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segunda-feira, 16 de maio de 2011

16 de maio de 2011 - O GLOBO


DESTAQUE DE CAPA
MEC não vai recolher livro que aceita erro de português

Apesar das críticas de educadores e escritores, o Ministério da Educação não pretende retirar das escolas o livro com graves erros gramaticais distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático. Ao todo, 485 mil estudantes jovens e adultos receberam a publicação
"Por uma vida melhor", de Heloísa Ramos, que defende o usa da linguagem popular e, por isso, contém frases com graves erros como "nós pega o peixe". "Não somos o Ministério da Verdade", disse um assessor do ministro Fernando Haddad. "Não tem que se fazer livros com erros", contestou a professora Mirian Paura, da Uerj. O problema é ainda mais grave num país que tem alunos copistas.


PACIFICAÇÃO DO COMPLEXO DO ALEMÃO
Tem que suar

Marcelo Carnaval

Os seis meses da pacificação do Complexo do Alemão foram marcados ontem por esforço  físico e  festa. Organizada pelo grupo AfroReggae, o Desafio da Paz, corrida de quase cinco quilômetros pela Vila Cruzeiro e pelo Complexo do Alemão, levou cerca de mil atletas a percorrer a trilha usada pelos bandidos em  fuga durante a ocupação policial, em novembro passado. Agentes do Bope e o comandante da Força de Pacificação, General-de-Brigada Carlos Maurício Barroso Sarmento,  também competiram. Com um tempo de 37 minutos, 20 a mais que o maratonista Frank Caldeira levou para ganhar a prova, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que correu com a camisa do Bope, comemorou o evento inédito em uma comunidade que antes era dominada pelos traficantes.
— Esta área, que estava fora do contexto da cidade, hoje pode perfeitamente ser utilizada para lazer e prática de esportes
— afirmou Beltrame.
Aguardando a chegada dos atletas na Rua Canitar, no Morro da Fazendinha, o governador Sérgio Cabral  também comemorou. Segundo ele, agora, o Alemão vai ganhar fama internacional:
— Depois de hoje e com o início da operação do teleférico, o Alemão vai ficar conhecido no mundo.
A prova também teve significado especial para o gari José Carlos Barreto da Silva, o primeiro colocado entre os moradores.
Ele, que vive há 15 anos no local, trabalhou duro na noite anterior à prova.
— Treinei nesse percurso cinco vezes. Corro em outras provas, mas estou feliz por poder participar de uma prova na minha comunidade — disse José Carlos, que recebeu prêmio de R$6 mil.


OPINIÃO
Ameaça no pré-sal

Hugo Figueiredo e Ronaldo Lima

No ano passado, já vislumbrando o grave desnível entre oferta e demanda de mão de obra, o Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima e a Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo produziram, com a cooperação da Petrobras, Marinha e órgão públicos, um estudo sobre a disponibilidade de oficiais de marinha mercante entre os anos de 2010 e 2020. Os resultados foram alarmantes: um déficit de mais de 1.300 oficiais no período mais crítico, compreendido entre 2013 e 2016.
O trabalho mostra a previsão de entrada em operação de cerca de 500 embarcações ao longo desses 10 anos. Caso não sejam tomadas medidas imediatas para a solução deste déficit, poderá ocorrer, no curto prazo, um “apagão marítimo”. Hoje, embarcações já ficam paradas em portos aguardando oficiais para seguir viagem, e as empresas têm mantido a bordo oficiais por mais tempo que o regulamentar e acordado. O projeto do pré-sal está sob sério risco. Não há como produzir petróleo sem navios petroleiros, barcos de apoio e plataformas. Estas embarcações estão sendo construídas em larga escala. Mas não há navios e plataformas sem oficiais para trabalhar neles.
Está prevista a entrada no mercado de 250 novas embarcações nos próximos três anos. Ao todo, serão necessários mais de 2.500 oficiais. E não se formam marítimos em menos de 4 anos.
A Marinha dobrou a capacidade de seus dois centros de formação. Mas isso não resolve o problema de curto prazo. O sindicato e a associação têm se reunido com agentes do setor para estudar possíveis soluções. Uma delas é a suspensão temporária de uma norma (artigo 3 da Resolução Normativa 72) do Conselho Nacional de Imigração, que obriga a participação de oficiais brasileiros em barcos estrangeiros operando no Brasil. A outra é a necessária flexibilização (Resolução Normativa 80) das regras de visto de trabalhador estrangeiro no Brasil.
Se, por um lado, os navios estrangeiros se desobrigam a contratar oficiais brasileiros e passam a contar somente com estrangeiros, por outro, os navios de bandeira brasileira podem passar a contratar profissionais de outros países, como uma saída de curto prazo. Temos a convicção de que o país não tem como olhar para a frente sem antes proteger seu patrimônio e sua mão de obra. O projeto do pré-sal representa a grande chance de alavancar o país. Não há tempo a perder. Porque as máquinas ainda dependem do homem.
HUGO FIGUEIREDO é presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma).
RONALDO LIMA é vice-presidente do Syndarma e presidente da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam).



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