Pesquisar

segunda-feira, 23 de maio de 2011

23 de maio de 2011 - FOLHA DE SÃO PAULO


PM recebe R$ 200 mi em salários irregulares

Há pelo menos quatro anos, 11,3 mil policiais militares de São Paulo, na maioria oficiais, e 3.000 pensionistas recebem salários acima do determinado por lei, informa Rogério Pagnan. O prejuízo estimado ao Estado supera R$ 200 milhões. O pagamento a mais ocorre porque a PM interpreta de maneira distorcida uma lei sobre uma gratificação que dobra o salário-base dos policiais militares.


MERCADO ABERTO
Maria Cristina Frias

Motor...
Com US$ 30 milhões em vendas em 2010, o Brasil passou o México, há cinco anos na liderança de vendas de helicópteros Bell na América Latina. O montante vendido no país pela TAM aviação Executiva ficou 20% acima do valor de vendas do México e 30% da Argentina, outro mercado relevante para a fabricante de helicópteros norte-americana.

... e hélice
A força de vendas é atribuída à nova aeronave da Bell, o 429, que começou a ser entregue no Brasil. O modelo leva até sete passageiros e pode ser convertido em UTI aérea, segundo a empresa.


PROCESSOS DA DITADURA ONLINE
Processos da ditadura ficarão on-line
Ministério Público Federal de SP vai colocar 1 milhão de documentos na internet; acervo deve entrar no ar em 2012
Detalhes de prisões e torturas realizadas pela ditadura militar estarão disponíveis ao público, sem tarjas nos nomes

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BRASÍLIA

Ao mesmo tempo em que o Congresso discute a criação da Comissão da Verdade, que fará a narrativa dos crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante a ditadura, o Ministério Público Federal em São Paulo decidiu colocar na internet um milhão de páginas de processos militares abertos contra presos políticos do período.
A digitalização dos documentos começará no mês que vem e o acervo deve entrar no ar em 2012.
Atualmente, não há nenhuma base on-line de processos da ditadura. Quem quer ler arquivos públicos do período tem de pedi-los aos órgãos onde ficam armazenados, como o STM (Superior Tribunal Militar).
O MPF disponibilizará a íntegra dos 707 processos que originaram o projeto "Brasil: Nunca Mais", dos anos 1980, mais completo relato sobre a violência empregada pelo Estado para reprimir a resistência ao regime.
Qualquer pessoa poderá ler, nos depoimentos contidos nos documentos, os detalhes das prisões e torturas sofridas pelos presos.
Há no acervo do "Brasil: Nunca Mais" pelo menos um procedimento contra a presidente Dilma Rousseff, que militou em grupos da luta armada contra os militares.
Nenhum nome será tarjado, como atualmente faz o Arquivo Nacional, ligado ao Ministério da Justiça.
O órgão alega que a lei protege a privacidade de quem é citado nos documentos.
"O projeto se insere nesse momento em que o país quer tornar pública sua história", afirmou Marlon Weichert, procurador da República que coordena o projeto, orçado em R$ 380 mil e apoiado pela OAB no Rio e o Arquivo Público de São Paulo, dentre outras instituições.
"Esses depoimentos são muito pungentes. Fica evidente que houve mesmo tudo aquilo", diz Carlos Fico, pesquisador da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), especializado no período. Para ele, a iniciativa do MPF é "fantástica".
Pensado por dom Paulo Evaristo Arns, da Igreja Católica, e pelo reverendo Jaime Wright, da Igreja Presbiteriana Unida, o "Brasil: Nunca Mais" foi feito de maneira clandestina.
Advogados dos presos pediam vistas dos autos no STM, e, em vez de apenas consultar os papéis, faziam cópias deles, que eram mandadas como malotes para São Paulo.
Após o lançamento do livro, em 1985, as cópias foram doadas à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Como elas sofreram certa degradação, o MPF digitalizará os microfilmes dos processos, produzidos pelo Conselho Mundial de Igrejas, uma organização ecumênica internacional sediada em Genebra (Suíça), e doados ao Center for Research Libraries, uma instituição acadêmica norte-americana que preserva arquivos de diferentes partes do mundo.
Colaborou RUBENS VALENTE, de Brasília


TENDÊNCIAS/DEBATES
O estrategista tupiniquim

MARCO ANTONIO VILLA

Caso o ministro Moreira Franco não esteja satisfeito com suas atribuições, deveria então ter a dignidade de pedir demissão do posto que ocupa

Quando foi avisado por um correligionário que seria o responsável pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Moreira Franco respondeu: "Quer tirar sarro da minha cara?". Foi sincero.
Ele nunca se interessou por planejamento estratégico, despreza o trabalho de reflexão sobre o futuro do Brasil e desconhece como outros países emergentes tratam a questão. Para o ministro, o que importa é que a SAE tem um orçamento pífio e não pode servir para abrigar seus aliados com cargos rentáveis.
Dentro da lógica do PMDB, do é dando que se recebe, a secretaria é uma espécie de "engana trouxa".
Tomou posse a 4 de janeiro, porém seu primeiro compromisso na SAE ocorreu somente 24 dias depois. No dia 26, seu primeiro dia de trabalho, foi ao Ipea às 10h e oito horas depois recebeu um deputado do seu partido. E só.
No dia posterior, uma quinta-feira, rumou para o Rio de Janeiro e só regressou na segunda-feira seguinte: é o que se chama de fim de semana prolongado em pleno mês de janeiro. Mas como absenteísmo é uma marca do ministro, no dia 31 só teve um registro na agenda: às 17h, "despachos internos".
Resumindo: em janeiro, ele esteve na SAE apenas dois dias. Em fevereiro, permaneceu em Brasília cerca de metade do mês.
Contudo, sua agenda -estafante para seu padrão de trabalho- ficou restrita a oito dias com somente "despachos internos", mas só pela manhã e começando às 10h.
Nos outros dias, recebeu parlamentares do PMDB e teve tempo, inclusive, para se encontrar com o ex-deputado Genebaldo Correa, um dos tristemente célebres anões do Orçamento. Há um registro até de uma audiência para um vereador de Engenho Paulo de Frontim, município do interior fluminense de apenas 13 mil habitantes.
Mas em dois meses de "trabalho" não realizou nenhuma reunião, mesmo que inicial, para analisar as questões estratégicas do Brasil, tarefa central da sua pasta.
Como um bom folião, resolveu antecipar o Carnaval. Despachou até as 15h do dia 1º de março. Depois rumou para o Rio de Janeiro.
Reapareceu no emprego no dia 10, certamente exausto, mas com apenas dois compromissos na agenda.
Horas depois, voou novamente para a antiga capital federal.
A ausência de atividades afeitas à pasta é evidente. Basta citar o dia 17 de março. Só há um registro: às 17h, compareceu à posse do presidente da Federação Brasileira de Bancos. O padrão de preencher a agenda com atividades absolutamente distantes da finalidade da SAE é uma constante.
No dia 10 de março anotou que, às 10h, fez os tais "despachos internos" e, às 21h, compareceu ao jantar comemorativo dos 45 anos do PMDB. Seria crível imaginar que, após três meses na SAE, Moreira Franco fosse finalmente assumir o seu posto. Doce ilusão.
No mês de abril, na maioria dos dias -isso quando esteve em Brasília-, registrou somente uma atividade na agenda. Em quatro meses, não foi recebido sequer uma vez pela presidente. Mas não perdeu a oportunidade de viajar para Roma e assistir à cerimônia de beatificação de João Paulo 2º (é uma atividade afeita à SAE?).
Caso o ministro não esteja satisfeito com suas atribuições, deveria ter a dignidade de pedir demissão.
Afinal, é muito importante para o país pensar e desenhar o planejamento estratégico para as próximas décadas, como faz a China (será que o ministro chinês, de uma pasta correspondente à SAE, tem a mesma agenda de Moreira Franco?). Mas, como estamos no Brasil, a ociosidade de Moreira Franco foi premiada: vai presidir o Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). Mas para que serve o Conselhão?
MARCO ANTONIO VILLA, historiador, é professor do departamento de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos e autor, entre outros livros, de "Breve História do Estado de São Paulo" (Imprensa Oficial).


MÔNICA BERGAMO

TRATOR
O ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, participa hoje em SP da destruição de 4.000 armas. O ato simbólico faz parte da assinatura de convênio entre o governo e a prefeitura para a campanha do desarmamento.


TRAGÉDIA NO PARANOÁ-DF
Criança morre após barco afundar em Brasília
Suspeita é que a embarcação, que levava passageiros para festa, estivesse superlotada

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA

Um bebê de seis meses morreu após uma embarcação com ao menos 104 pessoas afundar no lago Paranoá, em Brasília, na noite de ontem. Segundo os bombeiros, cerca de 85 já haviam sido resgatadas até o fechamento desta edição.
Bombeiros ainda faziam buscas na madrugada. Das 104 pessoas, 92 seriam passageiras e 12, tripulantes.
O barco, de dois andares, havia saído do Cota Mil Iate Clube e passado em outros clubes recolhendo passageiros para uma festa na própria embarcação.
Ela enfrentou problemas quando passava próximo da ponte Juscelino Kubitschek. O pedido de ajuda chegou ao Corpo de Bombeiros por volta das 20h50.
O barco submergiu em menos de cinco minutos, diz estudante Bruno Santana, 20. Ele afirma ter visto uma lancha dando voltas em torno do barco, "fazendo gracinha". Ninguém usava coletes salva-vidas, segundo relatos de passageiros.
Helicópteros e barcos dos bombeiros ajudaram nas buscas no lago. Os bombeiros vão investigar os motivos do acidente. A principal hipótese é que a embarcação estava com número de ocupantes acima da capacidade.
Exatamente um ano atrás, o naufrágio de uma lancha com 11 pessoas no lago Paranoá resultou na morte de duas irmãs de 18 e 21 anos.
À época, a embarcação estava superlotada e tinha capacidade para apenas seis passageiros. Após a tragédia, a Marinha informou que iria intensificar a fiscalização no lago, inclusive no período noturno.





Nenhum comentário:

Postar um comentário