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terça-feira, 24 de maio de 2011

24 de maio de 2011 - VALOR ECONÔMICO


GOLPE MILITAR
Em busca da verdade

AP
Integrantes de uma equipe internacional de médicos legistas exumaram ontem o corpo do presidente Salvador Allende (1908-1973). Quase 38 anos após o presidente socialista ter morrido durante um golpe militar, o seu corpo será submetido a exames numa tentativa de se determinar se ele cometeu suicídio ou foi morto por soldados durante o ataque liderado pelo general Augusto Pinochet ao palácio presidencial. O juiz encarregado do caso disse que espera ter os resultados da análise até o fim deste ano ou começo de 2012. "Nossa convicção é que o presidente Allende decidiu morrer num ato de solidariedade política para defender o mandato que lhe foi concedido pelo povo", disse a senadora Isabel Allende (filha do presidente e prima em segundo grau da escritora de mesmo nome).


EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
Começa nova corrida ao óleo na Amazônia

Claudia Schüffner e Daniela Chiaretti | Do Rio e de São Paulo

Vinte e cinco anos depois de a Petrobras ter iniciado sua operação na bacia do rio Solimões, no Amazonas, começa uma nova corrida para exploração de petróleo no Estado. A empresa privada HRT Oil & Gas iniciou há um mês a perfuração de seu primeiro poço perto de Tefé. A companhia é operadora de 21 blocos no Amazonas, numa área de 48.485 km2, duas vezes maior que a da Petrobras na região e equivalente a duas Dinamarcas.
A Petrobras explora oito áreas nas bacias do Solimões e Amazonas, onde já perfurou dez poços. Até 2015, a HRT planeja ter 130 poços. "A região tem o melhor petróleo do Brasil", diz o presidente da empresa, Marcio Mello, que saiu da Petrobras nos anos 90. Os investimentos da HRT e de sua sócia Petra Energia estão orçados em US$ 3,5 bilhões até 2014.
Antecipando-se às questões ambientais, Mello contratou como gerente-geral em Manaus o advogado Graco Fregapani, ex-presidente do Ipaam, o órgão ambiental do Estado, que concedeu o licenciamento prévio à HRT. "Acho isso normal", diz a secretária estadual do Meio Ambiente, Nádia Ferreira, observando que a licença é apenas para pesquisa.
A operação da HRT é o início da uma saga logística. Se encontrar petróleo e gás - Mello prevê que o óleo "vai jorrar" em julho -, terá de levá-los do meio da floresta até os centros consumidores. O desafio ambiental é igualmente grande. Cada poço exigirá desmatamento apenas de uma área igual à de um campo de futebol, lembra Mello. "O que devasta a Amazônia é a soja, o gado. No nosso setor, o que a gente leva tem que trazer de volta, de helicóptero. Todos os resíduos serão incinerados".
Nádia Ferreira rejeita a ideia de que o Amazonas é um "santuário" e apoia a exploração sustentável dos recursos minerais. Mello é enfático: "Enquanto alguns ficam preocupados com árvores, existem 30 milhões morrendo com malária, tifo, leishmaniose e dengue. Está morrendo gente e agora vai se preocupar que o cara corte uma arvorezinha?"


Exploração privada lidera nova corrida ao petróleo na Amazônia

Claudia Schüffner e Daniela Chiaretti | Do Rio e de São Paulo

Recomeçou a temporada de caça ao petróleo na Amazônia. Vinte e cinco anos depois de a Petrobras ter iniciado sua operação na bacia do rio Solimões, no Estado do Amazonas, é a vez de uma empresa privada, a HRT Oil & Gas, procurar petróleo sob a floresta. Trata-se de uma operação ambiciosa, iniciada há um mês com a perfuração do primeiro poço perto de Tefé. A HRT é operadora de 21 blocos no Amazonas - ou 48.485 km2, concessão duas vezes maior que a da Petrobras em fase de exploração, já que a estatal já produz no complexo de Araras, onde está o campo de Urucu. A da HRT é uma área equivalente a duas Dinamarcas.
Para se ter ideia do tamanho da empreitada, a pioneira Petrobras tem direito de explorar oito concessões ali, sendo três blocos na bacia do Amazonas em sociedade com a Petrogal Brasil (subsidiária da portuguesa Galp), e cinco na bacia do Solimões, onde há duas áreas em fase de pré-produção, Japiim e Azulão. Entre 2001 e 2009 a estatal perfurou 10 poços na área e agora tem cinco sondas de perfuração. Até o início de 2015 a HRT planeja perfurar 130 poços no Estado. "Vou ser do tamanho de uma Petrobras na Amazônia, prefiro não dizer que serei maior", pontua Marcio Mello, presidente da HRT e que saiu da estatal nos anos 90. A região tem "o melhor petróleo do Brasil", diz ele, que estima estar produzindo 2,5 mil barris/dia na área em 2011. "Quero vender para a Petrobras", diz o geólogo, muito confiante para quem iniciou em 21 de abril as atividades de pesquisa de petróleo e gás na Amazônia.
A HRT tem 51% das concessões na região e sua sócia, a Petra Energia, os outros 45%. Os investimentos da companhia presidida por Mello estão orçados em US$ 1,952 bilhão até o final de 2014. A parte da Petra será de outro US$ 1,59 bilhão. Se a HRT tiver sucesso na campanha exploratória, o número de poços pode chegar a 400, estima o presidente. A petroleira HRT Oil & Gas fez sua estreia na Bolsa de Valores em outubro.
A saga amazônica levou a companhia a criar uma empresa de aviação. A Air Amazonia já tem dois aviões Bandeirante e nove helicópteros. O plano é comprar mais um Bandeirante, outros seis helicópteros e um jato Embraer 170. A frota transportará empregados e prestadores de serviços que irão trabalhar nas bases da Amazônia. Não serão construídas estradas durante a fase de pesquisa.
"O petróleo tem nos dado muito retorno", diz a bióloga Nádia Ferreira, secretaria do Meio Ambiente do Amazonas. "Em nenhum momento o Estado vai deixar de lançar mão das potencialidades que tem, quer sejam minerais ou através da floresta", continua. "Esta é uma decisão estratégica do Estado, um investimento que consideramos importante", diz, falando com tranquilidade sobre a perspectiva da exploração no meio da floresta. "Temos uma política ambiental consolidada e teremos rigor para garantir que a atividade se dê de forma a compensar e mitigar o impacto ambiental que produzir."
O Amazonas é o Estado mais preservado da região, com só 2% do território desmatado. O fato de ser isolado e não cortado por estradas (um dos principais vetores do desmate da Amazônia), explica boa parte do êxito. O desmatamento ocorre no Sul, nas divisas de Rondônia e Mato Grosso.
Antecipando-se às questões ambientais por pretender explorar petróleo e gás na Amazônia, Mello contratou como gerente geral do escritório em Manaus o advogado Graco Fregapani, ex-presidente do Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (Ipaam), o órgão ambiental do Estado. "Qual a companhia que vai explorar petróleo na Amazônia e bota como chefe máximo da exploração o cara que era responsável por toda a política ambiental do Estado?", diz Mello. "Ou sou louco ou sou um cara que quer fazer a coisa diferente."
A estratégia de Mello tem um ponto questionável. O Ipaam é o órgão licenciador do Amazonas e Fregapani ocupava a presidência quando a HRT obteve as licenças-prévias. "Acho isso normal", defende Nádia Ferreira. "Existe um processo robusto de informações e tudo é analisado. Tem laudo, equipe técnica, o presidente não assina sozinho." A secretaria reforça: "A HRT tem autorização apenas para pesquisa. Se encontrar algo, levará seus estudos para a ANP (a Agência Nacional do Petróleo) e aí, sim, entrará em nova fase". Para explorar petróleo é preciso aprovar o estudos de impacto ambiental (EIA-Rima) e fazer audiências públicas nos municípios afetados.

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