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terça-feira, 3 de maio de 2011

03 de maio de 2011 - AGÊNCIA BRASIL


02/05/2011 - 11h03

Especialistas dizem que caixa-preta do voo 447 aparenta estado que permitirá recuperação de dados

Da BBC Brasil

Brasília - O diretor do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), Jean-Paulo Troadec, informou que a caixa-preta do Airbus A330 que fazia o voo 447 da Air France, resgatada neste domingo (1º), está em aparente bom estado. Segundo ele,os investigadores do BEA estão otimistas quanto à possibilidade de extrair e analisar as informações registradas no equipamento.
"A caixa-preta parece estar em bom estado físico. Nossos especialistas disseram que podemos ter esperança de ler os dados”, disse Troadec ontem (1º) à noite.
A unidade de memória dessa caixa-preta, chamada Flight Data Recorder (gravador de dados do voo ou FDR, na sigla em inglês), contém os parâmetros técnicos do voo, como a altitude, a velocidade e a trajetória do avião. Suas informações são consideradas essenciais para a investigação do acidente que matou 228 pessoas em maio de 2009.
O trabalho de buscas segue agora com o principal objetivo de localizar a outra caixa-preta do avião, chamada Cockpit Voice Recorder, equipamento que grava as conversas dos pilotos na cabine.
Em comunicado, o diretor-geral da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, afirmou que a quinta e atual fase de buscas, iniciada na última terça-feira (26), pode revelar novos detalhes sobre o acidente. O executivo disse esperar que o BEA possa trazer respostas às perguntas feitas há quase dois anos pelas famílias das vítimas, pela companhia e pela comunidade aérea mundial quanto aos fatos que conduziram ao trágico acidente.
As operações estão sendo realizadas a 3,9 mil metros de profundidade, a cerca de 1,1 mil quilômetros de distância da costa brasileira e são acompanhadas por um representante brasileiro. A caixa-preta com os dados do voo (e, se for localizada, também a que contém as conversas dos pilotos) serão levadas à França por uma fragata da Marinha francesa. O equipamento será analisado na sede do BEA, nos arredores de Paris.


02/05/2011 - 19h07

Governo estuda participação do setor privado no Programa Espacial Brasileiro

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A inclusão do setor privado na execução do Programa Espacial Brasileiro está em análise pelo governo. Ainda na primeira quinzena do mês, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, encaminhará à Presidência da República documento com a avaliação do desempenho do Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae) e os desafios para os próximos anos.
A afirmação é do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, que esteve hoje (2) na Reunião Magna de 2011 da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
As decisões relativas ao Pnae deverão ser tomadas ainda neste semestre, segundo Raupp, visando à sua inclusão no Plano Plurianual (PPA). A última atualização do Pnae foi feita em 2004.
A avaliação da participação industrial será feita pela AEB e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) na próxima sexta-feira (6). A ideia é que participem do processo grandes empresas classificadas como integradoras, que seriam responsáveis pelo projeto contratado pelo governo e que poderiam subcontratar empresas menores para a fabricação de componentes e peças.
De acordo com o presidente da AEB, é preciso articular melhor os vários integrantes do sistema, que são a própria agência, como órgão de planejamento e coordenação; os órgãos executores (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe e Centro Técnico Aeroespacial – CTA) e as empresas contratadas para desenvolvimento de subsistemas dos programas espaciais ou de veículos lançadores.

Para melhorar o desempenho dos executores do Pnae e, em consequência, tirar o atraso que o Brasil sofre nessa área, Raupp destacou a necessidade de estimular o desenvolvimento da indústria para a produção dos componentes espaciais, devido ao alto valor agregado desses produtos em função da tecnologia embutida. “O desenvolvimento da indústria com capacidade de inovação, competitiva, é um dos objetivos da política [espacial]”, afirmou.
A ênfase à participação do setor privado não implicará, porém, em privatização do Inpe ou do CTA, garantiu Raupp. O MCT e a AEB vão propor a expansão da atuação das empresas privadas no Pnae na construção de satélites e na prestação de serviços. Segundo Raupp, essa medida resolverá, em grande parte, a questão de alocação de recursos humanos para o programa, na medida em que o setor privado ficará responsável pela contratação de pessoas para operar os sistemas espaciais ou desenvolver novos sistemas.
Além disso, a entrada da indústria resolve uma questão de logística, que é o fato das instituições que executam o Pnae terem que “operar sob um marco legal inadequado”, que é a Lei das Licitações. “A Lei 8.666 não é lei para regulamentar o universo de atuação dessas entidades. Isso prejudica muito a capacidade de contratar serviços, de contratar obras de alta tecnologia”.
Outra variável que está sendo examinada são as demandas possíveis que se apresentam ao programa espacial. “O norte do Programa Espacial Brasileiro é resolver problemas da sociedade e a parte científica e tecnológica”. Segundo Raupp, estão sendo avaliados que programas de satélites são demandados por outros agentes do governo, como o Ministério da Defesa e o das Comunicações (devido ao Programa Nacional de Banda Larga).


02/05/2011 - 19h02

Novo Pnae quer melhorar tecnologia de satélites meteorológicos para o Brasil ter previsões mais precisas

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O novo Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae), que está sendo atualizado pelo governo, pretende incluir a tecnologia de satélites que tenham a capacidade de medir com mais precisão a intensidade das chuvas, para dar melhores informações sobre precipitações que podem causar desastres naturais. A tecnologia poderá gerar sistemas de alerta, junto com modelos de prevenção de riscos em encostas, disse hoje (2) o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, ao falar na Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Para desenvolver esse sistema, a AEB vai buscar cooperação com a Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica (Nasa), a agência espacial dos Estados Unidos. O custo para o Brasil é estimado em US$ 70 milhões. “Isso, junto com o satélite geoestacionário, dá uma perfeita cobertura para uso de meteorologia e para e questão de alerta de acidentes naturais”.
De acordo com Raupp, isso poderá ser feito porque o novo Pnae vai estimular a assinatura de acordos de cooperação internacional que permitirão ao Brasil suprir o déficit de acesso a tecnologias. “Você não pode desenvolver todas as tecnologias de que precisa para fazer um satélite ou um foguete. Para ganhar tempo, você compra fora”. Como o Brasil é signatário do tratado de não expansão de tecnologias de mísseis, ele está submetido a um controle rigoroso em relação a tecnologias sensíveis, porque muitas dessas tecnologias têm aspectos duais, isto é, podem ser utilizadas também para fins militares, ressaltou.
Para o presidente da AEB, a discussão sobre a atualização do Pnae vai resultar em um novo portfólio de projetos. “Vamos referendar alguns que estão em pleno desenvolvimento, vamos incluir novos ou descartar alguns que não têm condições. Se a gente achar que um projeto não tem viabilidade, nós vamos descartar em benefício de outros”.
Dentre os projetos existentes, uma das prioridades é o Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers), em colaboração com a China. ”Nós temos todo interesse em prosseguir. Estamos propondo aos chineses que a gente dê continuidade a esse programa. E mais: que a gente direcione ele para itens tecnológicos que não foram considerados até agora”.
Os satélites desenvolvidos dentro da parceria Brasil-China usam sensores com imageadores ópticos. Raupp disse que a ideia é que eles tenham também imageadores de radar. “É uma forma de você imagear a superfície não por meio de ondas de luz, mas por ondas de radar. A vantagem é que você enxerga através de nuvens”. O uso desses equipamentos será positivo, em especial, na Amazônia, que em mais da metade do tempo está coberta de nuvens, afirmou.

Ele disse também que o Brasil deseja incrementar a cooperação com a Argentina, promovendo testes conjuntos dos satélites. O objetivo é fazer a observação do mar, em áreas costeiras e em áreas mais distantes. ”Queremos ter dois satélites”. O equipamento total terá peso de 500 quilos em uma órbita intermediária de 700 quilômetros e, por isso, poderá ser lançado por veículos menores, ao custo de US$ 15 milhões, enquanto o lançamento de um satélite geoestacionário alcança até US$ 70 milhões, disse o presidente da AEB. “É algo mais viável para nós e presta bons serviços também”.
A AEB quer, também, abrir missões científicas para que as universidades ampliem a sua participação no programa espacial. Para mostrar a importância estratégica dessa área para o país, Raupp comparou que o quilo de um satélite vale US$ 50 mil, contra US$ 0,20 do quilo de soja exportada. Também na área de pessoal qualificado, ele indicou a necessidade de crescimento da atividade espacial no Brasil. Enquanto a Nasa e seus institutos associados têm 70 mil funcionários, no Brasil eles somam apenas 3 mil, distribuídos entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Centro Técnico Aeroespacial (CTA) e as empresas espaciais.


02/05/2011 - 16h11
Índios discutem problemas gerados pela construção de hidrelétricas em suas terras

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os problemas gerados pela construção de hidrelétricas em terras indígenas, o atraso na assinatura do Estatuto dos Povos Indígenas e a necessidade de implementação do Conselho Nacional de Política Indigenista serão alguns dos temas discutidos durante o Acampamento Terra Livre, que reúne lideranças de todo o país. O acampamento foi aberto hoje (2) e vai até quinta-feira (5) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Segundo o coordenador da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul, Cretã Kaingang, um dos líderes presentes ao evento, um dos principais problemas para os índios que não vivem na Amazônia são as hidrelétricas de pequeno porte, que acabam tomando parte de suas terras, normalmente menores do que as do Norte do país. Às vezes, as terras até mesmo desaparecem com a inundação do lago da represa, disse Cretã Kaingang.
Para um não índio, a construção de uma hidrelétrica significa apenas que parte da terra será inundada. Para um índio, não. “Ali dentro estão os animais, a floresta, há todo um ciclo de cultura. Ali estão nossos antepassados. Na nossa região estão sendo instaladas hidrelétricas de pequeno porte que acabam com a nossa terra, que já é pequena”, afirmou.
De acordo com o líder Kaingang, os índios são também marginalizados pelas autoridades que deveriam protegê-los. “Hoje temos que lutar para demarcar a nossa terra. O governo tem feito um discurso bonito fora do país, tem acatado parte das leis de direito internacional, mas, na hora que tem que cumpri-las, nosso país não o faz. As lideranças que têm lutado estão se tornando marginais e são consideradas invasoras. Só que a terra é nossa”, denunciou.
Ele também disse que os índios sofrem com a falta de moradia adequada. Segundo Kaingang, muitos dos índios de sua região vivem debaixo de lonas. “Na Amazônia, a maioria das terras está demarcada, mas nós, que estamos no Sul e no Nordeste, estamos debaixo de lona, com filhos que se tornam adultos e continuam debaixo dessa lona. O Estado tem faltado muito conosco”, declarou.
Marcos Aporinã, um dos coordenadores das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, pediu agilidade na votação do Estatuto dos Povos Indígenas, que está desde 1991 em discussão no Congresso Nacional. “Até agora, porém, não há uma resposta positiva que faça diferença para nossos povos.”
Para ele, outro ponto importante é o Programa Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas, que pode servir como uma “estratégia política” para preservar os próprios índios e a biodiversidade das suas terras.
No acampamento, também deverá ser discutida a implementação do Conselho Nacional de Política Indigenista que, segundo Aporinã, vai dar autonomia aos povos indígenas, que poderão ter uma representação que garanta seus direitos constitucionais.
Na quinta-feira, último dia do acampamento, as lideranças indígenas esperam ser recebidas pela presidenta Dilma Rousseff, para entregar uma carta com as principais reivindicações do grupo. “Não somos bichos, somos seres humanos. Votamos, pagamos nossos impostos e esperamos ser recebidos [pela presidenta] para entregarmos as nossas reivindicações”, afirmou Aporimã.
A organização do acampamento estima a participação de cerca de 800 lideranças indígenas no evento, de hoje até quinta-feira.

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