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segunda-feira, 23 de maio de 2011

21 de maio de 2011 - ESTADO DE MINAS


EDITORIAL
Perigo nas escolas

Algo precisa ser feito para dar um basta à grave situação de perigo em que vivem milhares de crianças e adolescentes que estudam na rede pública. Em vez de alegria e convivência agradável com os colegas, em muitos estabelecimentos frequentar uma sala de aula passou a ser um ato de coragem. Armas de fogo já dividem com livros e cadernos o espaço nas mochilas escolares, resguardadas pela lei do silêncio, que impede colegas e professores de revelar o risco que estão correndo no dia a dia da escola, o que só ajuda os garotos e garotas usados pelo crime. Mas, como mostra reportagem de hoje do Estado de Minas, a Polícia Militar reuniu dados suficientes para preocupar autoridades e sociedade. O comando da corporação divulgou levantamento de 4.335 ocorrências em escolas, entre 2008 e 2010, mais de 1,1 mil por ano, a maioria delas ligadas a crimes contra a vida e o patrimônio.
E o crime não escolhe mais idade para envolver menores. É o caso de uma menina de apenas 13 anos apreendida semana passada, na Escola Estadual Isabel da Silva Polck, na Região Nordeste de Belo Horizonte. Estava na sala de aula com uma pistola de nove milímetros de fabricação israelense e de uso exclusivo das Forças Armadas e de tropas especiais. Com ela foram encontrados dois carregadores com 11 cartuchos cada um. A menina contou ter sido obrigada a guardar o armamento na mochila para um homem que mora perto da casa dela. Esta semana, dois adolescentes, de 14 e 15 anos, entraram na Escola Municipal Sócrates Mariani Bittencourt, em Contagem, com um revólver calibre 32 e seis balas. Detidos, revelaram à polícia ter comprado a arma por R$ 300, pagando com a mesada dos pais. O medo de represálias, que podem colocar em risco a vida de colegas e professores, mantém sob reserva casos de menores que, sabidamente infratores e armados, frequentam escolas sem medo de exibir seu poder de fogo para intimidar as pessoas.
Se as agressões constantes de alunos que parecem incentivados pelos próprios pais à violência e à brutalidade já infernizavam a vida de professores e diretores de escolas, principalmente na rede pública, a presença de armas era o que faltava para tornar a tarefa de ensinar ainda mais difícil e, em certos casos, simplesmente impossível. Afinal, ganhar mal e ser desrespeitado por alunos e pais já deveria ser suficiente para desestimular as mais fervorosas vocações. Agora se trata de colocar em risco a própria vida. Parece ter chegado a hora de revermos o custo do afrouxamento da disciplina e das normas de comportamento no ambiente escolar. É fácil transferir toda a responsabilidade à escola e ao professor, mas a família não pode fugir a seu papel inicial de educação. O tipo de aluno que estão entregando à escola é parte no processo. Até aí, eram problemas já conhecidos, embora continuem reclamando solução. Mas o crescente ingresso de armas nas escolas, pelas mãos de crianças e adolescentes, é algo que demanda das autoridades uma ação mais enérgica e absolutamente urgente.


GIRO PELO PAÍS

AMEAÇA DE EXPLOSÃO
Pouso forçado em Salvador
Um Air Bus 321 da TAM, que viajava entre Porto Seguro (BA) e São Paulo, com escala em Salvador, precisou fazer pouso forçado na capital baiana na noite de ontem, porque um passageiro ameaçou explodir a aeronave. O comandante do avião teria emitido à torre de comando do Aeroporto Luís Eduardo Magalhães um sinal de ameaça de bomba, para avisar que precisaria fazer o pouso de emergência. Até as 21h30, os 129 passageiros, retirados da aeronave, esperavam no saguão do aeroporto. Detido pela Polícia Federal (PF), o homem que teria feito a ameaça, segundo a Infraero, tem cerca de 45 anos, é natural de São Paulo, vive em Arraial d’Ajuda, em Porto Seguro, e apresentava sinais de embriaguez. A PF estava periciando a aeronave para verificar a presença de bombas. O aeroporto funcionava normalmente


VOO 447
Mais de 100 corpos devem ficar no fundo do mar

França anuncia que retoma hoje resgate dos restos mortais de vítimas do acidente com avião da Air France. Mas apenas 50 dos 176 cadáveres que faltam poderão ser içados do Oceano Atlântico
Paris – A operação de resgate dos corpos do voo 447 será retomada hoje, segundo informou um membro da direção do Instituto de Investigações da Polícia militar francesa. Duas equipes vão se revezar 24 horas por dia para a retirada dos próximos corpos. “Nesse ritmo, o resgate pode ser finalizado antes do início de junho”, explicou a direção do instituto. Os peritos acreditam que poderão içar cerca de 50 corpos. Os outros, em estado de degradação avançada, provavelmente ficarão no mar, pois há o risco de que os esqueletos se desintegrem durante a manipulação._
O avião da Air France, que fazia a rota Rio-Paris, caiu no oceano em 31 de maio de 2009, matando 228 pessoas. Os trabalhos haviam sido interrompidos há pouco menos de duas semanas, pois a polícia aguardava o resultado dos primeiros testes de DNA, feitos a partir de amostras retiradas dos corpos de dois passageiros, retirados do mar no início do mês.
Na semana passada, o diretor do Instituto, François Daust, havia explicado que, caso os restos mortais não pudessem ser identificados, os corpos seriam deixados no fundo do mar. Porém, resultados de análises concluídas quarta-feira permitiram extrair o DNA das vítimas. A identificação ainda não foi realizada. Os especialistas aguardam dados genéticos que devem ser enviados pelas autoridades brasileiras para iniciar o processo.

NOVIDADES
As circunstâncias do acidente do voo Air France Rio-Paris, mas de “forma alguma” as causas, serão divulgadas neste fim de semana, indicou ontem uma porta-voz do Bureau de Investigações e Análises da Aviação Civil da França (BEA). “O BEA divulgará no fim de semana elementos factuais do decurso do voo que determinarão as circunstâncias do acidente, mas, de forma alguma, as causas”, declarou a porta-voz. Os investigadores optaram por avançar em parte seu calendário em razão “das informações desencontradas e mais ou menos contraditórias apresentadas pela imprensa nesta semana (....), que apenas perturbam as famílias e afetam a serenidade da investigação”, acrescentou.
O secretário de Estado francês dos Transportes, Thierry Mariani, havia anunciado na quinta-feira que as causas e as responsabilidades do acidente seriam anunciadas no fim de junho. O BEA é encarregado da investigação técnica francesa sobre o acidente ocorrido com o Airbus A330, que teve suas caixas-pretas resgatadas no início de maio do fundo do Oceano Atlântico.


URUGUAI
Congresso mantém anistia a militares
Depois de passar pelo Senado, votação de deputados empata e Lei de Caducidade, que anistia militares, continua em vigor

Montevidéu – A Lei de Caducidade, que anistiou os militares do período da ditadura no Uruguai (1973-1985), continua firme. Depois de 14 horas de debate, terminou empatada na madrugada de ontem, às 5h33, a votação na Câmara dos Deputados do projeto que anularia a lei que está em vigor no país desde 1986. Com 49 votos, os partidos Nacional e Colorado, da oposição, votaram contra o texto, enquanto a coligação de esquerda Frente Ampla, do governo de José Mujica, votou a favor. Embora conte com 50 assentos na Câmara, a Frente Ampla só conseguiu reunir 49 votos. O voto que faltou foi do deputado Víctor Semproni, que optou pela abstenção e será julgado por seu partido por desobediência.
O projeto já havia sido aprovado pelo Senado. Agora, para voltar a ser colocado em votação, o texto teria de passar por uma sessão conjunta do Congresso e obter dois terços do votos para ser aprovado. Mas essa hipótese é praticamente descartada, já que a Frente Ampla tem apenas a maioria simples. Semproni explicou que sua posição é contra "a solução encontrada para resolver o problema" e não contra o objetivo de acabar com a lei para que o país possa passar a limpo a história da ditadura.
Em seu discurso, durante os debates, o deputado disse que a maneira como está sendo proposta a anulação da anistia é pouco efetiva e pode gerar maiores problemas ao país. Ele alegou que a norma não pode ser revogada, uma vez que foi ratificada duas vezes em consultas populares. Semproni argumentou ainda que o texto de anulação tem alguns erros em sua composição e poderia ser considerado inconstitucional. "Não vamos transitar pelo caminho da disciplina partidária porque trata-se de um tema de consciência. Mas podem ter a certeza, em especial nossos companheiros da Frente Ampla, que vamos continuar brigando com toda nossa força até conseguir objetivos de verdade: justiça, julgamento e castigo", esclareceu

Unidade
O presidente Mujica, ex-guerrilheiro Tupamaro, vítima da ditadura, que o manteve preso durante 10 anos, também já se manifestou contra a anulação da Lei de Caducidade por semelhantes motivos. Ontem, Mujica disse que a Câmara deveria decidir sobre "uma péssima lei, que nunca deveria ter existido". Mas, em nome da unidade partidária, chegou a fazer um apelo para que Semproni acompanhasse a decisão da Frente Ampla de aprovar a anulação da lei que deu anistia aos militares que violaram os direitos humanos durante a ditadura de 1973 a 1985 e foi ratificada pela população uruguaia em 1989 e 2009. A confusão gerada pela Frente Ampla de levar adiante o projeto cheio de polêmica provocou um forte desgaste de Mujica, que já vinha sofrendo queda de popularidade devido a greves problemas na economia, como a elevada inflação. Dos 75% de aprovação popular que tinha em março de 2010, quando assumiu o governo, Mujica caiu para 41%.
A anulação da lei recebeu a sanção do Senado em 12 de abril e provocou as primeiras fissuras no oficialismo: o senador Jorge Saravia votou contra a anulação da lei e ficou com um pé praticamente fora da Frente Ampla, enquanto o senador e ex-guerrilheiro tupamaro Eleutério Fernández Huidobro renunciou após votar a favor da anulação da lei.
Apesar da vigência da anistia, decisões da Suprema Corte uruguaia permitiram que uma dezena de militares estejam presos desde 2006, acusados de violar os direitos humanos fora do Uruguai, atuando em coordenação com o serviço secreto da ditadura na Argentina, a partir de 1976. Durante a ditadura no Uruguai desapareceram 29 pessoas no país, mas outros 150 uruguaios desapareceram na Argentina.

Guerrilha
As convulsões no Uruguai começaram em 1963, quando os tupamaros, uma guerrilha de esquerda, desfecharam uma campanha de assassinatos, sequestros, roubos e incêndios para chegar ao poder. Em 1972, os tupamaros foram esmagados pelas Forças Armadas e naquele ano foi instaurado no Congresso o "Estado de guerra interna". Em junho de 1973 ocorreu o golpe de Estado, chefiado pelo então presidente Juan María Bordaberry, eleito em 1971. Bordaberry governou como ditador até 1976, quando sofreu por sua vez um golpe da junta militar. A ditadura se estendeu até 1985. A Frente Ampla afirma que a repressão da ditadura se converteu em terrorismo de Estado, uma vez que os tupamaros já haviam sido esmagados em 1972, antes do golpe. Os líderes tupamaros, entre eles Mujica, estavam presos.

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