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quinta-feira, 19 de maio de 2011

19 de maio de 2011 - FOLHA DE SÃO PAULO


DESTAQUE DE CAPA
Desmate na Amazônia tem crescimento de 27%

Dados federais mostraram aumento de ao menos 27% no desmatamento na Amazônia de agosto de 2010 a abril em comparação ao período anterior. Os números podem ser ainda maiores, porque o sistema de detecção é ágil, mas não registra todo o desmate, e porque o Pará, líder histórico da derrubada, tinha mais de 80% de seu território coberto por nuvens.


Desmate tem nova alta de quase 30% na região amazônica
Dado vem do Deter, sistema que monitora por satélite a devastação e é relativamente impreciso, apesar de ágil
Números são do período que vai de agosto passado a abril; elo com debates sobre nova lei de florestas é debatido

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BRASÍLIA

Dados divulgados pelo governo federal indicam um aumento de ao menos 27% no desmatamento acumulado na Amazônia entre agosto do ano passado e abril, em comparação com o mesmo período do ano passado.
O sistema de monitoramento por satélite Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), conseguiu detectar também um crescimento anormal da derrubada da floresta nos últimos dois meses, quando a discussão sobre reformas no Código Florestal esquentou. Mesmo sendo o período de chuvas na região, momento em que o desmate é mais trabalhoso e costuma cair, a destruição cresceu 473% em março e abril deste ano em relação a esses meses de 2010.
O conjunto das informações é muito preocupante, diz o Ministério do Meio Ambiente, que criou até um gabinete de crise e colocou mais de 500 homens em ações fiscalizadoras na região para tentar conter a tendência.
O problema parece estar concentrado em Mato Grosso. O Estado teve no mínimo 480 km2 de área derrubada, boa parte disso em cidades que não costumam liderar o ranking do desmate, como Cláudia e Santa Carmem.
Os números podem ser ainda maiores. Primeiro porque o Deter é ágil, mas incapaz de registrar todo o desmate. Segundo porque o Pará, líder histórico da derrubada, tinha mais de 80% de seu território coberto por nuvens, o que impediu o satélite de observar o que ocorreu ali no período.
O tamanho mais exato das áreas desmatadas sairá no relatório do sistema Prodes, também do Inpe, considerado muito mais preciso.

PONTO DE VIRADA?
Os dados, que confirmam o que medira a ONG Imazon, podem significar uma inflexão na tendência de diminuição do desmatamento, observada desde 2006, que bateu recorde histórico em 2010.
Ontem, ao anunciar os resultados do Deter e enumerar o que o governo tem feito para tentar conter a "explosão" da derrubada em Mato Grosso, a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) disse não ter elementos para ligar o aumento com a tentativa de reformar o Código Florestal.
Para pesquisadores e funcionários do próprio Ibama, órgão que tenta coibir e punir o desmate, a principal hipótese para o crescimento é a expectativa de que, mesmo desmatando ilegalmente, os produtores acabarão sendo anistiados pelo texto do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Para Márcio Astrini, do Greenpeace, o aumento nos números "joga a discussão sobre o código da Câmara para o Itamaraty", pois coloca em risco os compromissos assumidos pelo Brasil perante a comunidade internacional em relação à Amazônia.
Mesmo a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), admitiu à Folha que "meia dúzia" de produtores pode ter desmatado esperando serem anistiados pelo futuro novo Código Florestal.
"Mas isso é isolado. O Brasil desmata cada vez menos. Não vamos permitir que isso atrase ainda mais a votação", afirmou. Para ela, é possível que ONGs tenham pressionado o adiamento da votação do código para que os dados do Deter fossem divulgados.
AEROPORTOS
Infraero quer Gol em galpão de Cumbica
Estatal vai converter galpões de carga em terminais de passageiros; ampliação não atende o atual excedente
Governo quer terminar obra em novembro, sem licitação; passageiros terão que ser levados de ônibus para o avião

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

A Infraero quer deslocar voos da Gol e de companhias aéreas de pequeno porte para dois novos galpões de carga que pretende converter em terminal de passageiros no aeroporto de Cumbica (Guarulhos, Grande SP). Não foi feita uma determinação formal às empresas, mas a Folha apurou que esse é o desejo da Infraero, manifestado em reunião com as companhias aéreas no início da semana.
A TAM não foi considerada para não dificultar as conexões entre voos internacionais e domésticos. A conversão dos galpões, que eram da Transbrasil e da Vasp, foi a fórmula encontrada pelo governo para ampliar a capacidade do maior aeroporto do país enquanto não é construído o terceiro terminal de passageiros. Porém, sem a Gol, os galpões não teriam movimento suficiente para desafogar os dois terminais principais. Procurada, a Gol disse que não foi consultada sobre o assunto.
Os galpões ocupam áreas de 10 mil m2 e 14 mil m2 e podem ser vistos da rodovia Ayrton Senna. A transformação em terminal não será simples. Será preciso construir vias de acesso e área de estacionamento. Os passageiros terão de ser transportados de ônibus para os aviões.
Juntos, os galpões teriam capacidade para 5,5 milhões de passageiros/ano. É menos do que o necessário para acomodar a capacidade excedente do aeroporto hoje.
Cumbica tem capacidade para 20,5 milhões de passageiros/ano. Recebeu 26,8 milhões em 2010.
O cronograma para as obras dos dois galpões apresentado pela SAC (Secretaria de aviação Civil) em reunião recente com a presidente Dilma Rousseff é apertado. A intenção é começar as obras em 1º de junho e terminá-las em 30 de novembro.
A contratação será emergencial, o que dispensa licitação. Cinco empresas serão convidadas e terão praticamente uma semana para apresentar propostas.
A Infraero constrói ainda um "puxadinho", para 1 milhão de passageiros, entre os dois terminais existentes e o local onde deve ser construído o terceiro terminal.




Daesp decide manter Leão como vencedora de obra no aeroporto
Empresa irá fazer o grooving (ranhuras) na pista do Leite Lopes

DE RIBEIRÃO PRETO

A empresa Leão Engenharia deve ser a escolhida pelo governo estadual para realizar o grooving (ranhuras) na pista do aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão. A obra, que garante mais segurança, deve começar até o fim de junho.
O Daesp (Departamento Aeroviário de São Paulo) julgou improcedente recurso da empresa Said contra a Leão.
A decisão foi publicada ontem no "Diário Oficial do Estado". Hoje de manhã, o órgão abrirá os envelopes com a documentação da empresa para avaliação, o que deve se estender ao menos até a próxima semana.
Se não houver novos recursos, a Leão começa as obras entre maio e junho.
Ontem, o Daesp também publicou edital para a construção de mais um hangar no Leite Lopes. O espaço da concessão é de 3.500 m2.


CASO AIR FRANCE
DNA vai identificar corpos tirados do mar 2 anos após queda

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - Os resultados dos testes para extrair o DNA das duas vítimas resgatadas do voo 447 da Air France são positivos, o que vai permitir a identificação dos corpos e a continuidade das operações para retirar restos mortais do Atlântico, disse à BBC Brasil a direção-geral da Polícia Militar francesa.
O Airbus da companhia, que fazia a rota Rio-Paris, caiu no oceano em maio de 2009.
O sucesso na extração do DNA dos ossos das vítimas resgatadas no início do mês era crucial para a continuação da retirada dos corpos.
Segundo a PM francesa, encarregada do resgate, a identificação das duas vítimas não foi feita. "Não houve ainda nenhuma comparação com os dados genéticos de parentes."
Em entrevista recente à BBC Brasil, o diretor do Instituto de Pesquisas Criminais da França, coronel François Daoust, disse que os especialistas não dispunham dos dados genéticos dos familiares brasileiros para a comparação com o DNA -a Interpol solicitará às autoridades brasileiras o material.


MÔNICA BERGAMO

MAPA AÉREO
A Anac aprovou pedido da Gol para operar voos sem escalas para Aracaju saindo de São Paulo e de Brasília. A partir de 28 de junho, serão dois por dia. A viagem Guarulhos-Aracaju, que antes durava pelo menos 4h20, poderá ser feita em 2h50.


ERRAMOS

A companhia que parou de voar para o Brasil é a Mexicana de Aviación, e não a AeroMexico, conforme publicado no texto "TAM lançará neste ano voo para o México"


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