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terça-feira, 3 de maio de 2011

03 de maio de 2011 - JORNAL DO SENADO


INTELIGÊNCIA NO BRASIL
Brasil precisa de novo serviço de inteligência
Conclusão é dos convidados para debate organizado pela CRE sobre a importância de tal estratégia para a diplomacia e as Forças Armadas do país

O crescente peso do Brasil no cenário internacional exige uma reestruturação de seus serviços de inteligência, inclusive no que diz respeito ao acompanhamento de fatos e tendências que ocorram fora do país. O alerta foi feito ontem na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), por especialistas que participaram do painel "A importância da atividade de inteligência para o Brasil, sua diplomacia e suas Forças Armadas: causas de seu fracasso em prever movimentos populares no mundo árabe".
O presidente do Capítulo Brasil da Associação Internacional de Analistas de Inteligência de Segurança Pública, Denilson Feitoza, lembrou que o Brasil possui uma das maiores reservas de água doce no mundo e que, até 2050, 45% da população mundial terá menos água do que o necessário para viver. Ele questionou até quando o mundo vai aceitar que o Brasil permita a contaminação de seus mananciais.
— Acabamos de ver uma operação encoberta dos Estados Unidos no Paquistão para matar Osama bin Laden. Este é um recado profundo. No mundo realista, se chegar o momento de se atuar no Brasil, isso será feito — advertiu Feitoza.
Se os serviços de inteligência brasileiros não foram capazes de antecipar as tendências políticas no Oriente Médio, nenhum outro serviço de inteligência da América Latina poderia fazê-lo, advertiu o professor da Universidade de Buenos Aires José Manuel Ugarte.
— Praticamente não há país que ocupe um lugar importante que não desenvolva capacidade de inteligência no exterior — afirmou Ugarte.
O professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais Eugênio Diniz lembrou que a insatisfação social no Oriente Médio já havia sido detectada. Ele recordou, porém, que as mudanças, quando ocorrem, são muito aceleradas.
— Mesmo nos melhores casos, existe uma limitação. A informação obtida é, ela mesma, cheia de incertezas. É possível antecipar algumas possibilidades de resposta, mas antecipar quando algo vai ocorrer não é possível, na imensa maioria dos casos.
Na opinião do consultor legislativo do Senado Joanisval Gonçalves, falta ao país uma cultura na área de inteligência. Ele defendeu o controle externo e uma nova regulamentação legal dos serviços de inteligência.
Ao comentar a sua decisão de extinguir o então Serviço Nacional de Informações (SNI), quando era presidente da República, o senador Fernando Collor (PTB-AL), presidente da comissão, destacou que nada tinha contra os profissionais, mas sim contra a forma distorcida como o serviço era feito.
O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) pediu que os serviços de inteligência brasileiros dediquem-se à defesa da atividade econômica do país.

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