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segunda-feira, 9 de maio de 2011

09 de maio de 2011 - CORREIO BRAZILIENSE

DESTAQUE DE CAPA - FIM DA CAÇADA
Obama diz que Bin Laden teve ajuda no Paquistão

Presidente dos EUA vai à tevê e acusa: líder da rede terrorista Al-Qaeda recebeu algum tipo de cobertura no país onde estava escondido e foi morto por tropas especiais norte-americanas. Embaixador paquistanês admite que "cabeças vão rolar"


POLÍTICA EXTERNA
Vitrine para Dilma
Brasil vai sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio 20 no ano que vem. A presidente quer aproveitar a oportunidade para mostrar os avanços do país na preservação do meio ambiente com desenvolvimento econômico

Denise Rothenburg 

A presidente Dilma Rousseff e o PT acreditam ter encontrado a grande vitrine para mostrar os programas do governo ao Brasil e ao mundo justamente na abertura oficial da temporada das eleições municipais brasileiras: a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio 20, de 4 a 6 de junho de 2012, no Rio de Janeiro. Os petistas acordaram para essa possibilidade há 15 dias, quando o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, foi ao Senado falar sobre os rumos da política externa e a crise no Oriente Médio. No meio de sua fala, Patriota foi incisivo: “Será a maior e mais importante conferência do governo Dilma. Uma grande oportunidade para o Brasil demonstrar o que tem conseguido realizar e trabalhar para que objetivos ambientais se sobreponham a clivagens Norte-Sul e sejam globalmente compartilhados”, afirmou.
Não por acaso, na semana que vem, a um ano da Rio 20, o governo lançará o programa de erradicação da miséria, um dos temas que estará em debate no megaevento, ao lado da economia verde. Desde já, Patriota alerta que o governo brasileiro não aceitará a defesa do meio ambiente como pretexto para protecionismo ou entraves ao comércio global. “Tem que ser economia verde com combate à pobreza e inclusão social. O Brasil está posicionado como poucos para assumir a liderança desse debate, com seu modelo de crescimento com a matriz energética mais limpa do mundo e progressos em relação ao desmatamento e redução da pobreza”, comentou ele no Senado.
O discurso de Patriota fez os olhos dos petistas brilharem, ao ponto de alguns integrantes do partido cogitarem criar um grupo para acompanhar os trabalhos de preparação da Conferência, como já fez a Comissão de Relações Exteriores do Senado, presidida por Fernando Collor de Mello (PTB-AL) — presidente da República, em 1992, data da primeira grande Conferência sobre desenvolvimento sustentável da ONU, a Rio-92 (lei memória nesta página). As autoridades brasileiras, aliás, já começaram a se mexer para tentar fazer da Rio 20 uma conferência de sucesso, tão grande quanto o foi a Rio-92.
Na mesma sexta-feira em que o PT se reuniu para eleger um novo presidente e reintegrar o ex-tesoureiro Delúbio Soares, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e Patriota promoveram uma mesa-redonda no Rio de Janeiro com a participação do diretor-executivo das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner. A reunião foi para colher propostas que mereçam ser tratadas no encontro dos chefes de Estado no ano que vem.
Foi consenso entre os participantes que a Rio 20 será uma oportunidade única para a criação de um novo modelo de desenvolvimento que não se atenha apenas a aspectos econômicos. “É engraçado. Hoje, vemos muito mais barulho em torno de Olímpiadas de 2016 e da Copa do Mundo do que esta conferência. Em 2016, estará em jogo quem salta mais alto ou pula mais longe. Em 2014, quem faz mais gols. E, no ano quem vem, quem irá sobreviver”, espeta o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), presidente a subcomissão do Senado encarregada de acompanhar o evento.
Ele e demais integrantes da subcomissão fizeram uma visita aos galpões da região portuária do Rio, em fase de revitalização para sediar a Rio 20. A infraestrutura é a menor delas. “Quanto a isso, não tenho dúvidas de que ficará pronto. O que me preocupa é que não estou vendo uma mobilização para trazer os presidentes de outros países e os temas em discussão que estão limitados. Temos que ampliar, como, por exemplo, incluir a criação de novos indicadores de desenvolvimento. E começar a trabalhar desde já na carta do Rio com demais países”, diz o pedetista.
 O Itamaraty já está trabalhando nesses assuntos. A expectativa da ONU e dos diplomatas brasileiros é que 50 mil pessoas peçam credenciamento para participar da Conferência. E, como a Rio-92 reuniu 108 chefes de Estado num momento em que o tema meio ambiente não era tão preocupante — até George Bush, então presidente dos Estados Unidos, veio — a expectativa é de aumento no número de participantes. “Esperamos que a presidenta Dilma assuma a coordenação dessa mobilização”, comenta o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que também integra a comissão. Afinal, quanto mais participantes de luxo, mais vitrine para o Brasil.

Os fatos que preocupam

1) Infraestrutura — A área de porto do Rio já está em plena fase de reforma para sede do evento e a expectativa é a de que esteja tudo pronto até março do ano que vem.
2) Chefes de Estado — 2012 é ano de eleição nos Estados Unidos e na Alemanha, e junho será ainda a temporada das Olímpiadas de Londres. Barack Obama estará a cinco meses de tentar um novo mandato na Casa Branca. Só virá se avaliar que ganhará votos com isso, num país em que a multilateralidade não dá muito Ibope. Haja vista a fraca mobilização pela reforma nos organismos globais.
3) Temas e China — Há no Brasil quem olhe com certa desconfiança o fato de a ONU não ter colocado um de seus pesos-pesados para cuidar exclusivamente da Conferência. Hoje o subsecretário Sha Zukang, chinês,  está responsável pela Rio 20. Zukang vem de um país onde ações em  prol do desenvolvimento sustentável têm deixado a desejar.


MEMÓRIA
E Bush teve que vir

A Rio-92, realizada há 19 anos, é vista pela própria ONU como a mais bem sucedida de suas conferências. Reuniu 108 chefes de Estado num tempo em que as preocupações com o Meio Ambiente não eram tão urgentes e nem tão difundidas como hoje, quando o mundo assiste a catástrofes — o Katrina, que dizimou New Orleans, o tsunami que arrasou parte do Japão e chuvas intermitentes, como aquelas que arrasaram a região serrana do Rio. A China não tinha a importância no cenário internacional que tem hoje.
Naquele período, o então presidente Fernando Collor se empenhou pessoalmente em trazer os chefes de Estado. A vinda do então presidente dos Estados Unidos, George Bush, foi um capítulo à parte. Faltavam três dias para acabar a reunião e Bush não iria ao Rio. Os Estados Unidos tinham resistências a vários tratados que seriam assinados na reunião, em especial o da biodiversidade de que falava em transferência de tecnologia, conforme contou o senador Fernando Collor no plenário do Senado no ano passado.
“O professor Jacque Cousteau me procurou e disse: ‘Nós precisamos trazer aqui o presidente Bush, o pai, para que ele assine o tratado. Vamos criar um constrangimento. Vamos pegar um avião, descer em Washington, e vamos direto à Casa Branca e esperar que ele venha conosco no avião’. Eu disse: ‘Mas é simples assim, comandante, como fazemos isso? Eu, presidente do Brasil, pego um avião e vou lá com o senhor?’ Chamei o pessoal do cerimonial que ficou em polvorosa, a Casa Militar também, sem saber o que fazer”, contou Collor. “O embaixador dos Estados Unidos, então, entrou em contato com o presidente do seu país e disse que ele viesse para a reunião: ‘Olha é bom o senhor vir, porque, senão, eles estão programando ir até Washington, com as presenças do presidente anfitrião da conferência, o comandante Jacques Cousteau e outras figuras ilustres.’ Assim, Bush veio”, lembrou o hoje senador.
Antes de chegar ao Brasil, faltando dois dias para o fim da Conferência, Bush avisou que não viria ao Brasil pedir desculpas ao ecologistas, tampouco assinaria o tratado da Biodiversidade. Declarou ainda que os cuidados com o meio ambiente não eram mais importantes do que os empregos do povo americano. Estava, como Barak Obama estará no ano que vem, em campanha reeleitoral. Dentro de cinco meses, enfrentaria Bill Clinton, que saiu vitorioso. A posição de Bush terminou repercutindo mal na imprensa americana. Clinton condenou a posição de seu adversário na conferência.
A Rio-92 durou 11 dias, de 3 a 14 de junho, reuniu 108 chefes de Estado e delegações de 179 países. Produziu, além do tratado da Biodiversidade — o mais polêmico — a convenção do Clima, a Agenda 21 e a Declaração do Rio, assinada por todos os chefes de estado presentes. A agenda 21 incluiu 2.500 recomendações distribuídas em 40 capítulos. Tratam de tudo um pouco, saúde, educação, proteção dos oceanos, das florestas, do comércio entre os países, do combate à pobreza, e de um elenco de ações para tornar o mundo um lugar melhor e mais seguro. Agora, chegou a hora de rever ponto por ponto. (DR)


LEGISLATIVO
Congresso emperra o Parlasul
Parlamento dos países do Mercosul está parado desde dezembro porque líderes partidários não chegam a uma definição sobre deputados e senadores que vão formar a bancada brasileira

» Marcelo da Fonseca 

Problemas comuns entre as sociedades e o aumento no número de tratados envolvendo as nações do Mercosul levaram parlamentares do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai a criar, em 2005, um órgão para representar e discutir interesses dos países. No entanto, a dificuldade em definir como deve ser o processo de seleção dos representantes brasileiros está impedindo a realização de encontros entre os integrantes do parlamento, que desde dezembro está parado. Na última terça-feira, em sessão conjunta no Congresso, a falta de senadores para votar o Projeto de Resolução n° 1/11, que define a organização e composição da bancada no parlamento, levou ao adiamento da votação e atrasou ainda mais a escolha dos representantes do país.
“O Brasil tem passado vergonha com a demora para indicar seus representantes. São questões que deveriam ser resolvidas rapidamente e não ficar no caminho para que sejam acertadas as regras de escolha. Na última reunião, a senadora Marinor Brito (PSol - PA) conseguiu derrubar a votação do projeto, prestando um desserviço ao continente. Foi uma manobra para atrasar a votação de outro projeto que tramita na Câmara e atrapalhou o andamento do Parlasul”, reclama o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que participa do parlamento desde sua criação.
Os encontros entre deputados e senadores dos quatro países que integram o Mercosul aconteciam mensalmente em Montevidéu, no Uruguai. com duração de dois dias. Somente no fim deste mês o Projeto de Resolução n° 1/11 deve voltar à pauta do Congresso Nacional.

Maior bancada
A partir de 2011, com a aprovação da representação proporcional no órgão, o Brasil passou a ter o maior número de cadeiras no parlamento, com 37 integrantes — 27 deputados e 10 senadores. Como as sessões não podem acontecer sem que todos os países participem, a espera pela definição continuará até que os brasileiros sejam indicados pelas lideranças partidárias.
Um outro projeto que precisa ser definido é a data para que sejam realizadas eleições dos representantes, o que também divide a opinião dos parlamentares. “Alguns defendem que as escolhas sejam feitas juntamente com as eleições municipais de 2012, outros que sejam em 2014. Já definimos que a escolha será feita por lista fechada, com os partidos indicando os representantes e que neste ano continua o processo de indicação das lideranças. Como os nomes só poderão ser definidos depois de aprovada a resolução, estamos com os trabalhos prejudicados pela ausência dos brasileiros desde dezembro do ano passado”, disse o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), vice-presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara.
“A demora, que impossibilita as atividades regulares do órgão, é um reflexo do processo decisório adotado pelo Mercosul de um modo geral, que confere maior força aos representantes do poder executivo. A América do Sul promoveu avanços significativos nos processos de integração a partir da década de 1990, mas em termos comparativos à Europa está muito mais avançada, pois construiu mecanismos institucionais capazes de promover o debate e a discussão de temas políticos relevantes. Aqui, divergências históricas, desconfianças mútuas e o receio quanto às pretensões do Brasil dentro do subcontinente tendem a dificultar os entendimentos entre os países”, ressalta Alexsandro Eugênio Pereira, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR).


Inspiração europeia

O Parlasul, que ainda se encontra em estágio de formação, foi inspirado no parlamento europeu, que existe desde 1979, com seus integrantes eleitos a cada cinco anos, em eleições diretas. Ainda sem função legislativa, ele funciona como um lugar para discussões dos temas do Mercosul e pretende conseguir maior influência na região nos próximos anos. Questões como a regulamentação dos fluxos migratórios, a criação de um centro contra desastres ambientais e a discussão de tratados entre os países são alguns dos temas que permanecem na pauta do Parlasul, que ainda não tem datas marcadas para os próximos encontros. (MF) 



NOTAS

CUBA
MORTE APÓS PRISÃO
O opositor cubano Juan Wilfredo Soto, 46 anos, morreu ontem em Santa Clara três dias após ser detido em um parque da cidade, localizada a 280km de Havana. Os médicos do hospital para onde Soto foi levado por policiais diagnosticaram uma pancreatite. Dissidentes afirmam que ele foi espancado pela polícia e que a morte estaria ligada à violência sofrida. “Não há a menor dúvida de que ocorreu uma relação de causa e efeito e que a morte de Soto está relacionada com os golpes que ele recebeu”, assinalou Elizardo Sánchez, presidente da Comissão Cubana de Direitos Humanos, considerada ilegal no país. Segundo o dissidente Guillermo Fariñas, Soto, que sofria de vários problemas de saúde, foi “espancado” e “algemado” pela polícia quando se negou a sair do parque central. “Os médicos disseram que era preciso operá-lo ou não podiam garantir sua vida, e Soto morreu quando já seria operado", disse o sociólogo de 48 anos.


Grita do consumidor

WEBJET
Passageiros viajam, mas as malas ficam

» Roldão Simas Filho
Cruzeiro

Ao desembarcar de uma viagem de férias com a esposa, o aposentado Roldão Simas Filho, 77 anos, teve uma surpresa desagradável: toda a bagagem havia ficado no aeroporto do Rio de Janeiro e só chegaria no dia seguinte. “Eu e a minha mulher temos voado muito ao longo dos últimos anos. Uma ou outra mala extraviada é comum, mas nunca tínhamos visto nada semelhante. A funcionária da Webjet informou, já na esteira de bagagem, que as malas dos passageiros não haviam sido embarcadas e que seriam entregues nos dias seguintes nos endereços anotados. A alegação era o excesso de peso. Nota-se que a aeronave nem estava lotada. A mala foi entregue no dia seguinte, às 20h, mais de 24 horas depois do desembarque em Brasília. Enviei uma carta à Webjet pedindo uma explicação plausível para a tão bizarra ocorrência, mas não obtive retorno”, conta o leitor.

» Resposta da Webjet
“A Webjet Linhas Aéreas, em sua visão de qualidade do atendimento ao cliente, procura compreender o que ele tem a dizer. Assim, tenha certeza de que as observações foram analisadas criteriosamente. Com referência ao ocorrido, esclarecemos que, na ocasião, em virtude de restrições de peso para pouso e decolagem no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, a empresa foi obrigada a retirar alguns volumes. Nos comprometemos a entregar as bagagens aos passageiros o mais rápido possível, com a finalidade de minimizar os transtornos causados. Os passageiros envolvidos no ocorrido tiveram suas bagagens recuperadas em período inferior a 24h. Estando ciente que nossas explicações não invalidam os inconvenientes mencionados, lamentamos a má impressão causada; e, ciosos do padrão de atendimento que almejamos oferecer aos nossos clientes, gostaríamos de contar com a compreensão do senhor Roldão Simas Filho.”

» Comentário do leitor
“Nunca ouvi falar dessa limitação de peso para decolagem do aeroporto Santos Dumont. Afinal, como disse, o avião nem estava lotado. Não foram algumas malas que não chegaram. Pelo contrário, foram quase todas. Vieram apenas alguns embrulhos e poucos objetos. Malas, nada! Nenhuma resposta foi dada na hora do desembarque. Só víamos a esteira rolar, vazia. Eu estava voltando para casa, então não tive grandes problemas, mas imagina quem veio a trabalho”.

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