INFORME ESPECIAL
EDITORIA DE GERAL
Na floresta 1
O Exército vai agir contra o desmatamento. No Rio de Janeiro, 200 soldados atuarão na Reserva Biológica de Guaratiba. Os militares trabalharão como “guardas-parques”, na prevenção de incêndios. Na Amazônia Legal, o alvo prioritário é Mato Grosso.
MISTÉRIO NO VOO 447
Gelo em sondas é nova versão para a tragédia
Pane durou quatro minutos e pilotos não estavam na cabine, diz especialista
Mais uma importante informação surge para montar o quebra-cabeças que poderá desvendar as causas que levaram o voo 447 da Air France a cair no Atlântico quando fazia o trajeto Rio-Paris em 2009. Após entrevistar um especialista envolvido nas investigações sobre o acidente, a revista alemã Der Spiegel publicou na edição deste domingo que há fortes indícios de que as sondas de velocidade da aeronave, conhecidas como sondas Pitot, congelaram.
A causa mais provável é que cristais de gelo teriam entupido os instrumentos usados para medir a velocidade da aeronave, diz a revista.
– As caixas-pretas registram, logo após o mau funcionamento dos indicadores de velocidade, que a aeronave sofreu um puxão íngreme para cima. Isso pode ter levado a uma perda de sustentação e à queda – afirmou a fonte, que pediu sigilo para preservar o andamento das investigações.
Outra novidade, descoberta após a análise das caixas-pretas (encontradas há duas semanas no fundo do mar), é que o piloto chefe do voo, Marc Dubois, não estava na cabine quando os alarmes soaram. Pode-se ouvir ele chegando, correndo à cabine, e gritando instruções aos seus dois copilotos, conforme explica o especialista ao semanário alemão. Toda a pane, do congelamento à queda no oceano, teria durado quatro minutos.
Mistério deve ser desvendado até julho
Até agora, acreditava-se que a tripulação do voo AF 447 teria conduzido a aeronave diretamente para a área de tempestade. Mas a rota gravada nas caixas-pretas mostra que a tripulação tentou escolher a forma mais branda possível de atravessar a tormenta. Ainda não se sabe se o piloto foi responsável ou se os computadores de bordo do Airbus intervieram. Segundo a revista, a fabricante não quis dar declaração antes do final das investigações.
O mistério em torno do voo que provocou a morte de 228 pessoas deverá ser desvendado até o fim de junho, quando os resultados da avaliação dos dados das caixas-pretas serão divulgados. Autoridades do órgão francês, que controla a investigação, o Bureau de Investigações e Análises (BEA na sigla em francês), afirmaram que no fim da próxima semana divulgarão oficialmente as primeiras descobertas sobre as informações contidas nas caixas-pretas.
SONDAS PITOT |
Saiba o que é uma sonda Pitot e quais as possíveis explicações para o acidente fornecidas pelo especialista ouvido pela revista alemã: |
A sonda Pitot fornece pressão de ar de impacto através de uma abertura em sua parte anterior, para operação do velocímetro e do indicador de velocidade mach (velocidade em relação ao som). |
O avião teria fugido de uma área de fortes turbulências, mas suas sondas tinham partículas de gelo. Há indícios de uma queda abrupta do avião logo após a falha nos indicadores de velocidade, como resultado de uma parada do avião. |
As três sondas Pitot do A330 da Air France, que teriam falhado no dia do acidente são questionadas por sindicatos de pilotos desde o ano passado, quando ameaçaram entrar em greve se elas não fossem substituídas. Em comunicado, a Air France admitiu vários incidentes ligados a esses sensores nos últimos meses, provocados pelo “congelamento” das sondas. No entanto, “a pane desaparecia em alguns minutos”, ressaltou a companhia. |
Pelo menos cinco incidentes ligados aos sensores aconteceram em 2008, segundo relatórios de pilotos da Air France mencionando a emissão de falsas mensagens de alerta referentes a uma grave perda de velocidade do aparelho. |
Não está claro se a pane foi consequência de um erro do piloto ou se os computadores da aeronave saltaram automaticamente para compensar a súbita perda de potência. |
ARTIGO
Enriquecimento sob mistério
Paulo Brossard - Jurista, ministro aposentado do STF
Embora longe de concluído o caso, evitando chegar a conclusões finais e esperando que o envolvido venha a prestar algumas informações necessárias ao bom julgamento do escabroso assunto Palocci, o que foi até aqui divulgado tem aspectos tão surpreendentes, que não é possível ignorá-lo. O tempo do silêncio prudente já passou, até porque o personagem principal parece pouco inclinado a destelhar seu abrigo empresarial, dificultando que a luz o ilumine. É inegável que o fato em causa não é vulgar, bem ao contrário é marcadamente invulgar, quase solitário no elenco das anomalias administrativas. Tanto mais esta circunstância agrava o seu perfil, quando em caso moderadamente semelhante pessoas implicadas nele ou hesitaram em abrir à curiosidade das ruas ou, calando, provocaram a tendência não para atirar a primeira pedra, mas a segunda e a terceira. Também não deixa de ser estranho que amigos próximos do agente envolvido estariam blindando o companheiro, a ser correta a notícia corrente, e desse modo desservindo-o.
Outro dado, nada indiferente, é a alta função que ele tem desempenhado na administração e agora ocupando posição de singular relevo no seio do governo. Mas ainda não é tudo. Também é inegável que este tem deixado visível seu intento de salvar um de seus mais relevantes membros, a ponto de levar as suscetibilidades do Planalto aos domínios do Legislativo, que tem como uma das suas finalidades investigar, esclarecer, apurar o que aconteça no país e de alguma sorte interesse à coisa pública.
Fala-se em grupos de resistência ou de choque, que testemunham o grau de identificação do setor legislativo com o Executivo, quando a Constituição e as instituições democráticas do mundo afora falam em independência senão na separação ou na divisão dos poderes. Mas faz supor que tudo se esquece calculadamente a preço de levar desprestígio à nação e dissabor para a maioria de seu povo. Enfim, um problema, que pode ser amargo para uma pessoa, converte-se subitamente em amaríssima questão de Estado.
E desse modo penso haver dito com clareza o que suponho imprescindível, e sem chegar a conclusões definitivas, até em homenagem à regra de presunção de inocência, acerca de fato deplorável sob todos os aspectos. Por fim, ocorre-me lembrar às pessoas responsáveis ou até irresponsáveis dos 20 anos que a nação sofreu sob o regime do arbítrio e que ela não pode abrigar pústulas insignes sem a sua cabal apuração.
Lembre-se o que está ocorrendo com alta personalidade do mundo financeiro, do coração do FMI e prócer do partido francês, de grande tradição na República, a ponto de ser tido como eventual sucessor do presidente Nicolas Sarkozy, dada a sua hierarquia partidária e sua eminência no seio da opinião do seu país. Dias humilhantes vão atravessando, a despeito da sua graduação nacional e internacional.
Voltando ao Brasil, é de recordar que a evidente importância do cargo exercido junto à Presidência da República impõe dever correspondente. Daí nem o protagonista nem os que ele cerca escapam da “ficha suja”, por isso mesmo seria o principal interessado em provar que é limpa, se é que pode fazê-lo!
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