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terça-feira, 10 de maio de 2011

10 de maio de 2011 - FOLHA DE SÃO PAULO


DESTAQUE DE CAPA
Depressão e álcool tiram mais anos de vida do brasileiro

Os transtornos psiquiátricos lideram a lista das doenças crônicas responsáveis por anos de vida perdidos no país, mostram estudos sobre o Brasil publicados no periódico médico "Lancet". Ano perdido é um conceito de saúde pública mais abrangente, que leva em conta não apenas as mortes causadas pela doença, mas o fardo social que ela representa em incapacitação e perda de qualidade de vida.


RESERVA NO EXÉRCITO
General Heleno volta a defender o golpe de 64 ao passar para a reserva

DE BRASÍLIA - Ao passar para a reserva ontem, em solenidade no Quartel-General do Exército, o general Augusto Heleno recorreu à memória do pai, que foi coronel e morreu quando ele era tenente, para defender a ação das Forças Armadas em 1964 "contra a comunização do país".
Dirigindo-se ao pai, disse: "Lutastes, em 1964, contra a comunização do país e me ensinastes a identificar e repudiar os que se valem das liberdades democráticas para tentar impor um regime totalitário, de qualquer matiz".
Polêmico e respeitado entre os militares, Heleno foi o primeiro comandante brasileiro da Força de Paz da ONU no Haiti e comandante do Exército na Amazônia, uma das vagas mais disputadas.
Seu último posto foi no burocrático Departamento de Ciência e Tecnologia, que passou para o general Sinclair James Mayer, na presença do comandante Enzo Martins Peri. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, não compareceu.
Na despedida, Heleno reclamou: "Quando fui nomeado, ouviram que eu estava sendo colocado na geladeira profissional. Sem dúvida, o DCT nada tinha a ver com meu perfil e minhas aptidões. Por decisão do comandante supremo, eu me tornara o exemplo típico do homem errado no lugar errado". O comandante supremo era o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


AVIAÇÃO
Empresas aéreas querem mais voos em 4 aeroportos
Comitê da Anac fará estudo para aumentar frequências em Cumbica (SP), Brasília, Confins (MG) e Viracopos (SP)
Proposta principal é reduzir a distância entre os aviões que pousam, sem depender de obras de melhoria

RICARDO GALLO -DE SÃO PAULO

Por iniciativa das companhias aéreas, um comitê da Anac (Agência Nacional de aviação Civil) propôs aumentar a quantidade de voos em quatro dos maiores aeroportos brasileiros, sem depender necessariamente de obras de melhoria. Os alvos são Cumbica, em Guarulhos (SP), o mais movimentado do país, Brasília, Confins (MG) e Viracopos (SP), importantes centros de conexões da malha aérea.
Os quatro já operam atualmente acima da sua capacidade de abrigar passageiros -embora, em relação à pista, haja espaço disponível. A proposta saiu semana passada em reunião da Câmara Técnica de Infraestrutura do Conselho Consultivo da Anac. O grupo fará um estudo, a ser concluído em três meses, para identificar de que modo ampliar as operações nos aeroportos. A aplicação, se efetivada pela Anac, fica para 2012.
Integram a câmara a Infraero (estatal que administra os aeroportos) e associações de companhias aéreas, entre outros. As resoluções são submetidas à Anac.
A proposta principal é reduzir a distância entre os aviões que aterrissam, de cerca de 18,5 km para 10 km.
"No mundo se pratica separação de 5 milhas náuticas [9,2 km], até menos, com segurança", diz Ronaldo Jenkins, diretor do Snea, o sindicato das empresas aéreas.
As empresas estão de olho em aproveitar a demanda - o movimento de passageiros subiu 21% em 2010.
Adotar a medida implicará, mais cedo ou mais tarde, contratar mais controladores de voo. Em outubro, a Folha mostrou que faltavam 900 controladores no país.
Hoje, Cumbica tem em média 30 operações por hora; o limite definido pela Aeronáutica é de 44 -uma folga de até 20% é necessária para atenuar atrasos.
Quem estabelece a capacidade de cada pista é o Decea (Departamento do Controle do Espaço Aéreo), da Aeronáutica. Procurado, o órgão não respondeu à Folha.
A câmara técnica buscará ainda soluções para otimizar o tempo que os aviões ficam em solo e o espaço que ocupam em cada aeroporto.
"Se obtivermos um aumento de eficiência, poderemos mitigar o problema de capacidade nesses aeroportos", diz o coordenador da câmara técnica Victor Celestino, diretor da Abetar (associação das companhias de transporte aéreo regional) e da Trip Linhas Aéreas.


Mudança esbarra em terminais já sobrecarregados

DE SÃO PAULO

Melhorar a eficiência das pistas, como propôs o comitê da Anac, esbarrará em aumento de voos em terminais de passageiros já sobrecarregados antes mesmo da Copa de 2014.
As obras nos quatro aeroportos deverão estar inteiramente concluídas em 2013.
"Hoje em dia não se pode querer solução ideal. Teremos a solução possível", diz Ronaldo Jenkins, do Snea (sindicato das empresas), sobre como aumentar voos se já falta espaço para passageiros e estacionamento, como em Cumbica.
Uma das duas pistas do aeroporto será parcialmente fechada de agosto a dezembro. Em 2012, há possibilidade de interdição total. É justamente o que querem evitar as empresas aéreas -mais voos em menos tempo reduziriam o prejuízo.
"Por que mudar agora a separação de voos? Por que não se pensou antes?", diz Carlos Camacho, diretor de segurança do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas). A medida em Cumbica é inoportuna, afirma.


PAINEL
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Paciência no limite
Dilma Rousseff não esconde mais sua contrariedade com a Infraero, agora comandada por Gustavo Valle. Em recente reunião sobre aeroportos, a presidente, por mais de uma vez, foi ríspida com os diretores Jaime Parreira (Engenharia) e João Márcio Jordão (Operações). "Vocês estão me enrolando há oito anos", desabafou. Quando eles mencionaram que o Exército toca parte da obra do terceiro terminal de Cumbica, ela rebateu: "O Exército, que não trabalha três turnos? Que não trabalha nos fins de semana?".
Em outra ocasião, Dilma teria dito ao próprio Valle: "Quando chamei o senhor para o cargo, sabia que não entendia de aeroportos. Mas se passaram semanas".
Sem chance Em reunião posterior, sem a presença de Dilma, Antonio Palocci (Casa Civil) examinou o relato dos representantes da Infraero sobre o ritmo das obras nos aeroportos e disse: "Esse calendário a presidente não vai aprovar".


ORÇAMENTO
Cortes na Secretaria de Direitos Humanos chegam a R$ 13,5 mi

DE CAMPINAS - Apesar de o tema de direitos humanos ser uma das prioridades do governo federal, em 2011 os projetos do órgão responsável pelas principais políticas da área receberão R$ 13,5 milhões a menos do que no ano passado.
A Lei Orçamentária Anual, aprovada em fevereiro, estabeleceu que a Secretaria Especial de Direitos Humanos terá orçamento de R$ 228 milhões, sendo cerca de R$ 15 milhões em reserva de contingência -verba que é liberada de acordo com a arrecadação.
As verbas distribuídas entre os programas e ações da secretaria vão alcançar, assim, R$ 213,1 milhões -ante os R$ 226,6 milhões de 2010.
Entre os programas da pasta estão a proteção a pessoas ameaçadas (como testemunhas), ações de atenção a pessoas com deficiência e idosos e combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.
O atendimento socioeducativo a adolescentes infratores, por exemplo, em 2010 representava 22% de todo o orçamento da secretaria -a maior dotação da pasta. Este ano, representará só 9% do total.
A Secretaria Especial de Direitos Humanos informou, em nota, que "não vai se manifestar sobre a questão orçamentária". A pasta também não informou em quais circunstâncias a reserva de contingência poderá ser utilizada.


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