ACIDENTE AÉREO
França resgata segunda caixa-preta do voo AF 447
A caixa-preta com as conversas na cabine de comando está inteira
Agência AFP
PARIS - A segunda caixa-preta do Airbus A330 da Air France que caiu no mar no dia 1º de junho de 2009, quando voava do Rio de Janeiro a Paris, foi resgatada nesta segunda-feira e se encontra em bom estado, informou o Escritório Francês de Investigação de Acidentes (BEA, na sigla em francês).
"Os registros fônicos - Cockpit Voice Recorder (CVR) - foram localizados e identificados pela equipe de busca às 21h50 GMT (18h50 de Brasília) desta segunda-feira, 2 de maio. Foram levados pelo robô Remora 6000 à bordo do navio Ile de Sein às 02h40 GMT (23h40 de Brasília) de terça-feira, 3 de maio", revelou o BEA.
A caixa-preta com as conversas na cabine de comando "está inteira". "O chassi, o módulo e o cilindro estão lá. Globalmente, o aspecto externo está correto, em bom estado", declarou Jean-Paul Troadec, diretor do BEA. A queda do avião da Air France matou as 228 pessoas a bordo.
O BEA havia anunciado no domingo o resgate do módulo de memória da primeira caixa-preta - Flight Data Recorder (FDR) -, com os parâmetros de voo. Segundo Troadec, a segunda-caixa foi encontrada a cerca de 10 metros da primeira. As duas caixas estão agora em um contêiner com água para impedir sua deterioração e ficarão submersas até chegar à sede do BEA em Bourget, na região de Paris.
"Se pudermos ler seus registros, será possível compreender o que ocorreu", disse Troadec, advertindo que tudo dependerá da corrosão. No domingo, Troadec anunciou a localização "do módulo de memória do gravador de parâmetros, às 10h00 GMT (07h00 de Brasília). Ele foi recuperado (...) às 16h40 GMT (13h40 de Brasília)".
"A caixa-preta parece estar em bom estado físico. Nossos especialistas nos dizem que podemos conseguir ler esses dados", revelou Troadec na véspera.
Até o momento, os motivos da tragédia não foram explicados. Os investigadores determinaram que a falha das sondas de velocidade da aeronave, chamadas Pitot, da fabricante Thales, foi uma das causas, mas consideraram que essa avaria não basta para explicar o acidente.
EDITORIAL
Bin Laden: agora é esperar pela resposta da Al-Qaeda
Osama bin Laden, o maior ícone do terrorismo mundial em todos os tempos, está morto. Responsável direto pela covardia que matou cerca de 5 mil pessoas em 2001, quando as torres gêmeas de Manhattan e outros alvos nos Estados Unidos foram atacados quase simultaneamente, o líder da Al-Quaeda agora é só mais um mártir para seus seguidores.
Nascida no refluxo dos conflitos entre árabes e judeus no Oriente Médio – e alimentada pelo ódio à intromissão norte-americana em territórios além de suas fronteiras – a Al-Qaeda, assim como os grupos islâmicos radicais Hamas e Fatah, está longe de encantar-se pela via pacífica. Ao contrário, parecem cada vez mais dispostas ao enfrentamento, no que são semelhantes às potências da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O assassinato de Bin Laden, em pleno território paquistanês, promete colocar ainda mais fogo na ebulição planetária. Em vez de eliminar um problema, pode-se dizer que os Estados Unidos garantiram pelo menos mais 20 anos de paranóia anti-terror no planeta. Só há uma coisa que insufle mais um radical do que um líder carismático: um líder carismático assassinado pelo inimigo. Com a ação de domingo, os EUA dizem estar fazendo justiça. De fato, estão se sentindo vingados da hecatombe das torres gêmeas, que foram ao chão com transmissão ao vivo na TV.
Agora, infelizmente, é esperar pela resposta da Al-Qaeda, que, como as autoridades dos EUA já admitiram, pode vitimar mais inocentes em um ponto qualquer deste planeta.
TERRORISMO
Nem todos comemoraram
Raiva no Líbano contrasta com comemoração no Iraque pela morte de Osama
Anthony Shadid - The New York Times
Há uma década, o nome Osama bin Laden era constantemente ouvido nas capitais do mundo árabe: ele era líder, sheike até herói para muitas pessoas. Mas, depois de sua morte, o homem que prometeu a liberdade ao mundo árabe foi reduzido a uma simples nota de rodapé no livro das revoluções que estão acontecendo em alguns países da região que ele “defendia”.
Ontem, as reações à morte de Osama no Oriente Médio foram as mais diversas: desde raiva nos locais mais conservadores do Líbano ao regozijo entre os muçulmanos xiitas do Iraque, vítimas da carnificina ocorrida em nome da Al-Qaeda.
Mas a reação mais notável deu-se em países como Tunísia e Egito, onde seu nome é o eco do passado, dividido entre Ocidente e Oriente, entre onipotência americana e impotência árabe. Nos últimos meses, parecia que as únicas pessoas a citarem o nome de Osama eram os porta-vozes dos poderosos, como Moammar Kadafi e Hosni Mubarak, que evocavam as ameaças da Al-Qaeda para justificar o apego ao poder em um mundo árabe que hoje pouco se parece com o cenário que ele ajudou a criar.
Para um homem que teve grande responsabilidade em duas guerras e na intensificação da intervenção norte-americana norte da África, Iêmen e Iraque, sua morte serviu, mais do que qualquer coisa, como epitáfio de uma era. Para muitos, em um mundo árabe onde três quintos da população têm menos de 30 anos, o ataque às Torres Gêmeas de 11 de setembro de 2001 é apenas uma lembrança da infância.
– Bin Laden era o fenômeno de uma crise de tempos passados – diz Radwan Sayyid, professor de Estudos Islâmicos da Universidade Libanesa de Beirute.
Para ele, o mundo árabe tem, hoje, outras questões para debater.
– O problema não é destruir, mas construir algo novo: um novo estado, uma nova autoridade, uma nova sociedade civil.
Chamados de vingança e ódio já começaram
A perseguição do governo norte-americano desperta, há muito tempo, suspeitas entre os árabes, que continuam céticos em relação aos motivos e alvos norte-americanos, já que Washington já apoiou ditaduras em países árabes e fez alianças sem restrições com Israel.
Depois da notícia do assassinato, houve muitos chamados de vingança e ódio, muitos deles feitos publicamente pelo primeiro-ministro palestino e chefe do Hamas, Ismail Haniyeh. Ele chamou Osama de guerreiro árabe e muçulmano. Outros sugeriram que a batalha simbolizada por Bin Laden entre Estados Unidos e militantes islâmicos continuará, e, de fato, sua organização sempre foi suficientemente disseminada para sobreviver à sua morte.
– O senhor Obama falou que a justiça havia sido feita. Vamos ver de que forma. Desaprovamos as reações e celebrações norte-americanas. Qual é a grande vitória, a grande conquista? Bin Laden não é o fim do movimento – desafiou Bilal al-Baroudi, pregador muçulmano conservador de Trípoli.
Mas as opiniões foram distintas. Marwan Shehadeh, ativista islâmico e pesquisador da Jordânia, argumentou que os árabes veriam a morte de Bin Laden através das lentes da grande antipatia pelas Forças armadas norte-americanas.
– Ele era uma figurar popular e carismática para muitas pessoas, mesmo entre os mais moderados.
É considerado modelo da luta contra a hegemonia americana. Concordando ou não com suas ideologias, ele é visto como um batalhador revolucionário – diz Shehadeh.
Ao mesmo tempo, ele acredita que, dentro do mundo muçulmano, a morte de Bin Laden irá simbolizar uma revolução diferente: o afastamento da violência e a aproximação a outras formas de engajamento político.
– Este fato vai ser uma virada na história do movimento islâmico. É um momento em que os extremistas estão recuando, dando mais espaço a correntes moderadas que têm uma visão mais compreensiva – diz.
Embora ainda experimentais, as revoluções árabes, particularmente as do Egito e da Tunísia, introduziram uma nova fórmula política, na qual as correntes islâmicas talvez tenham uma fatia do bolo. Enquanto um grande ódio permanece sobre as Forças armadas norte-americanas e sobre o tratamento de Israel aos palestinos, a atenção constantemente é virada para eles, enquanto ativistas debatem que tipo de estado deve emergir. Alguns temem que a morte de Osama tire o foco do desafio.
– Há semanas estamos todos discutindo as revoluções nos países árabes, sonhando com nosso novo futuro. Agora temo a reação dos grupos próximos a Bin Laden, que podem trazer de volta a ideia de que árabes são terroristas e simplesmente odeiam a América – disse Lotfy.
PRECAUÇÃO
EUA fecham ao público embaixada e consulados no Paquistão
Agência AFP
ISLAMABAD - A embaixada e os consulados dos Estados Unidos no Paquistão foram fechados ao público "até nova ordem", informou nesta terça-feira um diplomata em Islamabad, um dia após a morte do líder terrorista Osama Bin Laden por um comando americano.
“A decisão envolve a embaixada dos Estados Unidos em Islamabad e os consulados americanos em Peshawar, Lahore e Karachi, que ficarão fechados ao público até nova ordem”, incluindo para a emissão de vistos, revelou a sede diplomática.
"Permanecerão abertos apenas para assuntos e serviços urgentes, envolvendo os cidadãos americanos", destaca a nota. "Tomamos esta medida para preservar a segurança do público. Avisaremos ao púbico quando chegar o momento (de reabrir) e a situação será reexaminada regularmente", disse à AFP Alberto Rodríguez, porta-voz da embaixada em Islamabad.
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