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sábado, 14 de maio de 2011

14 de maio de 2011 - ESTADO DE MINAS


PRIMEIRA PAGINA
Negócios da China
Montadora chinesa de máquinas pesadas planeja implantar megafábrica no Sul de Minas

Maior empresa do setor em seu país, a XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group) pretende investir R$ 334 milhões na construção de uma unidade em Pouso Alegre para a produção de guindastes, escavadeiras hidráulicas e outros equipamentos voltados à construção civil. A previsão é de que sejam gerados 5 mil empregos, 1 mil deles diretos. A planta deve começar a ser erguida em julho e poderá entrar em operação em 2012. A prefeitura doará parte do terreno de 806 mil metros quadrados e isentará a companhia de impostos por cinco anos.


Gigante chinesa em Minas
Montadora de máquinas pesadas planeja investir R$ 334 milhões em Pouso Alegre

Paulo Henrique Lobato

A gigante chinesa XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group), 10ª maior montadora mundial de máquinas pesadas voltadas para a construção civil, como guindastes e escavadeiras hidráulicas, planeja investir R$ 334 milhões na construção de uma planta em Pouso Alegre, no Sul de Minas, com previsão de gerar 5 mil empregos, sendo 1 mil diretos. A fábrica deve começar a ser erguida em julho, num terreno de 806 mil metros quadrados, no km 779 da BR-381 (Rodovia Fernão Dias), podendo entrar em operação em 2012. A expectativa é de que a empresa asiática use a nova unidade para ampliar sua participação no mercado da América Latina.
Na terça-feira, o presidente da montadora, Wang Min, estará em Pouso Alegre para assinar o contrato de aquisição do terreno. No mesmo dia, há a expectativa de a comitiva firmar protocolo de intenções para construção da fábrica com o governo de Minas, o que deve ser feito em BH, com a presença do governador Antonio Anastasia. A fábrica foi disputada por Pouso Alegre e municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A escolha da chinesa pelo Sul de Minas não levou em conta apenas a posição geográfica privilegiada, como a proximidade com São Paulo. Para atrair os asiáticos, a prefeitura isentará a empresa, por cinco anos, do Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) para a construção e do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), além de doar à montadora uma parte do terreno – 225 mil dos 806 mil metros quadrados.
 “A geração de empregos vai movimentar o comércio da região. Para ter ideia, já fomos procurados por empreendedores interessados em (construir) um shopping na cidade. Outras empresas estão negociando com a prefeitura. É um marco para Pouso Alegre, que entra em uma nova etapa de desenvolvimento”, disse o prefeito do município, Agnaldo Perugini. “O Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi) teve grande participação na negociação”, acrescentou a secretária de Desenvolvimento Econômico do estado, Dorothea Werneck.
Também na terça-feira, a XCMG oficializará a instalação de um centro de pesquisa e tecnologia em Pouso Alegre. O presidente da montadora virá acompanhado de Zhang Jinghua, prefeito de Xuzhou, cidade-berço da empresa asiática. O político e o prefeito de Pouso Alegre vão assinar o documento que torna os dois municípios cidades-irmãs. Na prática, o intercâmbio é um acordo que abre as portas para que moradores de Pouso Alegre estudem na cidade asiática.
MAIS UMA Esse não será o primeiro megainvestimento de empresas chinesas em Minas. Em 2010, o grupo mineiro Tropical Brasil Internacional Participações, acionista maior da Top Ventures Investimentos, assinou acordo com o consórcio Jiangsu Eastern China Non Ferrous Metal Investment Holding Company (ECE) para injetar recursos na prospecção de minério no país. Somente a primeira etapa do projeto pode somar US$ 200 milhões em pesquisas na região de Rio Pardo de Minas, a cerca de 700 quilômetros da capital.


Lucro no 1º trimestre sobe 42% e alcança R$ 10,98 bi
Petrobras tem lucro de R$ 10,98 bilhões
Produção e cotação do petróleo puxam alta no 1º trimestre

Vera Batista

Brasília – A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 10,98 bilhões no primeiro trimestre de 2011, recorde para o período e 42% superior ao ganho de 2010. Contribuíram para tal resultado o incremento de 4% na produção nacional de óleo, a elevação de 6% na venda de derivados, o salto de 13% na venda de gás natural e a alta na cotação do petróleo. O desempenho veio acima das expectativas dos analistas. Segundo Cesar Bergo, da Planner Corretora, o ganho esperado era de R$ 9,5 bilhões, ou crescimento de 25%.
Na avaliação do economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, até mesmo esse bom resultado não será capaz de afastar a desconfiança em torno das ações da maior empresa da América Latina e impedir a fuga de investidores, que temem a ingerência do governo na estatal. “Além do cenário externo, que está avesso às commodities (mercadorias com cotação internacional), o investidor não perdoa intervenções para brecar artificialmente o aumento do preço interno da gasolina e mandar a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, forçar a queda do combustível”, criticou. Essa interferência, disse, a princípio pode não afetar os lucros da petrolífera, mas, no futuro, essa postura custará caro aos acionistas.
Desde o processo de capitalização da Petrobras, no ano passado, suas ações iniciaram uma trajetória de queda livre. Apenas ontem, os papéis ON (com direito a voto) recuaram 1,35%. No ano, dissolveram 12,13%. As PN (preferência no recebimento de parte dos lucros) seguiram o mesmo caminho: baixaram 0,68% e 12,17%, respectivamente. Apesar do robusto lucro, a Petrobras reduziu os investimentos previstos para este ano em 11%, de R$ 17,7 bilhões para R$ 15,8 bilhões. Foi feita revisão anual no Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos.
As áreas de exploração e de produção receberam 83% dos investimentos nos três primeiros meses do ano (R$ 1,196 bilhões), 45% a mais do que em igual período de 2010. Do quarto trimestre de 2010 para os primeiros três meses de 2011, a estatal importou mais petróleo (49%) e derivados (48%). O saldo na balança comercial ficou negativo em US$ 656 milhões, referentes à entrada líquida de 38 mil barris de petróleo/dia.

COMBUSTÍVEIS TÊM REDUÇÃO DE PREÇOS
Os preços médios do etanol e da gasolina comum caíram na segunda semana de maio, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O estudo mostra que o preço médio da gasolina “C”, que contém 25% de etanol anidro, foi R$ 2,898 o litro, com queda de 0,55% em relação ao início do mês. Já o preço médio do etanol hidratado no país caiu para R$ 2,224 o litro, queda de 3,5%.
As quedas mais expressivas foram registradas em Brasília. O preço médio do etanol na capital do país caiu 13,1%, e o da gasolina, 1,92%. A agência informa que a tendência para as próximas semanas é de queda nos preços da gasolina e do etanol hidratado, considerando o início da safra de cana-de-açúcar e a diminuição do volume de estoque antigo adquirido a preços mais elevados.


ENEM EM DOSE DUPLA
Enem será em outubro e terá duas edições em 2012

Provas agora serão em duas etapas, previstas para outubro e maio. MEC confirma as datas na próxima semana, deve vetar celulares nas salas e liberar lápis e borracha
"Penso que duas provas do Enem por ano é algo fundamental para que o estudante possa garantir notas para o vestibular da federal, que é o mais concorrido. Sem dúvida o esforço vai valer a pena, até porque o aluno que já está no ritmo de estudos tem condições de encarar outras avaliações além do vestibular. É tudo uma questão de concentração e estudo", Stephanie Caroline D%u2019Soto, 18 anos
O Ministério da Educação (MEC) deve anunciar na próxima semana as datas de 22 e23 e outubro para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Uma segunda deve ser marcada para 5 e 6 de maio de 2012. Com uma das marcações para o primeiro semestre do ano que vem, consolida-se a intenção do governo de aplicar duas edições anuais. As novidades serão confirmadas em edital nos próximos dias.
A realização de mais de um exame anual, prometida em 2009, quando houve a reformulação do programa, era vista como uma maneira de dar mais chances para os candidatos a uma vaga no ensino superior e de reduzir a pressão diante de uma seleção baseada em apenas um fim de semana de testes.
Além disso, o exame em maio seria usado para selecionar alunos para instituições que têm vestibulares nos dois semestres. A prova é necessária àqueles que buscam uma vaga nas universidades públicas pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada). No ano passado, foram 83 mil vagas em 83 instituições, entre elas 39 universidades federais.
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já sinalizou que deve manter o Enem como porta de entrada, qualificando os vestibulandos para a segunda fase. Há casos, como os das universidades federais de Ouro Preto (Ufop) e Alfenas (Unifal), em que o vestibular foi integralmente substituído pelo Enem.
O edital deve trazer novas medidas para garantir a segurança da prova. Uma delas é tornar obrigatório o recolhimento de celulares e outros aparelhos de comunicação na entrada das salas de aula. Uso de lápis e borracha, proibido, poderá ser liberado. Outra medida prevê a fixação de prazo para que os participantes verifiquem se há erros de impressão nas provas e possam solicitar novo caderno de questões.
PRINCÍPIOS Há dois anos, o MEC iniciou um projeto para substituir os vestibulares tradicionais pelo Enem. Por meio do desempenho na prova, estudantes se inscrevem no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e podem pleitear vagas em instituições públicas de ensino superior de todo o país. O Enem também é pré-requisito para alunos interessados em uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni), cuja finalidade é a "concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior", conforme descrição no site do MEC. Para participar é necessário ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou em colégio privado com bolsa integral. Em 2010, mais de 4 milhões de candidatos se inscreveram. Minas foi o segundo estado com o maior número de inscritos: 538,8 mil
PROBLEMAS Em novembro de 2010, um lote de 21 mil cadernos de prova amarelos apresentou erro na montagem. Eles não continham todas as 90 questões de ciências da natureza e humanas. Além disso, a folha em que os estudantes marcam as respostas estava com o cabeçalho invertido. Cerca de 9,5 mil estudantes, comprovadamente prejudicados, tiveram direito a novo teste, em dezembro. Em 2009, uma série de vazamentos sobre as provas, na fase de impressão, e denúncias de fraudes já haviam abalado o programa.

Saiba mais (*)
Quando
22 e 23 de outubro
5 e 6 de maio

O que muda
Celulares e aparelhos eletrônicos
seriam recolhidos
Uso de lápis seria liberado

(*) ainda a ser confirmado pelo edital


Urgência para tirar a saúde pública da UTI
Na teoria, um programa universal com legislação avançada e integração entre os setores público e privado. Na prática, um calvário eterno para milhões de brasileiros. Conheça os desafios do Sistema Único de Saúde.

DE CORPO E ALMA
Saúde pública: a lei é avançada, o dinheiro é pouco e o atendimento é ruim

Grana, competência e carinho

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem cerca de 20 anos. Pode parecer pouco na teoria, mas para quem sofre é uma eternidade. Macas nos corredores, dificuldade para marcar consultas com especialistas, filas humilhantes, falta de profissionais e medicamentos, risco da volta de epidemias controladas há décadas – estes são alguns dos problemas vividos todos os dias por milhões de brasileiros. A experiência com a saúde pública em nosso país, no entanto, mostra alguns sinais de avanços que precisam ser registrados, sobretudo na área das ações coletivas, como as imunizações e alguns programas de ponta, como o de controle da Aids.
No entanto, a contradição permanece: um sistema universal, com legislação avançada, controle social e que prevê a complementaridade entre os setores público e privado. No dia a dia do cidadão, não é o que se percebe. O modelo de atenção ainda não consegue acolher todos que o procuram, o interesse econômico do setor privado busca escapar de todos os controles, os recursos são insuficientes para garantir o que a Constituição preconiza – atendimento universal e integral. E, com qualidade, que pode ser traduzido em carinho com os que sofrem.
Além dos entraves gerenciais e de financiamento, a saúde no Brasil precisa se preparar para novos desafios, como o envelhecimento da população e a mudança na forma de adoecer das pessoas, com patologias resultantes do estilo de vida moderno. Garantir saúde vai ficar cada vez mais caro. Preparar-se para novos tempos, lutar politicamente para ampliar recursos, exigir competência na gestão e amparar a todos, com qualidade e atenção, são propósitos que não combinam com uma maca no corredor ou com senhas distribuídas nas madrugadas. É preciso que todos se mobilizem para tirar a saúde da UTI. Informação é um insumo indispensável nesse processo. É nisso que aposta o Pensar Brasil.


EDITORIAL
O preço da coragem
Ex-vereador que revelou esquema de propina sofre boicote de legendas

Além de fingir que não está vendo irregularidade alguma, o político brasileiro que não pretende participar de esquemas lucrativos em troca da aprovação de projetos não pode cair na tentação de denunciar eventual armação de seus colegas. O preço a pagar é alto. Pode custar até mesmo a carreira política, em caso de derrota eleitoral. É o que se conclui de reportagem do Estado de Minas de ontem que relata as agruras do ex-vereador Sérgio Balbino, mais conhecido por Balbino das Ambulâncias. Ele não conseguiu se reeleger em 2008, pelo PTdoB, partido ao qual ainda é filiado, e tinha planos de voltar à Câmara Municipal de Belo Horizonte, concorrendo a uma cadeira nas eleições do ano que vem. Mas Balbino virou doença, ninguém quer pegar, a começar de seu próprio partido, cujo líder maior, deputado federal Luís Tibé, já lhe negou legenda.
Balbino já bateu às portas de outras agremiações, como o PT, PSL, PSDB, PR, PTC e PHS. De todas ouviu o mesmo não, sob as mais diversas desculpas. “Ninguém me quer por causa da minha honestidade e porque eu falo a verdade sem medo”, disse Balbino à reportagem. Trata-se, então, de um solene boicote, por ter o ex-vereador Balbino denunciado, há dois anos, um esquema de propinas envolvendo 10 vereadores. Conforme publicou o EM na ocasião, teria havido um arranjo para garantir a aprovação do projeto de construção do Boulevard Shopping. Em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), Balbino relatou que os vereadores envolvidos teriam dividido uma propina de R$ 500 mil. Ele afirma ter se infiltrado no grupo com o propósito de se certificar da corrupção e, depois, teria comprovado a devolução de R$ 30 mil recebidos por sua participação. “Não concordo com isso, o que me fez devolver os valores”, declarou o ex-vereador.
O caso dos vereadores denunciados por Balbino foi parar na Justiça e só a ela cabe formular julgamento. Mas o que importa é constatar o constrangimento de quem, convencido de que está de posse da verdade, denuncia armações em qualquer segmento da administração pública. No caso do político, que concorre a cargo eletivo e que depende da direção partidária para conseguir a legenda, o boicote é evidente, como demonstra a humilhante peregrinação do denunciante Balbino. Pior ainda: se foi assim com esse corajoso vereador, o que não tem ficado escondido nas diversas esferas legislativas e mesmo nos escaninhos da administração do dinheiro público? Se a retaliação é real, o temor a ela também deve ser. É preciso que os bons políticos – e são em maior número do que se pensa – encontrem formas de proteger o bem-intencionado, desenvolvendo mecanismos que impeçam a transformação da honestidade em perda de tempo e a coragem em imprudência.


OPINIÃO
Frases

Sei que peguei pesado e falei de cabeça quente
Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do projeto do novo Código Florestal, que acusou o marido da ex-candidata a presidente da República, Marina Silva (PV-AC), de contrabando de madeira, afirmando que vai ligar para ela se desculpando

Precisamos desoneraros setores produtivos
Deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara, ao informar que os primeiros projetos da reforma tributária serão apresentados no próximo mês, explicando que as mudanças serão feitas aos poucos, devagar


Oportunidade de ouro
Um dos desafios do momento é a falta de pessoal para preencher novos postos de trabalho
José Carlos Cirilo - Diretor regional do Senac Minas

Quem acompanha as transformações da economia e as leituras especializadas sobre o mercado de trabalho certamente percebeu, nos últimos meses, a quantidade de matérias, reportagens e pesquisas positivas sobre os avanços econômicos brasileiros. Os periódicos estão chamando a atenção, por exemplo, para o fato de o Brasil viver um momento único no que diz respeito a oportunidade. Alvo de investidores e uma das economias emergentes mais atraentes do momento, o país, para alguns especialistas, atravessa a chamada fase do pleno emprego.
O cenário econômico brasileiro sinaliza, com isso, que mais pessoas estão empregadas e que as empresas estão de olho e em busca de mão de obra especializada para continuar no percurso de crescimento. Não é para menos. Afinal, estima-se que no momento 92 milhões de pessoas estão empregadas no país, o maior número da história. A taxa de desemprego mensurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis principais regiões metropolitanas, por sua vez, registrou o índice mais baixo da história da pesquisa: 5,3% em dezembro de 2010.
Os reflexos de todas essas mudanças estão, vale destacar, na procura pela formação profissional. No ano passado, o Senac Minas, por exemplo, chegou bem perto dos 230 mil alunos atendidos, superando em 10% a meta traçada para 2010. O resultado, que está relacionado ao atendimento a mais de 500 municípios mineiros, mostra como empresas, profissionais e futuros trabalhadores estão preocupados e envolvidos na busca pela qualificação. Novas ferramentas, técnicas e habilidades orientam as instituições de educação profissional para a real perspectiva de crescimento, não só da economia, mas das exigências para um consistente salto econômico. Por isso mesmo, a busca pela educação profissional já registrou, somente no primeiro trimestre, 45.765 alunos no Senac em Minas Gerais.
Para evitar que vagas fiquem em aberto e que empresas absorvam pessoas que não estejam suficientemente preparadas, é importante que a qualificação profissional, em todos os níveis, acompanhe o ritmo de crescimento e as sinalizações do mercado de trabalho. A última vez que emprego e renda cresceram com tamanha força foi na década de 1970, o que mostra como essa é uma chance única de profissionais e empresas progredirem juntos e se prepararem para os desafios que estão por vir.
Um dos desafios certos do momento é a falta de pessoal para preencher novos postos de trabalho. Uma projeção de economistas do Itaú Unibanco para o Brasil apontou que, se a nossa economia mantiver um ritmo de crescimento médio de 4,6% ao ano até 2015, a demanda por profissionais será de oito milhões de pessoas. Isso, claro, para tarefas de maior complexidade e exigências ainda maiores quanto à qualificação e desenvolvimento para o trabalho. E preparar oito milhões de brasileiros também é a meta do governo federal, que por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), quer capacitar para o trabalho estudantes do ensino médio e trabalhadores desempregados. Tudo isso com o suporte das redes de educação profissionalizante e com o reforço do Sistema S, com o trabalho das escolas e cursos do Senac, por exemplo.
É nesse contexto que instituições como o Senac Minas podem contribuir para otimizar o crescimento econômico e afastar cada vez mais a possibilidade de perda de negócios. A escolha do caminho e da trajetória profissional acaba de ganhar maior peso e, para abastecer o mercado com serviços de qualidade, os profissionais terão que selecionar com ainda mais critérios as escolas de formação para o trabalho. É o desafio para consolidar um crescimento e garantir espaço num mercado de comércio, serviços e turismo mais competitivo, complexo e carente de trabalhadores diferenciados.


Brasil S/A
Tensão extrema
Preços das commodities aceleram queda lá fora e podem ameaçar os rumos da inflação no Brasil

Antônio Machado

A mudança repentina dos preços das commodities nas grandes bolsas mundiais antecipa o fim do programa de afrouxamento monetário pelo Federal Reserve e o retorno da inflação – prenúncio de aumento dos juros básicos nos EUA, já em curso na Europa, mas timidamente, por causa da fragilidade de várias economias da zona do euro.
O conflito entre inflação e crescimento econômico se faz presente agora em todas as economias relevantes, da China aos EUA – e, um a um, os governos vão optando pela estabilidade dos preços com maior ou menor intensidade. A política anti-inflacionária na China está intensa, já havendo receios quanto a uma redução maior do ritmo do crescimento econômico chinês, previsto entre 8,5% e 9% este ano.
Se a desaceleração for maior, o mercado de commodities tenderá a se estreitar mais do que o movimento preventivo dos especuladores está a indicar, já que a China é grande importador mundial tanto de alimentos como de insumos básicos, de minério de ferro ao cobre – e é o segundo maior consumidor de petróleo depois dos EUA.
As grandes oscilações dos preços das commodities desde a semana passada, quando o processo teve início – indo de quedas de 30% da prata a 3,5% da soja –, atestam que a especulação alimentada pela liquidez bombeada pelos bancos centrais para ativar o crédito ao consumo, sobretudo nos EUA, é, em parte, responsável pelo choque inflacionário global dos alimentos e dos insumos.
Foi só surgir no horizonte o sinal de aumento de juros para que esse capital se retraísse, já que não é decorrente de dinheiro real, mas do giro da liquidez bancária multiplicada por empréstimos de curto prazo. O colapso da ciranda com papéis de dívida depois da quebra do banco Lehman Brothers em 2008 se deveu à mesma razão: a “aversão ao risco”, expressão que sintetiza a possibilidade de o devedor não conseguir devolver o numerário recebido do credor.
É um risco que aumenta com os preços dos ativos em baixa, levando os mais cautelosos a antecipar a saída antes que ocorra a fuga em massa, conhecida pela crônica financeira como “efeito manada”.
Os ajustes de preços das commodities nos últimos dias refletem esses movimentos defensivos, sem implicar a quebra da tendência de longo prazo, que é de alta. Só um piripaque da China poderá abalá-la – e isso não está à vista, embora não seja impossível.

Todos de olho na China
A China exagerou a expansão do crédito na saída da crise de 2008 e assiste ao inchaço do setor imobiliário. O governo vem tentando esvaziar essa bolha com algum sucesso, segundo análise recente do Deutsche Bank. Mas há sérias dúvidas sobre a qualidade do crédito à indústria no circuito entre os bancos e as empresas estatais.
Numa economia planificada, o cumprimento de metas é mais cobrado pela alta burocracia que o resultado dos projetos, produzindo não raramente elefantes brancos e inadimplências à larga. A China já passou por uma crise semelhante em 1998, que quase levou o Partido Comunista a abandonar a política de liberalização econômica.

Sequelas para o Brasil
Em suma, há muitos riscos na economia global. E informação demais não é bem digerida em mercados alavancados, como o de commodities. Nem é a China o que mais preocupa, mas a profundidade dos impasses na zona do euro, assombrada pela crescente convicção de que países como a Grécia só têm solução com a reestruturação de suas dívidas.
Tais questões se lançam sobre a economia brasileira pelo seu lado real, das exportações de commodities, e os efeitos sobre o câmbio e a inflação. Uma primeira mirada sugere que a redução dos preços internacionais dos alimentos, por exemplo, é boa para a inflação.
O Banco Central conta com isso para trazer a inflação à meta até 2012. Pode não ser assim. “No nosso caso, os movimentos de preços das commodities e da taxa de câmbio tendem a se fazer em direções opostas”, alerta uma nota da consultoria MCM. “Períodos de queda dos preços coincidem com desvalorização do real e vice-versa.”

Mais engano que acerto
É prudente, por tudo isso, receber com reservas os cenários do BC e da Fazenda, já que desde 2010 mais se enganam que acertam. Hoje, por exemplo, o refluxo das commodities, somado ao aumento do IOF pela Fazenda sobre o ingresso de capitais, como diz a MCM, “pode induzir depreciação mais expressiva do real”. E isso tenderia a anular o efeito deflacionário das commodities – todo ele ou parte, pelo menos. Neste ambiente, será mais difícil escorar a liberdade cambial com câmbio estável, juros em alta e inflação em queda.


POLITICA
Dívida de Minas "é impagável"
Aécio Neves afirma que culpa é do indexador adotado para reajustar o valor devido. Senador ressalta que é preciso discutir com Planalto uma fórmula para que investimento volte ao estado

Leonardo Augusto

O senador Aécio Neves (PSDB) afirmou ontem que a dívida que Minas Gerais possui com o governo federal é "impagável". Na avaliação do parlamentar, a culpa da impossibilidade de honrar o passivo, hoje em torno de R$ 60 bilhões, é do indexador adotado para reajustar o valor devido, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). O sistema, conforme o senador, faz com que "você pague e, cada vez que você paga, faz com que acabe devendo mais lá na frente. O estoque da dívida só aumenta. Ela é impagável no futuro".
A TJLP é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) com base na meta de inflação calculada para os 12 meses seguintes. O cálculo leva em conta ainda o chamado prêmio de risco, que é a possibilidade de calote do recebedor do empréstimo. O indexador é frequentemente utilizado pelo governo federal em empréstimos, por exemplo, realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Atualmente a TJLP é de 6% ao ano.
O senador, que no período em que governou Minas Gerais (2002/2005 e 2006/2010) utilizou a expressão "déficit zero" para anunciar o saneamento das contas do estado, disse ser preciso discutir ainda que os recursos canalizados para honrar dívidas com a União sejam repassados de volta para investimentos. "Não discutimos a necessidade de pagar a dívida, mas negociar a questão do indexador, a TJLP, que tem sido perversa com os estados, e a aplicação dos recursos para atividades essenciais à vida dos entes federados. É um caminho que temos discutido em Brasília com senadores da base do governo", afirmou o parlamentar, que ontem almoçou com o governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) na Cidade Administrativa.
O parlamentar afirmou que no encontro foi discutida também a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff rejeitar a inclusão das regiões dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri, Norte e Nordeste de Minas na Medida Provisória (MP) do governo federal que concede incentivos fiscais para implantação de empresas em Pernambuco. Aécio aproveitou a oportunidade para sugerir ao PT – que vem fazendo oposição ferrenha ao governador Anastasia na Assembleia – que pressione o governo federal no sentido de que a MP não deixe de beneficiar o estado. "É mais uma oportunidade de a bancada do partido se manifestar junto à presidente em favor de Minas Gerai", disse.
Debandada O ex-governador comentou ainda a crise que vem sendo registrada na oposição ao governo de Dilma Rousseff, sobretudo com a atrofia do DEM. "O que tem acontecido é a defecção de alguns que têm preferido a companhia do governo. Temos que aceitar, por mais que assistamos a isso com uma certa estranheza", declarou. Para o senador, a oposição "não pode ser quantificada pelo número de cadeiras (no parlamento) ou de governadores, muito expressivos, que nós temos". O que será analisado, ainda segundo o ex-governador de Minas, será a "capacidade que tivermos de denunciar os equívocos do governo".


Seja feita a vossa vontade
Desde o início do governo Dilma, Planalto manda e desmanda na pauta da Câmara, com a aprovação dos projetos de interesse e adiamento dos complicados

Izabelle Torres

Brasília – A presidente Dilma Rousseff tem conseguido influenciar diretamente as votações na Câmara, onde mais de 72% do que foi votado no plenário resultou da imposição feita pelo Executivo. O saldo favorável ao governo, no entanto, não tem sido interpretado pelos parlamentares que obedecem às ordens palacianas como uma demonstração de força presidencial, mas como o resultado de manobras políticas, ameaças de cortes de emendas e de cancelamento de recursos prometidos em anos anteriores. Independentemente dos argumentos usados para justificar o sucesso das intenções governistas, a transformação do Legislativo em um cumpridor de orientações tem irritado deputados, inclusive integrantes da base. "É preciso entender que somos um outro poder. Devemos ter autonomia e pautas próprias. Mas, se a maioria do parlamento se posiciona em uma direção, ela prevalece. Não há como brigar com essa regra", desabafou o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS).
Apesar das reclamações e das ameaças feitas pelos parlamentares de que pode haver um motim contra o Executivo, os números deste início de gestão da presidente mostram que não tem sido difícil para ela passar como um trator em cima do Legislativo. O saldo de votações deste ano mostra que das, 50 matérias votadas em plenário até ontem, 36 foram de iniciativa do Executivo, apenas quatro propostas por deputados federais e o restante veio do Senado ou de outros poderes. "Estamos na dúvida sobre quando o Legislativo vai começar a ter pauta própria e parar de apenas obedecer às ordens do governo. O resultado das votações até agora mostra uma total subserviência. Esperamos que isso mude", critica o líder do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).
Este ano, 16 medidas provisórias foram aprovadas sem dificuldades. Três delas abrem créditos extraordinários para ministérios, realocando parte dos recursos previstos em emendas apresentadas pelos próprios parlamentares. O governo também conseguiu aprovar o novo valor do salário minímo, capitalizar a Petrobras e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de conseguir apoio para o polêmico Trem de Alta Velocidade.
Segundo escalão Os métodos usados pelo governo para "convencer" parlamentares a seguir suas orientações têm deixado em situação desconfortável o líder governista, Cândido Vacarezza (PT-SP). Antes das votações, o petista muitas vezes precisa reformular as declarações que dá à imprensa alegando que sua análise sobre a expectativa de aprovação das matérias "pode parecer arrogante". Na última quinta-feira, Vacarezza anunciou que vai romper um acordo que fez com os líderes de somente pautar matérias depois da votação do Código Florestal. "Estou rompendo mesmo porque queremos votar a medida provisória que trata das licitações", declarou.
A conduta dos governistas se baseia principalmente em dois fatores que são o combustível para o funcionamento do Congresso: a distribuição de cargos em órgãos do Executivo e a liberação de recursos para estados e municípios por meio de emendas parlamentares. Para conseguir o saldo favorável aos planos palacianos, a tropa de choque de Dilma tem jogado bem com as duas coisas. O Planalto deixou para distribuir os cargos de segundo escalão de forma tão lenta que as especulações caducam facilmente. Ao mesmo tempo, a ameaça de cortes no Orçamento e o cancelamento de emendas deixa todo mundo disposto a mostrar serviço. O temor de ir parar na lista negra do governo faz surgir cenários e reações inesperadas. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), coloca seus liderados para obedecer as orientações do Planalto, mas tem criticado constantemente o modo de operar do atual governo. "Estamos mostrando nossa fidelidade. Mas as coisas têm limite", avisa.
Apesar dos recados e da irritação, o governo se prepara para mais duas tratoradas: a votação do Código Florestal nos moldes do Executivo, e a aprovação da medida provisória que flexibiliza a Lei de Licitações e facilita a contratação de empresas para as obras da Copa. O Ministério Público Federal publicou uma nota condenando a proposta. O governo vai pautar mesmo assim. E, a depender do cenário atual, vai conseguir submeter aos deputados mais uma das suas vontades.


ECONOMIA
Fome de minério
Preço em alta no mercado internacional levou empresas a aumentar em 70,9% os pedidos para pesquisar o subsolo mineiro neste ano. Até abril foram 1.087 requerimentos no estado

Marta Vieira

O avanço das pesquisas que vasculham o território de Minas Gerais em busca de novas jazidas de minerais com forte valorização no mercado internacional, a exemplo do minério de ferro e do ouro, impressiona depois da corrida já observada no ano passado. De janeiro a abril, cresceu 70,9% o volume de pedidos de autorização para pesquisa mineral no estado – um total de 1.087 requerimentos – apresentados à superintendência mineira do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM). O órgão havia recebido 636 requisições no primeiro quadrimestre de 2010. Agora, a velocidade dos pedidos dá sinais de que o apetite pelo subsolo mineiro se mantém, mesmo depois de mais de 300 anos de exploração mineral. Os desbravadores de 2011 chegam turbinados por um aumento registrado de 2009 para o ano passado de 89,6% dos registros no DNPM de Minas.
Em todo o país, o estado liderou, no ano passado, o ranking dos locais que mais atraíram intenções em pesquisa mineral, com 4.470 requerimentos, frente aos 2.357 de 2009, e começa 2011 em ritmo também crescente, na segunda posição, só atrás da Bahia. Os números indicam que nada mudou no apetite para a descoberta de jazidas, apesar da decisão das empresas chinesas, maior fonte de consumo de matérias-primas industriais no mundo, de reduzir em abril as importações de commodities como o cobre e o ferro. As compras de minério de ferro da China diminuíram 4,4% no exterior e as de cobre caíram 40%.
Quem imagina que a retração preocupa pode estar muito enganado. O ritmo de crescimento econômico seja da China seja de outros emergentes e as necessidades de consumo no mundo desenvolvido como o Japão, são ainda significativas, nas projeções do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Minas Gerais se beneficia desse ciclo que promete ser longo pela forte participação de suas reservas de ferro, ouro, zinco, nióbio, só para citar as mais importantes, no Valor da Produção Mineral Brasileira, estimado em US$ 40 bilhões no ano passado.
“Há um movimento crescente da pesquisa mineral no mundo, mas em Minas Gerais, a todo momento, as reservas, de fato, surpreendem. Está longe de se esgotar o potencial do estado”, afirma o presidente do Ibram, Paulo Camillo Vargas Penna. O executivo diz que a corrida na mineração continua na tentativa dos mineradores de se aproveitarem da boa rentabilidade do negócio no mercado internacional. Para se ter uma ideia desse interesse, o Ibram reviu de US$ 25 bilhões em 2007 para US$ 65 bilhões este ano os investimentos globais da indústria mineral no Brasil num período de cinco anos.
ALÉM DO QUADRILATERO Os pedidos de autorização para pesquisa que têm mantido Minas Gerais na primeira ou na segunda posição do ranking nacional vão além do Quadrilátero Ferrífero, a região mais vasculhada e rica em bens minerais, com cerca de 300 anos de extração. Os caminhos da pesquisa subiram aos vales do Jequitinhonha e Mucuri para encontrar no Norte de Minas a nova fronteira da mineração no estado. Pesquisas de minério de ferro chegaram a municípios que entraram no mapa do setor, alçados pelos bons preços da commodity no exterior. É o caso de toda a área vizinha de Rio Pardo de Minas e Salinas. Qualquer cidadão brasileiro pode requerer o direito à pesquisa mineral, de acordo a Constituição. Passada essa etapa, a autorização de lavra está restrita às empresas constituídas para este fim.
Com um movimento recorde da indústria mineral, de acordo com o governo mineiro, a estratégia para organizar e estimular o setor envolve a geração de informações geológicas básicas de uma política estadual de mineração, diz Paulo Sérgio Machado Ribeiro, subsecretário de desenvolvimento mínero-metalúrgico e política energética. “Estamos retomando investimentos e todo o novo ciclo está baseado numa expectativa que temos de trazer mais valor à cadeia produtiva da mineração e da metalurgia em Minas”, afirma.
Há mais uma razão que alimenta a corrida da pesquisa mineral em Minas. Os altos preços do minério de ferro no mercado internacional, que devem se manter acima de US$ 120 por tonelada nos próximos anos, fizeram com que as empresas passassem a investir em tecnologia para explorar reservas minerais com teores muito baixos de minério. Elas ganharam valor, como as jazidas com 20% a 40% de teor de ferro, antes consideradas pobres demais para dar retorno ao investidor. É parte da explicação para o interesse pelo Norte de Minas, tem dito José Fernando Coura, presidente do Sindicato da Indústria Extrativa de Minas (Sindiextra).


Pressão para evitar danos ambientais
MP cobra das mineradoras estudos mais completos sobre o impacto da atividade. Primeiro acordo já saiu em Congonhas

Zulmira Furbino

Com a expectativa de receber investimentos da ordem de R$ 40 bilhões nas áreas de mineração e siderurgia até 2015, municípios como Congonhas e Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas, e Rio Pardo de Minas, no Norte do estado, se equilibram entre a promessa de redenção econômica originada pela chegada – ou ampliação – de grandes empreendimentos e o temor de problemas sócioambientais inerentes à sua implantação e operação. Ao todo, cerca de 30 cidades do estado sofrerão os impactos da nova onda da exploração minero-metalúrgica.
A situação é tão dramática nas regiões que concentram grande número de empreendimentos, como é o caso de Congonhas e vizinhança, que, pela primeira vez na história, o Ministério Público estadual (MPE) conseguiu, por meio de um termo de ajustamento de conduta (TAC), que uma das empresas que vão se instalar no local – a Ferrous – custeasse um estudo da avaliação integrada dos impactos das atividades minerárias e siderúrgicas na região.
A empresa, que vai investir R$ 2,5 bilhões na Mina de Viga até 2013, nega que o custeio do estudo tenha sido feito por meio de TAC, já que as obras só serão iniciadas este ano. Ao mesmo tempo, o MPE já recomendou à Secretaria de Estado do Meio Ambiente que realize avaliação ambiental integrada dos impactos cumulativos decorrentes dos investimentos previstos no projeto Salinas, que deverá atingir 20 municípios do Norte de Minas.
Em Conceição do Mato Dentro, o mesmo MPE move ação civil pública contra a Anglo American na qual contesta a licença prévia para a instalação do projeto Minas-Rio e, entre outras reivindicações, exige a realização de um estudo na mesma linha para averiguar os danos que a atividade mineradora poderá trazer à região, conhecida por suas belíssimas cachoeiras e pela vocação natural para o turismo de aventura.
A preocupação do Ministério Público é substituir os estudos de impacto ambiental isolados, que abrangem um único empreendimento, por estudos mais amplos, que levam em consideração o conjunto de danos provocados pela concentração de vários projetos minerários e siderúrgicos na mesma região. Além disso, empresas localizadas na região de Mariana, Nova Lima e Serra do Igarapé (saída da Fernão Dias) planejam formular estudos de impactos integrados da atividade, informa o presidente do Sindicato da Indústria Extrativa (Sindiextra), José Fernando Coura.
“Em mineração, um mais um é muito mais do que dois”, diz Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador das promotorias de Justiça de Defesa da Bacia do Rio das Velhas. Ele se refere ao fato de que os efeitos sinérgicos e cumulativos resultantes de impactos ambientais ocasionados pelo conjunto de empreendimentos em mineração e siderurgia em planejamento, implantação e operação numa determinada região podem comprometer o futuro sustentável dos municípios que hoje dependem dessas atividades.
O estudo integrado encomendado pelo MPE custará à Ferrous R$ 350 mil, uma iniciativa sem similar no país no campo da mineração, e está sendo elaborado pelo professor Luiz Henrique Sanchez, do departamento de Engenharia de Minas e Petróleo da Escola Politécnica da USP. “Nosso foco são os impactos cumulativos, que se somam em decorrência da concentração de empreendimentos. A grande questão é que o licenciamento ambiental no Brasil é feito individualmente. Cada usina tem a sua licença e essa licença é concedida com base em estudos técnicos ambientais só olham na direção de um projeto”, explica Sanchez.
MÃO DE OBRA No caso de Congonhas e região, três municípios, num raio de 20 quilômetros, dividirão os R$ 27 bilhões previstos para implantação de empreendimentos ou ampliação dos já existentes: Congonhas (CSN, Namisa, Ferrous ), Jeceaba (VSB), Ouro Branco (Gerdau). Belo Vale, Conselheiro Lafaiete, Entre Rios de Minas e São Brás do Suaçuí não receberão projetos nem terão sua arrecadação ampliada – com impostos ou Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem). Apenas atuarão como fornecedoras de mão de obra para as empresas. Por outro lado, serão afetadas pela atividade da mineração e da siderurgia.
É o que já vem ocorrendo em Belo Vale, onde a implantação de uma pilha de estéril pela CSN – no limite do município com Congonhas – cria temor na comunidade quilombola de Boa Morte. “Desde o início de 2010 a água que chega à torneira das casas de Boa Morte está suja de minério. Os encanamentos estão entupindo. Quando chove, a situação piora e a água que sai da torneira vira barro”, denuncia Maria Aparecida da Glória Maia, presidente do Instituto Aqua XXI. A Polícia Ambiental já foi acionada para verificar o ocorrido, mas declarou que a água está limpa. Por isso, a comunidade pediu ao Ministério Público Municipal um exame sobre a potabilidade da água que os moradores estão consumindo.


Gigante chinesa em Minas
Montadora de máquinas pesadas planeja investir R$ 334 milhões em Pouso Alegre

Paulo Henrique Lobato

A gigante chinesa XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group), 10ª maior montadora mundial de máquinas pesadas voltadas para a construção civil, como guindastes e escavadeiras hidráulicas, planeja investir R$ 334 milhões na construção de uma planta em Pouso Alegre, no Sul de Minas, com previsão de gerar 5 mil empregos, sendo 1 mil diretos. A fábrica deve começar a ser erguida em julho, num terreno de 806 mil metros quadrados, no km 779 da BR-381 (Rodovia Fernão Dias), podendo entrar em operação em 2012. A expectativa é de que a empresa asiática use a nova unidade para ampliar sua participação no mercado da América Latina.
Na terça-feira, o presidente da montadora, Wang Min, estará em Pouso Alegre para assinar o contrato de aquisição do terreno. No mesmo dia, há a expectativa de a comitiva firmar protocolo de intenções para construção da fábrica com o governo de Minas, o que deve ser feito em BH, com a presença do governador Antonio Anastasia. A fábrica foi disputada por Pouso Alegre e municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A escolha da chinesa pelo Sul de Minas não levou em conta apenas a posição geográfica privilegiada, como a proximidade com São Paulo. Para atrair os asiáticos, a prefeitura isentará a empresa, por cinco anos, do Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) para a construção e do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), além de doar à montadora uma parte do terreno – 225 mil dos 806 mil metros quadrados.
 “A geração de empregos vai movimentar o comércio da região. Para ter ideia, já fomos procurados por empreendedores interessados em (construir) um shopping na cidade. Outras empresas estão negociando com a prefeitura. É um marco para Pouso Alegre, que entra em uma nova etapa de desenvolvimento”, disse o prefeito do município, Agnaldo Perugini. “O Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi) teve grande participação na negociação”, acrescentou a secretária de Desenvolvimento Econômico do estado, Dorothea Werneck.
Também na terça-feira, a XCMG oficializará a instalação de um centro de pesquisa e tecnologia em Pouso Alegre. O presidente da montadora virá acompanhado de Zhang Jinghua, prefeito de Xuzhou, cidade-berço da empresa asiática. O político e o prefeito de Pouso Alegre vão assinar o documento que torna os dois municípios cidades-irmãs. Na prática, o intercâmbio é um acordo que abre as portas para que moradores de Pouso Alegre estudem na cidade asiática.
MAIS UMA Esse não será o primeiro megainvestimento de empresas chinesas em Minas. Em 2010, o grupo mineiro Tropical Brasil Internacional Participações, acionista maior da Top Ventures Investimentos, assinou acordo com o consórcio Jiangsu Eastern China Non Ferrous Metal Investment Holding Company (ECE) para injetar recursos na prospecção de minério no país. Somente a primeira etapa do projeto pode somar US$ 200 milhões em pesquisas na região de Rio Pardo de Minas, a cerca de 700 quilômetros da capital.




NACIONAL
PF prende dois em MG por fraude
Quadrilha fraudava declarações de Imposto de Renda e inclui várias prefeituras de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e no Pará

Ezequiel Fagundes

A Polícia Federal prendeu ontem 12 suspeitos – sendo dois em Juiz de Fora e Viçosa, na Zona da Mata mineira – de fraudar o Imposto de Renda em cidades de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Pará, de um total de 13 mandados de prisão. Segundo a PF de Goiás, apenas o prefeito de Campinaçu (GO), Welinton Fernandes Rodrigues (PR), suspeito de integrar o esquema, está foragido. A reportagem tentou localizá-lo, mas ninguém atendeu na prefeitura do município.
A operação, batizada de Apate, decorre de uma investigação conjunta da PF com a Receita Federal. A Receita estima que a fraude pode ter causado, até agora, um prejuízo de R$ 200 milhões aos cofres públicos. A investigação descobriu que foram fraudadas as retificações de declarações do IR dos últimos cinco anos de 18 órgãos municipais dos quatro estados, por meio da inclusão de falsos prestadores de serviços, com rendimentos fictícios, gerando retenções falsas de Imposto de Renda na fonte.
"Na sequência, eram apresentadas declarações de Imposto de Renda Pessoa Física em nome desses falsos prestadores de serviços, com saldo de Imposto de Renda a restituir", informou a PF. Cada restituição podia chegar a R$ 5 mil, incluindo a correção.
Diversos beneficiários, segundo a Polícia Federal, tiveram seus nomes incluídos no esquema fraudulento sem permissão, atuando como "laranjas". Ao todo, há 62 investigados, dos quais 10 são prefeitos municipais, que possuem foro privilegiado.
"Além dos órgãos municipais cujas fraudes já foram comprovadas, existem até o momento fortes indícios de que a fraude tenha sido praticada em mais 35 prefeituras goianas, oito em prefeituras paraenses, seis no Tocantins e quatro em Mato Grosso", informou, em nota, a PF.
Os investigados poderão responder pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha, corrupção passiva, corrupção ativa, inserção de dados falsos em sistemas de informações, falsificação de documento público, falsa identidade, e lavagem de dinheiro.
Minas Os dois irmãos presos em Juiz de Fora e Viçosa são acusados de envolvimento no esquema de fraudes investigado pela PF. O médico Victor Gomes Barboza, 31 anos, e seu irmão, Roberto Gomes Barboza, 29, estudante de medicina veterinária da Universidade Federal de Viçosa (UFV), são acusados de emitir notas fiscais forjadas de prestação de serviços que não foram realizados. A partir daí, os dois requisitavam pedidos irregulares de restituição ao IR, gerando assim prejuízos aos cofres da Receita.
Em Juiz de Fora, o médico Victor Barboza foi preso às 6h, dentro do Hospital João Felício. Já o estudante Roberto Barboza foi surpreendido na sua casa, localizada no Bairro José Braz. Os dois prestaram depoimento e, posteriormente, foram encaminhados para a penitenciária de Juiz de Fora. (Com agências)


ESPORTE
Mineirão pronto no ano que vem

Roger Dias

As obras em Belo Horizonte com vistas à Copa das Confederações’2013 estão em ritmo organizado e intenso. A expectativa do comitê organizador local é de que as do Mineirão estejam concluídas no fim de 2012, prazo máximo dado pela Fifa para receber jogos da competição, uma prévia do Mundial’2014. Rio (Maracanã), Porto Alegre (Beira-Rio), Brasília (Estádio Nacional) e Salvador (Fonte Nova) estão em dia com o cronograma de atividades e também serão sedes.
A Copa das Confederações existe desde 1992 (as duas primeiras edições se chamaram Copa Rei Fahd), com a participação dos campeões continentais. Somente a partir de 2001 é que passou a ser teste para o país-sede do Mundial. É a oportunidade que a Fifa tem para comprovar a eficiência de quesitos como segurança, trânsito, situação dos aeroportos, rede hoteleira e a própria qualidade dos estádios.
As seleções também têm melhor chance de se preparar para a Copa do Mundo e os treinadores podem observar o desempenho de jogadores. O Brasil é o maior vencedor da competição, com quatro conquistas – foi campeão nas duas últimas edições. Curiosamente, quem chegou ao título nunca conseguiu repetir o feito no Mundial.
O secretário de Estado Extraordinário da Copa do Mundo, Sérgio Barroso, comemora a escolha de BH para uma das sedes: “Estamos muito felizes com as notícias. Minas merece ser sede da Copa das Confederações. O Mineirão vai estar pronto em dezembro de 2012. De qualquer forma, precisamos aguardar o comunicado oficial da Fifa”.
RESPONSABILIDADE Na visão do presidente do Comitê Organizador de Belo Horizonte, Tiago Lacerda, a capital mineira está no caminho certo: “Estamos realizando cada ação com responsabilidade. A Copa das Confederações é uma vitrine para nós e dá projeção internacional, pois muitos turistas virão para cá. Serão ótimos jogos e a nossa prioridade é mostrar grande trabalho”.
BH também briga com São Paulo para ser a sede da abertura do Mundial. Nesse ponto, a capital mineira leva vantagem, pois as obras do Itaquerão nem começaram – por isso os paulistas ficaram de fora da Copa das Confederações. “É importante que o ritmo seja mantido. O padrão de exigência da Fifa é grande em relação às cidades e, por isso, temos de fazer trabalho sério”, garante Tiago.


Investigação independente

A Federação Inglesa de Futebol (FA) vai fazer uma investigação independente sobre as acusações feitas pelo antigo presidente da entidade David Triesman. Segundo o dirigente, quatro integrantes do comitê executivo da Fifa – incluindo o brasileiro Ricardo Teixeira – pediram favores em troca de votar na Inglaterra para sediar a Copa do Mundo de 2018. O advogado James Dingemans vai examinar as evidências e conversar com Triesman, que fez as alegações em uma sessão parlamentar na terça-feira durante inquérito sobre as razões para a derrota da candidatura do país. “Triesman fez acusações sobre as pessoas envolvidas no processo que são muito sérias. É essencial que nós possamos determinar o mais rápido possível o peso das evidências por trás destas alegações”, disse o atual presidente da FA, David Bernstein. Dingemans tem até o dia 27 para apresentar o seu relatório e publicar suas descobertas.
Bernstein acrescentou que a FA não tinha planos originalmente de instaurar um inquérito sobre o fracasso na candidatura para a Copa de 2018, mas mudou de ideia por causa das alegações de Triesman. A Fifa entrou em contato com a FA para solicitar provas que comprovem as denúncias de Triesman e exigiu que elas fossem entregues até quatro dias antes do início do seu congresso mundial, em Zurique, no dia 31.
Triesman disse que quatro integrantes do conselho executivo da Fifa pediram favores a ele pessoalmente durante a campanha para sediar a Copa do Mundo: o vice-presidente da Fifa Jack Warner, o presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, Nicolás Leoz; o presidente da Federação da Tailândia, Worawi Makudi; e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Todos os acusados negaram as alegações de Triesman.


CIÊNCIA
Antirretroviral antecipado reduz transmissão do HIV
Estudo com 1,7 mil casais de 13 países, inclusive do Brasil, atesta que soropositivo que toma coquetel antes de ter sintomas da Aids diminui em 96% o risco de contaminar seu parceiro

Carlos Tavares

Brasília – Um novo estudo sobre a Aids – o HPTN 052 – revela que a terapia antirretroviral antecipada aos sintomas da Aids reduz a transmissão do HIV em 96% dos casais em que um dos parceiros é soropositivo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade científica internacional saudaram a pesquisa, feita com 1,7 mil casais de 13 países, incluindo o Brasil, como “uma descoberta que impulsionará a revolução da prevenção com medicamentos”, nas palavras de Michel Sidibé, do programa internacional de combate à Aids coordenado pela Organização das Unidas (ONU).
Os resultados clínicos das investigações comandadas por Myron Coehn, no Instituto de Saúde Global e Doenças Infecciosas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, vão certamente fortalecer novas orientações que a OMS vai colocar em prática em julho deste ano, com o propósito de ajudar pessoas contaminadas a proteger seus parceiros do vírus. “Esste é um avanço crucial, porque sabemos que a transmissão sexual é responsável por cerca de 80% de todas as infecções”, festejou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. No Brasil, o professor de imunologia da Universidade de São Paulo (USP), Ésper Kallás, explicou que o estudo amplia a capacidade de tratar as pessoas no início e comprova os resultados positivos dessa estratégia.
Para Ésper, cuidar de pessoas em estágios iniciais reduz a carga do HIV na genitália e, por consequência, no sangue. “Estamos diante de uma série de estudos e terapias que vêm aumentando o arsenal de combate à transmissão da doença a cada ano”, acrescenta o professor, referindo-se a formas de impedir a contaminação de mulheres grávidas e de transmissão de mãe para filho, em particular. Pelo estudo de Coehn, o risco de transmissão do HIV é consideravelmente reduzido se uma pessoa infectada se submeter logo em seguida a um tratamento médico com antirretrovirais.
Dados positivos Ao iniciar um tratamento com medicamentos imediatamente, em vez de esperar o avanço da doença, o estudo mostrou queda de 96% na transmissão do HIV pela pessoa infectada para uma que não tem a doença. A triagem clínica aleatória, que começou em 2005, incluiu 1.763 casais – 97% heterossexuais – e foi realizada em 13 países da África, Ásia e das Américas, incluindo o Brasil. “A pesquisa foi desenvolvida para avaliar o benefício tanto para o portador do vírus como para o parceiro sexual”, diz Cohen.
Durante os exames clínicos aleatórios, alguns casais foram colocados em um grupo ‘atrasado’, no qual o parceiro infectado começou a receber o tratamento com antirretrovirais (TAR) apenas quando um tipo de célula T (linfócito) conhecido como CD4 caiu para menos de 250 células por milímetro cúbico ou quando começou a desenvolveu alguma doença relacionada à Aids. O outro grupo recebeu o TAR imediatamente. Nesse grupo, apenas um caso de transmissão de HIV foi registrado. Houve 27 transmissões de HIV no grupo atrasado que puderam ser diretamente atribuídas ao parceiro infectado, uma diferença que o estudo considerou “de alto significado estatístico”.
O coordenador do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids do Ministério da Saúde, o infectologista Ronaldo Hallal, interpretou a notícia como a reafirmação da necessidade de se fazer uma intervenção mais precoce nos pacientes de Aids. “Existem outros estudos que confirmam evidências que vêm sendo consolidadas e isso amplia os instrumentos de prevenção e combate à doença”, lembrou, referindo-se a uma pesquisa de 2010. Ele informou que o ministério vai analisar as conclusões das pesquisas mais recentes para agregar conhecimento às novas recomendações do órgão, que serão feitas este ano em relação à política brasileira de controle da Aids.
Para Hallal, é preciso ter cautela diante de situações que não se encaixam em padrões, quando pacientes de determinados grupos podem sofrer efeitos adversos com medicamentos. “Nesses casos, não compensa antecipar o emprego do coquetel antirretroviral. O Ministério da Saúde só recomenda práticas seguras de tratamento, controle e prevenção”, frisa.
PRESERVATIVO No Rio de Janeiro, o presidente do Grupo Arco-íris, Júlio Moreira, ponderou que apesar de todos os esforços da ciência em busca de soluções para a epidemia mundial da Aids serem louváveis, é preciso cautela. “Esse estudo (o HPTN 052) é um grande avanço, mas não podemos esquecer as formas de prevenção da doença, como o uso do preservativo, até porque não é apenas a Aids que mata, temos a hepatite C e outras. O perigo desses achados é que a juventude pode ser levada a crer que o perigo passou”, advertiu. De acordo com Wafaa el-Sadr, membro do comitê executivo da Rede de Testes de Prevenção do HIV (HPTN, em inglês), grupo que realizou o estudo, as descobertas levaram tempo para ocorrer, mas devem ter um grande impacto nos manuais de tratamento. “Acho que o estudo sempre será reconhecido como um marco que realmente pode transformar tanto os tratamentos como a prevenção do HIV globalmente”, disse a cientista Sadr, que também é professora de medicina e epidemiologia da Universidade de Columbia, em Nova York.

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