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quinta-feira, 12 de maio de 2011

12 de maio de 2011 - BRASIL ECONÔMICO

PRIMEIRA PAGINA
Inflação provoca aumento da inadimplência e pede ação do BC

Primeira prévia do IGP-M de maio aponta inflação de 0,70%, ante alta de 0,55% em abril. De acordo com o economista Heron do Carmo, os últimos índices colocam o governo emuma sinuca de bico, por obrigá-lo a agir contra a alta dos preços sem desacelerar a economia — o que prejudicaria o governo nas eleições de 2012. A inflação em alta tem reflexos também sobre inadimplência, que cresceu pelo segundo mês, porque despesas básicas aumentaram, comprometendo a renda.

Inflação crescente pede ação rápida do governo
Expectativa é que medidas fujam do nível macroprudencial e não se restrinjam apenas ao aumento da taxa de juro

Ruy Barata Neto e Cláudia Bredarioli

Com mais um índice de inflação divulgado ontem acima das expectativas do mercado — o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) subiu 0,70% na primeira prévia de maio —, é esperado que o governo atue com mais força no controle dos preços. E isso envolverá mais altas nos juros e menos medidas macroprudenciais, que, por enquanto, mostraram apenas efeitos localizados na redução do consumo. “O Banco Central (BC) percebe que a inflação na ponta está perdendo ritmo, mas em doze meses está subindo”, diz o economista Heron do Carmo, presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP).
Segundo ele, o BC se encontra em uma “sinuca de bico”, visto que precisa lidar com dois problemas: o primeiro é agir preventivamente para evitar qualquer possibilidade de choque nos preços neste ano; o outro é controlar as expectativas do mercado emtorno da alta, longe do centro da meta, da inflação em doze meses. Nos cálculos do economista, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que em abril chegou a 6,51%, deve atingir 7,18% em agosto.
“Seria omomento ideal para o governo tomar alguma medida para controlar os ânimos do mercado”, diz Heron. “Uma possibilidade seria o anúncio de trabalhar com superávit primário de 3,5%ou de antecipar o déficit zero [anunciado por Dilma Rousseff para 2014] já em 2012.” Para o economista, se o governo não fizer nada, ou o Banco Central adotar apenas um forte ajuste de juros como recurso de controle inflacionário, há grande chance de uma nova depreciação na taxa de câmbio. “O problema de medidas assim é que isso traria desaceleração da economia, o que seria um fator negativo considerando as eleições de 2012. Se nada for fei-to agora, o governo pode perder nas urnas”, afirma.

Luz amarela
A variação de 0,70% da primeira prévia do IGP-M em maio foi sobre alta de 0,55% de abril, conforme informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ontem. Inserido no cálculo do IGP, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) aumentou 0,60%, ante 0,63% na taxa anterior. Isso porque, apesar de pequena oscilação negativa (de 0,2%) no IPA agrícola, o IPA industrial registrou alta de 0,83%. “O dado do IGP-M reforça que o ambiente de curto prazo para a inflação não é tranquilo”, diz Silvio Campos Neto, analista econômico da Tendências Consultoria.
Ele reforça que agora a expectativa gira em torno da continuidade da ação do governo na contenção dos preços. “As medidas tiveram efeito muito localizados em alguns segmentos de crédito. Ocorre que boa parte do consumo não decorre de financiamento e o brasileiro acaba transferindo seus gastos com bens duráveis para serviços”, diz. Um sinal visto como positivo pelos analistas é que, pela primeira vez após oito semanas de alta, a projeção do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em2011 recuou no boletim Focus divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira.
O prognóstico para a inflação nos próximos 12 meses caiu pela segunda semana seguida, enquanto o cenário para o próximo ano foi mantido pela quinta semana. Foi a recente mudança de discurso do Banco Central, indicando uma postura mais dura em relação à inflação, que deu espaço para que o prognóstico ara o IPCA recuasse, mostrando um mercado mais confiante na estratégia da política monetária. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem afirmando há várias semanas ue confia no arrefecimento dos índices que medem o custo de vida no país. ■ Com Reuters



Governo quer reduzir carga tributária sobre alimentos
O objetivo é desonerar itens da cesta básica. Proposta do Ministério da Fazenda ainda depende de negociação com estados e pode incluir também lista de medicamentos.

Governo quer menos tributo sobre alimentos
Objetivo é desonerar itens da cesta básica. A proposta de alteração na carga de impostos será costurada com os estados e deverá incluir também os remédios

Simone Cavalcanti

O governo federal quer construir junto com os estados uma proposta para reduzir os tributos que incidem sobre alimentos e remédios. A ideia é organizar uma desoneração geral para os produtos de uma cesta básica ampliada. Pelo lado federal, haveria possibilidade de desoneração principalmente do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição Social para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins), mas desde que os entes estaduais abrissem mão da sua parte no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A medida deve ser tomada em paralelo à Reforma Tributária que está sendo encaminhada ao Congresso Nacional nesse primeiro semestre. Segundo explicou ao BRASIL ECONÔMICO o
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, as iniciativas que já estão sendo discutidas, seja internamente ou na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), visam um rearranjo do sistema para dar mais eficiência ao recolhimento de impostos com o menor impacto possível sobre a competitividade das empresas. Já a redução da carga tributária sobre a comida faz parte de uma visão social do governo. “Acho que dá para fazer, pois os produtos respondem muito pouco pela arrecadação dos estados”, disse.
Barbosa lembra que o governo federal já desonerou da cobrança do PIS e da Cofins, cuja alíquota conjunta é de 9,25%, alguns produtos da cesta básica. Segundo dados da Receita Federal, esses tributos não incidem sobre hortícolas e frutas, ovos, leites, farinha de trigo, pão de sal, arroz descascado e o arroz semibranqueado ou branqueado. Outros produtos da cesta básica como car-nes e produtos de higiene e limpeza são tributados. Alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais também já lançaram programas de redução ou desoneração total de ICMS sobre itens básicos.

Perversidade
A carga sobre os alimentos revela um sistema perverso, com alto índice de regressividade. Isso significa que quanto mais baixa a renda das pessoas, mais se compromete o orçamento para se alimentar. De acordo com estudo do Departamento de Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) feito em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), proporcionalmente, os gastos com comida pesam três vezes mais nas contas das famílias mais pobres do que naquelas mais abastadas.
E essa desigualdade atinge o país de Norte a Sul. As famílias com renda de até R$ 1mil representam 51% da população brasileira e, num olhar isolado, 70% das pessoas que moram na região Nordeste. Se ampliar para um orçamento de até R$ 2 mil serão mais de 70% dos brasileiros. Se extrapolarmos para uma comparação internacional, o Brasil também ocupará os primeiros lugares – ao lado da taxa de juros – na tributação sobre alimentos.
 Na média, e considerando apenas o ICMS (tributo comparável com o de outros países), os impostos representam 17% do preço dos comestíveis. Nas nações da União Europeia, 5,1% e, nos Estados Unidos, apenas 0,7%. “É imposto na veia. Os trabalhadores de baixa renda quase trabalham para se alimentar, pois não ganham o suficiente para compor a cesta de todos os bens essenciais”, ressalta Antonio Carlos Costa, da Fiesp, complementando que, a composição dos gastos com alimentação dentro e fora de casa, já representam 20% do total das despesas da família brasileira. ■


COLUNAS

Encontro de Contas

Lurdete Ertel

A marca é nossa

Dona da grife mais valiosa do Brasil e da América Latina, a Petrobras assinou contratocom o braço brasileiro da gigante Interbrand, para elaborar a avaliação financeira da marca. O estudo deverá fornecer inputs para a gestão estratégica da marca Petrobras, além de analisar seu potencial em outros países. Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai estão entre os mercados que serão avaliados. O trabalho, com prazo de dois anos, será tocado por uma equipe internacional, com profissionais brasileiros e de outros escritórios da Interbrand no mundo. Em um recente ranking de valor de marca, a Petrobras figurou na 61ª posição mundial. Avaliada em US$ 13,421 bilhões, ficou à frente de Pepsi, Sony e Samsung.

MARCADO
● As implicações da morte da Osama bin Laden serão amplamente discutidas, hoje, em palestra promovida pela ESPM-RJ com a participação do embaixador e ex-ministro das Relações Exteriores Luiz Felipe Lampreia. O evento é gratuito.


Capital protegido, agora de fundo de índice

Mariana Segala

O mais novo produto financeiro do Itaú Unibanco — o fundo Multimercado 95 Capital Protegido Invest Financeiro — mescla dois conceitos que começam a se popularizar entre os brasileiros. Trata-se de um fundo de capital protegido, do tipo que garante ao investidor parte ou todo o valor inicialmente aplicado, mesmo em caso de desvalorização do mercado ao fim de período determinado. E a carteira em questão será referenciada no desempenho de um fundo de índice que possui as cotas negociadas na BM&F Bovespa (conhecido como ETF ou Exchange Traded Fund) composto por ações de empresas do setor financeiro, o It NowI FNC. Esse fundo de capital protegido embute premissas de rentabilidade. Conforme explica o diretor de produtos de investimento e previdência do Itaú Unibanco, Claudio Sanches, a carteira tem prazo de duração de cerca de seis meses. Durante o período, o investidor poderá obter um retorno máximo de 11%, mesmo que o desempenho do It Now IFNC supere isso. Na ponta oposta, caso a performance do ETF seja negativa, o aplicador recebe de volta pelo menos 95% do valor que investiu inicialmente. “Ou seja, a perda máxima é de 5% em seis meses”, explica o executivo. Sanches não detalhou as operações por trás da carteira, que permitirão ao Itaú assegurar a perda e o ganho máximos, mas o prospecto do fundo informa que ele poderá lançar mão de derivativos.
O diretor de produtos explica que a intenção de atrelar a carteira protegida ao ETF Financeiro visa a apresentar os fundos de índices como opção de investimento aos clientes. “Nossa experiência mostra que as pessoas se sentem mais à vontade para investir em ativos diferentes quando eles são empacotados como capital protegido”, diz.O fundo, aberto a aplicações até dia 31 deste mês, prevê aplicação mínima de R$ 5 mil e é voltado a clientes do segmento Personalitè. Se a perda máxima é assegurada, o ganho também é. Razão pela qual o consultor Rodrigo Menon, sócio da Beta Advisors, vê o investimento com ressalvas.
“Um fundo protegido atrelado ao ETF Financeiro não deixa de ser boa alternativa, mas não num momento em que as ações dos bancos já caíram tanto”, avalia. Neste ano, os papéis das instituições financeiras já acumulam queda de 3,72%. “Com os efeitos das medidas do governo para controlar a inflação, a chance dessas ações subirem mais de 11% e, no fundo, o investidor não ganhará o extra.” A carteira do Itaú Unibanco não é a primeira refenciada em fundos de índices.
 No ano passado, a gestora BlackRock colocou no mercado, em parceria com o Citi, um fundo que só compra cotas do ETF composto por small caps (ações de empresas de baixa capitalização). Diversos bancos também oferecem fundos que aplicam no PIBB, primeiro ETF brasileiro, lançado em 2004. ■


OPINIÃO
As receitas para combater a inflação :: José Dirceu

Advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores

Inegável que o aumento da inflação é um dos principais problemas que devemos enfrentar. Neste debate, duas visões se chocam. Os rentistas e os analistas ortodoxos, com amplo espaço e voz na grande imprensa, sustentam ações mais imediatas via alta da Selic. No entanto, há os que defendem uma ação que abarque também o médio e o longo prazos, levando em consideração outros fatores, como a importância de seguir crescendo, gerando empregos e distribuindo renda. A grita dos rentistas se dá por conta do estouro da meta em 0,01% no índice dos últimos 12 meses. Porém, a evolução sinaliza que passamos pelo pico da inflação em abril, e o mercado começa a rever para baixo suas projeções de 2011. Sabemos que a defesa de uma Selic maior acoberta interesses que ganhamcom a especulação duas vezes: na aplicação financeira e na cambial.Mas essa política de combate inflacionário só via Selic repercute, no futuro, nas contas públicas — o Ministério da Fazenda calcula que a última alta de juros impactará em R$ 2,9 bilhões a dívida pública. Parte do desarranjo é conseqüência da alta internacional de preços, especialmente das commodities, um dos efeitos da injeção pelo Fed de US$ 2,3 trilhões até junho deste ano.
De fato, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) calcula que pelo menos 1 ponto percentual da inflação brasileira em 2011 embute a elevação de preços mundial, que não é atacada com altas da Selic. O restante da inflação se explica pelo setor de serviços mais encarecido, pela alta do crédito e pelo vigoroso consumo interno. Vale destacar que a política de crédito mais fácil e o consumo aquecido foram os responsáveis por enfrentarmos a crise sem recessão e desemprego.
Podemos, portanto, atuar via juros sobre as pressões de demanda para desaquecer a economia e segurar a inflação, ou via investimentos que ataquem o problema pelo outro lado, o da ampliação da oferta. Se queremos consolidar um patamar de crescimento alto e sólido, o caminho é o segundo remédio. E isso vem sendo feito. Notem que, em 2010, os investimentos cresceram 21,8%, enquanto o consumo se expandiu 6,1%. Em média, entre 2004 e 2010, os investimentos subiram 7% frente a um consumo com 4,4% de alta.
Ademais, o governo tomou medidas macro prudenciais para enxugar o crédito antes facilitado, aumentar o compulsório bancário em R$ 80 bilhões, cortar R$ 50 bilhões do orçamento e fazer um superávit primário de R$ 117,9 bilhões em 2011 — no primeiro trimestre, já atingimos 33% da meta do ano. A presidenta, Dilma Rousseff, já disse que trabalhará para “garantir o crescimento em ritmo acelerado e a inflação sob controle”, via ampliação de investimentos e aumento da capacidade produtiva. É possível acrescentar estímulos à poupança interna.
Essa é a receita para manter o controle da inflação e um ritmo de crescimento de 4,5%, com geração de emprego e renda, além de melhoria dos gastos e das contas públicas. No atual momento da economia brasileira, profetizar o apocalipse é desconhecer nossa realidade ou proteger interesses particulares, não os do país. ■


É preciso descentralizar a política energética

Adriano Pires
Diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE)

Uma característica marcante da política energética brasileira é a centralização das suas decisões no âmbito federal. Com a exceção da distribuição de gás natural canalizado, cuja regulação e fiscalização estão nas mãos dos governos estaduais, as demais fontes de energia têm suas políticas decididas em Brasília. Essa política vem dos períodos em que o Brasil era governado por regimes militares e isso fazia parte da chamada política de segurança nacional.
São dessa época as políticas de preços de combustíveis e energia elétrica que estabeleciam o mesmo valor para todo território nacional às custas de enormes subsídios que só geravam ineficiência econômica e total descontrole dos recursos utilizados para manter os preços iguais para todos os brasileiros. As empresas elétricas, praticamente todas estatais, bem como a Petrobras que era monopolista, foram usadas e no caso das elétricas quebradas para atenderem metas de política econômica, combate à inflação e metas políticas dentro da concepção dos mega projetos do Brasil “Ame-o ou Deixo-o”.
Com o fim do regime militar e a democratização do país, muita coisa mudou para melhor, porém as decisões de política energética continuaram concentradas em Brasília. É claro, que ocorreram mudanças importantes como as privatizações no setor elétrico, bem como o fim do monopólio da Petrobras e a criação de agências reguladoras, mas a centralização das decisões permaneceu no âmbito federal. O Brasil e o mundo vão consumir cada vez mais energia e para enfrentar esse desafio é preciso ter uma concepção mais moderna de política energética. Uma característica que permeou o setor energético foi o fato do mundo sempre ter sido mono-energético. Primeiro foi o carvão, a energia responsável pela revolução industrial inglesa, e depois veio o petróleo, que foi a grande energia do século 20.
A história do século 20 se confunde com a do petróleo. O século 21 e os demais não serão mono- energéticos. Por dois motivos, o primeiro é a questão da segurança do abastecimento.Os países, em particular os desenvolvidos, não agüentam mais depender daqueles grandes produtores de petróleo, que na sua grande maioria apresentam problemas sociais, políticos em muitas vezes religiosos, não fornecendo a mínima segurança no abastecimento de petróleo. O segundo motivo está ligado à questão ambiental. O mundo está convencido de que tem de queimar menos CO2. O desafio é queimar menos CO2 e aumentar a produção de energia.
A solução dessa equação passa por uma maior diversificação da matriz energética e por políticas de uso mais racional. Para atingir esses dois objetivos será necessário descentralizar as decisões de política energética e cada país ou região no mundo aproveitará suas vantagens comparativas na hora de decidir que energia será gerada. Nesse contexto, o Brasil como um país de dimensões continentais deveria seguir esse caminho. Ou seja, aproveitar as vantagens comparativas regionais e estabelecer políticas energéticas e de regulação adaptadas à realidade de cada região ou estado. Do ponto de vista prático, a idéia seria, por exemplo, realizar leilões de energia elétrica regionais, aproveitando o bagaço na região Sudeste e a eólica no Nordeste. Num momento onde todos defendem a geração distribuída, é fundamental que os estados tenham maior participação nas decisões e na execução da política energética. Isso é caminhar para a modernidade e o setor de energia está precisando de novos ares. ■


Avanço/Retrocesso
Aumenta o número de jovens e idosos no mercado de trabalho

O número de jovens e idosos no mercado de trabalho, com carteira assinada, cresceu em 2010 na comparação com 2009, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego. No caso dos jovens de 16 a 17 anos, a expansão do nível de emprego foi 19,06% (65.179 mil postos). Os assalariados com mais de 65 anos tiveram aumento de 12,77% (40.936 mil) e os de
50 a 64 anos cresceram 10,28% (550 mil). Já a faixa de idade entre 18 e 24 anos, o crescimento foi 6,66% (471.091 mil). As demais faixas etárias oscilaram entre 5,38% a 7,08%. No geral, o maior incremento de empregos gerados ocorreu na faixa de 30 a 39 anos (843,8 mil postos ou 7,08%)

RETROCESSO
Blatter quer esclarecer denúncia sobre venda de votos até junho
O escândalo da negociação de votos, que prejudicou a tentativa da Fifa de limpar sua imagem, de acordo com o presidente da entidade, Joseph Blatter, precisa ser resolvido antes da eleição de 1º de junho, em que ele tentará a reeleição. O ex-presidente da Associação Inglesa de Futebol (FA), David Triesman, acusou os membros do comitê executivo Ricardo Teixeira, Jack Warner, Nicolás Leoz e Worawi Makudi de pedirem favores em troca de seus votos na candidatura da Inglaterra para sediar a Copa do Mundo de 2018. “Terá que ser bem rápido, porque temos um congresso pela frente e temos que resolver essa questão antes do congresso”, disse Blatter à TV Al Jazeera.


“A meta é agregar ao mapeamento mais de mil municípios”

TRÊS PERGUNTAS A... ...CARLOS NOBRE
Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia
Carlos Nobre é doutor em meteorologia pelo MIT — Massachussets Institute of Technology, nos EUA. Foi diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) durante 12 anos. Atualmente é responsável pelo projeto do Sistema Nacional de Prevenção e Alerta.

Como funciona o projeto?
A parte central do projeto consiste em utilizar satélites, medidores automáticos de chuva (pluviômetros) e modelos matemáticos que consigam calcular as condições do solo para que assim seja possível identificar as áreas de risco.

Como está o andamento das atividades, os testes já começaram?
Estamos em uma fase que denominamos “operação piloto”. Em parceria com a Agência Nacional das Águas (ANA), quatro cidades estão sendo monitoradas: Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, aproveitando a estação chuvosa principal que vai de abril até agosto. O centro de controle será instalado no campus do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e estará funcionando em novembro.

Qual o custo do projeto e quantos municípios deve monitorar?
O custo inicial para implantar o centro de controle e mapear cerca de 25 municípios é de R$ 11 milhões. A meta é agregar ao mapeamento mais de mil municípios. Priscilla Arroyo





BRASIL
ENTREVISTA ANDRÉ LOES Economista-chefe do HSBC
“Brasil vai crescer 4,7% neste ano”

Para economista, mercado de trabalho no país seguirá aquecido, estimulando o consumo, o crescimento, mas também a inflação

Eva Rodrigues

Na contracorrente dos demais economistas do mercado, que projetam alta de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), ou menos, o economista-chefe do banco HSBC, André Loes, vê a economia brasileira crescendo 4,7% em 2011. Um dos motivos para o otimismo é omercado de trabalho, ainda aquecido e que continuará a dar suporte ao consumo Essa expectativa também serve de argumento para o HSBC esperar mais duas altas de 0,25 ponto percentual nos juros básicos da economia, a Selic — hoje em 12% ao ano—e projeta inflação de 6,4% no final do ano, ou seja, perto do teto da meta ( 6,5%).

A economia está desaquecendo na medida necessária para o controle da inflação?
O Banco Central, assim como o mercado de maneira geral, tem uma visão de que o desaquecimento da economia é maior em relação ao que vemos aqui no banco. A gente vê o mercado de trabalho ainda aquecido ao longo deste ano, o que dá suporte à continuidade do consumo. Esse cenário, junto com os altos preços de commodities, tem gerado fortes pressões inflacionárias no Brasil e nós projetamos o IPCA fechando o ano em 6,4% com crescimento do PIB em 4,7%. Agora, se o movimento de queda nos preços de commodities que vimos recentemente continuar, isso será benéfico para a trajetória da inflação.

O combate à inflação é o grande fator de preocupação no Brasil?
No curto prazo sim, é a inflação. Mas no médio prazo a grande preocupação é como acomodar no gasto público todo o investimento em infraestrutura que o país vai ter nos próximos anos. A situação da infraestrutura hoje começa a ser limitante da produtividade do setor privado. E grandes eventos como Copa e Olimpíadas dão um prazo limite para esses investimentos. O fato é que haverá grande concentração de gastos que podem ser totalmente públicos ou em parte privados. Agora, é preciso dizer que essas discussões estão lentas por aqui.

Qual a melhor via para a participação da iniciativa privada?
O Brasil tem uma tradição de olhar para a Infraero, por exemplo, como um setor estratégico. Mas não vejo porque não dar o setor de transportes como um todo ao setor privado, por meio de parcerias público-privadas ou concessões. Acho que as rodovias concedidas no país são um bom exemplo a seguir — às vezes temos discussões em torno de tarifas e qualidade dos serviços prestados, mas isso faz parte do jogo.

A aceleração desses investimentos vai gerar ainda mais demanda...
A economia já está aquecida, compressões de salários, e os investimentos em infraestrutura vão gerar mais demanda num primeiro momento. Então, o desaquecimento tem que vir por outra via, a do consumo, que já está acontecendo, mas de forma muito gradual.

A estratégia de atuação do Banco Central está no caminho correto?
O Banco Central deveria estar apertando mais [os juros] para desaquecer o consumo. Quanto à estratégia adotada, é natural que a cada governo se tenha diferentes abordagens. O [presi- dente do Banco Central, Alexandre] Tombini definiu que tem um horizonte mais longo de convergência da inflação à meta. Mas eu prefiro a convergência em tempo mais curto porque o
Brasil tem muita indexação, é uma economia muito fechada e por isso mais oligopolizada. Em países como Chile ou os asiáticos, a inflação sobe mais rápido e cai mais rápido, ou seja, o grau de abertura e a indexação fazem a diferença. No Brasil, a resistência à queda de preços é maior e as expectativas se acomodam mais acima, o que implica numa resistência maior para trazer a meta para baixo. Minha impressão é que o custo para trazer a inflação de volta à meta fica maior com o horizonte de mais longo prazo.

As expectativas inflacionárias melhoram daqui em diante?

Sim, as expectativas de inflação em 12 meses devem melhorar durante alguns meses, para em seguida ganhar alguma estabilidade. É preciso observar que as dificuldades do Banco Central em relação às expectativas estão diretamente ligadas à alteração de comunicação de objetivos da autoridade monetária desde o final do ano passado.
Mas agora, na última ata do Copom ficou muito claro que as medidas macroprudenciais continuam a ser usadas, mas de maneira complementar, e que o BC não vai deixar de aumentar juros se precisar. Nossa estimativa é de mais duas altas de 0,25 ponto percentual fechando o ano em 12,5%. E dentro da estratégia gradualista do Banco Central, os juros terão que ficar altos por um bom tempo.

Em que medida a correção nos preços das commodities afeta o Brasil?
Uma correção tira um pedaço do crescimento do Brasil. Estudos que fizemos apontam que com uma queda entre 20% e 30% nos preços a capacidade de crescimento do Brasil diminui emtorno de 1%. Ou seja, as commodities são importantes para o Brasil, mas nem tanto. Cerca de 65% do PIB é composto por serviços, uma parte da indústria nacional está relacionada a commodities, mas não dá para afirmar que o Brasil é um país em que a dinâmica da economia é toda determinada pelas commodities, como o caso do Peru, por exemplo. ■


Governo mantém meta de criar 3milhões de vagas em 2011

Expectativa é baseada na geração recorde de novos postos formais no ano passado

A economia brasileira abriu 92.675 novas vagas de empregos formais em março, informou ontem o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “E abril também será muito bom, próximo do recorde”, disse o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. O recorde a que Lupi se refere é o resultado de 2010, confirmado também ontem pelo Caged. No ano passado, foram abertas 2,861 milhões de vagas formais no país, o maior número da história. O dado confirma o cumprimento da meta do governo para  a criação de postos no ano passado, de 2,5 milhões de empregos formais. Para este ano, o objetivo é abrir 3milhões de novas vagas. “Os números de empregos em 2011 também serão recordes”, disse Lupi ao apresentar os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), ontem. A Rais é um levantamento que inclui empregados celetistas e servidores públicos e traz as informações atrasadas repassadas por empresários ao Ministério do Trabalho. O levantamento amplia e atualiza os números de emprego informados mensalmente pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Em 2010, a criação de novas vagas foi 6,94% maior que em relação a 2009.

Setores
Os setores que mais contribuíram para a geração de empregos formais foram o de serviços, com a criação de 1,109 milhão de vagas; o comércio, com 689,3 mil novos empregos; e a indústria de transformação, que gerou 524,6 mil postos de trabalho no ano passado. O único setor que registrou queda na abertura de vagas foi a agricultura — que demitiu 18,1 mil trabalhadores —, fator explicado pelo crescimento da mecanização nas lavouras, afirmou o ministro Lupi. De acordo coma Rais, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) foram criados 15,384 milhões de postos de trabalho formais.

Homens e mulheres
A pesquisa da Rais também mostrou que o reajuste salarial pago aos homens superou o das mulheres em 2010. Na média nacional, o ganho real (reajuste dado acima da inflação) para os homens ficou em 2,62%. O das mulheres foi de 2,54%. O salário médio pago aos homens, que em2009 era de R$ 1.828,71, subiu para R$ 1.876,58 em2010. Já o das mulheres, saltou de R$ 1.514,99 para R$ 1.553,44. ■ Com Reuters e agências


Norte Energia espera licença para obra de Belo Monte neste mês
No momento, a empresa trabalha com licença parcial que permite apenas construções no canteiro de obra

A Subcomissão Temporária de Acompanhamento das Obras da Usina de Belo Monte apresentou ontem seu plano de trabalho à Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado, à qual é vinculada. Alémde pedidos de informação às instituições envolvidas com o empreendimento e a definição da equipe de trabalho, foram marcadas duas audiências públicas para ampliar a discussão sobre as obras. A subcomissão tem o objetivo de examinar as questões sociais, técnicas, econômicas e ambientais associadas à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. No trabalho, será analisada a capacidade da produção energética nacional, a malha de transmissão, o potencial de crescimento da demanda e as medidas que serão adotadas para suprir necessidades futuras. Os impactos sobre a população, programas de mitigação e com- pensação de impactos também serão avaliados.
A primeira audiência pública ocorrerá no dia 17. Foram convidados representantes da Norte Energia, o consórcio construtor, e do governo do Pará. Para a segunda audiência, que ocorre dia
22 de maio, foram convidados representantes do Ministério do Meio Ambiente, do consórcio Norte Energia, das populações ribeirinhas, das populações indígenas, da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Ministério Público Federal, municípios, do governo do Pará e da sociedade.
Após os debates no Senado, a subcomissão vai visitar o local, nos dias 2 e 3 de junho,com o objetivo de conhecer as obras da usina e os trabalhos desenvolvidos nos municípios.

Norte Energia
A empresa Norte Energia, responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), espera obter ainda este mês a licença de instalação que permite o início da construção da usina. No momento, a empresa trabalha com uma licença parcial que permite apenas construções no canteiro de obras. A Norte Energia informou que técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estiveram, no início de maio, na região onde será construída a hidrelétrica para verificar o estágio das obras. A empresa diz que já investiu R$ 50 milhões em ações socioambientais, de um total contratado de R$ 102 milhões. Para atender as medidas impostas pelo Ibama, mais de 50 obras estão em andamento na região.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão disse ontem que o governo aguarda o licenciamento ambiental “o mais rápido possível”. Segundo ele, as medidas determinadas pelo Ibama estão sendo cumpridas a seu tempo, e todas serão atendidas. O Ibama informou que não trabalha com datas fixas para a emissão de licenças ambientais, mas garantiu que técnicos do órgão trabalham na emissão da licença para Belo Monte. ■ ABr


NOTAS
Dilma será assessorada por nova Câmara

O governo criou uma nova Câmara para assessorar a presidente Dilma Rousseff na gestão pública, que terá como membros os empresários Jorge Gerdau, Abilio Diniz, Antônio Maciel Neto e o ex-presidente da Petrobras Henri Reichstul, além de ministros titulares da Casa Civil, Fazenda, Planejamento e do Desenvolvimento. Para a presidente, a criação da Câmara vem em um momento de definição em seu governo, em que o Brasil segue uma trilha de desenvolvimento econômico e social.

CORRUPÇÃO
Operação da Polícia Federal coíbe desvio de recursos públicos em cidade do Maranhão

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal (PF) realizaram ontem uma ação de combate ao desvio de recursos públicos em São João do Paraíso, no Maranhão, As investigações apontam que quase R$ 6 milhões foram desviados dos cofres do município, recursos federais destinados à educação e saúde. A chamada “Operação Usura” contou o apoio de aproximadamente 84 policiais federais e 15 auditores da CGU.

COMBUSTÍVEIS
Postos da Petrobras vão baixar preços entre 6% e 10%, garante ministro Edison Lobão

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem que a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, reduzirá os preços da gasolina e do etanol entre 6% e 10%. O objetivo é fazer com que outras empresas também baixem os preços dos combustíveis aos consumidores. Segundo o ministro, os preços dos combustíveis, que se elevaram muito nos últimos meses, já estão caindo significativamente. Agência Brasil

AGRICULTURA
Falta de chuva gera preocupação ao produtor de milho

A escassez de chuvas em maio e previsões climáticas indicando que a condição no campo continuará seca nos próximos dias preocupam produtores de milho da segunda safra em Mato Grosso e Paraná. “A safra de milho está indefinida, estamos de olho para entender o que pode acontecer”, disse o superintendente do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), Otavio Celidonio.

TRÂNSITO
Brasil lança pacto pela redução dos acidentes de trânsito

Os ministérios da Saúde e das Cidades lançam o Pacto Nacional pela Redução dos Acidentes de Trânsito – Pacto pela Vida. O desafio proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) tem como meta reduzir pela metade, até 2020, o número de vítimas de acidentes de trânsito. O Brasil é o quinto país no ranking mundial de acidentes, atrás de Índia, China, Estados Unidos e Rússia.

REAJUSTE
Índice que reajusta aluguel, o IGP-M, acumula alta de 10% em 12 meses

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como referência para reajustes de contratos de aluguel, aumentou na primeira prévia de maio, ficando em 0,70%. A taxa superou a verificada no mesmo período de abril, quando houve variação de 0,55%. O movimento foi influenciado, principalmente, pelos preços ao consumidor. No ano, o índice acumula alta de 3,61% e, nos últimos 12 meses, a elevação acumulada chega a 10,06%.

INOVAÇÃO
Brasil terá centro de nanotecnologia em parceria com a China

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, anunciou que o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), vai sediar o centro de nanotecnologia que o Brasil implantará em parceria com a China. A intenção é estimular a indústria brasileira a investir em equipamentos e em novos processos que aumentem a produtividade e a sustentabilidade ambiental.


DESTAQUE
Dilma quer crescimento com inflação baixa

A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem que o Brasil precisa crescer ao mesmo tempo em que controla a inflação e realiza a consolidação fiscal. “Nós temos que garantir que o país continue crescendo e controle a inflação. Nós temos de garantir que o país faça a consolidação fiscal e, ao mesmo tempo, controle a inflação”, disse Dilma durante cerimônia de instalação da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade. Para uma platéia de políticos, empresários e executivos de grandes empresas, a presidente destacou a necessidade de parcerias entre o governo e a iniciativa privada para que o país siga no que ela chamou de uma “trilha de crescimento econômico com estabilidade monetária e consolidação fiscal”.
Dilma também defendeu a necessidade de transformação do estado para garantir a expansão da economia. “A história demonstra também que não houve desenvolvimento econômico nos países que não enfrentaram o desafio de transformar o seu estado num estado adequado ao desenvolvimento e ao crescimento”, disse. No governo há percepção de que a inflação no Brasil está entrando em tendência de queda. Mas, segundo o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes, as medidas macroprudenciais não substituem o aumento de juros no combate à alta dos preços. “Não se busca prioritariamente (com as medidas) fazer o trabalho que é da política monetária,“ afirmou. Reuters


Alta nos preços contribui para aumento em índice de inadimplência
Segundo Serasa Experian, inflação, juro e rolagem de dívida são fatores que mais incentivam não pagamento de dívida

Cláudia Bredarioli

O contínuo aumento do custo de vida no país também tem reduzido a capacidade do brasileiro de cumprir suas obrigações financeiras e, especialmente, buscar possibilidades de renegociação viáveis de suas dívidas. Isso porque, apesar da elevação do juro e das medidas macroprudenciais determinadas pelo governo, o consumo ainda se mantém alto, dificultando a queda dos preços e, conseqüentemente, do custo do crédito, segundo avaliação da Serasa Experian.
A inadimplência do consumidor cresceu 1,5% no mês de abril, em relação a março, segundo a consultoria. É o segundo aumento consecutivo. Em março ante fevereiro deste ano, houve um crescimento de 3,5%. Na comparação anual com abril de 2010 subiu 17,3%. No ano, a variação acumulada de janeiro a abril, ante comparação com o mesmo período do ano passado, subiu 20,3%.Nos primeiros quatro meses de 2011, em comparação com o mesmo período de 2010, o valor médio das dívidas não bancárias teve queda de 19%. As dívidas realizadas com os bancos recuaram 5,5%.
Além da inflação, o acirramento da alta dos juros e o hábito do brasileiro de rolar dívidas têm contribuído para esse aumento do endividamento, segundo Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa. “A inflação diminui a renda, porque incentiva que seja gasto mais dinheiro com as despesas básicas, mas o brasileiro não está consumindo menos em razão disso. É por isso que as dívidas continuam crescendo”, diz.
Em razão deste cenário, Almeida explica que a consultoria reviu de 8% para 11% sua expectativa de aumento da inadimplência para 2011. A variação, contudo, está longe do recorde de 40%, registrado em 2001, quando o Brasil passava por um racionamento de energia e enfrentava, no cenário externo, crise na Argentina e o efeito do ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos. ■


Câmara aprova criação do Cadastro Positivo para crédito

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite de terça-feira, a medida provisória que cria o Cadastro Positivo para a concessão de crédito. Defensores da medida esperam que ela facilite o acesso a financiamentos e reduza o chamado spread bancário, diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros cobrados dos tomadores finais. Com a criação do Cadastro, que ainda terá de ser aprovado pelo Senado, as empresas de bancos de dados terão acesso a informações sobre pagamentos em dia realizados por pessoas físicas e jurídicas, desde que tenham autorização expressa do consumidor ou da empresa para isso.
Essa autorização deverá ser feita por documento específico ou de uma cláusula no contrato. Um item colocado na proposta pelo relator da matéria, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), diz que as informações do Cadastro Positivo poderão ser compartilhadas por mais de um banco de dados de análise de crédito, desde que também autorizado pelo tomador de empréstimo.
Reuters


EMPRESAS
BP recebe aval para operar blocos da Devon e busca novas compras
Com a autorização da ANP, última necessária para começar a exploração de petróleo, companhia parte para novos negócios

A companhia petrolífera britânica BP anunciou ontem que recebeu a aprovação final para concluir a aquisição de dez blocos de exploração e produção no Brasil da Devon Energy.
As aprovações dadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) eram as últimas necessárias à conclusão do acordo, de US$ 3,2 bilhões, anunciado em março do ano passado. Agora a empresa busca novas formas de acelerar seu aumento de produção no Brasil, e já negocia “duas ou três oportunidades” de aquisição de participação em blocos de petróleo no país, informou o presidente da subsidiária brasileira da BP, Guillermo Quintero.
Empresas incluindo a OGX e a Galp Energia estão em busca de parceiros para apoiar investimentos no País. “Não podemos revelar os nomes por questões estratégicas, mas temos em andamento duas ou três negociações de farm-in (processo de entrada nos blocos)”, disse ontem o executivo, em entrevista sobre a aquisição de ativos da Devon pela BP Brasil. A aprovação da ANP para a compra dos ativos da Devon levou cerca de um ano. A carteira da Devon incluía 10 blocos de exploração e produção, localizados nas bacias de Camamu-Almada e de Campos (oito áreas) e na bacia do Parnaíba (dois blocos), no Maranhão. “Não viemos para o Brasil apenas para continuar o que a Devon já começou. O Brasil é estratégico para nós”, disse Quintero.

Salto de produção
Das operações da BP no país, apenas o bloco de Polvo, na bacia de Campos, já está em plena atividade, com uma produção de 25 mil barris de petróleo ao dia, informou o presidente da
BP no país. “Com a aquisição da carteira da Devon temos capacidade de aumentar nossa produção no país para mais de 100mil barris”, ressaltou Quintero. A companhia espera, no entanto, ampliar o volume de produção nos próximos anos. “Achamos que na segunda metade dessa década vamos ampliar a nossa produção significativamente”, acrescentou o presidente da BP no Brasil.

Concessões
Além da compra da Devon e de novas aquisições, também devem colaborar para esse crescimento a participação nos leilões de concessão de áreas de exploração sob o mar e em terra ainda neste ano, disse Quintero. A empresa também que concorrer por licenças em águas profundas do pré-sal, área em que apenas a Petrobras poderá operar os projetos. “O Brasil é muito importante para a BP, é uma das bases sedimentares, talvez a mais importante em águas profundas”, disse Quintero. “Somos bons parceiros da Petrobras e não é relevante se seremos operadores ou não”. A BP vai trazer para o Brasil a sonda de águas profundas em maio e tem planos de perfurar três poços no País este ano, segundo comunicado distribuído ontem.
Além dos investimentos em exploração e produção de petróleo, a BP concluiu no mês passado a aquisição do grupo de açúcar e álcool CNAA, por US$ 680 milhões. A companhia também tem interesse em adquirir os ativos de combustíveis de aviação da marca Esso no país. ■ Reuters e Bloomberg



Receita cobra R$ 4,6 bilhões da Petrobras

Nivaldo Souza

A Petrobras teve negado ontem um recurso administrativo sobre a retenção de R$ 4,6 bilhões em Imposto de Renda sobre o pagamento de afretamento de embarcações, entre 1999 e
2002. A decisão foi reportada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão da Receita Federal. Segundo a própria petrolífera, em nota, a fiscalização da Receita entendeu que “as plataformas não são embarcações”.

Recurso sem data
A Petrobras afirma que o CARF recusou o argumento da empresa para reter o IR ao entender que “a Companhia não poderia se utilizar do benefício de redução a zero da alíquota de imposto de renda retido na fonte incidente sobre afretamento”.
De acordo com companhia, não houve novas autuações sobre a remessas de recursos após 2002. A empresa também assegura que “aplicou corretamente a legislação tributária vigente”.
A Petrobras reportou que irá recorrerá da decisão no próprio conselho. “A Petrobras entende que aplicou corretamente a legislação tributária vigente, motivo pelo qual recorrerá às vias judiciais para prosseguir com sua defesa”, afirmou em nota. ■


Sacchelli investe R$ 36 mi com foco no pré-sal

A Aços F. Sacchelli, distribuidora especializada em aços especiais não planos usados pela indústria metal mecânica, inaugura centro logístico no Porto de Santos no dia 1°de junho. A unidade integra uma série de investimentos executados pela companhia neste ano, num total de R$ 36 milhões. O montante inclui um novo centro de distribuição com capacidade de 20 toneladas em Jacarei (SP), além de uma unidade para reprocessar 2,5 mil toneladas anuais de sobras de aço na capital paulista, no bairro Vila Prudente. Com isso, a Sacchelli chegará ao segundo semestre com sete polos de distribuição e duas usinagens.
A posição deve reforça o posto da empresa de maior distribuidora de aços especiais do país, com capacidade de armazenamento de 42mil toneladas. Mas o passo estratégico da Sacchelli é o santista. A unidade receberá o aço comprado pela empresa em cinco países, representando redução de entre 5% e 7% no custo de transporte. O posto em Santos reforça também a aposta da empresa de fugir de aumentos de preços praticados pela Gerdau. “A Gerdau está privilegiando a sua própria distribuidora, em detrimento das demais”, afirma o empresário Wagner Sacchelli.
Segundo ele, o preço médio da tonelada de aço carbono especial no mercado internacional é US$ 850, enquanto o produzido no Brasil pela siderúrgica gaúcha atinge US$ 1,5 mil. A diferença fez a Sacchelli, até 2007 distribuidora exclusiva da Gerdau, buscar fornecedor externo. Hoje, o produto importado da Alemanha, Coréia do Sul, EUA e Itália representa 85% do estoque da distribuidora. “Trago desses países com preço como qual consigo competir coma usina local.”
O empresário negocia agora um contrato de fornecimento com uma siderúrgica da Turquia. Os produto deve chegar a Santos para atender o pré-sal. Para isso, a Sacchelli está investindo R$ 7,5 milhões para colocar seu pessoal técnico dentro de siderúrgicas parceiras, com a italiana ABS, para desenvolver soluções volta- das às particularidades da explo- ração do petróleo da camada submarina brasileira. ■ N.S.


NOTAS

PETRÓLEO
Petrobras assina acordo com japonesa Jogmec para projetos de tubos flexíveis

A estatal brasileira fechou uma parceria com a Japan Oil, Gas and Metals National Corporation (Jogmec) com o objetivo de iniciar um estudo de viabilidade técnica para o projeto de dutos flexíveis para produção de petróleo na área do pré-sal. O estudo de viabilidade técnica será conduzido por um consórcio japonês composto, entre outras empresas, pela Furukawa Electric e deverá ser concluído em dezembro de 2014.

QUÍMICO
Brasil importa mais de US$ 3,3 bilhões em produtos no mês de abril

O valor recorde para o ano e 10,9% superior ao de março, segundo a Abiquim. Em relação a abril de 2010, a alta é de 39,5%. No quadrimestre, as importações somaram US$ 11,8 bilhões, aumento de 21,8% ante igual período de 2010. As exportações alcançaram US$ 1,2 bilhão em abril, recuando 3,1% sobre março. No quadrimestre, as vendas externas foram a US$ 4,7 bilhões, elevação de 14,8% sobre igual período do ano anterior.

AMBIENTE
Governo do Rio de Janeiro barra ampliação da Companhia Siderúrgica do Atlântico

A secretaria do meio-ambiente do Estado do Rio de Janeiro anunciou que vai embargar a obra de uma nova coqueria da Companhia Siderúrgica do Atlântico, uma parceria do grupo alemão Thyssenkrupp com a Vale. A secretaria exige que a siderúrgica promova obras para cobrir um poço de emergência para inibir a contaminação da atmosfera com a chamada ‘nuvem de prata’, fuligem que contém 70% de carbono e 30% de ferro.

MINERAÇÃO
MMX reverte prejuízo e obtém lucro de R$ 63,8 milhões no primeiro trimestre

A mineradora do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, havia registrado prejuízo de R$ 76,1 milhões no mesmo período do ano passado. A demanda por minério de ferro no início de 2011 manteve o ritmo observado em 2010, mas a produção da companhia aumentou 11% na comparação anual. Com o aumento de preços do minério, o faturamento da mineradora cresceu 86%, para R$ 195,6 milhões.

ALIMENTOS 1
JBS obtém lucro de R$ 147 mi no trimestre, com crescimento de 48% em relação a 2010

Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a receita líquida do frigorífico avançou 20,2%, para R$ 14,7 bilhões o que reflete os maiores preços da carne no mercado brasileiro. No entanto, a geração operacional de caixa, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), caiu 3% na mesma base de comparação, somando R$ 835,9 milhões.

ALIMENTOS 2
Brasil Foods terá R$ 1,4 bilhão do BB para investir em projetos de frangos e suínos

O Banco do Brasil (BB) e a Brasil Foods (BRF) assinaram um convênio de integração rural, no valor de R$ 1,4 bilhão. O recurso será aplicado no financiamento dos projetos integrados da empresa destinados à criação de frangos e suínos nos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Distrito Federal e região sul do país. Segundo a BRF o objetivo é apoiar a integração das cadeias de avicultura e suinocultura.


FINANÇAS
Política monetária dita rumo de commodities
Avanço da inflação chinesa pode comprometer demanda com ajuste do Banco do Povo, assim como dificuldade financeira na Europa e intervenção do BCE

Natália Flach

A avalanche que derrubou os preços das commodities, na semana passada, resolveu dar as caras novamente. Ontem, a prata despencou 8,32%, enquanto o trigo e o petróleo caíram 4,98% e 4,68%, respectivamente. Apenas o cacau registrou alta no pregão, de 0,42%. Mas, se os vilões da quinta-feira passada foram o Banco Central Europeu, que decidiu não elevar a taxa de juros da Zona do Euro, e o número de pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos, que veio acima do esperado pelo mercado, desta vez, os atores foram outros.
Ontem, a China divulgou os seus indicadores econômicos e, entre eles, estava a inflação anualizada, que veio com uma tímida desacelaração, passando de 5,4% em março para 5,3% em abril. O resultado dava pistas de que o Banco do Povo da China não iria aumentar a taxa de juros nas próximas reuniões do comitê de política monetária, afinal o aperto econômico parecia ter começado a ter efeito. Isso deveria animar as bolsas e os preços das matérias-primas subiriam com o bom humor do mercado. No entanto, as taxas reais de expansão monetária e das vendas do varejo mostraram que estão perdendo força e o medo de uma demanda chinesa mais fraca do que a prevista pelos agentes financeiros veio à tona.
 “O temor é de que a correção seja maior do que o esperado”, diz Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora. Outro fator que impulsionou a queda das commodities foram as notícias relacionadas a solvência dos bancos portugueses. Ontem, a agência de rating Fitch disse que as instituições financeiras de Portugal vão continuar dependendo da ajuda do Banco Central Europeu. “É pouco provável (que a dependência) seja significativamente reduzida, pois alguns bancos têm grandes dívidas com venci- mentos em 2011 e 2012”, aponta  relatório da agência.
A Standard & Poors também divulgou relatório ontem sobre o rating de ‘BBB-’ de Portugal, que pode sofrer rebaixamento caso os bancos portugueses não consigam cumprir as novas exigências de capital dos reguladores ou se as suas necessidades de financiamento forem maiores do que o previsto atualmente. “A possibilidade de os bancos portugueses precisarem de um apoio significativo do governo (mais de 3% do Produto Interno Bruto) pode colocar pressão sobre os ratings de Portugal”, diz a S&P no relatório. Há ainda outro fator envolvi- do na movimentação dos preços das matérias-primas: as incertezas com relação à Grécia. A volta dos rumores de que a dívida do país poderia ser revista ajudou a derrubar, novamente, o euro, que teve uma queda de 1,38%perante o dólar.

Direção de preços
Por esses e outros fatores é que Vladimir Caramaschi, economista-chefe do Crédit Agricole Brasil, não acredita no arrefecimento dos preços das commodities no curto prazo. “No entanto, as matérias-primas não devem subir com tanta intensidade nos próximos meses”, afirma. A opinião é compartilhada por Jeffrey Currie, analista de commodities da Goldman Sachs. Segundo ele, dada a magnitude da retração, há oportunidade de retomada, especialmente no segundo semestre, escreveu o especialista em relatório. Sílvio Campos Neto, economista da Tendências, lembra que os preços dasmatérias-primas estão bastante voláteis, mas acredita que o patamar deve permanecer bastante elevado. “No curto prazo, os preços devem ficar mais favoráveis, principalmente por causa das commodities agrícolas.
Mas o efeito no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ser pequeno, por causa do câmbio”, diz. O economista afirma que se o Banco Central brasileiro não interviesse no câmbio, os efeitos marginais da queda das matérias-primas seriam maiores. ■


Alívio no curto prazo não é consenso
Alguns especialistas, no entanto, concordam com Alexandre Tombini, que espera redução do preço nos próximos meses
Mais uma vez, o mercado financeiro se divide quando o assunto são as expectativas do Banco Central. Alguns especialistas concordam com Alexandre Tombini que espera redução do preço das commodities nos próximos meses, enquanto outros não prevê em queda no curto prazo. Segundo o presidente do órgão regulador, a entrada de novas safras agrícolas deve dar um descanso à valorização das matérias-primas, no Brasil.  Isso aliado às medidas tomadas pelo governo e à sazonalidade do período serão responsáveis pela desaceleração do IGP-M e, posteriormente, do IPCA. A teoria ainda não se confirmou.
Mas, segundo especialistas, nos próximos meses, o quadro deve ser mais positivo. Laura Haralyi, economista do Itaú Unibanco, explica que a nova safra de cana de açúcar deve retirar 0,4 ponto percentual que foi repassado ao IPCA em março e em abril, devido ao período típico de entressafra. Além disso, deve haver queda no componente de vestuá-rio, já que junho e julho se caracterizam pelas liquidações do varejo. “Veremos inflação baixa nos próximos meses”, afirma.
Felipe Tâmega, economista-chefe da Modal Asset Management, lembra que as commodities vêm caindo há um tempo. “O BC entende que o preço das matérias-primas já subiram muito e não devem ter fôlego para subir mais. O que impacta a inflação é a variação para cima ou para baixo”, explica. Vladimir Caramaschi, economista-chefe do Crédit Agricole Brasil, diz que a queda das commodities teria de ser muito grande para impactar o IPCA. “O que houve na semana passada foi uma realização de lucros. Mas o BC não pode insistir nesse recado: o mercado de trabalho continua muito aquecido e isso tem impacto mais direto.” ■


NOTAS
Maio já registra US$ 3,5 bi de fluxo cambial

O país registrou fluxo cambial positivo de US$ 3,595 bilhões na primeira semana de maio, informou o Banco Central. No período, o BC incorporou US$ 1,43 bilhão às reservas internacionais por meio de compras no mercado à vista. A entrada de dólares no país em maio já supera os US$ 1,54 bilhão registrados em todo o mês de abril. O saldo positivo no primeiros cinco dias foi composto por entradas líquidas de US$ 761 milhões em operações financeiras e de US$ 2,83 bilhões nas comerciais.

CRÉDITO
Apesar das medidas, CDC no financiamento de veículos cresce 6,4% no 1º trimestre

O Crédito Direto ao Consumidor (CDC) para a aquisição de veículos registrou alta de 6,4%no primeiro trimestre ante mesmo período de 2010. Segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), o leasing, no entanto, caiu 9,8%, ainda sem o efeito das medidas macro prudenciais do fim do trimestre. O saldo total das carteiras de financiamento foi de R$ 190,4 bilhões, 17,3% que no mesmo período de 2010.

MERCADOS
Aversão ao risco derruba bolsas em Wall Street e no Brasil; dólar sobe a R$ 1,62

O aumento da aversão ao risco no exterior derrubou as principais bolsas de valores e conduziu o dólar para cima ontem. Em Wall Street, o índice Dow Jones, caiu 1,02% aos 12.629 pontos; o S&P 500 baixou 1,11% para 1.342 pontos (menor valor desde março), e a Nasdaq perdeu 0,93% a 2.845 pontos. No Brasil, o Ibovespa desvalorizou 1,70% aos 63.775 pontos. O dólar, no entanto, subiu 0,9%a R$ 1,620, recuperando a perda da véspera.


ÚLTIMA HORA
CCEE quer fim de atrasos em contratos de energia

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), associação responsável pela administração da energia comercializada no país, quer acelerar a cobrança e a imposição de punições às usinas que não cumpram contratos definidos em leilões realizados pelo governo. Os atrasos na entrega da energia contratada geram dívidas que acabam sendo rateadas por todas as empresas usuárias do sistema energético brasileiro.
A CCEE já enviou um conjunto de propostas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que sejam criadas regras específicas para os casos de empresas inadimplentes. “Nossameta é chegar à inadimplência zero até o final deste ano”, diz o novo presidente do Conselho Administrativo da CCEE, Luiz Eduardo Barata Ferreira, que assumiu este mês. Ferreira diz que o aumento da inadimplência no setor era próximo a zero até o ano de 2008 e que passou a crescer como estouro da crise internacional. O novo cenário econômico afetou investimentos previstos para a construções de novas usinas, especialmente de produtores independentes que participam dos leilões de energia. Com isso, em apenas três anos, as dívidas chegam a R$ 280 milhões. O problema afeta 16 empresas, das quais 11 já respondem processos que podem levar ao desligamento de suas operações no sistema energético nacional.
Uma das propostas é a exigência de aportes financeiros como condição para participação de leilões de energia que garantam o cumprimento dos contratos no curto prazo. A proposta está sendo discutida em audiência pública que trata especificamente de usinas que não entram em operação em prazo pré-determinado.
Para cumprir a meta da inadimplência zero até o final do ano, a CCEE precisará atuar junto à Aneel para solucionar casos como o processo movido contra empresas como o Grupo Bertin. O conglomerado é responsável por 76%das inadimplências do sistema. Duas usinas termelétricas que deveriam ter entrado em operação em julho do ano passado, começaram a operar em janeiro deste ano, acumulando dívidas entre julho e dezembro de 2010. Procurado, o Grupo Bertin não respondeu até o fechamento da edição. Segundo a advoga- da Solange David, responsável pelo departamento jurídico da CCEE, o processo pode ser resolvido sem o desligamento das usinas do grupo. A solução será o pagamento da energia elétrica entregue pela Chesf no lugar da energia que deveria ter sido fornecida pelo Grupo Bertin. ■ Ruy Barata Neto


Há 40 mil brasileiros R$ 2,5 bi mais pobres :: Ricardo Galuppo

Diretor de Redação

Melhor seria dar a questão por encerrada e só voltar a ela depois que o Cade, ali pelo final de junho ou início de julho, expedisse a decisão definitiva sobre a fusão da Perdigão com a Sadia. Mas, diante do estrago que o parecer divulgado pelo órgão na última segunda-feira provocou no preço das ações da companhia, é impossível não tocar mais uma vez no assunto. Mesmo porque, ele é grave e diz respeito, de forma direta, a quase 40 mil acionistas da BRFoods — divididos entre pessoas físicas, jurídicas e investidores institucionais.
Nesse último grupo encontram-se fundos de pensão do Brasil e do exterior, o que eleva a quantidade de afetados pela medida a algumas centenas de milhares. Juntas, essas pessoas viram seu patrimônio minguar R$ 2,5 bilhões em menos de 48 horas — período em que o valor patrimonial da BRFoods caiu quase 9%. É dinheiro que virou fumaça ao sabor de uma decisão que, vista com atenção, não faz o menor sentido.
É provável que os procuradores do Cade não pensaram que atingiriam tanta gente com seu documento anacrônico. Os argumentos contidos no texto, além de demonstrar uma visão pueril do significado da concorrência no mundo atual, lembram uma visão marcada por uma ideologia que parecia esquecida no passado.
Antes da queda do Muro de Berlim,muita gente via as grandes empresas como vampiros sanguinários dispostos a extrair da mais-valia junto com o sangue do sofrido povo brasileiro. (A frase soou antiga? Foi de propósito). Hoje, felizmente, eles são poucos. Infelizmente, alguns ainda estão em lugares de onde podem causar danos consideráveis à economia.
Antes de prosseguir, convém deixar claro que, na minha opinião, o papel da autoridade da concorrência num país moderno é fundamental. Ela deve, em primeiro lugar, zelar para que o ambiente estimule o surgimento de novas empresas e equalize as condições de competição entre elas — impedindo, por exemplo, que os maiores e mais antigos impeçam com práticas desleais que os negócios nascentes surjam e cresçam. Essa, no entanto, não parece ser a preocupação do Cade.
A BRFoods faturou US$ 12,6 bilhões no ano passado. Ela tem entre seus concorrentes empresas como as americanas Tyson (US$ 28,bi) e Smithfield (US$ 11,2 bi). Unidas, Sadia e Perdigão têm muito mais chances de enfrentar esses competidores do que teriam separadas. O Brasil vem se esforçando para ter empresas e marcas em condições de brigar no mercado mundial. O jogo é pesado e dificílimo — e tem muita gente que ficaria feliz com o fracasso de nossas empresas. Os concorrentes da BRFoods encontraram dentro do Brasil seus maiores aliados: os procuradores do Cade que assinaram o parecer. É triste,mas é amais pura verdade. ■

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