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quarta-feira, 18 de maio de 2011

18 de maio de 2011 - O GLOBO


DESTAQUE DE CAPA
Palocci diz que fez o mesmo que parlamentares e ex-ministros

Numa nota enviada por sua assessoria aos líderes partidários, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, justificou sua atividade como consultor privado, no período em que era deputado, citando ex-ministros e ex-presidentes do Banco Central que fizeram o mesmo, alem de 273 parlamentares que têm atividades empresariais fora do Congresso. Palocci listou ex-ministros que deram consultorias, como ele, e ganharam "enorme valor" no mercado: "Muitos se tornaram em poucos anos banqueiros como ex-presidentes do Banco Central e do BNDES Pérsio Arida e André Lara Resende, diretores de instituições financeiras como o ex-ministro Pedro Malan ou consultores de prestígio como ex-ministro Maílson da Nóbrega." O ministro não revelou os nomes de seus clientes e disse que as informações sobre seu patrimônio e a atuação da Projeto foram enviadas à Receita Federal. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que, até agora, os dados disponíveis sobre o caso são insuficientes para formar qualquer juízo e que quer informações mais detalhadas:
"Qualquer fato que envolva autoridades merece um olhar mais cuidadoso."


FAVELA LIVRE
Complexo do Alemão terá juizado

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou durante o Fórum Nacional, evento sediado pelo BNDES no Rio, que a base do Exército instalada no Complexo do Alemão receberá uma seção judiciária do Tribunal de Justiça do Rio.
- É uma forma de ter presença do Estado, fundamentalmente do Judiciário, para tentar resolver os problemas individuais locais - disse Jobim.
O Tribunal de Justiça confirmou a ação, mas disse que que ainda não há data definida para a instalação do juizado.
Durante o painel, o ministro afirmou que o uso do Exército em ações em outros estados - além do caso específico do Complexo do Alemão -, não é papel comum das Forças Armadas.


COMPRA DE CAÇAS
Dilma: compra de caças ficará mesmo para 2012
Presidente tratou do tema em encontro com premier da Suécia

BRASÍLIA. Em conversa com o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, a presidente Dilma Rousseff confirmou ontem que a compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) vai ficar para 2012, devido à contenção de despesas do governo brasileiro este ano. Diferentemente do ex-presidente Lula, que manifestara apreço pelos jatos franceses Rafale, da Dassault, Dilma não deixou clara sua preferência. A Suécia quer vender ao Brasil o Gripen NG, da Saab.
À imprensa, após o encontro, Dilma ressaltou os acordos entre os dois países em biocombustíveis, educação, meio ambiente, inovação e desenvolvimento aeroespacial. Quarta-feira, o primeiro-ministro participa da inauguração, em São Bernardo do Campo (SP), do Centro Brasil-Suécia de Pesquisa e Inovação, do setor aeroespacial.
Dilma destacou o uso de combustíveis renováveis pela Suécia, que passará de 30% para 40% a meta de redução de emissões até 2020. Brasil e Suécia têm planos de criar na Tanzânia projeto de fabricação de etanol. Dilma aproveitou para pedir apoio da Suécia à candidatura de José Graziano à diretoria geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Reinfeldt não respondeu.
A chegada de Reinfeldt ao Itamaraty, onde houve almoço em sua homenagem, foi marcada por uma gafe. Quando Reinfeldt e a mulher chegaram, Dilma não estava no saguão, e o casal foi recebido pela chefe do cerimonial do Itamaraty, Maria de Lujan. Por instantes houve constrangimento, até Dilma surgir, balançando a cabeça negativamente em sinal de desagrado com o ocorrido.




VOO  447
Comunicado da Airbus  lança no  ar a hipótese de  falha humana

Cláudio Motta

Um  comunicado  (Accident  Information Telex,  ou AIT)  divulgado  pela Airbus  a  seus  clientes em  todo  o mundo  está provocando polêmica. No texto, a empresa ressalta que não há qualquer recomendação imediata a fazer em relação à segurança de suas aeronaves. O AIT  foi enviado depois das primeiras análises da caixa-preta de dados do voo 447, que  caiu  há  dois  anos  no Atlântico, matando  228  pessoas.  O  comunicado,  divulgado  pelo  “Le Figaro”  anteontem, comprovaria a tese de que os investigadores do acidente passaram a se concentrar numa possível falha da tripulação ou da Air France, de acordo com o jornal francês.
O Escritório de  Investigações e Análises da França (BEA), no entanto, classificou a  reportagem como um  “tributo ao sensacionalismo”. O BEA ressaltou que ainda não é possível tirar qualquer conclusão sobre as causas do acidente. Os investigadores vão cruzar os dados e nenhum relatório parcial será publicado antes do verão europeu (inverno no Brasil).
Ontem, a Airbus enviou uma nota ao GLOBO informando que ainda não é possível descartar falhas  técnicas no avião do voo 447, porque as investigações estão em fase preliminar. Ao mesmo tempo, a companhia afirma que não é possível concluir que o acidente foi causado por problemas de equipamentos. A Airbus ressaltou que o AIT “foi aprovado pelo BEA antes de ser distribuído”.
Para Nelson Faria Marinho, presidente da Associação de Vítimas do voo 447, a Airbus tem o objetivo de culpar os pilotos para se livrar da responsabilidade no acidente. A Air France, por sua vez, disse que não pode se pronunciar, por ser parte do processo investigativo.


CÓDIGO FLORESTAL
Amazônia: devastação está fora de controle em MT
Área destruída é maior que Goiânia. Para técnicos do Ibama, motivo é expectativa de mudanças no Código Florestal

Catarina Alencastro

BRASÍLIA. O desmatamento da Amazônia cresceu muito e está fora de controle em Mato Grosso, onde 753,7 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados entre agosto de 2010 e abril deste ano. No período anterior, de agosto de 2009 a julho de 2010, o desmatamento em Mato Grosso tinha sido bem menor: de 661 quilômetros quadrados.
A área destruída agora é maior que Goiânia. Como ainda faltam ser computados três meses, para fechar o período de análises do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que mede o desmatamento via satélite, o Ibama espera que a destruição ultrapasse 1.400 quilômetros quadrados, área maior que a cidade do Rio de Janeiro. Se confirmado, o número representará aumento de 53% com relação ao mesmo período do ano passado. Os números do desmatamento em toda a região serão divulgados hoje, em Brasília, pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Desmatamentos ostensivos, com uso de "correntões"
Técnicos do Ibama que trabalham nas operações de combate ao desmatamento dizem que as infrações vêm sendo cometidas devido à expectativa de mudanças no Código Florestal. Embora as negociações entre o governo e o relator da reforma do código estejam emboladas, a matéria está a um passo de ser votada no plenário da Câmara dos Deputados. O Ibama ficou espantado de constatar a presença de desmatamentos ostensivos, com o uso dos chamados "correntões". Os crimes ambientais estariam sendo cometidos com a intenção de abrir áreas que possam vir a ser legalizadas pela nova legislação.
Preocupada com a situação, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, reuniu-se esta semana com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, para que o governo trace uma estratégia de divulgação da má notícia que não cause impactos para a venda da soja brasileira no exterior. A tese de quem está em campo acompanhando a crise é que os produtores estejam desmatando para ampliar a produção do grão no estado. O aumento do preço das commodities estaria influenciando a decisão dos produtores de desmatar para plantar mais.
Os novos desmatamentos fogem do padrão de derrubada da vegetação nativa registrada nos últimos anos. O município que mais desmatou no Mato Grosso foi Alto Boa Vista, que entre agosto de 2010 e abril deste ano destruiu 97,6 quilômetros quadrados. No período anterior, a cidade tinha desmatado uma área residual, de apenas 3,5 quilômetros quadrados, um aumento de quase 100% em um ano. Nova Ubiratã também desmatou grande área: 85,9 quilômetros quadrados, seguida por Bom Jesus, onde 79 quilômetros quadrados de floresta viraram terra nua.

Destruição em Mato Grosso pode ser maior
O desmatamento da Amazônia Legal será divulgado oficialmente pelo governo hoje. Os números fazem parte do sistema de detecção do Inpe chamado Deter, que, por não pegar desmatamentos muito pequenos, é um indicativo do que está havendo na floresta.
A medição definitiva é confirmada pelo sistema Prodes, que só sai em novembro, após checagem dos dados de todo o período analisado (agosto do ano anterior a julho do ano vigente). O Ibama trabalha com a tese de que o Deter detecta 70% do que o Prodes detecta. Sendo assim, no caso de Mato Grosso, além dos 753 quilômetros quadrados de desmatamento já registrados, seriam somados ainda 682 quilômetros quadrados desmatados até o final da medição, gerando total de 1.435 quilômetros quadrados derrubados.


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