Pesquisar

quarta-feira, 4 de maio de 2011

04 de maio de 2011 - JORNAL ESTADO DE MINAS


OPINIÃO
Confins e o futuro
Ainda com áreas livres no seu entorno e posição central no mapa sul-americano, este é o aeroporto que mais cresceu nos últimos anos: já alcança 8,5 milhões de passageiros, com franco esgotamento de sua capacidade

Mauro Werkema, Jornalista, sócio do Instituto Horizontes

O prefeito Célio de Castro, nos idos de 1998, resumia numa só palavra o futuro desejável da cidade: a internacionalização. Célio usava o conceito de “cidades renovadas” , com estímulo e expansão do que alguns urbanólogos chamam de “terciário moderno”, ou seja, um comércio globalizado e diversificado, uma educação de qualidade mundial e democrática no acesso, com núcleos de elevada capacidade na formação de recursos humanos e desenvolvimento de inteligências, uma medicina avançada e socializada, uma cadeia do receptivo turístico capaz de atrair o segmento de eventos e negócios nacional e internacionalmente, oferta de atrativos culturais de excelência, compatíveis com a tricentenária história mineira e setores complementares fortes, como a indústria de software, a competitiva indústria da moda, um setor alimentício modelar, boa prestação de serviços liberais. Via, nesses setores, a vocação de BH, que nasceu sob o signo da modernidade republicana, e que hoje tem efetivamente 84% do seu PIB no terciário. Para isso, a cidade deveria ser também mais justa socialmente, limpa, segura, hospitaleira e com boa condição de deslocamentos urbanos. Com esse objetivo, Célio contratou a Fundação Dom Cabral para um diagnóstico preliminar, realizou seminário na Associação Comercial (ACMinas) e reorientou a Belotur para se transformar numa efetiva agência de promoção turística internacional.
Com rara e instigante lucidez, em palestra na ACMinas, Luiz Antônio Athayde, secretário-adjunto de Desenvolvimento do Estado, coloca questões similares, relevantes para Minas e sua capital: a inserção de ambas na “nova economia”, que se transforma velozmente no Brasil e no mundo, exige enfrentamentos audaciosos, com visão de futuro ampliada. Conhecimento e tecnologia são os dois condicionantes principais das cidades mais competitivas e de melhor padrão social. A relação mercado/consumo será mais ágil. Interagindo com todas essas novas exigências, como fator básico de realização, coloca-se a questão do transporte, urbano, nacional e internacional.
A constatação maior é que os aeroportos terão papel essencial nessa nova sociedade. E Confins, mais do que um “hub”, distribuidor de rotas, poderá ter influência decisiva na transformação de BH e de Minas. Aeroporto e cidade renovados estarão cada vez mais próximos. Não serão somente facilitadores do deslocamento humano, mas plataformas logísticas, tecnológicas e de negócios, abrindo-se ao mercado internacional, com alta competitividade em vetores como custo, velocidade e amplitude de acesso. Ainda com áreas livres no seu entorno, diferentemente dos principais aeroportos brasileiros, com posição central no mapa sul-americano, Confins é o que mais cresceu, nos últimos anos: atingiu 7,2 milhões de passageiros em 2010, já alcança os 8,5 milhões agora, com franco esgotamento de sua capacidade. E chegará a12 milhões em 2015, daqui a quatro anos. Sua expansão é absolutamente inadiável e não só para Copa ou Olimpíadas mas para o próprio futuro de Minas e de BH.
Mas, para alcançar a condição desejada para Confins, são indispensáveis a melhoria da Linha Verde, já esgotada pela excessiva demanda, o Rodoanel, em projeto mas sem definição de recursos, a duplicação do Anel Rodoviário, a própria expansão de Confins, para a qual falta concordância do governo federal quanto às duas etapas, o metrô ou uma ligação sobre trilhos, esta a solução mais eficaz e duradoura, passando pela Cidade Administrativa e levando até Confins, o uso adequado do Aeroporto da Pampulha e muito mais, especialmente o agenciamento urbano de todo o Vetor Norte, contendo desde já a ocupação imobiliária desordenada. E tudo isso ligado ao Centro Aeroespacial que a Aeronáutica planeja para sua base em Lagoa Santa e o programa do Centro de Capacitação Aeroespacial, em desenvolvimento pela UFMG.
Os aeroportos, nas sociedades futuras, mundializadas e interdependentes, terão um amplo elenco de funções, integrantes de um complexo em que o transporte de passageiros é apenas um item. Tanto quanto a expansão da mobilidade humana, crescerá a demanda de transportes especiais, viabilizadores de intercâmbios, negócios, parcerias e conhecimento. Já vários são os exemplos em algumas cidades do mundo em processo de renovação econômica e social. O conceito de modal aéreo, já utilizado, compreende essas novas funções. Enfim, Confins tem todas as condições para tornar-se equipamento que, em futuro muito próximo, poderá decidir favoravelmente a encruzilhada em que se acha BH e Minas, em razão do próprio crescimento do país, a exigir reposicionamentos rápidos.

GIRO ECONÔMICO
Concessão dos aeroportos: modelo sai em até 60 dias

Apesar de o governo tentar apressar a concessão de aeroportos a fim de acelerar as obras de ampliação dos terminais que receberão turistas estrangeiros na Copa do Mundo de 2014, o ritmo de transferência à iniciativa privada não sairá como o anunciado. O presidente da Infraero, Gustavo do Vale disse ontem que a privatização dos terminais de Brasília, Guarulhos e Campinas — os primeiros da lista anunciada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci — precisam esperar um estudo que ficará pronto só entre 30 e 60 dias. Os editais eram aguardados para o início deste mês. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está encarregado do diagnóstico de viabilidade econômica da venda dos aeroportos à iniciativa privada. Os estudos também devem ser feitos para os aeroportos de Confins, em BH (foto), e Galeão, no Rio. Só após essa etapa, o governo terá condições de definir o melhor modelo para privatizar os terminais. Mas, antes disso, os editais terão que ser apreciados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), demandando aproximadamente mais 30 dias. Assim, a tendência é de que a concessão só decole, de fato, no segundo semestre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário