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segunda-feira, 23 de maio de 2011

21 de maio de 2011 - ESTADO DE SÃO PAULO


CASO PALOCCI
Oposição propõe CPI para investigar conexões de Palocci com empresas
PSDB defende investigação sob alegação de que governo impede a convocação do ministro; movimentação financeira da Projeto, em 2010, abre suspeitas sobre elo com eleição

Eduardo Bresciani

BRASÍLIA - A crise que atingiu o braço direito da presidente Dilma Rousseff ganhou decibéis com o início de uma mobilização da oposição para criar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) que investigue negócios da empresa de consultoria do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
A intenção é quebrar os sigilos fiscal e bancário da empresa de consultoria do ministro, a Projeto, e verificar se houve tráfico de influência. Sem a ajuda de partidos da base aliada, a oposição não terá número suficiente de assinaturas para criar uma CPI. A exposição do sigilo do ministro revelaria contatos com boa parte do PIB nacional, o que tem deixado o mercado inquieto.
A proposta de tentar uma CPI mista de deputados e senadores sobre o caso surgiu no PSDB, partido da oposição que vinha atuando de forma mais discreta no caso. O requerimento de criação da CPI avança ainda para um questionamento sobre o papel de Palocci como um dos coordenadores de campanha da presidente Dilma Rousseff ao mesmo tempo que prosperava o faturamento de sua empresa.
Conforme o Estado publicou nesta sexta-feira, 20, o próprio ministro, em informações que pretende enviar à Procuradoria-Geral da República, admite que a maior parte da movimentação financeira da empresa Projeto ocorreu após a eleição de 2010.
Os líderes tucanos na Câmara, Duarte Nogueira (SP), e no Senado, Alvaro Dias (PR), conversaram com o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), e decidiram começar as articulações. DEM, PPS e PSOL já manifestaram apoio à ideia.

Para tirar a proposta do papel, a oposição precisa recolher 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado. Juntos, os partidos oposicionistas somam menos de 100 deputados e 18 senadores.

Blindagem. Duarte Nogueira afirma que a oposição decidiu partir para essa iniciativa diante da ação do governo de blindar o ministro. "Nós, da oposição, fizemos ações em todas as frentes e chegamos ao absurdo de o governo impedir todas as comissões da Câmara de funcionar. Ninguém aguenta mais o silêncio ensurdecedor do ministro e do Palácio do Planalto."
A ementa do requerimento de CPI cita o "extraordinário crescimento patrimonial da empresa Projeto", pede que seja investigado se houve "a percepção de vantagens indevidas" ou o "patrocínio de interesses privados perante a órgãos do governo federal" e avança até sobre a possível "relação desses fatos com a campanha presidencial de 2010".
O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), destaca as possibilidades que se abrem com a nova estratégia da oposição. "A CPI tem instrumentos que outras comissões não possuem. Podemos quebrar sigilos, obter informações rapidamente do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e da Receita."
O oposicionista destaca que o fato de o faturamento da empresa ter se concentrado no ano passado faz com que as suspeitas deixem de ser exclusivamente sobre o ministro. "A coincidência do êxito da empresa com o período eleitoral leva suspeitas sobre a campanha presidencial."

Paralisia. O discurso da oposição para sensibilizar alguns governistas já está ensaiado. "Daqui a pouco a crise se agrava de um jeito que pode paralisar o governo. Queremos que essa crise tenha um fim e isso só acontecerá se esclarecendo os fatos", diz o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). O PPS tem pronto também outro requerimento pedindo uma investigação somente na Câmara.
Entre os governistas mais alinhados com o Planalto, porém, a intenção é dar o assunto por encerrado. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou nesta sexta que não vê motivo para uma CPI. "Acho que não há motivo nenhum para nenhuma CPI, uma vez que até agora não vi no debate nenhum crime a ser levantado e nenhuma contravenção que se pudesse investigar."





20 DE MAIO DE 2011 | 20H 58

DESMATAMENTO
Forças Armadas vão combater desmatamento em MT

FÁTIMA LESSA - Agência Estado

As Forças Armadas participarão no combate ao desmatamento ilegal em Mato Grosso, na etapa do bloqueio da comercialização de madeiras exploradas ilegalmente no Estado. A informação é do superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ramiro Martins Costa. Desde hoje, o órgão monta estratégia de atuação.
A região mais crítica situa-se na região médio norte próximo ao município de Sinop. Até ontem, o Deter - sistema de detecção de desmatamento em tempo real usado pelo INPE - apontou 120 polígonos de grandes desmatamentos.
Além das 16 áreas embargadas pela Secretaria de Estado do meio Ambiente (Sema), o Ibama embargou mais 50, totalizando 19.455,24 hectares. Até às 18 horas de hoje, somente na região de Sinop, o Ibama havia embargado uma serraria, apreendido um barco, sete caminhões, oito motosserras, 40 máquinas pesadas (esteiras, tratores de grande porte, colheitadeiras) e 3.020,07 metros cúbicos de madeiras em tora.
Dois helicópteros e um avião bimotor estão sobrevoando a região entre as 6 horas e 18 horas durante toda a semana. O avião é equipado com monitoramento por agentes especializados em georeferenciamento.


Desmate ameaça moratória da soja
Levantamento do Greenpeace mostra que as áreas desmatadas em Mato Grosso coincidem com as grandes plantações da cultura

Marta Salomon - O Estado de S.Paulo

O aumento do ritmo das motosserras na Amazônia em áreas tradicionais de cultivo de soja em Mato Grosso ameaça a moratória da soja - pacto celebrado em 2006, por meio do qual a indústria de óleos vegetais e os exportadores de soja se comprometeram a não comercializar a soja produzida em áreas de desmatamento na Amazônia.
Os primeiros dados dessa ameaça apareceram nas imagens de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que registraram o aumento do abate de árvores sobretudo em Mato Grosso. Levantamento feito pelo Departamento de Geoprocessamento de Imagens da ONG Greenpeace, a que o Estado teve acesso, mostra coincidência entre as áreas de desmatamento e as grandes plantações de soja na região.
O município de Nova Ubiratã, por exemplo, que registrou 16% dos alertas de desmatamento no bimestre março-abril, detém 240 mil hectares de plantações de soja. Com 14% dos casos de desmatamento registrados, o município de Itanhangá tem 46 mil hectares de soja. A região está na fronteira entre os biomas Cerrado e Amazônia.
Não é possível afirmar que as áreas desmatadas recentemente serão destinadas ao cultivo de soja, até porque os produtores costumam recorrer ao plantio de arroz para preparar o solo para a soja, diz o Greenpeace, que coordena o pacto da soja com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
"Para a moratória sobreviver, a indústria da soja vai ter de dar uma resposta rápida e contundente de que esses produtores que desmataram não conseguirão vender sua produção. Ou a moratória vai para o vinagre", comentou Paulo Adário, diretor do Greenpeace. "Vamos seguir sem comprar de quem desmatou recentemente", adiantou Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove. "A moratória tem nos ajudado muito internacionalmente na comercialização de produtos brasileiros."

Vigia. O monitoramento da moratória da soja conta com uma parceria com o Inpe para detectar a presença de plantio em áreas desflorestadas. Em seguida, sobrevoos nas propriedades confirmam o cultivo de soja.
No terceiro monitoramento, feito na safra de 2009/2010, foram identificados 6,3 mil hectares de plantio de soja em área desmatada. Na ocasião, a Abiove justificou o aumento da área à conjuntura favorável do mercado internacional, que teria estimulado o crescimento do plantio sobre áreas de floresta. A área desmatada na época do último monitoramente correspondeu a 0,25% do desmatamento registrado nos Estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia.
Os indícios de que a expansão das plantações de soja teria contribuído para o aumento do desmatamento já são analisados pelo gabinete de crise criado para combater o aumento do ritmo das motosserras na região. Na próxima semana, responsáveis pela moratória da soja deverão ser convocados em Brasília para ajudar no combate ao desmatamento.


AVIAÇÃO
Passageiro é preso ao ameaçar explodir avião

Um passageiro do voo TAM 3603, que seguia de Porto Seguro para Guarulhos, com escala em Salvador, foi detido ontem à noite por agentes da Polícia Federal no aeroporto internacional da capital baiana depois de ameaçar explodir uma bomba a bordo. O avião, que pousou às 19h em Salvador, foi revistado e nenhum explosivo foi encontrado. A PF não revelou a identidade do passageiro.

21 DE MAIO DE 2011 | 0H 03

Homem é preso na Bahia após ameaçar explodir avião

TIAGO DÉCIMO - Agência Estado

Um passageiro do voo TAM 3603, que seguia de Porto Seguro para Guarulhos, com escala em Salvador, foi detido por agentes da Polícia Federal no Aeroporto Internacional da capital baiana, na noite de hoje, depois de ameaçar explodir uma bomba a bordo.
O voo, que tinha previsão de chegada ao terminal soteropolitano às 18h48, pousou às 19 horas. Como medida de precaução, o avião ficou parado na área de taxiamento das aeronaves. O passageiro que teria feito a ameaça foi retirado por agentes da Polícia Federal do avião.
Ele ainda não foi identificado. Depois, os demais 128 passageiros foram desembarcados e as bagagens, revistadas. Nenhum explosivo foi encontrado e o aeroporto opera normalmente.
Os passageiros que seguiam para São Paulo, porém, ainda aguardam a continuação da viagem. O avião, que deveria decolar às 19h40, continua na área de taxiamento e deve passar por uma vistoria.

20 DE MAIO DE 2011 | 10H 02

Após testes, Anac eleva frequência de manutenção do Embraer 190

REUTERS

SÃO PAULO - A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) alterou normas para a revisão do jato 190 da Embraer depois que testes no modelo encontraram trincas em componentes estruturais.
O jato, um dos mais vendidos pela terceira maior fabricante de aviões do mundo, é usado atualmente por companhias aéreas como Azul e Trip, e a Anac recomendou aos operadores do modelo a reduzir o intervalo de manutenção do avião após testes de fadiga.
Procurada, a fabricante do avião afirmou que "a ação da Anac é uma formalização daquilo que a Embraer informou que irá implementar no plano de manutenção preventiva dos aviões. Não tem impacto algum nas operações (do avião)."
No documento "Diretriz de Aeronavegabilidade, número 2011-05-04", publicado no site da agência, a Anac afirma que "falha em inspecionar estes componentes estruturais (...) pode impedir a detecção, a tempo, das trincas por fadiga. Estas trincas, se não endereçadas de maneira apropriada, podem afetar adversamente a integridade estrutural do avião".
Segundo a Anac, a diretriz não tem caráter emergencial. "É mais uma cautela, as companhias vão ter de diminuir o intervalo da manutenção", afirmou a assessoria de imprensa, sem poder precisar de imediato quando e em que avião do modelo as trincas foram encontradas.
Azul e Trip não puderam comentar o assunto de imediato.
A Anac afirma no documento que a "condição pode ocorrer em outros aviões do mesmo tipo e afeta a segurança de voo". Com isso, a agência determinou prazo de 90 dias a partir de 16 de junho para a inclusão das novas tarefas de inspeção.
 (Por Alberto Alerigi Jr.)





20 DE MAIO DE 2011 | 12H 56

ESTRUTURA DE AERONAVE
Embraer reforça manutenção do E-190 por risco de trinca

EDNA SIMÃO E SILVANA MAUTONE - Agencia Estado

BRASÍLIA E SÃO PAULO - A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou novas normas para a revisão do jato E-190 da Embraer após a própria fabricante ter informado que, após a realização de testes, foi verificado o risco de trincas na estrutura da aeronave.
A Anac informou que é um procedimento padrão os fabricantes revisarem periodicamente suas aeronaves e, pelas regras, caso identifiquem algum problema, devem comunicar à agência reguladora. Após receber esse comunicado, a Anac divulga as informações para que as companhias aéreas se adaptem às novas exigências de revisão.
As companhias brasileiras que utilizam o E-190 são a Azul e a Trip. A Anac informou que a medida não é emergencial, tanto que estabeleceu o prazo de 90 dias para as adoção do novo procedimento, que começa a ser contado a partir de 16 de junho.
Segundo a Embraer, o risco sobre possíveis trincas foi verificado pela própria empresa durante os chamados testes de "estresse", que simulam o uso de aeronaves em situações limite. "O comunicado da Anac é apenas uma formalização de tudo o que a própria Embraer informou que implementará no seu processo de manutenção preventiva", afirmou a Embraer à Agência Estado. A companhia não informou, porém, a partir de quantas horas de voo foram detectados os riscos de trincas na estrutura do avião durante os testes.
O Embraer 190 é o terceiro dos quatro integrantes da família de E-Jets, uma nova geração de aeronaves comerciais. Ele possui capacidade para cerca de 100 assentos. Em 2005 foram feitas as primeiras entregas do modelo para a americana JetBlue e a Air Canada.

20 DE MAIO DE 2011 | 12H 02

Embraer anuncia executivo para Relações Institucionais

EQUIPE AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - A Embraer anunciou hoje a contratação de Jackson Schneider para a vice-presidência de Relações Institucionais da companhia, a partir de 1º de julho de 2011. Schneider foi presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no período de 2007 a 2010 e, nos últimos anos, era vice-presidente da Mercedes-Benz do Brasil.
"Tenho certeza que a contribuição de Jackson Schneider será de grande importância para a Embraer consolidar a posição central da empresa nas cadeias aeroespacial e de defesa e segurança no Brasil, bem como manter a contínua expansão da presença global", declarou em nota Frederico Fleury Curado, diretor-presidente da fabricante de aeronaves.


SÃO PAULO RECLAMA

VERIFIQUE SEUS DADOS ANTES DE FINALIZAR A COMPRA
Passagens da TAM
Em 1.º/5 comprei passagens pelo site da TAM. Após finalizar a compra, identifiquei que uma letra do nome de um dos passageiros foi digitada errada. Entrei em contato com a central e fui informado de que a única opção era cancelar a compra, pagando a taxa administrativa. A atendente do Fale com o Presidente ratificou a informação, apesar de eu ter citado o Código de Defesa do Consumidor (CDC). De acordo com o artigo 49, pode-se desistir da compra feita fora do estabelecimento comercial no prazo de até 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço.

Fábio Coimbra / São Paulo

A TAM, por meio do Fale com o Presidente, entrou em contato por e-mail com o sr. Coimbra para lhe informar que o site pede que o consumidor confira todos os dados do bilhete antes de finalizar a transação e há a opção de cancelamento antes da efetivação da compra. O e-ticket é gerado num sistema que está atrelado à reserva, ao check-in, ao faturamento e ao cartão de crédito. Por questões de segurança, as operações não podem ser revertidas após a compra. A solução é pedir o reembolso, mediante pagamento de uma taxa administrativa calculada de acordo com a tarifa. O direito ao arrependimento previsto no artigo 49 do CDC não se aplica no caso de compra de passagens feitas por internet ou call center, uma vez que o cliente recebe todas as informações necessárias para conferência do bilhete.

O leitor diz: Não há o que fazer. Caso a passagem não seja cancelada, o passageiro não conseguirá embarcar e os valores pagos serão perdidos. Por que a TAM não pode corrigir só o nome, a exemplo do que fazem outras companhias aéreas?

20 DE MAIO DE 2011 | 18H 04

VOO 447
Investigadores darão detalhes sobre acidente com 447 no dia 27
Escritório francês informou que não tem intenção de explicar a queda do avião brasileiro

Reuters

PARIS - Investigadores franceses farão no próximo dia 27 uma atualização da sequência de eventos com o avião da Air France que caiu quando fazia o trajeto Rio-Paris em 2009, informou nesta sexta-feira, 20, o órgão responsável pela investigação de acidentes aéreos da França.
O Escritório de Investigações e Análise para a Aviação Civil (BEA, na sigla em francês) vai fornecer mais informações factuais sobre o voo 447, mas não tem a intenção de explicar o acidente ou interpretar os dados descobertos recentemente após o resgate das caixas-pretas, disse uma porta-voz.
"Serão elementos factuais e descritivos, sem análises", declarou a porta-voz. "Nós daremos as informações que foram confirmadas até agora na cadeia de eventos do voo."
A causa do acidente segue sendo um mistério, mas deve ficar mais clara, já que as caixas-pretas foram retiradas do fundo do mar este mês depois de quase dois anos de buscas, e estão sendo analisadas. O BEA condenou reportagens recentes da mídia sobre a suposta causa do acidente.
A agência disse que os dados das caixas-pretas estão intactos e devem permitir aos investigadores que decifrem o que aconteceu. Um relatório preliminar deve ser divulgado em meados deste ano.
O avião A330 da Airbus caiu no oceano Atlântico perto da costa brasileiro na noite de 31 de maio, matando todas as 228 pessoas a bordo.


INTERNACIONAL
Em reunião com Obama, Bibi volta a rejeitar retorno às fronteiras pré-67

Gustavo Chacra - O Estado de S.Paulo

Recebido ontem na Casa Branca, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin "Bibi" Netanyahu, entrou em rota de colisão com o presidente Barack Obama, que na véspera havia defendido um Estado palestino com base nas fronteiras pré-1967, Netanyahu rejeitou a proposta e disse que o plano tornaria Israel "indefensável". Obama evitou o embate e, diante de jornalistas, nem sequer mencionou os pontos de discórdia.
Pouco após o encontro reservado com o líder americano, Netanyahu afirmou que, para "haver paz", os palestinos precisarão aceitar "algumas realidades". "Embora Israel esteja disposto a fazer concessões generosas, não podemos retornar às linhas de 1967 porque elas são indefensáveis e porque não levam em consideração mudanças demográficas que ocorreram nos últimos 44 anos", disse Netanyahu, sempre evitando a palavra "fronteira".
No dia anterior, o presidente americano havia afirmado em um discurso ao mundo árabe que as fronteiras pré-1967 - que separam Israel da Cisjordânia e Faixa de Gaza - deveriam servir de base para um futuro Estado. O acerto final dependeria ainda de ajustes territoriais mutuamente acordados.
Foi a primeira vez que um presidente americano falou abertamente nesses termos, apesar de Bill Clinton ter usado essas linhas como parâmetros na negociação de Camp David.
Segundo o premiê israelense, "antes de 1967, Israel possuía apenas 9 milhas (cerca de 15 km) de largura. E essas fronteiras não eram da paz, mas de repetidas guerras porque ataques a Israel eram atrativos". Na realidade, apenas no trecho mais estreito da fronteira a largura é a mencionada por Netanyahu. "Estas são linhas indefensáveis, e nós precisaremos ter tropas por longo prazo na Cisjordânia."
No dia anterior, antes do discurso de Obama, Netanyahu telefonou para a secretária de Estado, Hillary Clinton, para que ela convencesse o presidente a eliminar a parte do discurso que mencionava 1967. O presidente ignorou. Além desse ponto, Obama insistiu pela primeira vez que o Estado palestino deveria ser desmilitarizado.
Na sua declaração de ontem, Netanyahu ainda comparou o Hamas à Al-Qaeda e advertiu o presidente palestino, Mahmoud Abbas, a escolher entre negociar a paz "ou manter o pacto com o Hamas". Na terça-feira, o líder israelense discursará no Congresso dos EUA, onde conta com enorme apoio, para delinear a sua proposta de paz.
Obama evitou falar nas fronteiras de 1967 ontem, preferindo sublinhar a amizade entre os dois países. O presidente acrescentou que foi a sétima vez que Netanyahu visitou a Casa Branca. Amanhã, o presidente discursará para os membros da Aipac, mais importante organização pró-Israel dos EUA. A sua nova posição sobre o conflito entre israelenses e palestinos foi criticada por políticos republicanos, como o pré-candidato Mitt Romney.
Steven Cook, do instituto Council on Foreign Relations, disse que a questão das fronteiras "pode ter irritado alguns israelenses e seus simpatizantes nos EUA, mas não altera propostas anteriores para resolver o conflito".


PARA ENTENDER
As razões de Bibi
A posição de Binyamin Netanyahu reflete a retórica da extrema direita israelense, que participa de sua frágil coalizão de governo. Para essa corrente, a retirada dos 300 mil judeus que vivem nos assentamentos da Cisjordânia - cujo crescimento demográfico está diretamente ligado à política de colonização do Estado israelense desde 1967 - é inviável. Além disso, o retorno às fronteiras pré-1967 colocaria em risco a segurança dos israelenses.

As razões de Obama
A proposta de retorno às fronteiras anteriores a 1967 tem como base a Resolução 242 da ONU, aprovada no mesmo ano, e nos acordos entre palestinos e israelenses de 1994 - que admitem a possibilidade de compensação territorial em troca da manutenção de alguns assentamentos.


Otan ataca 3 portos na Líbia e debilita força naval de Kadafi
A aliança atlântica diz ter atingido 8 embarcações de guerra, em uma tentativa de proteger a cidade de Misrata

O Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) informou que ataques aéreos contra três portos da Líbia destruíram oito navios de guerra das forças leais ao ditador Muamar Kadafi entre a noite da quinta-feira e a madrugada de ontem, no maior bombardeio do gênero desde o início da ação da Otan no país.
Segundo a aliança atlântica, os ataques serviram para proteger Misrata, cidade dominada pelos rebeldes que tem sido alvo de repetidas incursões das forças leais ao ditador. Um dos bombardeios atingiu o principal porto da capital do país, Trípoli, onde repórteres conseguiram avistar chamas e fumaça sobre uma embarcação militar. Os outros alvos foram os portos de Khoms e Sirte.
Em Bruxelas, a Otan confirmou os ataques a acusou os militares leais a Kadafi de utilizar seus navios de guerra em uma tentativa de minar o porto de Misrata. O general John Lorimer afirmou que aeronaves britânicas atingiram duas corvetas de combate em Khoms e "alvejaram com sucesso uma instalação onde eram construídos ágeis barcos infláveis que as forças líbias usaram várias vezes em tentativas de minar Misrata e atacar embarcações (rivais) na área".
Segundo o militar, o porto de Khoms é o local que mais concentra as embarcações que têm atacado Misrata, cidade à qual as forças do ditador têm tentado sucessivamente impedir o acesso de barcos de ajuda humanitária. "Dada a escalada no uso de meios navais, a Otan não tem escolha a não ser tomar uma ação decisiva para proteger a população civil da Líbia e as forças da Otan no mar", declarou o contra-almirante Russell Harding, subcomandante da operação da aliança atlântica na Líbia.
A Otan exibiu vídeos de bombardeios contra duas fragatas e instalações portuárias realizados por câmeras de seus caças. A aliança atlântica anunciou ainda que um petroleiro destinado a abastecer os militares que combatem os rebeldes líbios, foi interceptado.

Jornalista morto. A África do Sul acusou Kadafi de fornecer informações falsas sobre a situação do fotógrafo sul-africano Anton Hammerl, desaparecido havia semanas na Líbia. Sua morte foi confirmada por colegas que o acompanhavam no país. Segundo os jornalistas, o repórter fotográfico levou um tiro e foi abandonado para morrer no deserto quando forças do ditador os detiveram. O partido governista da África do Sul afirmou que o país está "desapontado com a desonestidade" de Trípoli, pois o governo líbio havia garantido que Hammerl estaria "vivo e sob custódia".
Repressão na Síria deixa mais 27 mortos
Regime Assad abre fogo contra protestos em pelo menos 7 cidades; garoto de 10 anos teria sido assassinado em Hama

AFP - O Estado de S.Paulo

A repressão do regime de Bashar Assad contra manifestações em pelo menos sete cidades sírias deixou ontem 27 mortos, segundo grupos locais de defesa dos direitos humanos. Ao todo, mais de 850 pessoas teriam morrido em dois meses de protestos contra o ditador da Síria. Os opositores de Assad se aproveitaram da sexta-feira, dia de oração do Islã, para realizar manifestações contra o governo de Damasco. Segundo relatos, tropas do regime sírio novamente abriram fogo contra dissidentes desarmados.
Os piores episódios de violência teriam ocorrido na cidade de Homs (região central da Síria), onde dez manifestantes foram assassinados, incluindo um garoto de 10 anos. Na cidade de Maaret al-Numan, no norte do país, pelo menos 11 opositores teriam morrido. Vídeos amadores colocados ontem no YouTube mostravam manifestantes sírios atacando painéis com as imagens de Bashar Assad e de seu pai, Hafez. Bandeiras do Irã, além da Rússia e da China, eram queimadas por jovens com o rosto coberto por lenços.
Teerã é o principal aliado de Damasco no Oriente Médio, enquanto Moscou e Pequim estariam impedindo a aprovação de condenações internacionais contra a Síria na ONU. Após aprovar ataques em apoio aos dissidentes líbios, o presidente dos EUA, Barack Obama, tem sido cauteloso nas condenações ao regime sírio, evitando se envolver em mais uma crise no Oriente Médio. No entanto, em seu discurso ao mundo árabe, realizado na quinta-feira, o presidente americano pediu que Assad promova reformas democráticas ou "saia do caminho".


URUGUAI
Câmara rejeita anular lei da anistia no Uruguai

Ariel Palacios - O Estado de S.Paulo

A Câmara de Deputados do Uruguai rejeitou ontem a anulação da lei de anistia, que impede julgamento de militares responsáveis por torturas, sequestros e assassinatos de civis durante a ditadura. Depois de 14 horas de debate, a votação acabou em um empate: 49 a 49 votos, resultado que significou sua rejeição automática.
Minutos após a votação, a frustração tomou conta de milhares de pessoas - ativistas de grupos de defesa dos direitos humanos - que estavam do lado de fora do Parlamento. A Frente Ampla, a coalizão de centro-esquerda do governo do presidente José Mujica, tinha maioria - 50 dos 99 deputados - para vencer a votação, mas um parlamentar governista, Victor Semproni, abandonou o plenário provocando o empate e a rejeição do projeto de lei. A iniciativa, que já havia sido rejeitada em dois plebiscitos, foi da autoria de membros da Frente Ampla, mas dividiu o governo. Mujica foi contra a anulação da anistia e disse que o país deveria "olhar para o futuro". "Não podemos transferir às novas gerações de militares as frustrações de nossa geração", disse o presidente na quarta-feira, véspera da votação.


PERU/EQUADOR
Peru propõe menos militares na fronteira com Equador

AE - Agência Estado

O presidente do Peru, Alan García, em visita oficial ao Equador, propôs hoje "reduzir progressivamente a militarização" da fronteira como demonstração da confiança alcançada entre os dois países, que no século passado se enfrentaram em três conflitos por disputas territoriais.
García fez a proposta em um discurso após ser condecorado pelo presidente da Câmara, Fernando Cordero, que afirmou que o reconhecimento dos limites marítimos entre Equador e Peru "torna desnecessária" a presença equatoriana no Tribunal de Haia, onde há uma disputa marítima entre Peru e Chile. O presidente peruano recebeu a condecoração Eloy Alfaro, a mais alta outorgada pela legislatura equatoriana. As informações são da Associated Press.

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