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quarta-feira, 11 de maio de 2011

11 de maio de 2011 - ESTADO DE MINAS


PRIMEIRA CAPA
A febre do consumo não baixa e o remédio ainda é fraco

Mesmo com o juro em alta, impulsionado principalmente pelas taxas cobradas pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, o brasileiro se recusa a parar de comprar, apelando para o financiamento de bens duráveis. Um dos principais objetos do desejo são as TVs, que, segundo o IBGE, ficaram em média 7,38% mais baratas nos quatro primeiros meses do ano.


Bancos do governo puxam alta dos juros
Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal encarecem crédito ao consumidor e reforçam arrocho do governo para conter compras e brecar a inflação. Taxa no varejo volta a subir

Victor Martins

Brasília – Os bancos públicos estão liderando a alta dos juros com o objetivo de dar mais poder para a política de combate à inflação. Caixa Econômica e Banco do Brasil, os dois principais agentes financeiros do governo, pisaram fundo no acelerador na hora de encarecer o crédito, principalmente nas linhas de curto prazo, e o brasileiro endividado acabou pagando a conta da luta contra a inflação. No cheque especial, por exemplo, o BB promoveu uma elevação de 0,45 ponto percentual entre dezembro e abril e levou a taxa para 104% ao ano. A Caixa também acompanhou o ritmo de subida em 0,38 ponto percentual. As maiores altas, porém, foram nos banco públicos regionais. Apenas no início deste ano o Banco do Nordeste encareceu o limite especial em 1,41 ponto percentual, e o da Amazônia, em 0,94.
Funcionando como um braço do governo usado para fazer a economia girar, os bancos estatais, no período mais agudo da crise financeira iniciada em 2008, abriram a porteira do crédito e financiaram a recuperação do país por meio do consumo de milhões de brasileiros. Vencida a turbulência, o acesso fácil a recursos financeiros passou de herói a vilão e tornou-se uma mola para a inflação, assim, o BC teve de cerceá-lo. Com medidas batizadas de macroprudenciais (alternativas a um aperto na taxa básica de juros), ainda no fim do ano passado o governo reduziu o número de parcelas nos financiamentos, elevou o custo dos empréstimos e deu uma arrefecida no consumo. Na ata da reunião do último Comitê de Política Monetária (Copom) – que subiu a taxa básica de juros (Selic) para 12% ao ano —, a autoridade monetária também mandou um recado claro: pediu que o governo parasse com o crédito subsidiado.
Competição Na aquisição de veículos, a Caixa está puxando o encarecimento do crédito. Nos últimos seis meses elevou as taxas em 0,54 ponto percentual e entrou num embate com os bancos das montadoras, que estão tentando fazer frente às ferramentas do governo para diminuir o consumo. As instituições financeiras automobilísticas estão dividindo a entrada de financiamentos e ofertando taxas bem abaixo da média do mercado. Enquanto o sistema financeiro cobra 2,5% ao mês, as montadoras estão com juros de 1,7%.
Miguel Oliveira, economista-chefe da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), afirma que após o inicio da política de crédito mais restritiva, não fosse a intensa concorrência que hoje existe no setor financeiro, os juros teriam disparado a perder de vista. “Apenas por isso elas não subiram mais”, avaliou. Pelos cálculos dele, o custo do crédito só vai recuar para um nível mais barato no último trimestre do ano. Segundo uma pesquisa de taxas de juros coordenada pelo economista, de cinco modalidades de crédito observadas, três apresentaram alta em abril: cheque especial, crediário e empréstimo pessoal em bancos. O cheque especial, no ranking das opções mais caras, só perde para o rotativo do cartão de crédito. Enquanto o plástico cobra 238,30% ao ano, o limite especial tem uma taxa de 150,98%.
Inadimplência Com o crédito ficando cada vez mais caro, o brasileiro já endividado passou a necessitar de linhas de curto prazo para não ficar inadimplente mas, aos poucos, está perdendo o controle do orçamento. O volume de calotes, assim como esperava o BC como iniciou a política de aperto monetário, está em ritmo de crescimento. Apenas entre janeiro e março a inadimplência dos consumidores passou de 5,7% de todo o crédito concedido no país para 5,9% e a tendência é de que essa trajetória se mantenha firme nos próximos meses. No cheque especial, a dívida dos brasileiros chegou a R$ 19,2 bilhões em março. Desse total, R$ 2,3 bilhões ou 11,9% estão em atraso.
Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), a inadimplência se tornou preocupação. “A demanda por financiamentos de curto prazo, como do cheque especial, está crescendo por causa da inadimplência. A pessoa perde a capacidade de quitar suas contas devido ao excesso de juros e necessita dessas linhas mais caras, de curto prazo”, analisou Tingas. “O governo queria que o crédito encarecesse e foi isso que ocorreu.”
Fonte: http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Materia&veiculo=11&ID=1566464


ÁLCOOL CAI. JÁ A GASOLINA...
Preço da gasolina sobe, apesar do álcool em queda
Preço médio do litro do derivado do petróleo aumenta 3% em 30 dias no país. Em BH, alta foi de R$ 0,13 no período. Valor segue alto mesmo com recuo do etanol nas usinas

Marinella Castro


Quem abasteceu com gasolina na última semana pagou os preços mais altos do ano. Levantamento da Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que na semana passada o preço médio do derivado do petróleo atingiu R$ 2,91/litro, o pico da alta. O preço subiu em 30 dias, R$ 0,11, cerca de 3%. A inflação do produto segura em patamares mais altos o etanol, que apesar do início da safra registra queda bem tímida nas bombas. Na última semana, o consumidor pagou em média pelo litro R$ 2,32, ante os R$ 2,30 pagos nos sete dias anteriores.
Em Minas Gerais, o litro do etanol recuou de R$ 2,42 em média para R$ 2,41, entre a primeira e segunda semana de maio, enquanto a gasolina disparou no período de R$ 2,87 para R$ 2,92. Em 30 dias, a alta no estado foi de R$ 0,12 a mais por litro, a cada 100 litros um desembolso extra de R$ 12 em apenas 30 dias. Em Belo Horizonte, o litro da gasolina, segundo o levantamento da ANP, ficou em média R$ 0,13 mais caro, atingindo a marca de R$ 2,89, nos últimos 30 dias, contados a partir da segunda semana de maio.
Segundo pesquisa Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o álcool anidro, apontado como principal causador da alta da gasolina, recuou para R$ 1,88 por litro, em média, na semana passada, queda de 21% em relação ao valor médio dos últimos sete dias.
A expectativa do mercado é que o preço dos combustíveis caiam com mais intensidade a partir desta semana. As distribuidoras justificam que como os estoques dos postos foram adquiridos anteriormente existe um prazo para que o recuo dos preços nas usinas chegue ao consumidor. Para Alísio Vaz, presidente do Sindicom (sindicato que representa as distribuidoras de combustíveis) a semana que passou registrou o pico da alta do álcool anidro, e por isso os valores da gasolina dispararam. “Os preços já começaram a cair esta semana e o movimento vai se intensificar.”
TENDÊNCIA Apesar do recuo do anidro nas usinas ser superior a 20% o Sindicom calcula que nas próximas semanas a queda de preços para a gasolina e o etanol atinjam os patamares de janeiro, ou seja uma redução de valores nas bombas em proporção menor que a queda de preços na produção. No início do ano, o preço médio da gasolina no país era de R$ 2,60, ou seja 11% menor do que agora. Já o etanol era comercializado a R$ 1,86, 23% menos que agora.
O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Minas Gerais já alertou que os preços do etanol não vão retornar aos patamares de anos anteriores. Como o custo do produto para o consumidor começou a subir, sem que fosse reduzido o teor de anidro adicionado à gasolina, a pressão da demanda impediu que os preços do derivado da cana-de-açúcar caíssem, além de pressionar para cima a gasolina. Em recente medida, o governo definiu que o teor de anidro adicionado à gasolina poderá variar entre 18% e 25%, antes a medida era de 20% a 25%. Para o Centro Brasileiro de Infra-estrutura os preços tanto do etanol quanto da gasolina vão continuar altos em 2011, com importação do etanol e milho, produzido nos Estados Unidos.
Fonte: http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Materia&veiculo=11&ID=1566468


Dilma afaga prefeitos com R$ 750 milhões

Dilma distribui afagos e foge de cobranças
Presidente anuncia a liberação de R$ 750 milhões para obras já iniciadas, promete custear creches e diz estar aberta ao debate sobre o pré-sal. Prazo para o uso de verbas é mantido

Denise Rothenburg e Igor Silveira

Brasília – Ciente das dificuldades de caixa de seu governo, dos municípios e da pressão inflacionária, a presidente Dilma Rousseff fez ontem apenas afagos aos prefeitos com a liberação de R$ 750 milhões, a assinatura de uma medida provisória que prevê a participação do Executivo federal no custeio de novas creches e, para completar, disse estar aberta a sugestões sobre a distribuição de recursos do pré-sal: "A entidade municipalista pode ajudar a construir uma proposta de distribuição dos recursos do pré-sal. Mas, junto com ela, vem uma grande responsabilidade", disse Dilma, diante de um público de mais de 2,3 mil prefeitos. Ela fazia referência à necessidade de aplicar bem essa riqueza para as gerações futuras. "Determinei que a Caixa Econômica Federal (CEF) faça o pagamento de todas as obras iniciadas e com medição realizada e dos equipamentos. Para isso, vamos liberar R$ 750 milhões: R$ 560 milhões imediatamente e, em 6 de junho, mais R$ 230 milhões", afirmou Dilma, arrancando aplausos da plateia pela oitava vez enquanto falava. A presidente, no entanto, fugiu de cobranças como o alongamento do prazo para o uso de verbas de orçamentos passados em obras ainda não iniciadas.
Bastou a presidente sair para que, com a calculadora do celular em mãos, os prefeitos fizessem as contas e descobrissem que os recursos anunciados não serão suficientes para cobrir as despesas de restos a pagar das obras que já tiveram a primeira medição realizada pela CEF. A amostragem feita pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) indica que, no universo de R$ 2,4 bilhões em obras e equipamentos, há R$ 1 bilhão em convênios de restos a pagar de 2007, 2008 e 2009 que estão nessa situação — isso sem contar os R$ 8 bilhões de 2010, que ainda não foram analisados pela CNM, nem os R$ 4 bilhões por analisar, dos três anos anteriores.
Ao mesmo tempo em que segurou grande parte das verbas que os prefeitos desejam, a presidente acenou com futuras liberações. Acompanhada por quase todos os ministros, ela afirmou que quer reformar as unidades básicas de saúde, um programa a ser detalhado hoje aos prefeitos pelo ministro Alexandre Padilha.
"Fiquei muito preocupada com a pesquisa do IBGE, que mostra que 74% das unidades de saúde não atendem aos requisitos de qualidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Seremos parceiros na elevação da qualidade da saúde pública", disse Dilma, anunciando ainda que, em julho, virá o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do saneamento para municípios com menos de 50 mil habitantes. Ela falou ainda da expectativa de aumento de 26% no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) até o fim de 2011 e do aumento de 32% nesse primeiro quadrimestre em relação a 2010.
Emenda 29 Em relação às demais reivindicações dos prefeitos, as respostas de Dilma foram tão evasivas quanto a da revisão dos royalties do pré-sal. Quando se referiu à regulamentação da Emenda 29, que amplia a aplicação de recursos na área de saúde, a presidente deixou escapar as preocupações: "Concordo com a reivindicação dos municípios, mas todos precisamos reconhecer que é uma discussão complexa, que envolve os três níveis de governo", disse, passando então a comentar o aumento de recursos que o governo federal já injetou no setor.
No geral, os prefeitos gostaram da fala da presidente, que, apesar de se recuperar de uma pneumonia e dizer que falaria baixo, demonstrou a firmeza habitual ao dizer que deseja a parceria dos prefeitos para todos os projetos de seu governo e ao mencionar o curso de formação de gestores municipais que o Ministério do Planejamento vai abrir no segundo semestre.
Fonte: http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Materia&veiculo=11&ID=1566469


EDITORIAL
Os médicos em conflito
Governo condena boicote a planos de saúde

Os milhões de brasileiros que, para fugir das agruras de depender da precariedade do Sistema Único de Saúde (SUS), pagam – com ou sem a ajuda de seus empregadores – planos de saúde assistem perplexos aos lances de uma disputa que vem sendo travada entre as operadoras e os médicos credenciados. Nos últimos dias, essa disputa alcançou ponto crítico. Entidades médicas têm conseguido envolver grande número de profissionais num movimento de boicote aos planos, como forma de pressioná-los a negociar melhor remuneração por consultas e procedimentos hospitalares ou ambulatoriais. No começo do mês passado, médicos de praticamente todo o país suspenderam por 24 horas o atendimento a pacientes filiados a planos de saúde. Além disso, ensaiaram um movimento de descredenciamento em massa. Alegam representantes dos médicos que os reajustes das tabelas de remuneração dos serviços praticadas pelas operadoras de planos de saúde estão muito desfasadas em relação aos aumentos das mensalidades que essas empresas têm conseguido cobrar dos clientes.
Entidades médicas tentam, há anos, impor em todo o território nacional uma tabela única para os serviços de seus filiados, a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), prática rejeitada pelas autoridades de saúde. Depois do boicote de abril, cresceu a preocupação de milhares de usuários em tratamento de saúde, ante a perspectiva de ficar sem atendimento ou ter de pagar pelo tratamento como se fosse um cliente particular, sem plano de saúde. Até então alheio ao agravamento do conflito e ao aumento do risco que passaram a correr os consumidores, o governo resolveu se mover. Ontem, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça tornou públicas três medidas para proteção da concorrência e dos direitos do consumidor no setor de saúde suplementar. A SDE recomendou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) a condenação do Conselho Federal de Medicina, da Associação Médica Brasileira e da Federação Nacional dos Médicos por influenciar a categoria médica na adoção da CBHPM.
A secretaria não condena a proibição da negociação coletiva, mas entende que a imposição da tabela desencadeou um movimento nacional de paralisações e descredenciamentos em massa no sentido de forçar o reajuste de honorários médicos, que causou perdas ao consumidor. É aí mesmo que reside a parte mais delicada: os direitos do consumidor que paga religiosamente os planos. Velha questão mal resolvida no Brasil, se a relação dos planos com o cliente demanda ainda aperfeiçoamento, parece também desequilibrada a convivência com os médicos, de quem usa os serviços qualificados pelos cursos de medicina e fiscalizados pelos conselhos nacional e regionais da categoria. É correta a reação do governo, sustando a continuidade do boicote. Mas, tendo em vista que se trata de atividade de interesse público, cabe ao governo ir além. É urgente criar ambiente para o entendimento e promover a convergência dos interesses, além, é claro de preservar aquele que nenhuma das partes tem o direito de esquecer: o consumidor.
Fonte: http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Materia&veiculo=11&ID=1566428


O crédito prudente
Aumento do calote faz lojista ficar mais criterioso

É mais do que procedente a preocupação do presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior, quanto à necessidade de moderação no ritmo da concessão de crédito ao consumidor. Mesmo com os juros subindo pelo terceiro mês consecutivo em abril, conforme divulgou ontem a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a corrida ao consumo, especialmente das classes C, D e E, não dá o menor sinal de arrefecimento. Essa febre já preocupa a autoridade monetária e, como revela Pelizzaro, começa a se aproximar dos limites de segurança do comércio. Na semana passada, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já tinha abordado a conveniência de o consumidor se conter durante os próximos meses, já que as medidas de política monetária (aumento dos juros) ainda vão levar alguns meses para fazer efeito no sentido de esfriar o consumo e, com isso, reduzir a pressão sobre os preços.
Mas o movimento do comércio – e não só devido ao Dias das Mães – sinaliza que o rebaixamento dos preços de algumas mercadorias mais desejadas, como televisores e outros eletrodomésticos mais modernos, estão mantendo acesa a chama do consumo. Na prática, essa disposição de realizar sonhos e vontades agora está sendo ajudada pela manobra das financeiras para anular o impacto dos juros pela via do aumento do número de parcelas do financiamento. Dados da CNDL revelam que as vendas no varejo cresceram 7,23% em abril em comparação com mesmo mês de 2010, um ano de vendas aquecidas. Se esse movimento preocupa o BC por sinalizar mais dificuldade em segurar a inflação, do lado dos lojistas o sinal amarelo vai na direção do risco do negócio. Acontece que a inadimplência no comércio varejista também está crescendo: subiu 3,5% em abril, em relação a abril do ano passado, um salto perigoso e que não pode passar despercebido. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2011, o calote dos consumidores já é 2,34% maior do que o registrado de janeiro a abril do ano passado.
É, portanto, conveniente ao controle da inflação e passa a ser mais prudente ao comércio que a tentação de comprar a qualquer custo os bens que – se supõe – vão proporcionar conforto ao consumidor seja controlada. Não se trata, como bem salientou o presidente da CNDL, de sugerir que se deixe de consumir ou que o empresário simplesmente negue o crédito, pois isso seria colocar em risco os empregos e a própria dinâmica da economia. Mas é bastante razoável esperar que, movido pela cautela, o próprio comerciante refreie seu ímpeto de impulsionar os negócios a custo do aumento do risco. Ou seja, a sugestão é que a concessão do crédito seja condicionada a critérios mais rígidos. Do lado do controle da inflação, essa seria contribuição importante para evitar que o Banco Central volte a pisar fundo no aperto monetário. Do lado dos negócios, vale a ponderação do líder lojista: pior do que não vender é vender e não receber.
Fonte:
http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Materia&veiculo=11&ID=1566432


OPINIÃO
Verbas da educação

Vivina do C. Rios Balbino
Sem fiscalização rigorosa, inúmeras irregularidades, que vão desde licitações fraudulentas e apresentação de notas frias até o desvio de dinheiro, ocorrem
- Psicóloga, mestre em educação e professora da Universidade Federal do Ceará

Educação é fator maior de inclusão social e desenvolvimento e o Brasil investe mais na área. Mas, infelizmente há desvio de verbas, corrupção e mau uso do dinheiro público. Segundo a Controladoria Geral da União, o repasse de verbas para a educação e saúde representou 30,16% do total em 2010 e 62% das operações em parceria com a Polícia Federal. Escândalos recentes com bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni) e desvios de merenda escolar são inadmissíveis. A merenda escolar receberá R$ 3 bilhões em 2011, isso precisa ser fiscalizado. Mais de 4 mil alunos já foram expulsos do Prouni e outros casos estão sendo analisados. A isenção de impostos das faculdades passa por revisões, assim como o repasse automático. O gasto com a educação no Brasil está próximo dos padrões internacionais.
Estudiosos afirmam que o Brasil não investe pouco em educação. O Brasil gasta anualmente 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB), face a 5,7% do PIB aplicados, em média, pelos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O dispêndio brasileiro é maior que o do Japão (4,9% do PIB). O Brasil investe R$ 1,9 mil por ano em cada estudante do ensino fundamental e R$ 13 mil em cada estudante de ensino superior. Em sete anos, o número de matrículas na educação superior brasileira aumentou de 3,5 milhões para 5,9 milhões. As universidades investem em ensino, pesquisa e extensão. Mas quais são os grandes impactos de pesquisas e grandes projetos socialmente importantes das universidades? O etanol é um exemplo. Temos uma rede pública de ensino superior excepcional e com certeza é fundamental que ocorram grandes retornos sociais para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Apesar dos grandes investimentos, infelizmente no último censo Times Higher Education nenhuma universidade brasileira foi incluída nas 100 melhores do mundo.
No ensino fundamental, o relatório Education at a Glance mostra que o Brasil é um dos países que menos investem, ganhando apenas da Turquia. Nos últimos anos, o país colocou 95% das crianças entre 5 e 14 anos nas escolas, o que é muito importante. Porém, há acesso, mas ainda falta boa qualidade de ensino e boas políticas públicas para reter os alunos na escola. A evasão é grande. No projeto Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), o governo já repassou R$17,1 bilhões a governos estaduais e municipais desde a criação do projeto em 2007. Sem fiscalização rigorosa, inúmeras irregularidades, que vão desde licitações fraudulentas e apresentação de notas frias até o desvio de dinheiro, ocorrem. Na educação básica, a meta é acabar com o analfabetismo e aumentar a qualidade do ensino. A aplicação recente do importante piso nacional salarial do professor em R$ 1.187 dignifica a profissão do educador brasileiro. O teto salarial ainda é baixo comparado a outras profissões, mas com certeza dará maior incentivo e poderio aos profissionais.
Valorizando o ensino médio, com o recente Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), o governo promete aplicar R$ 1 bilhão e criar mais 200 escolas técnicas até 2014. R$ 700 milhões para bolsas de estudo e R$ 300 milhões para financiamento estudantil. Com isso, o governo espera reduzir um problema crônico para o crescimento dos serviços e da indústria nacional: a falta de mão de obra qualificada. É um projeto ambicioso, que poderá contribuir para o emprego e a inclusão de milhões de brasileiros, mas precisa ter gestão de 100% do gasto público empregado. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pelos programas do livro didático, repõe 16% das publicações. São cerca de R$ 87 milhões aplicados em reposição de livros didáticos para serem distribuídos a alunos do ensino fundamental e médio de escolas públicas do país. Aprimorar o projeto? Sim, mas é necessário que haja vigilância rigorosa e permanente da Controladoria Geral da União, Tribunais de Contas, Ministérios Públicos, Polícia Federal e do próprio Ministério da Educação para fiscalizar e punir com rigor os desvios de dinheiro público na educação brasileira.
Fonte: http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Materia&veiculo=11&ID=1566438
 É hora de Minas se reinventar

Flávio Constantino
Professor de economia da PUC

No inicio dos anos 2000, pesquisadores da UFMG publicaram um trabalho alertando sobre os riscos que assombravam Minas Gerais e a ameaça de estagnação. Naquele momento, o fraco desempenho econômico e o baixo dinamismo levaram a conclusão de que era fundamental diversificar a base produtiva, reduzindo o peso da indústria tradicional e avançando em setores modernizantes, com fortes efeitos multiplicadores sobre renda, emprego e conteúdo tecnológico. Dadas as nossas características, seria necessária uma reconfiguração do modelo produtivo, resgatando o papel do empreendedorismo estatal, aliado ao conhecimento da academia e vantagens comparativas latentes.
Uma década depois, Minas Gerais aumentou sua participação no Produto Interno Bruto brasileiro e nas exportações. O estado cresceu a taxas superiores à média nacional e sua contribuição à geração de divisas o colocou em primeiro lugar no ranking nacional: entre 1999 e 2009, o saldo comercial gerado por Minas chegou a mais de US$ 84 bilhões. Para termos uma noção do que isso representa, no mesmo período São Paulo gerou um déficit de mais de US$ 5 bilhões. O leitor então deve estar se perguntando: qual a origem desse sucesso?
Foi o avanço do complexo mínero-metalúrgico, cafeeiro e, com menor destaque, o setor de veículos e autopeças. Praticamente mais de 40% das divisas saíram das exportações de minério e café. Em outras palavras: o melhor resultado, comparado aos outros estados, foi fruto da manutenção das atividades. Virar fornecedor de luxo da China significou crescer num ritmo maior que os demais, dadas as nossas vantagens comparativas. Parece, portanto, que fazer mais do mesmo foi a melhor estratégia. Será?
Apesar do saldo comercial extremamente favorável, os números deixam de ser tão vistosos quando comparadas as taxas de crescimento das exportações. Na década em questão, Minas Gerais ocupa apenas a 16ª posição. Com a crise econômica, foi um dos estados que mais perderam em termos de renda, exportações e tributos. A crise, na verdade, só nos fez relembrar os riscos inerentes a especialização produtiva e comercial, nossa dependência das commodities. Até as patentes registradas pelos mineiros estão fortemente concentradas no setor mínerometalúrgico.
Minas Gerais precisa de um novo centro dinâmico de acumulação de capital. Perder, mais rapidamente, esse caráter de economia complementar à de São Paulo. Aproveitar a diversidade de recursos produtivos e a proximidade dos mercados. Estimular a criatividade, incentivar e apoiar as pesquisas nos setores inovadores. Se o governo usou como bandeira modernizadora o choque de gestão, que dê o mesmo tratamento à atividade produtiva. Essa reorientação de postura não é fácil, até porque qual o sentido de se mudar algo que deu tão certo nos últimos anos? Como negociar com os diversos grupos de interesse que se beneficiam da política atual? Devemos aproveitar o bom momento para rever nossa posição. Não é buscar a ruptura, mas ser ousado na proposição de mudanças. Essa é chave do capitalismo: buscar sempre novas fontes de acumulação de capital. Foi a sua adaptabilidade que lhe permitiu sobreviver aos outros modos de produção. O capitalismo soube se reinventar. Como? Inovação. Como ela surge? Do acaso, do acúmulo de conhecimentos, da concentração geográfica e das instituições.
Em tempo: acaba de ser divulgada a lista com as marcas mais famosas do mundo. Das cinco maiores, quatro são da área de tecnologia de informação: Apple, Google, IBM e Microsoft. Curiosidade: o valor da marca Apple é praticamente o valor do produto interno de Minas Gerais, de toda riqueza produzida por nós. Segredo da Apple? Ousadia. Conhecimento. Saber se reinventar.
Fonte: http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Materia&veiculo=11&ID=1566446


BRASIL S/A
A hora de colher
Coteminas cria empresa agrícola e desafia o longo reinado das tradings estrangeiras no país

Antônio Machado

Suponha que a comercialização das imensas reservas de petróleo do pré-sal fosse totalmente entregue a empresas multinacionais. Nunca se achou isso aceitável. Pois é o que acontece com a agricultura.
O país é o primeiro ou segundo maior produtor e exportador global de várias culturas, como soja, açúcar e café, além de recordista em produtividade, mas um punhado de tradings estrangeiras domina a comercialização. Elas impõem as condições, conforme diretrizes das matrizes no exterior, como fizeram na crise do crédito no fim de 2008, ao deixar de financiar produtores de grãos no Centro-Oeste.
Foi só mais um contratempo no longo histórico de conflitos entre produtores rurais e o poderoso clube das tradings multinacionais. Mas talvez por pouco tempo, de acordo com a proposta e objetivos da primeira trading de controle majoritário nacional, constituída em São Paulo pelo industrial Josué Gomes da Silva, da Coteminas, e Paulo Roberto Moreira Garcez, ex-sócio da Multigrain – uma trading atualmente sob controle integral da japonesa Mitsui.
Com o nome de Cantagalo, para homenagear o seu pai – o ex-vice-presidente da República José Alencar, que assim registrara a sua primeira fazenda, em Minas Gerais –, Josué estudava desde o fim de 2009 investir no setor agrícola, instigado por Garcez, parceiro e amigo desde quando a Coteminas comprava algodão das tradings que o executivo dirigiu, como a Glencore, da Suíça, e a ADM, dos EUA.
Ambos viram a oportunidade surgir quando outro sócio da Mitsui, a CHS, dos EUA, passou a operar direto no Brasil e se desinteressou pela sociedade na Multigrain. A CHS queria vender a sua parte aos outros sócios. A Mitsui queria ficar. Garcez começou a planejar o voo solo, com ou sem a Multigrain, e convidou Josué a vir com ele.
Um consultor os ajudou a formatar o nexo do negócio. A família de Josué tinha fazendas dispersas. Garcez tinha outras. Um amigo dos dois, o agricultor Vilson Vian, da GFN Agrícola, queria expandir-se. O trio decidiu juntar as terras, plantadas com soja, milho e algodão, surgindo dessa fusão a Cantagalo General Grain.
A nova empresa agrícola emerge com 151 mil hectares plantados em Minas, Mato Grosso, Goiás e Piauí, já localizou o dobro dessa área para aquisições e está com a trading montada. No papel, a Cantagalo já é a sexta ou sétima maior empresa agrícola do país, numa lista liderada pelo grupo SLC, de controle familiar e capital aberto, com 312 mil hectares entre terras próprias e arrendadas.

Trading verde-amarela
Três diferenciais projetam a expansão da Cantagalo. O primeiro é a preferência por cultivar terras próprias. O segundo, a estrutura de trading. E, enfim, o road show junto a investidores potenciais, visando uma capitalização privada em ações para formar um colchão destinado à compra de terras e a alavancar os negócios da trading.
A meta de 300 mil hectares plantados está prevista para logo, tal como as redes de logística e armazenagem, fechando o tripé de um negócio integrado, com produção, comercialização e distribuição.
É o modelo das grandes tradings internacionais. E é também o que faltava ao agronegócio, na visão de estrategistas do setor: uma forte operação comercial focada nos interesses nacionais, como no mercado externo de carne, hoje liderado por empresas brasileiras.

Preço formado lá fora
Bunge, Cargill e ADM, dos EUA, e Louis Dreyfus, da França, entre as grandes, pela ordem, além da Mitsui, do Japão, Noble Grain, de Hong Kong, e outras menores, como Chinatex, recém-chegada ao país, controlam o mercado brasileiro e mundial de grãos, influenciam os preços em bolsas de commodities, financiam o agricultor, operam logística própria e fabricam e distribuem os principais insumos.
É neste cenário desafiador e promissor que se concebe a Cantagalo – com produção agrícola própria e operação comercial aberta para o mercado, competindo com as grandes tradings inclusive no exterior.

Vantagens comparativas
A premissa assumida por Josué e Garcez presume como tendência de longo prazo o mercado de commodities agrícolas pressionado, ainda que com oscilações conjunturais, com o Brasil se firmando como um dos grandes provedores da demanda. Já há a percepção de que o país é um dos celeiros do mundo. Outras vantagens comparativas estão em evidência, como disponibilidade de água e terras, mesmo excluídas as áreas de proteção permanente. A agricultura também é dos poucos setores em que o país dispõe de tecnologia, embora ainda tenha uma relação de dependência em insumos estratégicos, como fertilizantes e sementes, e para vender o que produz. Talvez comece a mudar.
FONTE: http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Materia&veiculo=11&ID=1566419

POLITICA
Giro Minas
GUILHERME BERGAMINI/ALMG - 2/3/11

PENSÃO A EX-GOVERNADORES
Emenda a projeto é analisada hoje

A Comissão de Fiscalização Financeira da Assembleia Legislativa analisa hoje parecer sobre emenda ao projeto de lei que extingue a pensão vitalícia para ex-governadores. O texto, enviado à Casa pelo governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB), virou motivo de polêmica na Assembleia. A oposição entrou com projeto semelhante. Os aliados do tucano, no entanto, afirmam que a matéria é de prerrogativa exclusiva do Poder Executivo. A emenda a ser analisada hoje impede que atuais beneficiários da pensão acumulem vencimentos quando indicados para cargos públicos. A agenda de hoje da comissão inclui audiência pública com representantes das secretarias de Estado de Planejamento e Gestão e da Fazenda para apresentação de relatório de cumprimento das metas fiscais do Estado referentes ao último quadrimestre de 2010 e ao primeiro quadrimestre de 2011.

DEFESA DOS DEFICIENTES
Comissão será instalada

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais instala hoje a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que será a 20ª permanente do Legislativo. Como um dos principais desafios, o grupo terá a efetivação de muitos direitos conquistados por essas pessoas. A comissão será presidida pelo deputado Doutor Wilson Batista (PSL) e terá como vice Sargento Rodrigues (PDT). Eleito ontem, Dr. Wilson lembrou que o país tem cerca de 24 milhões de brasileiros com alguma deficiência hereditária ou adquirida, o que corresponde a 14% da população. No caso das necessidades especiais adquiridas, segundo o parlamentar, os acidentes de automóveis em estradas e traumas por violência estão entre os principais motivadores. "Sem dúvida, teremos um trabalho relevante na Casa", disse ele.

OUVIDORIA DO TRE
Quase 800 denúncias

A Ouvidoria Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) divulgou ontem o balanço das chamadas que recebeu nos últimos dois anos. No período, foram 4.405 chamados dos eleitores mineiros, 795 denúncias, 1.973 reclamações, 438 elogios e 1.199 sugestões aos serviços prestados pela Justiça Eleitoral. “As demandas crescem muito nos períodos eleitorais, com muitas denúncias de propaganda irregular e as gravações telefônicas incomodaram muito nas últimas eleições. Fora da época dos pleitos temos reclamações quanto a demora nos julgamentos e eleitores que pediam alteração no horário de funcionamento dos cartórios. Para cada chamado, analisamos qual área do tribunal ela compete e fazemos o encaminhamento”, explica Maurício Soares, juiz ouvidor do TRE. As mensagens são recebidas por meio do formulário eletrônico disponível o portal do TRE (www.tre-mg.jus.br), cartas e telefonemas.

INVESTIMENTO
Verba para barragem

A barragem do Rio Jequitaí (o chamado projeto Jequitaí), no Norte de Minas, reivindicada pelas lideranças da região há 30 anos, finalmente, deve finalmente sair do papel. Amanhã, em solenidade na Cidade Administrativa, será assinada a autorização da liberação de recursos para a obra, pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e pelo governador Antonio Anastasia. A barragem está orçada em R$ 95 milhões, dos quais R$ 85,5 milhões serão liberados pelo governo federal, por intermédio da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf). De acordo com o secretário do Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas, Gil Pereira, a previsão é de que a obra gere cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos. A barragem serádestinada a geração de energia, irrigação e abastecimento humano, atendendo aos municípios de Jequitaí, Francisco Dumont, Engenheiro Navarro e Claro dos Poções. Segundo ele, a licitação será feita de imediato e aprevisão é que o empreendimento fique pronto em quatro anos.



ECONOMIA
Nova perícia para 580 mil

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vai realizar uma nova perícia médica em 580 mil segurados que tiveram o benefício por incapacidade – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez – concedido por determinação judicial. De acordo com o presidente do órgão, Mauro Luciano Hauschild, os segurados serão convocados por cartas, que devem começar a ser enviadas até junho.
Segundo ele, o objetivo da revisão é verificar se os benefícios estão sendo pagos a quem tem direito e identificar quem já está apto a voltar ao trabalho. "É importante que os segurados entendam que essa é uma medida para evitar pagamentos indevidos, especialmente no que diz respeito ao auxílio-doença, que é um benefício decorrente de uma incapacidade temporária. É preciso verificar se aquela incapacidade continua ou não presente", afirmou Hauschild.

MANUTENÇÃO
O presidente do INSS disse ainda que a decisão sobre a manutenção do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez será da Justiça, pois o resultado da perícia será encaminhado ao juiz que garantiu o benefício. "Todo benefício que foi concedido judicialmente só pode ser suspenso, bloqueado ou cessado por ordem do próprio juiz que o concedeu", explicou.


BB terá taxa diferenciada

Vânia Cristino

Brasília – Com lucro líquido recorde de R$ 2,93 bilhões no primeiro trimestre – crescimento de 24,7% em relação a igual período do ano passado –, impulsionado pelo maior volume de empréstimos no período, o Banco do Brasil transforma o crescimento da sua carteira de crédito em benefícios para os clientes. O BB, de acordo com o vice-presidente de Cartões e Novos Negócios de Varejo do banco, Paulo Rogério Caffarelli, vai praticar taxas de juros diferenciadas para seus clientes pessoas físicas. Quem tem um bom relacionamento com o banco vai contar, em contrapartida, com taxa menor na hora de pegar um financiamento.
“Éum prêmio para o bom cliente, uma espécie de cadastro positivo interno”, disse Caffarelli. O BB já pratica taxas diferenciadas para o segmento de clientes pessoas jurídicas. A diferenciação de taxas para as pessoas físicas é uma das formas encontradas pela instituição para estimular o crédito. O BB quer ser o líder desse segmento no país, hoje dominado pelo Itaú Unibanco.
Com o resultado dos três primeiros meses do ano, o BB assumiu o segungo lugar no ranking nacional em termos de lucro líquido, atrás apenas do Itaú Unibanco, que apresentou, no primeiro trimestre, ganho líquido de R$ 3,5 bilhões.
“Estamos na frente do Itaú em vários itens”, destacou o vice-presidente de Finanças da instituição, Ivan Monteiro. Em ativos, por exemplo, com R$ 866 bilhões, o Banco do Brasil é a maior instituição da América Latina. Monteiro comemorou o fato de o resultado do banco ter sido impulsionado por diversos fatores, como crescimento do crédito, controle de gastos e diversificação de receitas, com destaque para cartões de crédito e seguros. A Previ, o fundo de pensão dos funcionários do banco, também contribuiu, mas, dessa vez, o impacto líquido no resultado foi menor, da ordem de R$ 300 milhões.
Apesar de todas as medidas de contenção do consumo adotadas pelo governo desde o fim do ano passado, foi a expansão do crédito que fez o lucro do BB disparar. No fim de março a carteira de crédito do banco alcançou R$ 397,5 bilhões, um crescimento de 21,2% em 12 meses. Com isso, a participação da instituição no mercado passou para 19,5%. Para o vice-presidente do BB o crédito vem crescendo de maneira equilibrada e, o que é melhor, com inadimplência em baixa. Por isso a instituição mantém a previsão de crescimento da carteira entre 17% e 20% durante o ano. No banco, a inadimplência está agora em 2,1%, enquanto no sistema financeiro como um todo o percentual é de 3,2%.


GIRO ECONÔMICO

Bom pagador: Câmara aprova MP do cadastro
A Câmara dos Deputados aprovou ontem a medida provisória que cria o cadastro positivo, uma lista dos consumidores com bom histórico de pagamentos. O texto agora seguirá para o Senado. O cadastro poderá servir de base para concessões de crédito, análise de risco de crédito do cadastrado, vendas a prazo ou transações comerciais. Em tese, o consumidor incluído no cadastro positivo poderá ter acesso a juros mais baixos em operações de crédito. Mas para incluir seu nome na lista, o brasileiro interessado deverá autorizar previamente e por escrito. No entanto, uma única autorização pelo cadastrado servirá para inclusão de vários tipos de dados. Informações como histórico de pagamentos de contas de água, luz e telefone poderão ser automaticamente transferidos para a central. A exceção são as contas de telefone celular, que, por enquanto, não farão parte do cadastro. Pelo texto da MP, o consumidor poderá sair do cadastro quando quiser.

INDÚSTRIA
A produção industrial regional, descontados os efeitos sazonais, cresceu em sete dos 14 locais pesquisados em março, frente a fevereiro, segundo o IBGE. Os avanços mais acentuados ocorreram na Bahia (7,0%) e na região Nordeste (6,2%), e Ceará (2%). No sentido contrário, os maiores recuos foram no Amazonas (-8,9%), Pará (-4,6%) e Rio de Janeiro (-3,8%). Minas Gerais teve queda de 0,1%.

MADOFF
O fundo responsável por recuperar as perdas provocadas pelo esquema do investidor americano Bernard Madoff entrou com ação contra o Safra National Bank of New York, unidade do banco brasileiro nos EUA. O administrador do fundo, Irving Picard, está processando o banco para recuperar ao menos US$ 111,7 milhões, dinheiro que teria sido transferido para o Safra pelos "fundos alimentadores" que investiram com Madoff. O Safra não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta edição. Decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo já determinou que o Itaú terá de pagar R$ 176, 8 mil a um cliente do banco que teria perdido dinheiro com a fraude.



NACIONAL
Mais um universitário na viagem do ecstasy
Outro estudante de Florianópolis, de 26 anos, é preso no aeroporto de Confins ao tentar passar pelo controle da Receita Federal com 20 mil comprimidos da droga

Paula Sarapu

A Polícia Federal (PF) abriu inquérito para investigar uma quadrilha de tráfico internacional de drogas que usa o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, como rota para importar drogas sintéticas da Europa. À beira da esteira do equipamento de raio x, mais um jovem universitário de Florianópolis (SC) foi preso com 20 mil comprimidos de ecstasy – o segundo do estado do Sul do país em cinco dias – quando passava pelo controle aduaneiro da Receita Federal. Como o Estado de Minas mostrou na edição de ontem, o perfil traçado pela PF, com base em 13 prisões de jovens de classe média nos últimos seis meses, ajudou os agentes da Receita a identificar 14 º o suspeito e apreender a droga.
Diferentemente do conterrâneo preso na semana passada, que entrou no país com remessa recorde de 33 mil comprimidos da chamada “droga do amor”, o jovem de 26 anos não apresentava inquietação ou nervosismo na fila de desembarque internacional na tarde de domingo. Em sua bagagem, fora os comprimidos de ecstasy, segunda maior apreensão na história do terminal, havia dois quilos de skank e 15 cartelas de LSD escondidos em um fundo-falso, coberto com placas de espuma e papel carbono. Para disfarçar, a roupa vinha por cima. O acusado não contava com as dicas da PF para análise da lista de passageiros: a forma de pagamento, a data de compra da passagem, o tempo de estada, a idade do viajante e a procedência. A bagagem foi submetida ao raio x e confirmou-se a suspeita.
“Temos acesso às informações das companhias aéreas, por causa de um convênio. Observamos as passagens compradas em dinheiro, a poucos dias do embarque, por jovens que ficam pouco tempo no destino. Também é possível checar por quais aeroportos essas pessoas saem do país e por onde voltam. Tivemos uma tarde inteira de cursos com agentes da PF para descobrir os suspeitos, que têm praticamente o mesmo perfil”, explicou o inspetor-chefe da Receita Federal no aeroporto, Bernardo Costa Prates Santos.
Os presos de Florianópolis vieram de Bruxelas, na Bélgica, reforçando dados de investigações de que aquele país, ao lado da Holanda, é um dos grandes produtores de drogas sintéticas. Segundo o delegado Bruno Zampier, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, os dois são estudantes de classe média e poderão ser chamados para outro depoimento. A ideia é tentar chegar aos distribuidores dos comprimidos no Sul do país. “Queremos levantar mais elementos porque há grande chance de ser a mesma quadrilha, que está usando Belo Horizonte como rota. Este é um problema de todos os aeroportos com voos internacionais, mas aqui vamos fechar a porteira”, afirmou o delegado.
PARA CONFUNDIR
Assim como o primeiro jovem, de 20 anos, o que foi detido no domingo também saiu e entrou no Brasil por aeroportos diferentes. Para o delegado, essa seria uma maneira de tentar confundir os investigadores. Em depoimento, o rapaz disse que foi convidado a participar do esquema numa rave, em Florianópolis. Já em Bruxelas, ele recebeu a mala de outro brasileiro. O pagamento para trazer a droga seria de R$ 22 mil. Os policiais federais também vão levantar o histórico de viagens dos acusados, porque, segundo Zampier, os jovens com esse perfil costumam fazer do transporte de entorpecentes uma profissão. Segundo as investigações, como publicou o EM, o lucro fácil e o que recebem em droga atraem os “mulas”, que fazem contato de compra e venda pelas redes sociais e sites de relacionamento.
A equipe da Receita Federal que identificou o suspeito foi a mesma que percebeu o nervosismo do outro jovem catarinense, na semana passada. Entre as agentes, duas estavam entre as mais interessadas nas palestras dos policiais civis sobre o perfil de risco para o tráfico internacional de drogas. De acordo com o inspetor chefe da Receita, os passageiros terão que ter paciência porque o trabalho de fiscalização será cada vez mais minucioso. “Há cinco anos este era considerado um aeroporto calmo. Com o aumento dos voos internacionais, sabemos que os traficantes estão testando a rota. E isso significa que precisamos de um trabalho efetivo nas vistorias de bagagem”, afirmou.

CÃES FAREJADORES
Para aumentar a repressão e evitar a entrada de drogas sintéticas oriundas da Europa, a Receita Federal deve montar um canil no aeroporto de Confins até junho. Atualmente, dois cães da PF são requisitados eventualmente para farejar cargas. O projeto, já aprovado, foi feito pela Divisão de Repressão a Contrabando e Descaminho.
A ideia é que os cachorros treinados para identificar drogas possam ajudar no trabalho dos agentes durante o desembarque de passageiros. As unidades da Receita em São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória já têm canil. “Usávamos os cães treinados para verificar cargas, mas, diante dessa nova demanda, será importante contar com farejadores para localizar entorpecentes nas bagagens”, contou o inspetor-chefe adjunto da Receita, João Roberto de Lima.
Portaria publicada em janeiro de 2010 determina a criação de um Centro Nacional de Cães de Faro da Receita para suporte às operações de repressão em todos os aeroportos.
FONTE: http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Materia&veiculo=11&ID=1566406

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