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segunda-feira, 23 de maio de 2011

23 de maio de 2011 - ZERO HORA


INFORME ESPECIAL
EDITORIA DE GERAL

Na floresta 1
O Exército vai agir contra o desmatamento. No Rio de Janeiro, 200 soldados atuarão na Reserva Biológica de Guaratiba. Os militares trabalharão como “guardas-parques”, na prevenção de incêndios. Na Amazônia Legal, o alvo prioritário é Mato Grosso.


MISTÉRIO NO VOO 447
Gelo em sondas é nova versão para a tragédia
Pane durou quatro minutos e pilotos não estavam na cabine, diz especialista

Mais uma importante informação surge para montar o quebra-cabeças que poderá desvendar as causas que levaram o voo 447 da Air France a cair no Atlântico quando fazia o trajeto Rio-Paris em 2009. Após entrevistar um especialista envolvido nas investigações sobre o acidente, a revista alemã Der Spiegel publicou na edição deste domingo que há fortes indícios de que as sondas de velocidade da aeronave, conhecidas como sondas Pitot, congelaram.
A causa mais provável é que cristais de gelo teriam entupido os instrumentos usados para medir a velocidade da aeronave, diz a revista.
– As caixas-pretas registram, logo após o mau funcionamento dos indicadores de velocidade, que a aeronave sofreu um puxão íngreme para cima. Isso pode ter levado a uma perda de sustentação e à queda – afirmou a fonte, que pediu sigilo para preservar o andamento das investigações.
Outra novidade, descoberta após a análise das caixas-pretas (encontradas há duas semanas no fundo do mar), é que o piloto chefe do voo, Marc Dubois, não estava na cabine quando os alarmes soaram. Pode-se ouvir ele chegando, correndo à cabine, e gritando instruções aos seus dois copilotos, conforme explica o especialista ao semanário alemão. Toda a pane, do congelamento à queda no oceano, teria durado quatro minutos.

Mistério deve ser desvendado até julho
Até agora, acreditava-se que a tripulação do voo AF 447 teria conduzido a aeronave diretamente para a área de tempestade. Mas a rota gravada nas caixas-pretas mostra que a tripulação tentou escolher a forma mais branda possível de atravessar a tormenta. Ainda não se sabe se o piloto foi responsável ou se os computadores de bordo do Airbus intervieram. Segundo a revista, a fabricante não quis dar declaração antes do final das investigações.
O mistério em torno do voo que provocou a morte de 228 pessoas deverá ser desvendado até o fim de junho, quando os resultados da avaliação dos dados das caixas-pretas serão divulgados. Autoridades do órgão francês, que controla a investigação, o Bureau de Investigações e Análises (BEA na sigla em francês), afirmaram que no fim da próxima semana divulgarão oficialmente as primeiras descobertas sobre as informações contidas nas caixas-pretas.

SONDAS PITOT
Saiba o que é uma sonda Pitot e quais as possíveis explicações para o acidente fornecidas pelo especialista ouvido pela revista alemã:
A sonda Pitot fornece pressão de ar de impacto através de uma abertura em sua parte anterior, para operação do velocímetro e do indicador de velocidade mach (velocidade em relação ao som).
O avião teria fugido de uma área de fortes turbulências, mas suas sondas tinham partículas de gelo. Há indícios de uma queda abrupta do avião logo após a falha nos indicadores de velocidade, como resultado de uma parada do avião.
As três sondas Pitot do A330 da Air France, que teriam falhado no dia do acidente são questionadas por sindicatos de pilotos desde o ano passado, quando ameaçaram entrar em greve se elas não fossem substituídas. Em comunicado, a Air France admitiu vários incidentes ligados a esses sensores nos últimos meses, provocados pelo “congelamento” das sondas. No entanto, “a pane desaparecia em alguns minutos”, ressaltou a companhia.
Pelo menos cinco incidentes ligados aos sensores aconteceram em 2008, segundo relatórios de pilotos da Air France mencionando a emissão de falsas mensagens de alerta referentes a uma grave perda de velocidade do aparelho.
Não está claro se a pane foi consequência de um erro do piloto ou se os computadores da aeronave saltaram automaticamente para compensar a súbita perda de potência.
ARTIGO
Enriquecimento sob mistério

Paulo Brossard - Jurista, ministro aposentado do STF

Embora longe de concluído o caso, evitando chegar a conclusões finais e esperando que o envolvido venha a prestar algumas informações necessárias ao bom julgamento do escabroso assunto Palocci, o que foi até aqui divulgado tem aspectos tão surpreendentes, que não é possível ignorá-lo. O tempo do silêncio prudente já passou, até porque o personagem principal parece pouco inclinado a destelhar seu abrigo empresarial, dificultando que a luz o ilumine. É inegável que o fato em causa não é vulgar, bem ao contrário é marcadamente invulgar, quase solitário no elenco das anomalias administrativas. Tanto mais esta circunstância agrava o seu perfil, quando em caso moderadamente semelhante pessoas implicadas nele ou hesitaram em abrir à curiosidade das ruas ou, calando, provocaram a tendência não para atirar a primeira pedra, mas a segunda e a terceira. Também não deixa de ser estranho que amigos próximos do agente envolvido estariam blindando o companheiro, a ser correta a notícia corrente, e desse modo desservindo-o.
Outro dado, nada indiferente, é a alta função que ele tem desempenhado na administração e agora ocupando posição de singular relevo no seio do governo. Mas ainda não é tudo. Também é inegável que este tem deixado visível seu intento de salvar um de seus mais relevantes membros, a ponto de levar as suscetibilidades do Planalto aos domínios do Legislativo, que tem como uma das suas finalidades investigar, esclarecer, apurar o que aconteça no país e de alguma sorte interesse à coisa pública.
Fala-se em grupos de resistência ou de choque, que testemunham o grau de identificação do setor legislativo com o Executivo, quando a Constituição e as instituições democráticas do mundo afora falam em independência senão na separação ou na divisão dos poderes. Mas faz supor que tudo se esquece calculadamente a preço de levar desprestígio à nação e dissabor para a maioria de seu povo. Enfim, um problema, que pode ser amargo para uma pessoa, converte-se subitamente em amaríssima questão de Estado.
E desse modo penso haver dito com clareza o que suponho imprescindível, e sem chegar a conclusões definitivas, até em homenagem à regra de presunção de inocência, acerca de fato deplorável sob todos os aspectos. Por fim, ocorre-me lembrar às pessoas responsáveis ou até irresponsáveis dos 20 anos que a nação sofreu sob o regime do arbítrio e que ela não pode abrigar pústulas insignes sem a sua cabal apuração.
Lembre-se o que está ocorrendo com alta personalidade do mundo financeiro, do coração do FMI e prócer do partido francês, de grande tradição na República, a ponto de ser tido como eventual sucessor do presidente Nicolas Sarkozy, dada a sua hierarquia partidária e sua eminência no seio da opinião do seu país. Dias humilhantes vão atravessando, a despeito da sua graduação nacional e internacional.
Voltando ao Brasil, é de recordar que a evidente importância do cargo exercido junto à Presidência da República impõe dever correspondente. Daí nem o protagonista nem os que ele cerca escapam da “ficha suja”, por isso mesmo seria o principal interessado em provar que é limpa, se é que pode fazê-lo!

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