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terça-feira, 24 de maio de 2011

24 de maio de 2011 - JORNAL DO BRASIL


HISTÓRIA
O patrono da Marinha do Brasil

Aristóteles Drummond - jornalista

Releio o testamento do Almirante Tamandaré, Marquês do Império, e chego à conclusão que o melhor que posso fazer esta semana é transcrever o belo texto. O documento mostra o que é um patriota, com coragem, coerência, dignidade, humildade e verdadeiro sentimento de solidariedade cristã.
“Não havendo a Nação Brasileira prestado honras fúnebres de espécie alguma por ocasião do falecimento do imperador, o senhor D. Pedro II, o mais distinto filho desta terra, tanto por sua moralidade, alta posição, virtudes, ilustração, como dedicação no constante empenho ao serviço da pátria durante quase 50 anos que presidiu a direção do Estado, creio que a nenhum homem de seu tempo se poderá prestar honras de tal natureza, sem que se repute ser isso um sarcasmo cuspido sobre os restos mortais de tal indivíduo pelo pouco valor dele em relação ao elevadíssimo merecimento do grande imperador. Não quero, pois que por minha morte se me prestem honras militares, tanto em casa como em acompanhamento para sepultura.
Exijo que meu corpo seja vestido somente com camisa, ceroulas e coberto com um lençol, metido em caixão forrado de baeta, tendo uma cruz na mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de dezembro de 1892, devendo colocar no lugar que faz cruz a haste e o cepo, um coração imitando o de Jesus, para que, assim ornado, signifique que a âncora cruz, o emblema da fé, esperança e caridade que procurei conservar sempre como timbre dos meus sentimentos. Sobre o caixão não desejo que se coloque coroas, flores nem enfeites de qualquer espécie, e só a Comenda do Cruzeiro que ornava o peito do Sr. D. Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como o primeiro dos voluntários da Pátria para libertar aquela possessão brasileira do jugo dos paraguaios, que a aviltavam com a sua pressão; e como tributo de gratidão e benevolência com que sempre me honrou e da lealdade que constantemente a S.M.I. tributei, desejo que essa Comenda Relíquia esteja sobre meu corpo até que baixe a sepultura, devendo ficar depois pertencente à minha filha D.M.E.L. (Dona Maria Eufrásia Marques Lisboa), como memória d'Ele e lembrança minha.
”Exijo que se não faça anúncios nem convites para o enterro de meus restos mortais, que desejo sejam conduzidos de casa ao carro e deste à cova por meus irmãos em Jesus Cristo que hajam obtido o foro de cidadãos pela lei de 13 de maio.“
Isto prescrevo como prova de consideração a esta classe de cidadãos em reparação à falta de atenção que com eles se teve pelo que sofreram durante o estado de escravidão, e reverente homenagem à Grande Isabel Redentora, benemérita da Pátria e da Humanidade, que se imortalizou libertando-os.
Exijo mais, que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe enterrado em sepultura rasa até poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da Família Marques Lisboa.
“Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha Pátria e prestar algum serviço à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: ‘Aqui já o Velho Marinheiro’.”
Civismo, patriotismo, aula de moral e história seria que nossas escolas divulgassem esse documento para que as novas gerações saibam quem foram os grandes de nossa pátria. O Marques de Tamandaré é o Patrono da Marinha do Brasil, o que explica em parte o prestígio que a instituição tem entre o povo. Daqui a algumas semanas vamos ter o dia da Batalha do Riachuelo, vencida por ele. Mas o singular mesmo foi a demonstração de humildade e lealdade, no caso ao nosso imperador Pedro II e à Princesa Isabel, a Redentora. História se escreve com documentos e não com ressentimentos.


VOO 447
Acidente da Air France foi causado por erros de pilotagem, afirma jornal

Agência AFP

O acidente com o voo AF447 Rio-Paris, da Air France, em junho 2009, ocorreu devido a erros de pilotagem e a um erro nos procedimentos habituais, indicou nesta segunda-feira o Wall Street Journal, citando fontes que teriam tido acesso aos resultados preliminares da análise das caixas-pretas.
Os pilotos da Air France foram "aparentemente distraídos por indicadores de velocidade com problemas e não reagiram corretamente frente a outros elementos cruciais do voo, como o ajuste da pressão da aeronave", explica o diário financeiro.
Os últimos momentos a bordo da cabine do A330 indicam, segundo essas fontes, que os pilotos foram aparentemente atrapalhados pelos alertas recebidos de vários sistemas automáticos de controle que foram acionados no momento em que o avião entrava em uma zona de turbulência no trajeto Rio-Paris, mas que também foram prejudicados pela forte geada que não estava prevista a 10.868 metros de altitude. Geadas como essas interferem no funcionamento normal dos indicadores de velocidade e em outros sensores externos.
Por fim, os pilotos não seguiram os procedimentos habituais para manter a estabilidade da aeronave, o que causou o mau funcionamento dos indicadores de voo e esperaram que os parâmetros em questão voltassem ao normal, concluíram essas fontes.


EDITORIAL
O Brasil ainda não esqueceu o Bateau Mouche

O NAUFRÁGIO de uma embarcação em Brasília, no último fim de semana, guarda muita semelhanças com uma tragédia que marcou o país, esta no Réveillon de 1989. Naquele dia festivo, foi a pique o Bateau Mouche, um barco turístico que levava 150 pessoas para assistir, do mar, à queima de fogos na Praia de Copacabana. Superlotado, com problemas técnicos – como constatou-se depois – o Bateau foi surpreendemente liberado pela Marinha. E é a mesma Marinha que agora se vê em xeque com a tragédia de Brasília, em que podem ter morrido 17 pessoas das mais de cem que estariam a bordo. Cabe à força armada marítima fiscalizar os barcos que navegam nas águas do Lago Paranoá, um dos símbolos do Distrito Federal. E, apesar de a hipótese de que uma lancha tenha precipitado a tragédia, os bombeiros já afirmam que havia gente demais a bordo. Agora, é torcer para que as semelhanças entre os dois episódios tenham terminado aí. No caso do Bateau Mouche, apesar dos 55 mortos, não houve punição exemplar. Tanto os militares responsáveis pela vistoria míope que liberou o barco como os donos da empresa Itatiaia Turismo, proprietária da embarcação foram inocentados. As ações indenizatórias contra os empresários, movidas por parentes das vítimas, ainda correm a passos de tartaruga. Espera-se, embora sem muitas esperanças – porque conhecemos a impunidade que aqui grassa – que os responsáveis pela tragédia brasiliense sejam punidos.


VOTAÇÃO
Ex-ministros se unem contra votação do Código Florestal

Um grupo de ex-ministros do Meio Ambiente defendeu nesta segunda-feira o adiamento da votação do Código Florestal, que está previsto para ser analisado pelo plenário da Câmara dos Deputados nesta terça. Os ex-ministros consideram necessário maior tempo para aperfeiçoar a nova legislação.
"O que nos une é o esforço para impedir (que a votação) seja por açodamento. Não queremos que se passe a motosserra no Código Florestal. É tempo de entendimento. Esse texto, que está aparentemente pronto, não é uma lei de proteção às florestas. Trata-se de outra coisa, de política de uso do solo. Há tantas exceções que ao que parece, a exceção maior é a proteção às florestas", afirmou Carlos Minc, que ocupou o cargo entre 2008 e 2010.
Ex-ministros do Meio Ambiente estiveram na Câmara dos Deputados, onde apresentaram carta aberta contra o relatório do novo Código Florestal. Uma carta com os pontos que consideram críticos no novo texto foi enviada a presidente Dilma Rousseff - com quem os ex-ministros devem se encontrar na manhã desta terça - e parlamentares. Uma das críticas está relacionada à emenda apresentada pelo PMDB que abre a possibilidade de manutenção de atividades agrosilvopastoris em Áreas de Preservação Permanente (APP). A emenda, que tem apoio da oposição, integra uma tentativa de acordo para viabilizar a votação nesta terça.
A ex-ministra Marina Silva, que comandou a Pasta entre 2003 e 2008, atribui o recente aumento do desmatamento no País à expectativa de votação do Código Florestal. "Se só com a expectativa de votação já houve um aumento, com a aprovação haverá uma situação de completo descontrole", disse. "Em lugar de depois termos que fazer campanha pelo veto, queremos fazer a primeira mulher presidente do País sancionar a grande lei do século 21" afirmou.
A carta foi assinada por dez ex-ministros. Além de Minc e Marina, também apoiaram o movimento Sarney Filho, líder do PV na Câmara, José Carlos Carvalho, Gustavo Krause, Henrique Brandão Cavalcanti, Rubens Ricupero, Fernando Coutinho Jorge, José Goldemberg e Paulo Nogueira.

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