela D’Ávila e a apresentadora Xuxa? Elas são contra os castigos corporais aplicados em crianças e adolescentes a título de punição por algum erro.
Todas elas participaram de seminário sobre experiências de legislação contra castigos corporais de crianças e adolescentes, promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com a embaixada da Suécia em Brasília e a organização sueca Save the Children.
Xuxa e a rainha da Suécia defenderam a aprovação da chamada “lei da palmada” para proibir os pais de abusarem fisicamente dos filhos a pretexto de educá-los.
Na Suécia, lei semelhante à proposta que tramita no Congresso brasileiro vigora desde 1979.
Caxias faz festa por aeroporto
Pela segunda vez em menos de seis meses os caxienses comemoram a escolha de Vila Oliva como sede do novo aeroporto que será construído na Serra.
A primeira festa ocorreu em 29 de novembro do ano passado, quando o secretário de Infraestrutura, Daniel Andrade, anunciou a conclusão dos estudos que apontavam Vila Oliva como a área mais apropriada para receber o novo aeroporto.
Ontem o governador Tarso Genro chamou os deputados Maria Helena Sartori (PMDB), Marisa Formolo (PT) e Alceu Barbosa Velho (PDT) para anunciar a mesma coisa.
Mais um vai disputar Cpers
Surgiu mais um candidato à presidência do Cpers, além de Rejane de Oliveira, que tentará a reeleição, e da ex-presidente Simone Goldschmidt. É Luiz Afonso Medeiros, do movimento Educação Já, ex-militante do grupo Pó de Giz.
Luiz Afonso diz que quer quebrar a polarização entre dois grupos ligados ao PT.
As três bandeiras de campanha do candidato alternativo são: pagamento imediato do piso nacional, desfiliação da CUT e independência em relação ao governo.
A eleição no Cpers está marcada para 28 de junho.
Deve estar sobrando dinheiro no Estado: foi mantida a decisão de contratar a Fundação Getulio Vargas, a um custo estimado de R$ 600 mil, para repensar a estrutura do Daer. Será que os técnicos do Estado não são capazes de fazer o trabalho?
Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, o deputado Giovani Cherini acertou com a direção de Itaipu que a empresa plantará anualmente 70 mil mudas de árvores nativas, em diferentes pontos do território brasileiro, para compensar o carbono emitido pelo Congresso.
ALIÁS
Com a estratégia do silêncio no caso Palocci, Dilma corre o risco de colocar por terra a imagem de mulher intransigente com os desvios éticos.
É impossível entender a lógica de quem diz que não há conflito de interesses entre o exercício de um mandato e a atividade paralela de consultor.
Aviso aos navegantes
Na tentativa de evitar que as contratações emergenciais sejam usadas para acomodar cabos eleitorais, o Tribunal de Contas do Estado emitiu uma orientação didática aos gestores e administradores públicos.
Ninguém deve fazer contratações diretas, por indicação. Mesmo sendo emergenciais, as contratações necessitam de um processo seletivo simplificado, instituído por edital, para garantir o acesso a todos os interessados.
O eventual aproveitamento de servidores aprovados em concursos públicos e ainda não nomeados está autorizado.
Novembro anticorrupção
A passagem do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pela Capital hoje vai alavancar a iniciativa do governo gaúcho de transformar o próximo mês de novembro em mês de combate à corrupção.
Entre as atividades previstas, está uma reunião da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), a ser realizada em Porto Alegre.
Criada em 2003, a Enccla vem a ser a articulação de diversos órgãos dos três poderes da República, Ministérios Públicos e da sociedade civil para identificar e propor ajustes aos pontos falhos do sistema antilavagem e anticorrupção.
Colaborou Adriana Irion
POLITICA
Orientação para prefeitos
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) emitiu ontem orientação aos gestores e administradores públicos para que não realizem contratos emergenciais de forma direta, sob indicação.
De acordo com a Corte, as contratações de pessoal necessitam de processos seletivos, por meio de editais e normas amplamente divulgados. O TCE só dá aval à contratação direta em situações de emergência que demandam providências imediatas, como calamidades.
Investigação vai para Santa Maria
A investigação criminal que tramitava na Procuradoria-Geral da República, em Brasília, para apurar suspeitas em relação a Yeda Crusius (PSDB) está sob análise do Ministério Público Federal (MPF), em Santa Maria.
Os procuradores podem pedir arquivamento, novas diligências ou denunciar a ex-governadora. As suspeitas envolvem episódios da campanha de 2006 e do governo. O procurador-geral Roberto Gurgel encaminhou o material ao Estado em fevereiro porque Yeda perdeu o foro privilegiado.
Palocci trabalhou para 20 empresas
Palocci decidiu enviar um esclarecimento espontâneo à Procuradoria-Geral da República (PGR) para justificar as atividades econômicas da sua empresa, a Projeto Consultoria Financeira e Econômica Ltda., e o alto volume de recursos que recebeu no fim de 2010, após a eleição de Dilma, de quem foi o principal coordenador de campanha.
Conforme reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, no documento, que deve ser enviado hoje, Palocci informa que trabalhou para pelo menos 20 empresas, incluindo bancos, montadoras e indústrias, e que boa parte dos pagamentos foi concentrada entre novembro e dezembro do ano passado quando anunciou aos clientes que não mais atuaria no ramo de consultoria.
Na ocasião, segundo a justificativa do ministro, pelo menos 70% dos serviços de consultoria e análises de mercado já estavam concluídos, o que explicaria o pagamento nesse período.
O faturamento milionário no fim do ano serviu para ajudar a comprar o apartamento de R$ 6,6 milhões num bairro nobre de São Paulo, cuja aquisição foi concluída em novembro.
Somente uma dessas empresas que contratou a Projeto, segundo fonte próxima ao ministro, fatura cerca de R$ 350 milhões por mês. Palocci se nega a divulgar o nome de seus antigos clientes, sob a alegação de que respeita cláusulas de confidencialidade e também mantém sob sigilo o valor faturado.
Palocci alterou o objeto social da empresa do ramo de consultoria para o de administração imobiliária em 29 de dezembro de 2010, poucos dias antes da posse de Dilma Rousseff.
A turbulência política vivida pelo ministro nos últimos dias se deve a questionamentos sobre o aumento significativo de seu patrimônio.
A PGR é o único órgão com prerrogativa para investigar um ministro de Estado. Além de tentar explicar a origem dos recursos recebidos após a eleição, Palocci quis também se antecipar a um eventual pedido de informações do procurador-geral, Roberto Gurgel, que foi provocado pela oposição a investigar o enriquecimento do ministro em 20 vezes, num período que compreende apenas quatro anos.
Em declarações recentes à imprensa, o procurador-geral adotou um discurso cauteloso, mas afirmou que o caso merece um “olhar cuidadoso”.
Ministro apresentará histórico da empresa de consultoria
No comunicado a ser enviado ao Ministério Público Federal, Palocci faz um histórico da empresa Projeto, desde sua fundação, em agosto de 2006, voltada para a “prestação de serviços, palestras, análise de mercado”, até a alteração do objeto social processado às vésperas da posse.
Palocci afirma que o fato de ser médico de profissão não o impede de exercer o comando de uma agência de consultorias porque seu sócio, Lucas Martins Novaes, é economista.
Três anos depois do início das operações, informa o ministro à Procuradoria-Geral da República, a empresa passou a ocupar o escritório avaliado em R$ 882 mil, situado na Alameda Ministro Rocha Azevedo, em frente ao edifício-sede da Justiça Federal em São Paulo.
ECONOMIA
Brasil e Argentina acertam trégua
Carros e calçados serão liberados, mas a exigência de licença ainda vigora
A partir de hoje, o Brasil inicia a liberação da entrada de carros da Argentina. Em troca, o país vizinho permitirá a importação mais rápida de alguns produtos, como calçados, pneus e baterias.
Embora os dois governos não tenham informado a quantidade de bens que será liberada, trata-se de um gesto amistoso para um encontro entre representantes dos dois países na próxima segunda e terça-feira. Mas a importação desses produtos permanece sujeita a licença não-automática, ou seja, depende de autorização que poderá levar até 60 dias para ser dada.
Segundo fontes do Ministério da Indústria da Argentina, o Brasil se comprometeu a liberar 1 mil dos 3 mil veículos parados, mas o governo brasileiro não confirma. Só a Toyota tem 50 carretas paradas na fronteira, com 350 modelos Hilux e SW4. Conforme fontes do setor, a General Motors também tem carros parados. Estima-se que pelo menos 1,3 mil veículos produzidos na Argentina estão nas aduanas de Uruguaiana e Rio Grande.
O ministro do Desenvolvimento em exercício, Alessandro Teixeira, e o secretário executivo do Ministério da Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, devem se reunir em Buenos Aires para começar a “limpar a mesa” de conflitos. Antes do encontro, um telefonema entre os dois deu início à solução para o impasse. Eles concordaram com o gesto para, no encontro, discutir a suspensão definitiva das licenças não-automáticas.
– Discutirei algumas questões, como a do arroz e o problema que tivemos com máquinas e equipamentos. Vamos ver o que a gente pode fazer – afirmou Teixeira.
Atualmente, mais de 200 produtos têm a entrada na Argentina dificultada. Em reunião ontem no Ministério do Desenvolvimento, parlamentares e prefeitos relataram prejuízos acumulados pelo setor gaúcho. O governo se comprometeu a levar em conta nas negociações a situação de cada segmento afetado.
– O setor de máquinas agrícolas continua confiante, na espera que o governo tome ações para que a crise não se agrave – disse o prefeito de Horizontina, Irineu Colato.
*Com agências
LETÍCIA LUVISON* | Brasília
Ferreira deve adotar gestão descentralizada na Vale
O conselho de administração da Vale aprovou ontem a nomeação de Murilo Ferreira para suceder Roger Agnelli no comando da empresa. Neste domingo, Ferreira assume a presidência da segunda maior mineradora do mundo.
Com o cargo, o executivo herda a delicada tarefa de satisfazer os interesses dos investidores e do governo, que influenciou no afastamento do seu antecessor.
Uma equação difícil, mesmo para uma empresa com um plano de investimento de US$ 24 bilhões para este ano. Agnelli, que colecionou lucros recordes à frente da Vale, não conseguiu. Acabou protagonizando um duro embate com o governo, que o acusava de investir pouco no setor siderúrgico.
– O principal desafio do Murilo Ferreira será reconquistar os investidores. Provar que não irá se curvar ao governo – afirmou o chefe da área de análise da gestora de recursos Modal, Eduardo Roche.
Até o momento, a longa experiência do executivo no setor ainda não aplacou o temor de uma maior ingerência política nas decisões da mineradora, priorizando o desenvolvimento social acima dos lucros. A União está no bloco de controle diretamente por meio do BNDESPar e indiretamente pela Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
Para Pedro Galdi, chefe do departamento de análise da corretora SLW, Ferreira vai pegar uma empresa bem financeiramente e com projetos que lhe permitirão dobrar de tamanho em cinco anos. O novo presidente tem mais de 30 anos de experiência no setor de mineração.
Feirão da Casa Própria oferta 32,5 mil imóveis
Com 32,5 mil imóveis, o 7º Feirão Caixa da Casa Própria abre as portas hoje para três dias de evento na Capital. O mercado aquecido deve levar mais de 20 mil pessoas ao Centro de Eventos da Fiergs em busca de oportunidades.
Além de agentes da Caixa, que trabalharão para negociar o financiamento imobiliário, estarão presentes no evento cerca de 60 construtoras e 66 imobiliárias, oferecendo imóveis que custam entre R$ 75 mil e R$ 1 milhão. Dos 16 mil empreendimentos novos e na planta em oferta, cerca de 14 mil estão enquadrados no Minha Casa, Minha Vida. Com isso, a média do valor financiado deve ficar em torno de R$ 78 mil.
– O feirão existe para dar maior agilidade ao processo de compra da casa própria, especialmente porque é difícil conciliar as idas ao banco, para a negociação do financiamento, com o horário de trabalho – explica o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado (Sindimóveis-RS), Sidney Gomes.
Mesmo com a facilidade, é preciso atenção às condições de cada imóvel, se a unidade atende às necessidades da família e o financiamento está adequado ao orçamento. Para quem vai investir na planta, é fundamental prestar atenção ao prazo de entrega do contrato. O mercado aquecido também tem feito as empresas dilatarem prazos, pela dificuldade de obter matéria-prima e mão de obra.
– No atual cenário, se alguma empresa dizer que vai entregar uma obra em 24 meses, ela está sabendo o risco de perder o cliente, porque é muito difícil que cumpra esse prazo – afirma o presidente do Sindimóveis.
Fique atento
Documentos necessários para encaminhar negócios
- Identidade e CPF
- Comprovante de residência atual (até dois meses), que deve estar em nome do cliente, apresentar logradouro, bairro, CEP, cidade e Estado
- Três últimos comprovantes de renda ou seis últimos extratos bancários (para o caso de renda informal)
7º Feirão Caixa da Casa Própria
- Local: Centro de Exposições da Fiergs (Avenida Assis Brasil, 8.787)
- Quando: hoje e amanhã, das 10h às 20h, e domingo, das 10h às 18h
- Entrada gratuita
- Localização dos imóveis: Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Estância Velha, Esteio, Gravataí, Guaíba, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Santo Antônio da Patrulha, Sapucaia do Sul e Viamão.
Fonte: Fontes: Caixa e Sidney Gomes, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis (Sindimóveis-RS)
Atraso em habite-se não deve atrapalhar
Caixa e corretores entendem que a paralisação nas liberações de habite-se na Capital, que ocorre há um mês, não deve prejudicar os negócios do feirão.
– A maioria das unidades ofertadas não está no estágio de entrega, portanto o consumidor não deve sofrer com a falta do documento – indica Pedro Lacerda, gerente regional da Caixa.
GERAL
Giruá dá exemplo em educação
Investimentos em reformas, aquisição de materiais e, principalmente, nos professores transformaram o ensino do município
Os professores de Giruá têm brilho no olhar, mas não foi sempre assim. O levante em direção a uma educação de qualidade começou em 2009. De lá para cá, foram investidos R$ 26.737.862,00 na causa. Contudo, a compra de novos materiais e as reformas nas instituições foram o básico.
Oingrediente diferente que se vê nesse município da Região das Missões é a gana por tratar bem o professor. Em Giruá, acredita-se que mestre motivado, e com um tempo para refletir seus métodos, distribui dividendos à comunidade escolar. O passo mais recente dentro da transformação ocorreu na noite de ontem, com a assinatura do projeto escola modelo em parceria com o Ministério da Educação (MEC), durante o 18º Seminário de Educação do município. A obra deve começar na segunda-feira.
Meridiana Lauer, 34 anos, leciona na rede pública de Giruá desde 1997 e acompanhou todos os anos do evento. Mas foi quando atrações nacionais e internacionais começaram a ser convidadas que a motivação triplicou.
– Somos estimulados a oferecer projetos interessantes e muito do que aplicamos poderia servir de exemplo a outras instituições – conta.
Investir é a palavra chave. Mas nem sempre há dinheiro disponível. Por isso, duas iniciativas são rotina: um servidor do município passa dias atualizando o sistema do MEC em busca de projetos oferecidos, e em nenhuma ideia é descartada.
– Se vemos que há uma ideia boa não é porque ela vai ser muito cara que vamos desistir. Pensamos em uma maneira de torná-la possível, nem que tenha de ser adaptada – afirma a supervisora educacional Ana Cristina Czegelski Duarte, integrante do setor pedagógico da Secretaria de Educação e Cultura de Giruá.
Outro foco, é o atendimento especializado a diretores escolares. Todos os meses eles têm encontro com um professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para um curso de gestão. Giruá foi contemplada pelo Plano de Ações Articuladas do MEC e conseguiu transformar a cidade em um polo que sedia os encontros e recebe profissionais de cidades maiores, como Santa Rosa e Santo Ângelo.
– Queremos que nossos diretores estejam cientes da sua função e de onde podem chegar com esse conhecimento – diz a secretária de Educação Fátima Ehlert.
kamila.almeida@zerohora.com.br
KAMILA ALMEIDA | Giruá
RS prorroga vacinação contra a gripe outra vez
Dificuldade em atingir meta do Ministério da Saúde faz Estado manter campanha por mais uma semana
A resistência dos gaúchos a se proteger contra a gripe faz o Estado prorrogar pela segunda vez a campanha de vacinação. Com dificuldade de alcançar as metas nacionais, a Secretaria da Saúde prepara para hoje o anúncio de que a mobilização se estenderá por mais uma semana, até a próxima sexta-feira.
Na opinião de especialistas, a dificuldade tem explicações. Em 2011, os gaúchos subestimaram a gripe. Além da falta de informação à população, o medo provocado pela epidemia causada pelo vírus da Influenza A, há dois anos, adormeceu. Com cerca de 1,3 milhão de pessoas imunizadas – quase 70% do público-alvo –, o Rio Grande do Sul precisa proteger mais de 200 mil gaúchos para atingir a meta do Ministério da Saúde. O objetivo é vacinar 80% da população, em cinco grupos de risco: idosos, indígenas, trabalhadores da saúde, gestantes e crianças de seis meses a dois anos incompletos.
Chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde, Marilina Bercini, e outros três especialistas consultados por Zero Hora concordam que os gaúchos não deram a devida importância à questão.
– Em 2009, a epidemia de gripe A causou pânico. Em 2010, não ocorreram óbitos acima do previsto, então as pessoas se preocuparam menos. O assunto também perdeu espaço na mídia – aponta André Luiz Machado, infectologista da Santa Casa de Porto Alegre.
Iniciada em 25 de abril para combater três tipos de vírus – dois da gripe comum, mais o H1N1 –, a campanha de vacinação deveria ter terminado na sexta-feira passada, dia 13. No entanto, a baixa procura prorrogou a mobilização por mais uma semana, movimento que precisou ser repetido. Em contato por telefone com Zero Hora na noite de ontem, Marilina Bercini confirmou a ampliação da campanha até o dia 27.
Após o alerta da Secretaria da Saúde, na semana passada, grupos de risco como crianças e idosos conseguiram romper a barreira dos 60% de imunizados. A intenção é obter o mesmo efeito com a nova prorrogação.
– Precisamos cumprir as metas. O inverno vem aí, e a vacina é uma segurança. É uma vacina gratuita, sem efeitos colaterais – insiste Marilina.
Reflexo da baixa adesão poderá ser notado em breve
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas, Luciano Goldani acredita que se deve revisar a campanha para 2012, ampliando a mobilização entre poder público e serviços médicos. Esclarecer melhor a população ajudará nos futuros índices.
– As pessoas têm dificuldade em entender que a vacina não tem riscos, que ela é feita com um vírus inativado – explica Goldani.
O reflexo da baixa adesão poderá ser medido nos hospitais gaúchos nos próximos meses, em especial em julho e agosto.
– É possível que haja dificuldade, que o número de internações aumente. Dinheiro foi investido, vacinas deverão ser perdidas e pessoas não foram imunizadas – lamenta o professor.
guilherme.mazui@zerohora.com.br
GUILHERME MAZUI
Controlador de tráfego é condenado pela Justiça
Um controlador de tráfego aéreo foi condenado e outro foi absolvido pela Justiça Federal de Mato Grosso no processo envolvendo o acidente entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, ocorrido em setembro de 2006 e que matou 154 pessoas.
Asentença do juiz Murilo Mendes condena Lucivando Tibúrcio de Alencar, sargento da Aeronáutica, por atentado culposo (sem intenção) contra a segurança de voo: três anos e quatro meses de prisão em regime aberto, que podem ser convertidos em prestação de serviço comunitário e suspensão temporária do exercício profissional.
Segundo a sentença, ele deixou de seguir os procedimentos recomendados diante da dificuldade de comunicação entre o Legacy e o centro de controle aéreo (Cindacta 1), em Brasília.
Na segunda-feira, haviam sido condenados os pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paladino: quatro anos e quatro meses de prisão (também com possibilidade de conversão da pena).
Kit anti-homofobia poderá ser mantido
O ministro Fernando Haddad negou que o Ministério da Educação tenha decidido alterar o conteúdo do kit de combate à homofobia que será distribuído às escolas públicas de Ensino Médio. Após encontro, na quarta-feira, com parlamentares da bancada evangélica que são contra o material, ele admitiu que poderia haver mudança. Ontem, Haddad disse que as sugestões dos parlamentares poderão ou não ser acatadas.
O material é formado por cartazes, um livro e três peças audiovisuais. A previsão é de que os kits sejam distribuídos no segundo semestre.
Compensação de cheque será feita em até dois dias
A partir de julho, os cheques passarão a ser compensados em até dois dias. A implantação da compensação digital, substituindo o procedimento em papel, a partir de hoje, trará agilidade para o processo.
Conforme a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), cheques de até R$ 299,99 serão compensados em dois dias. Para valores acima de R$ 300, demorará apenas um dia. Os bancos terão dois meses para adaptação ao novo sistema. Com o processo digital, os cheques deixam de ser transportados entre as instituições.
Hoje, o banco que recebe um cheque envia o documento para a câmara de compensação do Banco do Brasil, que faz o encaminhamento às instituições financeiras de origem para conferir saldo, assinatura, data, preenchimento de valor etc. A compensação é feita somente após esse procedimento.
No novo processo, o banco capturará as informações do cheque por meio de código de barras e imagem. Esses dados serão enviados para o BB, que irá processá-los e enviá-los ao banco de origem. O cheque em papel ficará na primeira instituição.
– Esperamos uma forte redução na clonagem e falsificação, que proporcionaram, em 2010, prejuízo estimado em R$ 1,2 bilhão para o comércio e de R$ 283 milhões para os bancos – explica Walter Tadeu de Faria, diretor Adjunto de Serviços da Febraban.
Terceirizados entram em estado de greve
Funcionários da AirSpecial, que presta serviços à Infraero no sistema de raio X do Salgado Filho, decidiram entrar em estado de greve para negociar o pagamento de horas extras e o retroativo do reajuste da última data-base. Se não chegarem a um acordo, uma nova assembleia ocorrerá no dia 27, segundo Osvaldo Rodrigues, diretor de Finanças do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre.
– O único item que pode gerar questionamento é o reajuste de salário. Mas isso não justifica uma paralisação – afirma Túlio Carvalho Duarte, diretor administrativo da AirSpecial.
Leilões de arroz terão até R$ 300 milhões
Quase dois meses depois de ter sido anunciada pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, a portaria interministerial que autoriza leilões de opção pública de arroz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina foi publicada ontem no Diário Oficial da União. A medida apoiará a comercialização de até 500 mil toneladas do grão, cuja saca de 50 quilos está sendo vendida hoje por menos de R$ 25,80 – preço mínimo fixado pelo governo.
O custo das operações de opção pública de arroz pode chegar a R$ 300 milhões, caso os agricultores exerçam o direito de vender o grão para o governo destiná-lo aos estoques públicos. Os produtores ou as cooperativas que comprarem o contrato terão a garantia de receber R$ 29 por saca de 50 quilos de arroz em casca em novembro. O Ministério da Agricultura informou que as regras do leilão devem ser publicadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em até uma semana.
– O efeito para produtor ainda é pequeno. A medida não atinge de forma igualitária todos os produtores e está muito abaixo do aceitável – afirma Henrique Dornelles, presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete.
Atualmente, o valor médio de mercado da saca de arroz é de R$ 18,50 no Rio Grande do Sul. “A intenção do governo é alavancar a comercialização de arroz, sinalizando um preço futuro para o grão e fortalecendo a renda do produtor”, destacou o ministério, por meio de nota.
O governo também deve fazer leilões de opções privadas para mais 500 mil toneladas de arroz, mas as operações ainda dependem da oficialização da medida. Nessa modalidade, deve ser oferecido um prêmio às empresas interessadas em lançar opções de venda aos produtores a um preço futuro determinado. Para essas operações, o governo deve destinar mais R$ 60 milhões.
MUNDO
Ex-chefe do FMI paga para sair da prisão
Um dia após renunciar, DSK é indiciado e consegue o benefício da prisão domiciliar mediante fiança
Pouco após ser indiciado por agressão sexual e tentativa de estupro, Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), obteve o direito de permanecer em prisão domiciliar em Nova York à espera de seu julgamento. Para tanto, pagou fiança de US$ 1 milhão. A liberdade somente foi concedida depois que Strauss-Kahn declarou que renunciará ao benefício de não ser extraditado para a França se eventualmente deixar de comparecer a alguma audiência do processo. Ele ainda havia proposto usar aparelho de monitoramento 24 horas por dia.
“Se eventualmente eu falhar em me apresentar voluntariamente ao tribunal de Nova York para qualquer procedimento, eu renuncio à emissão e serviço da garantia fornecida por lei para a minha extradição para a França ou qualquer outra jurisdição”, escreveu Strauss-Kahn em uma declaração, segundo o jornal britânico The Telegraph. Pela lei da França, se conseguisse chegar ao país, ele não poderia ser extraditado para os Estados Unidos.
O político chegou à corte sorrindo para a esposa, a jornalista francesa nascida nos EUA Anne Sinclair. Ele não usava correntes nem algemas. Vestindo casaco e saia pretos, Sinclair não olhou para os jornalistas que lotavam a corte e chegou acompanhada de uma das filhas adultas de Strauss-Kahn.
Strauss-Kahn estava preso desde segunda-feira em um dos maiores complexos americanos, a prisão da ilha de Rikers. Na segunda-feira, o pedido de fiança havia sido negado devido ao risco de fuga – o então diretor do FMI foi preso na primeira classe de um voo que deixava Paris.
Nova York
Um cão por família, nova regra na China
Inspirado na lei nacional chinesa do filho único, Xangai decidiu impor uma restrição similar aos seus moradores, mas tendo como foco os cães: cada família poderá ter apenas um cachorro. A cidade tem 800 mil cães, mas só 200 mil registrados. O argumento é que os animais aumentam o risco de doenças como raiva.
No auge da revolução comunista, nos anos 1960, possuir cachorros de estimação era desprezado por ser um “luxo burguês”. Entretanto, com a ascensão da classe média, Contudo, com a ascensão da classe média do país, os animais de estimação começaram a se popularizar como símbolo de status . Desde 1993 os donos só podiam registrar um animal na prefeitura, mas as autoridades faziam vista grossa para quem tinha dois ou mais bichos.
A nova lei, promulgada no último dia 15, impede a adoção de novos animais e diminui a taxa cobrada pela prefeitura para que eles sejam de regularizados (de R$ 500 para R$ 125).
Ainda que a legislação chame a atenção daqueles que acreditam que cães são encontrados apenas nos menus dos restaurantes chineses, a medida deixará muitos sem saber o que fazer. Quem possuir mais de um cachorro será obrigado a se desfazer do animal. Os que, porém, possuírem mais de um já regularizado poderão mantê-los.
A lei entrará somente em 2012 e prevê multa de mil yuans (R$ 250) para quem desrespeitá-la. Nos últimos anos, cidades como Guangzhou e Chengdu também adotaram a restrição aos cães.
Xangai
REPORTAGEM ESPECIAL
O PAC do Crack estaciona
Passado um ano do lançamento pelo governo federal, plano milionário de combate à epidemia da droga apresenta poucos resultados visíveis
Lançado com estardalhaço há exato um ano pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack, o chamado PAC do Crack, está praticamente estacionado na árdua tarefa de barrar o avanço da droga que assola o país.
Das oito medidas prioritárias anunciadas como forma de diminuir os prejuízos econômicos e sociais causados pela pedra, três não tiveram desdobramentos perceptíveis.
Medidas como o treinamento de agentes para atuar na reinserção social de dependentes recuperados e a criação de cursos de especialização saíram do papel, e começam a dar os primeiros resultados à sociedade. Já o combate ao tráfico de drogas nas fronteiras e a ampliação de leitos tiveram andamento modesto.
No caso dos agentes, a meta era ambiciosa: treinar 100 mil pessoas. Ontem, não havia número disponível do contingente treinado. Já quanto aos leitos, a intenção era injetar recursos a curto prazo para ampliar a rede de atenção a dependentes. No lançamento, a meta era investir R$ 90 milhões exclusivamente na ampliação de 2,5 mil para 5 mil leitos para viciados em hospitais gerais credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Coordenador da Área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde, o psiquiatra Roberto Tykanori informou que apenas 248 novos leitos exclusivos para o tratamento de dependentes foram criados, sendo 69 no Rio Grande do Sul, resultado de um investimento de R$ 4 milhões.
Na rede hospitalar, estão disponíveis no Brasil um total de 32.735 leitos, sendo que eles atendem dependentes de drogas e também portadores de doenças psíquicas em geral. A esse montante, somam-se outros cerca de 2 mil leitos em centros de atendimento psicossocial e comunidades terapêuticas, que também recebem recursos financeiros do governo federal.
– No ano passado, quando lançamos o Plano de Enfrentamento ao Crack, partimos de uma ação emergencial. Agora, nosso objetivo é trabalhar um plano de assistência mais abrangente e organizado – explica o psiquiatra do Ministério da Saúde.
Envolvendo nove ministérios, o PAC do Crack previa o investimento de R$ 410 milhões para o conjunto de ações. Ontem à tarde, o governo federal não soube informar o percentual já investido. Dos R$ 90 milhões previstos para ações do Ministério da Saúde, já teriam sido investidos R$ 70 milhões até o momento.
Para as próximas ações, o governo federal espera a conclusão de um estudo que fará um raio X da situação do crack no país, contemplando diferenças regionais. A ideia é conhecer o perfil dos usuários e das pessoas mais propensas a cair no vício, as regiões onde ele está mais disseminado e as formas de tratamento mais eficazes.
O levantamento, que está sendo desenvolvido em parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz e Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), deve apontar os primeiros resultados até o fim do ano. Já foram feitos pilotos em algumas cidades de médio e grande portes do país para testar o método a ser utilizado.
No Estado, UFPel, UFSM, UFCSPA, Furg e UFRGS participam de ações do PAC do Crack. Cada instituição contará com um centro destinado a treinar profissionais de saúde e de assistência social que já atendem usuários de drogas e suas famílias em seus municípios. Ao lado de instituições de outros 18 Estados, totalizando 844 municípios, as universidades gaúchas deverão formar 14,7 mil profissionais.
maicon.bock@zerohora.com.br
MAICON BOCK
Óxi se soma ao crack
A dificuldade em diagnosticar e combater o crack ganhou na semana passada um agravante, quando as primeiras pedras de óxi – também derivadas da cocaína, porém mais destrutivas e mais baratas que o crack – foram apreendidas. À frente da Coordenação da Área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde há dois meses, o psiquiatra Roberto Tykanori avalia que a disseminação do óxi no território brasileiro não muda a estratégia de assistência aos dependentes químicos, mas requer reforço na prevenção:
– Para a assistência de saúde, não há grande mudança. A base do crack e do óxi é a mesma, a cocaína. Como é uma droga de menor preço, o óxi tende a se tornar mais acessível à população mais vulnerável. Por isso, temos de ter uma atenção cada vez maior na prevenção.
O caminho de uma pedra a outra pior vem sendo atravessado por adolescentes em Caxias do Sul há pelo menos quatro dias. O óxi é oferecido aos viciados que frequentam um ponto de tráfico no loteamento Vila Amélia, zona oeste da cidade. Vendidas a R$ 3 (R$ 2 mais barato que o crack) as pedras da nova droga estariam atraindo cada dia mais pessoas ao ponto.
Uma adolescente de 17 anos é uma das que abandonaram o crack e contraiu novos problemas. Durante os três anos em que fumou crack, ela afirma nunca ter furtado nada. Em três dias mergulhada no óxi, ela começou a dilacerar o já precário patrimônio da família moradora do loteamento vizinho, o São Gabriel. Da casa com três cadeiras, poucos e danificados móveis, a jovem levou ao traficante seis pratos, um batedeira e uma jaqueta. Tudo trocado por algumas pedras de óxi.
Sem pai, que a garota disse ter morrido atropelado, ela vive com a mãe, que trabalha durante a manhã, e pelo menos um casal de irmãos menores. A irmã que a apresentou para o crack, um ano mais nova que ela, teria passado por uma clínica de recuperação e hoje moraria em uma fazenda. A menina não tem muita perspectiva para o futuro. Disse ter abandonado a escola no 1º ano do Ensino Médio porque a caminho do colégio encontrava amigos que a convidavam para usar drogas. Hoje, nem amigos ela tem mais. Passa os dias na casa imunda, com restos de comida pelo chão e sobre uma mesa, ou perambulando pelas ruas, em busca de R$ 3.
guilherme.pulita@pioneiro.com
GUILHERME A.Z. PULITA | Caxias do Sul
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