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terça-feira, 3 de maio de 2011

03 de maio de 2011 - JORNAL O GLOBO


DESTAQUE DE CAPA
EUA jogam corpo de Bin Laden no mar para sepultar o mito
Obama diz que mundo ficou mais seguro, mas faz alerta geral contra represália do terror

Numa decisão que levantou questionamentos ao redor do mundo, os EUA jogaram no mar o corpo do terrorista Osama bin Laden, líder da al-Qaeda, morto numa operação militar no Paquistão, domingo. A intenção seria privar os extremistas islâmicos de um ponto de peregrinação. A operação foi denominada "Geronimo", em referência a um renegado apache do século XIX. "Este é um dia bom para os EUA" - celebrou o presidente Obama. "O mundo está mais seguro." O país foi tomado por uma onda de patriotismo, com festa nas ruas de Nova York - onde os atentados do 11 de Setembro mataram quase 3 mil pessoas. As autoridades aumentaram o alerta em aeroportos, estações de trem, bases militares e representações diplomáticas no exterior, temendo represálias. Na Líbia, foram enterrados os corpos do filho e de três netos de Muamar Kadafi, mortos pela Otan no sábado.


ANCELMO GOIS

Revista às tropas
Sexta agora, Nelson Jobim, ministro da Defesa, visitará o Morro do Alemão, no Rio, ocupado pelas Forças Armadas.


A REDE SECRETA DO SARGENTO
'Não apuraram porque não quiseram'
Ministro aposentado do STM afirma que atentado no Riocentro deixou de ser investigado para proteger altos oficiais

BRASÍLIA. Trinta anos depois do atentado do Riocentro, um dos casos mais emblemáticos da fase final da ditadura militar, o ministro aposentado do Superior Tribunal Militar (STM) Júlio de Sá Bierrenbach sustenta que a investigação foi abafada para inocentar altos oficiais vinculados ao crime. O ministro aponta o dedo para o general Octávio Medeiros, chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), e até para o ex-presidente João Baptista Figueiredo, já falecido. "Figueiredo, na ocasião, declarou que (os militares envolvidos no atentado) não estavam subordinados a ele. Estavam subordinados ao ministro do Exército. Mas aí faço uma pergunta: o I Exército não estava subordinado ao presidente da República?" O atentado ocorreu em 30 de abril de 1981. Reportagens publicadas pelo GLOBO na semana passada mostram que a agenda do sargento Guilherme Pereira do Rosário - um dos autores do ataque, morto na explosão - revela a rede de terror envolvida no episódio, mas jamais foi usada nas investigações.

Jailton de Carvalho

O caso Riocentro completou 30 anos. O senhor acha que falta muita coisa ainda para ser esclarecida? O que faltou apurar?
JÚLIO BIERRENBACH: Deram um jeito no espaço e no tempo. Primeiro, ao insistir em que a bomba não estava no colo do sargento. Era um absurdo. Depois deram um jeitinho no tempo com a emenda constitucional de 1985. Deixaram de botar o parágrafo segundo da emenda, que limitava a coisa ao período da Anistia concedida pelo (presidente João) Figueiredo até 1979. Quando o Hélio Bicudo era presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, me convidou para ir a Brasília prestar declarações. Tinha 12 representantes lá, e tudo isso veio à baila. É desagradável. A decisão do meu tribunal no segundo inquérito foi completamente errada, um absurdo (o STM incluiu o atentado entre os casos protegidos pela Lei de Anistia).

Por que era absurdo?
BIERRENBACH: A segunda vez em que o caso foi julgado, baseado na emenda votada pelo Congresso em 1985. O período era o mesmo, até 1979. E o Riocentro foi depois de 79.



Ou seja, o caso Riocentro não foi alcançado por essa emenda?
BIERRENBACH: Não, absolutamente, a emenda não protegia (os responsáveis) pelo caso do Riocentro.

Então o senhor acha que deveria haver punição?
BIERRENBACH: Deviam julgar, deviam apurar. Ninguém apurou nada. Não apuraram porque não quiseram apurar. É pena você não ter em mãos o meu livro ("Riocentro: quais os responsáveis pela impunidade?"). Eu cito as declarações do Figueiredo).

Tudo indica que os dois militares estavam no Riocentro cumprindo ordens superiores. Por que essas pessoas não foram chamadas, não foram investigadas e não foram punidas?
BIERRENBACH: Que pessoas?

Tudo indica que o crime foi planejado por um grupo maior e não apenas por dois.
BIERRENBACH: Um morreu e outro nunca foi ouvido. Até comento no meu livro que o Ministério Público Militar ficaria desacreditado se o capitão que foi ferido não comparecesse à auditoria para prestar declaração. Ele nunca declarou nada. É cheia de falhas a coisa.

O então capitão Wilson Machado nunca foi chamado para depor?
BIERRENBACH: Ele nunca depôs. Evitaram de todo jeito que ele depusesse.

Quem estava acima desses dois militares, o capitão Wilson Machado e o sargento Rosário?
BIERRENBACH: Figueiredo, na ocasião, declarou que não estavam subordinados a ele. Estavam subordinados ao I Exército, ao ministro do Exército. Isso era o Figueiredo livrando o pessoal do SNI (Serviço Nacional de Informações). Mas aí faço uma pergunta: o I Exército não estava subordinado ao presidente da República? Eles não apuraram porque não quiseram, porque não convinha. E o negócio todo foi feito para liberar o chefe do SNI.

Estavam protegendo o chefe do SNI por quê?
BIERRENBACH: Porque o general (Octávio) Medeiros era um possível candidato a substituir Figueiredo. De modo que Figueiredo fez tudo dizendo que aquilo foi coisa de tenentinho, capitão. Tirado tudo de cima, como se eles não fossem subordinados ao presidente da República.

Então o senhor acha que houve envolvimento do presidente da República também?
BIERRENBACH: Omissões, omissões. Deviam ter tomado outras providências. Era omissão de todos os lados. Eu tive luta no Superior Tribunal Militar com alguns ministros. Queriam reunião secreta. Mas depois, Cabral Ribeiro prestou declarações em sessão aberta e deu (entrevista) à imprensa. Aí eu respondi em nota à imprensa.

E essa falha na investigação e no processo, o senhor acha que desacreditou a Justiça Militar?
BIERRENBACH: A Justiça Militar não, mas alguns ministros saíram desacreditados. Disso não há dúvida nenhuma. Por exemplo, ninguém viu como é que foi sorteado o relator. Eu digo abertamente no livro. Se eu tivesse mentindo, podiam vir para cima de mim. O relator foi escolhido, a imprensa esperou até o fim do expediente e ficou para o dia seguinte. No dia seguinte, os jornais já publicavam o nome do relator escolhido pelo presidente do tribunal.

Houve manipulação?
BIERRENBACH: Houve manipulação, não tenho dúvida nenhuma. Agora, a esta altura, estou eu criticando atos do meu tribunal. Como é que vou me defender? Sou aposentado, tenho 92 anos, vão dizer que estou gagá. O negócio é esse.

Quando o senhor era ministro do STM, foi pressionado por alguém do governo, do Exército?
BIERRENBACH: De jeito nenhum. Se viessem me pressionar eu botava a boca no mundo. Eu tinha bom contato com a imprensa. O meu voto, que foi longo, os principais jornais publicaram a íntegra.



O voto que entrou para a História

Em dezembro de 1982, o almirante Júlio de Sá Bierrenbach, então ministro do Superior Tribunal Militar (STM), prometeu que não pisaria em qualquer unidade do Exército enquanto o ministro da Força fosse o general Walter Pires. Semanas antes, Bierrenbach provocara a fúria de Pires ao divulgar um longo voto favorável ao desarquivamento do atentado do Riocentro. Em 52 páginas, o almirante alegou que a ação de poucos militares não poderia comprometer “a grandeza do Exército”.
Apesar de críticas contundentes às investigações, conduzidas na época pelo então coronel Job Lorenna Santana, Bierrenbach não conseguiu convencer os seus pares. O pedido de desarquivamento acabaria derrotado por dez votos a quatro. De quebra, o ministro do STM entraria em conflito com o ministro do Exército, que atacou duramente o conteúdo do voto.
Franco e direto, um estilo consolidado em mais de 40 anos de carreira, Bierrenbach, que posteriormente assumiria a presidência do STM, jamais recuou na posição sobre o episódio. “Estamos diante de um crime dos mais nefastos, terrorismo à beira da impunidade. Por muito menos, este Tribunal já condenou alguns réus a muito mais”, escreveu no voto que entrou para a História do Brasil.


COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE
Governo planeja instalar Comissão da Verdade no Congresso neste 1º semestre
Maria do Rosário, que busca apoio da oposição, tem reunião com Vaccarezza

BRASÍLIA. O governo quer celeridade na instalação da Comissão Nacional da Verdade e acredita que o projeto que cria o grupo poderá ser aprovado no Congresso ainda no primeiro semestre. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, reuniu-se ontem com o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). A exemplo do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que já reuniu-se com os líderes da oposição, Rosário tem conversado com os opositores. O ministro já discutiu o assunto com o líder do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), um apoiador da proposta. Rosário já fez contato com o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), e aguarda retorno.
- É uma romaria mesmo, de gabinete em gabinete, e a receptividade está sendo muito positiva. A Comissão da Verdade hoje está sendo discutida por diferentes partidos e o importante é transformar esta numa questão de Estado e não de governo - disse Maria do Rosário.
Jobim obteve de líderes da oposição o compromisso da discussão do tema em seus partidos. ACM Neto diz estar convencido de que as divergências entre os militares com o setor dos direitos humanos cessaram com o fim do governo Lula:
- Sou simpático ao projeto agora porque é fruto de uma discussão equilibrada e de um entendimento. E não é como antes, quando o que ocorria era a tradução de um conflito.
Se aprovada pelo Congresso, a comissão será formada por sete integrantes, todos os nomes indicados pela presidente Dilma Rousseff. Cada integrante receberá salário de cerca de R$11 mil. O objetivo da comissão é esclarecer graves violações de direitos humanos durante a ditadura.


LICITAÇÃO DE AEROPORTOS
Edital do aeroporto de Guarulhos sairá só em 2012
Concessão à iniciativa privada do terminal de SP depende de BNDES, Anac e TCU. Consulta pública será de 30 dias

Geralda Doca e Chico de Gois

BRASÍLIA. O edital de licitação de Guarulhos, o primeiro dos cinco aeroportos brasileiros a serem parcialmente ou totalmente privatizados, só deverá estar nas ruas no início do ano que vem. Na próxima semana, deverá ser anunciada a contratação do estudo de viabilidade econômica e de definição da modelagem jurídica (condições do contrato) pelo BNDES para a concessão do aeroporto paulista.
A previsão é que esse estudo somente fique pronto num prazo entre seis e oito meses, contou uma fonte envolvida nas discussões. Com base nas conclusões, a Agência Nacional de aviação Civil (Anac) vai elaborar a minuta do edital, que ficará em consulta pública durante 30 dias. Ao fim do prazo, o texto será enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU), que, por sua vez, poderá demorar até três meses para autorizar a publicação do edital definitivo.


Brasília, Viracopos, Galeão e Confins estão na lista
O governo quer que o setor privado construa o terceiro terminal de passageiros de Guarulhos e se responsabilize pela manutenção, limpeza e segurança da área. Em troca, o investidor poderá ficar com as receitas de áreas comerciais (lojas, espaços publicitários etc.), numa espécie de concessão administrativa, por um prazo que pode chegar a 30 anos para retorno dos recursos aplicados.
Detalhes do edital, como a forma pela qual será escolhido o vencedor, o prazo exato da concessão e se haverá algum repasse à Infraero, serão apontados a partir do estudo a ser contratado pelo BNDES. O modelo avaliado pelo governo prevê que a Infraero continue sendo a responsável pela arrecadação de tarifas aeroportuárias no novo terminal. Não será uma Parceira Público-Privada (PPP) porque os investimentos serão integralmente custeados pela iniciativa privada.
O segundo estudo a ser contratado será para o aeroporto de Brasília. Provavelmente, ele seguirá a mesma linha de Guarulhos, com concessão administrativa.
- Não é possível conceder integralmente esses dois aeroportos (modelo chamado de porteira fechada, ou seja, com retirada total da Infraero), porque eles ajudam a carregar a rede da Infraero como um todo - disse uma fonte, referindo-se à importância dos dois aeroportos como hubs (centros de distribuição de voos) no Brasil.

Dilma recebe Palocci para avaliar concessões do setor
Já o terceiro da lista de privatização, Viracopos (Campinas), ainda depende de algumas decisões por parte do governo. Falta definir, por exemplo, se a concessão será em parte ou integral. Pesa a favor desta última opção o pesado volume de recursos que Viracopos demandará para ser transformado no "aeroporto do futuro", como quer a presidente Dilma Rousseff, recebendo por ano 70 milhões de passageiros (atualmente, são cinco milhões).
Deficitário, o Galeão deverá ser privatizado igualmente em porteira fechada. O mesmo acontecerá com Confins (Belo Horizonte).
Mesmo recuperando-se de uma pneumonia, a presidente recebeu ontem, no Palácio da Alvorada, o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, para discutir o andamento das concessões dos aeroportos. Nesta terça-feira, o ministro da Secretaria de aviação Civil (SAC), Wagner Bittencourt, vai se reunir com os presidentes das companhias aéreas brasileiras para apresentar os planos do governo e sondar o interesse delas em participar do processo de concessão.

Novo ministro analisará gargalo da mão de obra
Informalmente, esse trabalho já foi feito e o encontro de hoje tem como objetivo formalizar o convite, além de exigir que as companhias façam a sua parte para acompanhar o crescimento da demanda no setor. O novo ministro quer saber dos planos das empresas para resolver problemas de cancelamento, atraso de voos e falta de mão de obra (pilotos e co-pilotos, principalmente).
Além das companhias aéreas, o governo conversou com representantes das empreiteiras e de administradoras internacionais de aeroportos.
Para que a Secretaria de aviação possa atuar plenamente, o governo precisa concluir o texto do decreto que permite a sua instalação, deixando claro a competência. Sem este instrumento, o novo ministro da SAC não pode sequer fazer nomeações.


FALÊNCIA DECRETADA
Com rombo de R$ 433 milhões, Sata tem falência decretada

Bruno Rosa

A Sata (Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo), que chegou a ser uma das maiores empresas de apoio aeroportuário do país, teve a falência decretada pela 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) no último dia  27 de  abril,  conforme  antecipou ontem Ancelmo Gois  em sua  coluna. A  empresa,  fundada  em  1954  e que  era controlada pela Fundação Ruben Berta,  ex-dona da Varig, entrou  em crise  financeira  após o colapso  envolvendo a companhia aérea, então a sua principal cliente. A Sata, segundo o TJ, tem passivos que chegam a R$433,8 milhões.
Com o enfraquecimento da Varig, a Sata teve seu  fluxo de caixa afetado pelo atraso nos pagamentos das faturas e a inadimplência da companhia aérea. Em janeiro de 2009, sem ter como pagar aos credores e funcionários, a Sata entrou com pedido de recuperação judicial. Segundo a decisão do juiz Mauro Pereira Martins, da 4ª Vara Empresarial, a “situação econômico-financeira da  empresa se  afigura  irreversível”. Apesar dos  esforços durante  o processo  de recuperação judicial, a sentença ressalta que a Sata não atingiu o ponto de equilíbrio, sem “conseguir cumprir as obrigações do plano de recuperação”, e que ainda não tem nem condições de arcar com os custos do processo.
Pelo plano desenhado pela Justiça, a companhia teria de iniciar o pagamento aos credores no  início deste ano, o que não aconteceu. O TJ diz que, desde  fevereiro de 2006, quando a Sata tinha cerca de 5,7 mil  funcionários, a empresa não recolhe FGTS. Lembra ainda que não tem condições de quitar o INSS e as verbas rescisórias dos  funcionários. Procurada, a Sata não retornou as ligações.
Segundo um ex-funcionário, a Sata entrou em crise com a Varig:
-— Quando se olha o balanço da companhia, vemos que o buraco é justamente o dinheiro que deveria entrar da Varig. Nesse tempo, perdemos alguns clientes para concorrentes, agravando a situação.


FALSA PSICÓLOGA
Após três dias presa, falsa psicóloga é solta

Herculano Barreto Filho*

A falsa psicóloga Beatriz Cunha, presa na última quarta-feira por estelionato, falsidade ideológica e propaganda enganosa, ficou apenas três dias na cadeia. Na última sexta-feira, a juíza Alessandra Bilac, da 11a- Vara Criminal, concedeu liberdade provisória à mulher, que, tinha contratos com a Marinha e a Aeronáutica e enganou os pais de mais de 70 crianças com autismo que ela tratava no Centro de Análise do Comportamento, em Botafogo. Beatriz foi solta sábado.
Ontem, outros quatro casais e duas ex-funcionárias compareceram à Delegacia do Consumidor (Decon). Uma psicóloga de 31 anos, que teve o seu número do Conselho Regional de Psicologia (CRP-Rio) utilizado pela estelionatária para emitir recibos e laudos psicológicos, prestou depoimento. A Decon, que investiga o caso há três semanas, já ouviu mais de 20 denúncias.
* Do Extra


TRAGÉDIA DO AIRBUS A-330 DA AIR FRANCE
Encontrada a segunda caixa-preta do voo 447
Especialistas dizem que, com os registros de voz na cabine, será possível determinar as causas do acidente

A segunda caixa-preta do Airbus A 330 da Air France — que caiu no Atlântico em junho de 2009 — foi encontrada e resgatada do fundo do mar, anunciou ontem à noite o Escritório de Análises e Investigações da França (BEA), que apura o acidente que matou 228 pessoas. A caixa-preta foi localizada pelo mesmo robô Remora 6000, que encolntrara a domingo a primeira do voo 447. A caixa contém o registro de voz dos pilotos na cabine da aeronave. Agora, segundo o diretor do (BEA, na sigla em francês), Jean-Paul Troadec, com as duas caixas, será possível determinar com precisão as causas do acidente com a aeronave.

Dados poderão ser recuperados em até três dias
A segunda caixa-preta foi localizada às 23h40m (hora de Brasília) e está em boas condições. Segundo o BEA, a memória das caixas encontradas deve levar pelo menos dez dias até chegar à França, onde serão analisadas. De acordo com informações do “Le Monde”, especialistas dizem que os dados poderão ser recuperados em dois ou três dias. O
A caixa-preta encontrada no domingo, chamada Flight Data Recorder (gravador de dados de voo, ou FDR, na sigla em inglês), contém os parâmetros técnicos do voo, como altitude, velocidade, desempenho do motor e trajetória. A descoberta marca uma etapa crucial nas investigações para descobrir as causas da tragédia. O Airbus da Air France (Rio-Paris) caiu no Atlântico em 31 de maio de 2009.
Em comunicado, a ministra do Meio Ambiente, Transporte e Habitação da França, Nathalie Kosciusko-Morizet, lembrou que as famílias estão perto de uma explicação.
— Depois de quase dois anos de espera, as famílias das vítimas talvez sejam capazes de entender as circunstâncias do acidente — disse.
Ao jornal “Le Monde” Thierry Mariani, o secretário francês dos Transportes, lembrou que esta foi a primeira vez que destroços de um avião são recuperados a tal profundidade. As operações de buscas, iniciadas no dia 26 de abril, estão sendo realizadas a 3.900 metros de profundidade, a cerca de dez quilômetros ao norte da última posição do avião conhecida nos radares. Na semana passada, o robô encontrou o chassi da caixa-preta perto de outros destroços. A localização das caixa-pretas era uma prioridade. As coordenadas geográficas precisas dos destroços foram obtidas através da análise de fotos tiradas por outros robôs submarinos que descobriram a fuselagem do avião, no início de abril.

Familiares não querem que corpos sigam para França
A missão francesa tenta resgatar os corpos junto com os destroços. A Associação dos Familiares de Vítimas do Voo 447 enviou carta solicitando uma audiência à presidente Dilma Rousseff. Segundo Nelson Faria Marinho, presidente da associação, há uma série de reivindicações a serem feitas, entre elas a de que os corpos não sejam levados para a França, como o governo francês pretende fazer.


Susto na pista do Santos Dumont
Monomotor que vinha de Búzios tomba de lado após fazer pouso de emergência

Gustavo Goulart

Um avião monomotor, modelo PA-32 e prefixo PRGFC, tombou de lado ontem à tarde na pista auxiliar do Aeroporto Santos Dumont, no Centro, ao fazer uma aterrissagem de emergência por problemas no trem de pouso. A aeronave, que trazia quatro pessoas de Búzios, deveria descer no Aeroporto de Jacarepaguá, mas o piloto optou por pousar no Santos Dumont por haver mais recursos de segurança.
Segundo a Infraero, o piloto informou que não conseguiu recolher o trem de pouso ao decolar da Região dos Lagos. A torre de controle autorizou o pouso na pista auxiliar às 14h56m e acionou o sistema de emergência do aeroporto.
Ao aterrissar, o avião tombou para o lado direito, ficando com a asa encostada na pista. Equipes de socorro retiraram os ocupantes, que não se feriram. Logo depois, peritos vistoriaram a aeronave para estimar os danos sofridos. O resultado da perícia deverá estar pronto em dez dias.


NEGÓCIOS & cia

Brasil é coisa séria para Disney
Randy Garfield, vicepresidente de vendas e operações de viagens para destinos Disney, está no Brasil pela 1ª vez. Veio conhecer parceiros do mercado que mais cresce para a Disney Parks e que já está entre os cinco maiores do mundo. A seguir, trechos da entrevista à “Negócios & Cia”:

VOOS:- “Estamos muito próximos às aéreas para encorajá-las a ampliar rotas e criar novos voos do Brasil para Orlando. Voos diretos são mais atraentes, em especial para famílias com crianças. Isso vale para as companhias americanas e brasileiras, como a TAM. Um voo direto do Rio seria bem-vindo”.


MEGAZINE – GUIA DE PROFISSÕES
CARREIRA EM CONSTRUÇÃO
Com o país em crescimento, mercado está superaquecido para engenheiros civis, em obras leves ou grandes projetos

Lauro Neto

Você  sabia  que  a  engenharia  civil  nasceu  em  1792,  na  Real Academia  de Artilharia,  Fortificação  e Desenho,  da necessidade de diversificar a produção dos engenheiros militares? De projetistas de  fortalezas, eles passaram a ser requisitados para as obras civis do Brasil Colônia. Mais de dois séculos depois, o Instituto Militar de Engenharia (IME) continua como referência nacional na formação de engenheiros, que já não projetam mais fortes, mas precisam edificar um país que não para de crescer.
Gustavo Nóbrega, de 22 anos, não tinha  ideia disso quando decidiu vir do Recife para o Rio para estudar no  IME, há cinco anos. Ralou para entrar e,  já em 2008, ajudou a criar a empresa  júnior da  instituição. Aluno civil do 5º ano de Engenharia  de Fortificação  e Construção  (nome  dado  pelo  IME  à Engenharia Civil), Gustavo  toca  dois  projetos:  a construção da sede de uma ONG em Magé e a reforma do Parque Regional de Manutenção na Vila Militar de Deodoro:
— É a possibilidade de colocar em prática o que aprendemos. Meu diploma será curinga. Tem gente que trabalhará em lugares que vão do Google à Unilever, passando por mercado financeiro e consultorias. Quero montar uma empresa de construção civil e gerenciá-la.
Oportunidades não faltam no mercado aquecido. O major Marcelo Reis, coordenador de graduação de Engenharia de Fortificação do IME, descreve o perfil procurado:
— O mercado busca profissionais transdisciplinares e generalistas, que dominem as áreas da construção civil, desde recursos hídricos a estruturas, passando por geotecnia e estradas. Por isso, damos ênfase a todas elas no IME.
Os alunos que ingressam ali para seguir carreira militar ainda têm a vantagem de poder trabalhar em grandes obras do Exército, como a duplicação da BR-101 Nordeste e a transposição do Rio São Francisco. A partir do 4º ano, eles visitam esses empreendimentos e outros na região Norte, a  fim de desenvolver projetos para comunidades  ribeirinhas e nas fronteiras.
—  Se  eu  não  fosse  militar,  não  teria  a  chance  de,  formada,  sair  trabalhando  em  obras  com  tão  alto  grau  de responsabilidade e que contam muito no currículo — diz Carolina Reis, do 4º ano.
Leonam Studart, do 5º ano, escolheu o mesmo caminho: — Estou estagiando na obra da Vila Olímpica para os Jogos Militares, que posteriormente será usada nas Olimpíadas. Me sinto útil por ajudar em obras que vão fazer o Brasil crescer.

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