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sexta-feira, 27 de maio de 2011

27 de maio de 2011 - ESTADO DE MINAS


PRIMEIRA PÁGINA
Trabalhador tem renda engolida pela inflação

IBGE aponta pequena queda na taxa de desemprego, de 6,5% em março para 6,4% no mês seguinte, o melhor desempenho para abril desde 2002. Mas o rendimento médio real caiu de R$ 1.568 para R$ 1.540 no mesmo período, devido à elevação do IPCA.


CUSTO DE VIDA
Inflação corrói salários
Renda média do trabalhador cai de R$ 1.568,41 em março para R$ 1.540 em abril. Com desemprego estável, IBGE diz que alta de preços derruba vencimento dos assalariados

Victor Martins, Mariana Mainenti e Fábio Monteiro

Brasília – O dragão da inflação já está engolindo a renda do trabalhador. Realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) mostrou que a taxa de desemprego manteve-se praticamente estável, passando de 6,5% em março para 6,4% no mês seguinte. É o melhor desempenho para um  abril desde 2002. No entanto, o rendimento médio real do trabalhador (descontada a alta dos preços) caiu 1,8%. O brasileiro empregado, que em média tinha disponíveis R$ 1.568,41 para as despesas mensais em março teve de se virar com menos, R$ 1.540, em abril.
Com isso, a massa de rendimento real efetivo no Brasil, que é a soma dos ganhos de todos os trabalhadores, também encolheu – 1,7% – para R$ 34,7 bilhões. Isso significa menos dinheiro disponível no país, seja para comprar, seja para poupar. Não à toa, as classes menos favorecidas, C, D e E, já estão retirando produtos básicos dos carrinhos de supermercados. A inflação acumulada em 12 meses pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 6,51%, ultrapassando a meta estipulada pelo governo para o ano, de 6,5%. “A queda no rendimento do trabalhador em abril é efeito da inflação”, observou a analista do IBGE Adriana Belinguy.
A redução mais evidente nos salários ocorreu entre trabalhadores do setor imobiliário. O tombo chegou a 4,8% em abril e a 2% no ano. Em Recife (PE), a queda foi maior que no restante do país, 4,1% na comparação mensal. Para analistas, esse freio mostra, pela primeira vez e de forma concreta, que as medidas macroprudenciais e o aperto na taxa básica de juros (Selic) surtiram efeito: a economia entrou em rota de desaceleração.
Na visão de Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco, os dados do mercado de trabalho são compatíveis com a projeção da instituição de que a taxa de desemprego ficará em 6,4% em 2011 e o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do pais) em 3,8%. “A forte desaceleração verificada nos rendimentos reais sugere que nos próximos meses o mercado de trabalho seguirá em movimento de moderação, reforçando nossa expectativa de arrefecimento no crescimento da economia no restante deste ano”, argumentou o economista.
Apenas duas regiões pesquisadas pelo IBGE escaparam dessa piora no rendimento dos trabalhadores. Em Salvador (BA) esses ganhos cresceram 3% e em Porto Alegre (RS), 0,6%, locais onde os salários ficaram em R$ 1.240,90 e R$ 1.536,80 respectivamente. Entre os setores da economia, o que mais obteve perda nos rendimentos foi o segmento de serviços prestados à empresas, aluguéis, atividades imobiliárias e financeira. Apenas em abril, o ganho desses trabalhadores derreteu 4,8%. No ano, a queda foi de 2%.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, porém, rebateu todas as avaliações dos especialistas e os dados do IBGE. Para ele, não existe desaceleração. “Eu já disse e reitero contra o mercado, no segundo semestre a inflação vai cair e o nível de emprego vai subir”, afirmou o ministro. "Vamos fechar o ano com 3 milhões de empregos e os dados em 2012 vão surpreender para melhor a todos, mas não a mim”, disse.


HOMOFOBIA
Kit só com aval e sem propaganda
Após vetar vídeos de combate à homofobia, Dilma diz rejeitar intromissão do governo em opções sexuais e na vida privada

Leandro Kleber e Ivan Iunes

Brasília – Em meio à tempestade de críticas em torno do material anti-homofóbico que seria destinado a 6 mil escolas públicas onde foram registrados casos de preconceito, o ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou ontem que todos os vídeos do programa Brasil sem Homofobia poderão ser “integralmente” refeitos. Depois da determinação da presidente Dilma Rousseff de suspender a produção e a distribuição do material, o governo decidiu criar uma comissão especial na Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) responsável por dar a palavra final sobre temas relacionados a comportamento.
Dilma confirmou ontem o veto e afirmou que o governo continua a defender a educação e a luta contra práticas homofóbicas, mas que nenhum ministério vai fazer “propaganda de opções sexuais”. “Vi um pedaço na televisão, passado por vocês (imprensa), e não concordo (…). De nenhuma forma podemos interferir na vida privada das pessoas. Agora, o governo pode, sim, fazer uma educação de que é necessário respeitar as diferenças”, argumentou.
Haddad negou que as bancadas religiosas do Congresso tenham usado o caso como moeda de troca política com o Planalto, apesar das ameaças públicas feitas pelos líderes religiosos de obstruir a pauta no Congresso e de criar CPIs para investigar atos do governo. “A presidente Dilma entendeu que o material não foi desenhado para aquilo que ele pretende: combater a homofobia, a violência, a humilhação na escola e até a violência física”, disse.
Defesa de Palocci O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, aproveitou o almoço de ontem da bancada de senadores petistas com a presidente Dilma para negar denúncias em torno da evolução de seu patrimônio, que teria sido multiplicado por 20 entre 2006 e 2010, período em que atuava como consultor. A própria presidente saiu pela primeira vez em público para defender o ministro.
Dilma disse que Palocci "está dando todas as explicações necessárias para os órgãos de controle" e que o tema não deve ser politizado pela oposição. "Como foi o caso, lastimável, do que ocorreu ontem com a questão da devolução dos impostos da empresa WTorre”, disse. Anteontem, parlamentares do PSDB divulgaram a restituição de Imposto de Renda, que consideraram em tempo recorde creditado à influência de Palocci, de R$ 9,1 milhões à WTorre. A denúncia foi feita pelo deputado federal Fernando Francischinni (PSDB-PR). A Receita alega que a devolução resultou de decisão judicial.


MATA ATLÂNTICA
Minas lidera o desmate
Atlas divulgado por fundação e INPE revela que estado derrubou mais de 12 mil hectares de florestas nativas nos últimos três anos, para produzir carvão vegetal e plantar eucalipto

Ana Clara Brant

No Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado hoje, Minas Gerais ganha mais uma vez o título de campeão no ranking de desflorestamento do bioma mais rico em biodiversidade do Planeta. Pelo menos é o que se constata no Atlas da Mata Atlântica, divulgado ontem pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os dados se referem ao período de 2008 a 2010 e mostram que, neste período, Minas perdeu 12.467 hectares de floresta nativa. Isso equivale a 124,67 quilômetros quadrados ou a 12 mil campos de futebol ou a quase metade da área de Belo Horizonte.
As principais causas da devastação são a expansão do reflorestamento de eucalipto e da produção de carvão vegetal para siderurgia. “Boa parte dos municípios que mais devastaram no país estão no Norte do estado. Há momentos em que a exploração carvoeira explode, depois temos um aumento da produção do papel. Depende muito do momento econômico que Minas vive, mas há um desmatamento acentuado que faz com que o estado sempre esteja no pódio entre os que mais perderam área de mata atlântica”, explica Flavio Ponzoni, pesquisador e coordenador do Atlas pelo INPE.
Dos cincos municípios que mais perderam cobertura florestal nativa de 2008 a 2009, quatro estão em território mineiro. Os dois primeiros, Ponto dos Volantes e Jequitinhonha, ambos no Jequitinhonha, perderam 3.244 e 2.786 hectares, respectivamente. Em terceiro está Pedra Azul, no Jequitinhonha, que desflorestou 676 hectares, e em quinto aparece Águas Vermelhas, no Vale do Mucuri, que perdeu 525 hectares.
De acordo com Mário Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, os desmatamentos desses municípios se concentraram nos limites da mata atlântica com o cerrado e a caatinga, especialmente nas matas secas, e mostram como o estado vive situações contraditórias. “Ao mesmo tempo em que tem o pior dos mundos no Jequitinhonha e no Norte de Minas, também tem um belo exemplo como a Plantar, empresa que tem até um programa de crédito de carbono. Minas vai do ceú ao inferno, na questão de desflorestamento”, avalia.
Em nota, o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) explicou que Minas é o estado com maior área remanescente de mata atlântica do país e que houve uma redução no percentual de área desmatada no estado, que passou que 4,27% no período 1995/2000 para 0,47% no último levantamento. Acrescenta que o número de municípios mineiros que desmataram o bioma caiu de 405 para 159.

REDUÇÃO
Os dados apresentados pelo relatório, que analisou 16 dos 17 estados que concentram áreas de mata atlântica, revelam que o bioma perdeu 311,95 quilômetros quadrados, ou 31.195 hectares de cobertura, em três anos. Desse total, 30.944 hectares correspondem a desflorestamentos, 234 a supressão de vegetação de restinga e 17 a supressão de vegetação de mangue.
A diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, lembra que comparando com o último Atlas, divulgado em 2008, houve uma queda de 55% na taxa média de desflorestamento. Essa redução foi acompanhada em todos os estados, inclusive em Minas, onde a taxa média anual caiu 43%. Minas tinha originalmente 46% do seu território cobertos pela mata atlântica e agora restam apenas 10,04% (2.733.926 hectares).
“Vários motivos explicam a queda, como a Lei da Mata Atlântica, de 2006, que definiu o uso e a exploração do bioma, um maior monitoramento, a fiscalização por parte do poder público e a própria vigilância da sociedade. Isso sem falar no papel de cerca de 300 ONGs que trabalham em prol da mata. Porém, mais do que nunca, é necessário estabelecer políticas que preservem o que ainda temos de vegetação nativa”, destaca.
Hirota lembra que com a aprovação das alterações do Código Florestal a fundação vai manter o compromisso de monitoramento e só posteriormente é que será possível analisar os impactos da nova legislação. Entretanto, Mário Mantovani salientou que o código gera preocupação, já que, em alguns pontos, o texto flexibiliza o uso da terra. “As alterações no Código Florestal só pioram a situação já dramática da mata atlântica”, frisou.

RANKING

Estado - Hectares

1º MG - 12.467

2º BA - 7.725

3º SC - 3.701
4º PR - 3.248

5º RS - 1.864

Cidades/Hectares

1º Ponto dos Volantes (MG)
3.244

2º Jequitinhonha (MG)
2.786

3º Pedra Azul (MG)
676

4º Andaraí (BA)
634

5ºÁguas Vermelhas (MG)
525
Fonte: SOS Mata Atlântica


MOTORISTAS E PEDESTRES
BHTrans começa em julho campanha educativa

A BHTrans vai, finalmente, atender aos apelos de boa parte da população, para que vá além da sistemática aplicação de multas aos infratores das leis do trânsito (atividade da qual foi afastada por decisão judicial) e assuma papel de orientadora de pedestres e motoristas. A empresa se prepara para lançar, em julho, uma campanha educativa que, a bem da verdade, já vem com muito atraso. Ainda mantida sob reserva, a campanha vai começar pelo Bairro de Lourdes, para depois se estender a outras áreas da cidade, como revela reportagem de hoje do Estado de Minas. A escolha de Lourdes, que é um movimentado corredor entre vários bairros da Região Centro-Sul, se deve em boa parte ao nível de organização e envolvimento da associação dos moradores, que vai dividir com a BHTrans a distribuição de panfletos informativos. Em seguida, serão colocadas, em pontos-chave do bairro, placas e faixas com regionalização de um dos temas centrais da campanha: “No Bairro de Lourdes, o motorista respeita o pedestre”.
Já não era sem tempo. Estatísticas recentes retratam a verdadeira guerra entre motoristas e pedestres que diariamente toma conta de ruas e avenidas de Belo Horizonte. Só este ano, até o fim de abril, ocorreram 914 atropelamentos na cidade, o que resulta na assustadora média de 7,6 casos desse tipo por dia. E o problema só aumenta. Essa taxa já é superior à média do ano passado, que foi de 7,2 atropelamentos diários. Em Nova York, para citar um centro urbano mais desenvolvido, a média de atropelamentos não passa de quatro por dia. Ou seja, a de Belo Horizonte é 75% mais alta.
De fato, não é preciso ser especialista para constatar a falta de uma cultura de convivência no trânsito em Belo Horizonte. É comum observar carros avançando o sinal, mesmo quando há pedestres atravessando a faixa. E, diferentemente do que ocorre em cidades da Europa e até em Buenos Aires, na vizinha Argentina, aqui o motorista tem certeza de que a rua é dele e, não havendo semáforo, que cabe ao pedestre aguardar uma folga entre os carros para atravessar. Até mesmo em Brasília já funciona há anos a convenção de que, havendo uma faixa e um pedestre sinalizando que pretende atravessar, os motoristas não aceleram para passar primeiro. Esperam que o último pedestre daquele grupo de pessoas tenha atravessado. Esse confronto permanente acabou incutindo no pedestre de BH o costume de correr, mesmo sendo dele o direito de passar naturalmente. Por isso, quem viaja percebe logo a procedência brasileira de pedestres apressados, ante motoristas que já têm a prática do respeito ao mais fraco.
Mas não é justo culpar apenas o motorista. BH é também a cidade em que o pedestre, especialmente nas áreas mais movimentadas, como o Hipercentro, Savassi e Lourdes, ora atravessa fingindo desconhecer o tráfego ou não ter visto o sinal, ora anda fora dos passeios. Também é certo que a sinalização é deficiente e os tempos de duração dos semáforos privilegiam demais os carros. Como se vê, uma campanha é pouco. Ela deveria ser o início de uma cruzada em favor da civilidade e da educação no trânsito. Todos temos muito a aprender.

POLITICA
Kit só com aval e sem propaganda
Após vetar vídeos de combate à homofobia, Dilma diz rejeitar intromissão do governo em opções sexuais e na vida privada

Leandro Kleber e Ivan Iunes

Brasília – Em meio à tempestade de críticas em torno do material anti-homofóbico que seria destinado a 6 mil escolas públicas onde foram registrados casos de preconceito, o ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou ontem que todos os vídeos do programa Brasil sem Homofobia poderão ser “integralmente” refeitos. Depois da determinação da presidente Dilma Rousseff de suspender a produção e a distribuição do material, o governo decidiu criar uma comissão especial na Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) responsável por dar a palavra final sobre temas relacionados a comportamento.
Dilma confirmou ontem o veto e afirmou que o governo continua a defender a educação e a luta contra práticas homofóbicas, mas que nenhum ministério vai fazer “propaganda de opções sexuais”. “Vi um pedaço na televisão, passado por vocês (imprensa), e não concordo (…). De nenhuma forma podemos interferir na vida privada das pessoas. Agora, o governo pode, sim, fazer uma educação de que é necessário respeitar as diferenças”, argumentou.
Haddad negou que as bancadas religiosas do Congresso tenham usado o caso como moeda de troca política com o Planalto, apesar das ameaças públicas feitas pelos líderes religiosos de obstruir a pauta no Congresso e de criar CPIs para investigar atos do governo. “A presidente Dilma entendeu que o material não foi desenhado para aquilo que ele pretende: combater a homofobia, a violência, a humilhação na escola e até a violência física”, disse.
Defesa de Palocci O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, aproveitou o almoço de ontem da bancada de senadores petistas com a presidente Dilma para negar denúncias em torno da evolução de seu patrimônio, que teria sido multiplicado por 20 entre 2006 e 2010, período em que atuava como consultor. A própria presidente saiu pela primeira vez em público para defender o ministro.
Dilma disse que Palocci "está dando todas as explicações necessárias para os órgãos de controle" e que o tema não deve ser politizado pela oposição. "Como foi o caso, lastimável, do que ocorreu ontem com a questão da devolução dos impostos da empresa WTorre”, disse. Anteontem, parlamentares do PSDB divulgaram a restituição de Imposto de Renda, que consideraram em tempo recorde creditado à influência de Palocci, de R$ 9,1 milhões à WTorre. A denúncia foi feita pelo deputado federal Fernando Francischinni (PSDB-PR). A Receita alega que a devolução resultou de decisão judicial.


Cidades correm para abrir contas
Um terço das prefeituras ainda não lançou dados na internet. Prazo vence hoje, e atraso pode barrar recebimento de verbas

Marcelo da Fonseca

Para não ficarem impedidos de receber recursos federais, responder por improbidade administrativas ou até perder as funções políticas, prefeitos de cidades com população entre 50 mil e 100 mil habitantes correm contra o tempo para colocar na internet os portais de transparência das prefeituras, apresentando as informações sobre a execução orçamentária e financeira dos municípios. O prazo final, determinado pela Lei Complementar 131/2009, termina hoje e, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), pelo menos 79 prefeituras não conseguirão cumprir a lei. O número representa 24,3% do total de cidades que se enquadram naquela faixa populacional. Somadas às que não informaram se cumprirão o prazo, mas ainda não tinham o site até ontem, o número chega a 104 cidades, ou 32% do total. Em Minas, nove municípios (24,6%) confirmaram que não vão cumprir o prazo de acerto de contas e três (9,6%) não responderam.
As cidades que não cumprirem com a obrigação prevista na Lei da Transparência podem deixar de receber recursos de transferências voluntárias, e os prefeitos correm o risco de ser enquadrados na Lei de Improbidade Administrativa, com a perda da função pública e suspensão dos direitos políticos por um período de três a cinco anos. A prefeitura também fica impedida de receber benefícios ou incentivos fiscais pelo prazo de até três anos. Apesar de considerar o número de inadinplentes alto, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, aponta a melhoria nas estatística e na busca pela transparência das administrações municipais.
Pena pesada “Vejo uma mudança positiva por parte dos prefeitos para conseguir apresentar suas realidades financeiras. Além de facilitar o acesso dos eleitores às contas públicas, os prefeitos sabem que podem ser punidos caso não cumpram essas medidas.”, comentou. Entretanto, ele considera que as penas para os inadimplentes são muito severas. “São punições excessivas, que não levam em conta a dificuldade de muitos municípios para superar deficiências. Temos regiões em Minas com internet de péssima qualidade ou até sem internet, mas essas dificuldades não são discutidas”, reclamou Ziulkoski. Ele criticou a falta de apoio da União para que os sites fossem criados.
Em Campo Belo, município da Região Centro-Oeste do estado, a expectativa é de que o site da transparência municipal seja colocado no ar hoje. Segundo o secretário Municipal de Contabilidade, Antônio Benedito da Silva, mesmo que no último minuto, as contas deverão ser apresentadas. Contratamos a empresa para realizar esse serviço no ano passado e amanhã (hoje) a população poderá conferir detalhadamente as contas da cidade”, prometeu. O prefeito de Pará de Minas, José Porfírio (PR), também garantiu que vai cumprir a legislação. “Nossa prestação de contas está disponível para qualquer cidadão na porta da prefeitura, com todas as informações sobre os gastos e rendas que tivemos durante a gestão. Mas já entrei em contato com a empresa responsável e vamos colocar no site rapidamente”, afirmou. Os municípios com até 50 mil habitantes terão até maio de 2013 para se adequar à Lei da Transparência.


Vereador terá de explicar abuso nos gastos
Promotoria de Defesa do Patrimônio Público decide acionar individualmente os 41 parlamentares por uso indevido da verba indenizatória, que soma R$ 7,3 mi por ano

Leonardo Augusto

Vereadores de Belo Horizonte responderão individualmente a ação por uso irregular de verba indenizatória e poderão ser obrigados a devolver o dinheiro aos cofres públicos. Depois de fracassar na Justiça, ao tentar suspender o pagamento do benefício, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público alterou a estratégia e decidiu entrar com representação contra cada um dos 41 vereadores que recebem pela regalia R$ 15 mil por mês ou, ainda, R$ 7,3 milhões por ano, na soma global. Quem não conseguir se explicar, além de devolver o dinheiro, poderá ser condenado por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito.
A investigação, que corre na 2ª Vara de Fazenda Pública Municipal, teve início há pouco mais de dois anos. A defesa da Câmara, ainda em torno do pedido de suspensão do pagamento do benefício, completou um ano ontem. Até o momento, 10 vereadores já tiveram a citação para apresentação de defesa incluída no processo. Entre os envolvidos, seis viraram deputados estaduais e um conseguiu vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2010.
A verba indenizatória é paga contra apresentação de notas fiscais. Os recursos podem ser usados, por exemplo, com alimentação, combustível, aluguel e manutenção de veículos, compra de material de escritório e gráfico. O que a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público investiga é o abuso e a possibilidade de apresentação de notas frias para desvio de recursos.
O vereador Hugo Thomé (PMN) é um dos que terão que encontrar um bom argumento para não ser condenado. Em levantamento feito pelo Ministério Público entre janeiro e abril de 2009, o parlamentar gastou R$ 6,9 mil da verba indenizatória para retificar o motor, do mesmo veículo, de placa HGG-5151, duas vezes, em um intervalo de 33 dias.
Autair Gomes (PSC) e Chambarelle (PRB) também já podem escolher os advogados. Ambos gastaram, respectivamente, R$ 25,5 mil e R$ 43 mil, nos quatro meses, com serviços gráficos. No mesmo período, outro vereador, Arnaldo Godoy (PT), usou com os mesmos serviços R$ 680.
Para Henrique Braga (PSDB), a melhor explicação talvez seja impossível de encontrar. No primeiro quadrimestre de 2009, o parlamentar gastou R$ 21.968,46 com combustível. A preços da época, conforme levantamento da promotoria, o valor seria suficiente para comprar 80 litros de gasolina por dia, o suficiente para uma viagem de ida e volta de Belo Horizonte a Brasília, a cada dia – incluindo sábados, domingos, feriados, além de períodos recesso parlamentar –, total de 1,4 mil quilômetros.
O argumento do vereador Gunda (PSL) é outro que deverá ser ouvido com as mãos no queixo pelos promotores do MP. Entre fevereiro e abril de 2009, o parlamentar foi a uma churrascaria a rodízio 17 vezes. Gastou R$ 7.369,20. Fome excessiva? Nada disso, o parlamentar, em todos os almoços e jantares, pagou a conta de quatro, no mínimo, e 11, no máximo, pessoas que o acompanharam nas jornadas a picanhas, alcatras e ao bolso do contribuinte. Conforme inimigos políticos do vereador, o grupo que acompanhava o parlamentar era formado por cabos eleitorais. Gunda, portanto, além de fortalecer os aliados com muita proteína, ao mesmo tempo mantinha firme o chamado “trabalho nas bases”, que na prática quer dizer caça a votos. A reportagem tentou contato durante todo o dia com o presidente da Câmara, Léo Burguês (PSDB), sem obter retorno.

FRACASSO
A tentativa da Promotoria do Patrimônio Público de suspender a verba indenizatória não surtiu efeito porque, na defesa, a Procuradoria da Câmara alegou que a ação colocaria do mesmo lado vereadores que usaram corretamente e os que gastaram irregularmente a verba indenizatória. Os promotores chegaram a recorrer ao perder a ação em primeira instância, mas foram derrotados novamente, fracasso que os obrigou a adotar a estratégia de acionar individualmente cada vereador.


Preço da gasolina é criticado

INFLAÇÃO

São Paulo – O setor sucroenergético é refém do preço da gasolina, que está sendo estabilizado artificialmente pelo governo, disse ontem o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, durante o seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2011 e 2012, organizado pela BM&FBovespa. Segundo ele, diante da ação de políticas públicas para manutenção do preço da gasolina estabilizado desde 2005, novos investimentos em etanol ficam dependendo do que vai acontecer com a gasolina. “Hoje o preço da gasolina no Brasil está mais baixo do que o praticado no mercado mundial”, disse o executivo. Jank ressalta que o teto do preço do etanol sempre vai ser o preço da gasolina, impedindo a expansão da produção e do consumo porque, quando o preço do etanol atinge o da gasolina, os consumidores migram para o combustível fóssil.
O presidente da Unica lembra também que a expansão do etanol enfrenta obstáculos no ICMS diferenciado nos vários estados brasileiros. “No Estado de São Paulo, o ICMS de 12% permite que o produto seja competitivo em relação à gasolina, o que não ocorre na maioria do estados onde o ICMS incidente sobre o etanol é de 25%”, disse. “Se de fato o etanol é prioridade para o atual governo, a questão tributária tem que ser alterada, com diferentes ICMS para etanol e gasolina, com incentivos de IPI para as montadoras investirem em motores flex mais avançados” disse.
 O executivo disse que os preços do etanol oscilaram no ano cerca de 13% (consideradas mínima e máxima) e são considerados altos pelos consumidores, que reclamam da grande variação de preços em relação à gasolina, que é de apenas 2%. Jank lembra que, no mesmo período, a volatilidade dos preços de petróleo foi de 27%.


RECUPERAÇÃO
Petrobras e Vale puxam Bovespa

Papéis das empresas contribuem para 3º pregão com ganhos

Depois de exibir volatilidade de manhã, a Bovespa engatou a primeira marcha à tarde e retomou os 64 mil pontos. A melhora das bolsas norte-americanas abriu espaço para um desempenho doméstico mais firme, em que as blue chips e os bancos tiveram papel de destaque. O Ibovespa terminou o dia em alta de 1,12%, aos 64.098,57 pontos, maior nível desde 10 de maio. Foi o terceiro pregão seguido com ganho, período no qual subiu 2,81%. No mês, entretanto, tem queda acumulada de 3,07% e, no ano, de 7,51%. O giro financeiro totalizou R$ 6,910 bilhões.
O dia teve noticiário morno e, apesar de indicadores frágeis nos EUA, os investidores ousaram assumir um pouco mais de posições compradas, sobretudo em blue chips e bancos. As ações ordinárias da Petrobras fecharam com valorização de 1,04%, e as PN, de 1,26%, em dia de queda do petróleo. Na Nymex, o contrato para junho recuou 1,08%, a US$ 100,23 o barril. Vale ON terminou com variação positiva de 1,56% e a PNA, de 1,66%, em dia de queda majoritária dos metais. No segmento financeiro, Bradesco PN ganhou 2,92%, Itaú Unibanco PN, 3,22%, BB ON, 3,12%, e Santander Unit, 2,23%.
Uma das razões para a boa performance desses papéis, segundo alguns profissionais, pode ser encontrada nos dados do IBGE, que mostraram queda da taxa de desemprego para 6,4% em abril, a menor para esse mês desde 2002. A melhora da bolsa doméstica teve uma contribuição do mercado norte-americano, onde os investidores reavaliaram os dados ruins conhecidos pela manhã e fizeram algumas compras. O Dow Jones terminou com valorização de 0,07%, aos 12.402,76 pontos, o S&P subiu 0,40%, aos 1.325,69 pontos, e o Nasdaq ganhou 0,78%, aos 2.782,92 pontos. A primeira revisão do PIB norte-americano repetiu o número inicial, de 1,8% de alta no primeiro trimestre. Os economistas, no entanto, esperavam elevação para 2,2%.
O dólar no balcão fechou cotado a R$ 1,6160 (-0,74%), logo após atingir o piso do dia, de R$ 1,6150 (-0,80%). A máxima, pela manhã, foi de R$ 1,6250 (-0,18%). Na BM&F, o dólar pronto encerrou com perda de 0,72%, a R$ 1,6162, na mínima.

TAM EMITE BÔNUS
A TAM confirmou ontem, em comunicado ao mercado, que sua subsidiária, a TAM Capital 3 Inc, fará uma emissão de U$ 500 milhões em bônus garantidos (Senior Guaranteed Notes), com vencimento em 2021. Os Bonds pagarão cupons semestralmente a uma taxa de 8,375% ao ano. A TAM e a sua subsidiária, TAM Linhas Aéreas S.A., prestarão garantia de todas as obrigações da TAM Capital 3, no âmbito de referida emissão. De acordo com o comunicado, os recursos obtidos com os Bonds serão destinados ao pagamento de dívidas vincendas, pré-pagamento de aeronaves e propósitos gerais corporativos.
Também ontem, o presidente da TAM Holding, Marco Antonio Bologna, disse estar confiante na aprovação da fusão com a chilena LAN. "Continuaremos empenhando todos os nossos esforços na criação da Latam", afirmou, por meio de comunicado. Bologna aventa a possibilidade de a TAM buscar uma nova parceria no caso de a fusão com a LAN ser negada. "Na hipótese – improvável, na nossa opinião – de a LAN vir a ser impedida de levar adiante a fusão, continuaremos fiéis à nossa visão e buscando essa consolidação do setor aéreo – que é, como disse, inexorável".


NACIONAL
Preso acusado da Chacina de Unaí
William Gomes seria um dos pistoleiros que assassinaram, há 7 anos, três auditores do Trabalho e um servidor federal

Maria Clara Prates

Suspeito de ser um dos pistoleiro que executaram três auditores do Trabalho e um servidor federal, em 2004, no crime conhecido como Chacina de Unaí, no Noroeste de Minas, William Gomes de Miranda foi recapturado em Mato Grosso. Ele estava solto desde fevereiro, por um erro da Justiça da comarca de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, que determinou sua soltura, apesar da prisão preventiva decretada pela Justiça Federal. Desde que tomou conhecimento da libertação de Miranda, o Ministério Público Federal (MPF) adotou uma série de medidas para localizá-lo e pediu ajuda à Polícia Federal de Mato Grosso, para onde ele teria ido. O pistoleiro foi preso quando chegava à cidade de Primavera do Leste, a 231 quilômetros de Cuiabá. Ele usava documentos falsos e só foi identificado a partir de uma foto enviada à polícia pelo MPF.
Agora, a Procuradoria da República em Minas vai apurar também as responsabilidade pela soltura de Miranda. Segundo o processo, a libertação de um dos oito réus do processo sobre a chacina ocorreu sem qualquer comunicação prévia aos procuradores que acompanham o caso ou ao juiz da 9ª Vara da Justiça Federal, que o preside. Os crimes, de acordo com as investigações, teriam sido encomendados pelo prefeito de Unaí, Antério Mânica, e por seu irmão Norberto Mânica, um dos maiores produtores de feijão do país, com o intuito de impedir as frequentes fiscalizações e multas trabalhistas das quais eram alvos. Os servidores do Ministério do Trabalho foram tocaiados em uma estrada vicinal e metralhados por William, Rogério Alan Rocha Rios e Erinaldo Vasconcelos Silva, conforme a denúncia.

OUSADIA
Demonstrando a mesma ousadia que teve ao participar da chacina, William, ao deixar o presídio, retornou ao local do crime. Ele foi visto em Unaí, de onde teria saído para ir até Paranatinga (MT), com o objeto de chegar a Cuiabá. Os planos de William, entretanto, foram frustrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que localizou seu ônibus, a partir de dados levantados pelo MPF. Segunda-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o desmembramento do processo para que fosse imediatamente julgado Rogério Alan, que está preso desde 2004. A determinação é do ministro Jorge Mussi, que atribuiu a demora à complexidade do caso, que envolve vários acusados e uma grande quantidade de recursos interpostos pelos advogados de defesa. Alguns dos recursos da defesa ainda serão analisados pelo Supremo Tribunal Federal, apesar de todos terem sido negados pelo STJ. Assim, ainda é difícil prever quando será a sessão do júri.

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